A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 2
Capítulo 1 - Jake


Notas iniciais do capítulo

O primeiro capítulo real, narrado pela Nessie.



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Acordei feliz. Enchi os pulmões com o ar gelado de Forks e sorri de olhos fechados, sentindo o contato com os lençóis macios abaixo de mim. 6 anos haviam se passado desde que nossos problemas tinham ido embora. Levantei, calçando minhas pantufas e vestindo meu robe. Olhei no espelho para o meu corpo de 16 anos, com seios e quadris avantajados. Mordi o lábio ao ver meu cabelo, louco como um bando de cobras brigando por um ovo suculento. Felizmente, ele costumava ser obediente à escova e cada cacho ia para seu devido lugar emoldurando o rosto.

            Saltitei feliz até a cozinha do chalé de meus pais. Meu pai lia jornal sentado à mesa e minha mãe cozinhava algo com um cheiro delicioso para o meu café da manhã. Parecia um daqueles filmes dos anos 50. Pessoas extremamente belas e teatrais, em uma cozinha extremamente bela e teatral, fazendo movimentos extremamente belos e teatrais, com uma filha... Nem tão bela, e nem tão teatral.

            -Acordou feliz hoje, Nessie?

            Meu pai perguntou, abaixando o jornal enquanto eu me sentava. Fiz que sim e minha mãe colocou duas panquecas ainda estalando à minha frente em um prato azul e um pote de melado ao lado, beijando minha testa.

            -Bom, se você está feliz, eu estou feliz.

            Meu pai se levantou deixando o jornal sobre a mesa e abraçou minha mãe por trás, beijando sua bochecha.

            -Se vocês duas estão felizes, eu estou feliz.

            Suspirei observando a cena por alguns segundos com um sorriso antes de me virar para o meu prato e desenhar para depois desmantelar um rosto feito de melado com meu garfo. A massa macia e quentinha desceu pela garganta faminta aquecendo-me de dentro para fora.

            -Estava bom?

            Mamãe perguntou quando eu terminei, tirando meu prato vazio de cima da mesa. Eu sabia que ela se preocupava de que a comida estivesse boa, já que ela não comia e mesmo que experimentasse não faria a menor diferença.

            -Está sempre bom, mamãe – Levantei-me espreguiçando-me e depositei um beijo em sua bochecha, voltando para o meu quarto, mas parando no meio do caminho. – Ah, vou sair com Jake hoje, tudo bem?

            Meu pai baixou o jornal que voltara a ler.

            -Tem certeza? Está trovejando. Vamos jogar baseball. Não quer ir?

            Encostei-me à batente da porta colocando uma mão de cada lado do corpo voltada para cima como se estivesse pesando algo.

            -Andar de moto com o meu melhor amigo – Disse balançando a mão direita – Jogar baseball com tio Emmett gritando que eu fedo e que eu vou perde mesmo quando estamos no mesmo time...

            Eu disse balançando a direita. Levantei o máximo que podia a direita e abaixei o máximo que podia a esquerda. Fiz “blim, blim, blim, blim” para a vencedora e sorri, voltando a entrar no quarto. Coloquei uma jeans qualquer e uma jaqueta preta de nylon por sobre uma camiseta branca e velha. Se tia Alice me visse daquele jeito gritaria, porque aquilo não tinha o menor brilho. Mas Jake não se importaria e por isso, estava feliz. Peguei as chaves do chalé e saí do quarto.            Sentei no sofá e quando estiquei a mão para alcançar meu livro na mesa de centro a buzina aguda de uma moto ecoou na estrada. Nenhum ser humano normal teria ouvido com a clareza que eu ouvia, mas é claro, que ninguém naquela casa realmente era normal. Com algumas palavras de despedida e um aceno para os meus pais saí de casa partindo em direção a estrada, mal contendo um sorriso.

            Eu sabia que depois de algumas árvores estava o garoto pelo qual eu supria meus sentimentos mais profundos que eu guardava no fundo da minha alma. Ele era O Cara, com quem eu queria passar o resto da minha vida. Ele me fazia sentir tão viva!!! E... Parecia feliz comigo, e eu gostava de fazê-lo feliz. Mas ele nunca dera sinais de me querer do jeito que eu o queria, e sempre que achava que tínhamos progredido voltávamos ao início, e eu tinha medo demais de acabar com o que tínhamos de vez para dar um passo a frente.

            -Ei Nessie! Feliz hoje?

            Fiz que sim pegando o capacete que ele me oferecia. Mesmo depois de tanto tempo passeando assim, ainda me preocupava de usar seu único capacete, mas nunca havíamos caído e ele não parecia se importar.

            -Aonde vamos hoje?

            Perguntei sentando na moto e abraçando sua cintura. Deitei meu capacete em suas costas quentes esperando uma resposta que as fizessem tremer.

            -Qualquer lugar. Aonde quer ir?

            Dei de ombros.

            -Surpreenda-me.

            Jake foi na direção contrária à Forks, onde eu sabia que logo a estrada acabaria em floresta. E quando as árvores foram chegando mais e mais próximas ele não desacelerou. Apertei sua cintura quando as árvores viraram borrões, as curvas se tornaram constantes e bruscas, sem falar nos solavancos que as raízes das árvores provocavam, fazendo-me pular na garupa – e ter pensamentos impuros. Sou uma criança em um corpo de adolescente, me processe.

            De repente a moto derrapou e um pedaço de areia a beira do oceano era visível. Tirei o capacete e desci da moto, aproximando-me lançando olhares travessos a Jake perguntando-me o que ele estava aprontando. Encontrei ali uma pequena praia, que não tinha mais de 3 metros de areia até chegar ao mar e nem muito mais de 5 metros de comprimento. Fui até a areia fina e cinzenta e me sentei, observando o mar que ficava mais e mais forte por causa da tempestade que se formava acima dele. Jake sentou-se ao meu lado na areia e sorriu para mim, encarando-me com seus sóis escuros, que as pessoas levianamente chamavam de olhos.

            -Te surpreendi?

            Sorri, mordendo o lábio e fazendo que sim olhando novamente para o horizonte.

            -Que bom.

            Ele respondeu também observando o mar. Comecei a rabiscar algo na areia. Novamente aquele silêncio desconfortável flutuou entre nós dois. Ele tinha começado a ficar mais e mais frequente nos últimos tempos, como se alguma tensão estivesse nos separando, quebrando ao meio. Pouco a pouco.

            -Jake...

            Ele olhou para mim. Eu não sabia se só queria ver seus olhos ou se queria dizer que queria desesperadamente que ele me beijasse e dissesse para mim que não era apenas imaginação que um dia poderíamos ficar realmente juntos, e que eu não precisava ter esperado tanto, e dizer a ele que o amava e que quando chegava perto dele, simplesmente não sabia o que fazer, ficava sem opção, sem movimento, sem ação.

            -Sim?

            Então pensei no que estava fazendo. Levantei e corri em direção ao mar. Vi-o ficar em choque por alguns segundos o que me deu tempo de jogar a jaqueta e a camiseta na areia. E quando ele se levantou eu já havia me livrado dos meus jeans, que joguei nele e corri para a água, que é claro, com todo aquele tempo tempestuoso me arrepiou de cima abaixo. Jake facilmente livrou-se da camiseta e dos calções – Anos de prática – Mas até aí eu já estava na terceira onda. É claro que também facilmente ele me alcançou. Pegou-me pela cintura quando tentei escapar nadando e me prendeu perto do corpo. Sua pele era quente ao toque, aquecendo-me inteira naquela água gelada, fazendo-me sorrir novamente. Não havia limites para sorrisos naquele dia tão feliz...

            -Você, Renesmee, foi uma menina muito, muito má.

            - E o que vai fazer comigo por isso Jacob?

            Perguntei virando-me em seu abraço segurando seu rosto, de um jeito que eu nunca tivera a coragem de fazer antes. Eu não pretendia, mas... Foi como um instinto, provavelmente fruto dos livros românticos nas minhas prateleiras ou nas comédias românticas que eu incluíra nas prateleiras de DVD’s dos meus pais e dos demais Cullens que eu começara a colecionar desde o início da minha adolescência um ano e meio atrás. Mas nenhum daqueles filmes poderia ter me preparado para o que aconteceu.

            Jake sempre foi de longe o meu melhor amigo, mas mais do que isso, ele cuidou de mim, quando eu ainda comia aquelas papinhas repugnantes, ele era o único que me fazia comer com suas rimas mal feitas e divertidas. Quando eu estava aprendendo a andar de bicicleta ele estava sempre com os olhos grudados em mim caso eu caísse. Quando terminei meus primeiros livros ele me aguentou nas incontáveis horas em que lhe contava as histórias e divagava sobre os finais e casais formados. E mesmo que vivesse uma paixão platônica por dele desde que completei 5 anos, nunca iria imaginar que um dia ele iria MESMO me beijar.

            Quando seus lábios encontraram os meus era como se um raio tivesse caído na água. As pontas dos meus dedos formigaram e todo o meu corpo ardeu em chamas, acelerando meu coração e suspendendo meu estômago acima da minha cabeça, A sensação era ótima! Sai língua rolou acariciando a minha. Subi minhas mãos e encontrei seus cabelos curtos, agarrando-os, trazendo-o mais para perto. Ele foi menos agressivo. Quando suas mãos alcançaram meus cabelos, eram leves, fazendo uma leve carícia, quase como se eu fosse me quebrar a qualquer momento. Por fim ele separou nossos lábios como se de repente tivesse se dado conta do que fizera.

            Seus olhos olhavam para mim assustados como se eu fosse me transformar em um monstro e devorá-lo. Sorri, procurando acalmá-lo.

            -Puxa... – Disse suspirando – Devia ser má mais vezes...

            O riso dele começou nervoso, mas logo se tornou aliviado pouco antes de ele me puxar novamente para perto dele.

            Mais tarde, o sol já havia ido embora deixando as nuvens roxas, e nós dois ainda estávamos na praia deitados na areia, quietos, apenas sentindo a presença um do outro, olhando fundo nos olhos um do outro, mesclando nossas respirações.

            -Eu esperei muito tempo por esse dia, Nessie.

            -Jura?

            Perguntei, aninhando-me em seu abraço.

            -Outro dia eu vou te explicar essa história. É longa e triste, e não quero acabar com esse dia perfeito assim.

            -Então como quer terminar? – Perguntei traçando linhas imaginárias em seu peito nu com o meu indicador. Ele pegou minha mão e levou aos lábios, sorrindo levemente. – Sabe que meu pai vai ficar louco quando descobrir, não sabe?

            -Eu me entendo com o topetudo.

            Ele disse, tirando uma mecha de cabelo da frente do meu rosto. Senti a carícia e o afeto contidos em seus dedos, fazerem uma linha pela pele do meu rosto, até chegar à minha orelha. Eu me sentia feliz como nunca tinha me sentido antes. Mais uma voz no fundo da minha mente disse que não duraria muito tempo. O que será que queria dizer?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!