(n/a: coloquem para carregar essa música, se quizerem)

Assim que Noah bateu a porta, as lágrimas que eu estava prendendo voltaram, e dessa vez eu não as segurei. Tinha que dar um jeito de sair disso. E já sabia o que tinha que fazer. Peguei o meu casaco e a minha carteira. O tempo não estava muito bom então tinha que voltar antes da chuva começar. Eu gosto da chuva, mas não doa trovões. Odeio esses barulhos que fazem parecer que o céu vai cair.

Desci as escadas do hotel quase caindo, por que as lágrimas me cegavam. A porcaria do elevador tinha sido interditado justo hoje. Fui ao bar/mercado mais próximo e comprei uma garrafa de vinho, cinco garrafas de vodka e uma garrafa de uma bebida que era a 'especialidade da casa'. Ou seja, álcool puro. Eu sei o que você deve estar pensando, ela é uma louca alcoólatra. Na verdade, eu não bebia muito. Eu sabia que podia ficar facilmente bêbada com umas três garrafas de vodka ou meia garrafa de um vinho bem forte. Mas eu queria esquecer completamente o que eu estava sentido. Não gostava de admitir, mas estava afogando as minhas mágoas na bebida.

Da última vez que eu fiz isso, a noiva do casamento ficou com o vestido rasgado e nunca mais falou comigo e o noivo, que era meu primo, nunca mais foi na minha casa. Mas foda-se, e não gostava de nenhum dos dois. É claro que isso me rendeu três meses de castigo e umas visitas ao alcoólatras anônimos, mas eu não me importei. Eu tinha conseguido esquecer o que eu estava sentindo e era isso o que importava naquela hora. E era isso que importava agora.

Escolhi o caixa que tinha uma menina mais ou menos da minha idade, esperando que ela não se importasse com a quantidade de bebida que eu estava levando e que ele não pedisse minha identidade. E foi isso que aconteceu. Ela passava as bebidas me olhando com um sorriso malicioso e uma sobrancelha erguida. Quando terminei de pagar, ela disse:

– Espero que tenha uma boa noite. - ela disse dando ênfase no 'boa'. Tentei dar um sorriso para ela e peguei as minhas sacolas, indo rápido para o hotel. Quando cheguei lá, a chuva começou a cair. Ótimo pensei mais um motivo para eu beber até cair.

(n/a: nossa, eu lembrei aquela música 'beber, cair e levantar' aff).

Subi as escadas e abri a porta jogando todas as garrafas na pia. Peguei uma garrafa de vodka e comecei a beber. Estava faltando alguma coisa, que só depois da metade da segunda garrafa eu percebi o que era. Música. Fui correndo ao meu quarto, abri a porta e me lembrei da última vez que estava bêbada nesse quarto, gritando descontroladamente com Noah. Enxuguei algumas lágrimas teimosas e peguei o meu CD do Blink-182. Coloquei para tocar e aumentei o volume até ficar insuportavelmente alto. Foda-se o barulho, os meus vizinhos dos lados era a Cath e a Jus e elas não estavam. Já estava na metade da garrafa da bebida estranha. Aquilo descia rasgando pela minha garganta, então peguei outra garrafa de vodka. A música mudou e começou a tocar 'Wishing Well', minha música favorita. Dei uma gargalhada e comecei canta junto com a música. Foi quando o Noah chegou.

P.T NOAH

E conhecia a música que estava tocando na sala. Eu até curtia essa música. Mas o que me assustou foi o seu estado. Ela estava só de camiseta com u shortinho minúsculo que parecia uma calcinha-boxer se é que aquilo existia e completamente descabelada com uma garrafa de bebida na mão. Ela gritava desafinada junto com a música. Estava pulando e de vez em quando esbarrava em algum móvel e pedia desculpas a ele.

(n/a: Dêem play na música)

–Mas que porra é essa Alice?

Ela olhou pra mim, sorriu largamente e cantou o refrão da música pra mim.

I went to a wishing well, I sank to the ocean floor

Cut up by sharper rocks, and washed up along the shore

I reached for a shooting star, it burned a hole through my hand

Made its way through my heart, had fun in the promised land

Sorri para ela. Tudo o que eu queria era pegar uma garrafa de bebida e curtir com ela. Ela não parecia que ia me bater ou brigar comigo. Essa era a Alice que eu gostava. Mas eu sabia lá no fundo que não era a minha Alice. Ouvi uma explosão lá fora e a luz acabou.

–Ah, que ótimo - eu disse com sarcasmo.

De repente ela estava muito perto de mim. Seu rosto estava do mesmo tamanho do meu, o que só poderia significar que ela tinha subido no sofá.

–Xiu - eu a senti colocando o seu dedo na boca pedindo silêncio. Logo deu uma risada felina. Aproveitei que ela estava em cima da poltrona colocando ela no me ombro. Ela me batia e me chutava compulsivamente. E agora? Pensei. Eu nunca tinha cuidado de ninguém bêbado. É claro que não Noah, seu idiota, é sempre você que fica bêbado.

Levei ela pro banheiro pro banheiro, tropeça do na maioria das coisas. Coloquei-a no Box e liguei o chuveiro. Assim que a água fria bateu em sua cabeça, ela deu um berro e levantou. A mantive ali, com a água batendo em sua cabeça. Mas ela se mexia muito e me molhou todo. Ela desmaiou novamente e eu aproveitei esse momento para secá-la e tirei a minha camisa ensopada. Peguei-a no colo e a levei pro meu quarto. Não percebi que ela estava acordada até ela colocar a mão no meu pescoço e dizer.

–Noah - sua voz estava arrastada e grossa.

– O que?

– Por que você não gosta de mim? - parei de andar. Aquela pergunta tinha me pegado desprevenido.

– Quem disse que eu não gosto de você?

– Eu sei que não gosta. Eu vejo como você fala com a Júlia. É diferente. Você é... Legal com ela - aqui eram ciúmes na voz dela? Não respondi a pergunta. Como eu iria explicar algo que nem eu mesmo entendia? Eu não brigava com a Júlia porque eu não gostava da Júlia como e gostava dela. Será que ela não perceba isso? Não. Alice era fria demais pra perceber qualquer coisa relacionada a mor.

Coloquei uma camisa gigante minha nela. Tirei sua blusa evitando o máximo olhar pra ela. Mas eu percebi que ela segurou a minha cintura e encostou seu rosto no meu pescoço. O-ou. Com muita relutância a afastei de mim e eu pude ouvir sua gargalhada. Coloquei a blusa nela e ela fez o favor de jogar seu sutiã -tirado por ela, é claro- na minha cama. Levei para o seu quarto. Deitei-a na cama e sai antes que ela pudesse jogar alguma coisa em mim.

Peguei seu presente que eu tinha jogado na poltrona e fui para o meu quarto. Troquei a calça por uma bermuda qualquer e me joguei na cama. A tempestade ainda não havia passado. Quando eu estava quase dormindo, senti passos no meu quarto e depois senti Alice se deitando do meu lado na cama.

– O que você está fazendo?

– Eu posso dormir hoje com você? Eu tenho medo de trovões. - ela disse com a voz chorosa.

Alice. Com medo de alguma coisa. Essa era nova.

– Ah... Tudo bem.

– Brigada. - ela chegou mais perto de mim, deitando sua cabeça debaixo do meu pescoço. Passei minha mão por sua cintura, a prendendo ali. Alguns minutos depois, quando e achei que ela estava dormindo, ela cantou uma das minhas partes favoritas da musica que estava tocando.

I'm a little bit shy

A bit strange and a little bit manic.

Sorriu e deitou novamente e dormiu. Sorri e beijei sua testa. Não estávamos de bem. Só estávamos fazendo uma trégua. Só não sei até quando ela iria.