Me tranquei no meu quarto e fui tomar um banho quente. Durante o banho xinguei e espanquei o Hagen mentalmente. Mas uma coisa não saia de jeito nenhum da minha cabeça.

Ele tinha ciúmes.

Tinha ciúmes de quando eu estava com Brian. Ou quando beijava o Brian. Não que eu já não tivesse as minhas suspeitas. Mas agora e tinha certeza. Isso era bom e ruim.

Era bom porque eu queria que ele tivesse ciúmes do Brian. No fundo, eu sabia que queria isso desde o começo. Mas era ruim porque agora eu entendia o que me fez aceitar sem pensar quando Brian me pediu em namoro. Ou porque eu não recuava quando ele me beijava. E também entendi porque eu me sentia péssima toda vez que Brian mostrava algum sinal de amor por mim. Era porque na verdade, esse tempo todo, eu estava usando ele. E eu sabia disso. Só não queria admitir.

Se eu admitisse isso, teria que me afastar dele, e eu também não queria isso. Ele era muito legal e carinhoso comigo. E eu não queria perder isso.

Esse foi o banho mais demorado que eu já tomei. Me enxuguei e coloquei um moletom. O tempo tinha esfriado e uma chuva fina caía lá fora. Estremeci. Chuva significava trovões. E dessa vez eu não teria ninguém pra me abraçar. Brian já tinha ido imbora junto com a Melissa.

Passei o resto do dia no meu quarto acabando com o meu estoque secreto de prigles e coca-cola e mechendo no computador. A chuva tinha ficado mais forte. E eu estava rezando pra que não começasse a trovoar. Ouvi batidas na minha porta e fui abri-la. Cath e Jus estavam com sorrisos enormes no rosto.

- Eu perdi alguma coisa? Que sorrisos são esses? - perguntei desconfiada.

- Bem, nós queriamos nos desculpar por termos sido tão péssimas amigas ultimamente. Então compramos um presentinho pra você. - Cath disse rindo.

- Tá. E cadê o presente? - minha desconfiança só aumentando.

- Bem, não é um presentinho - Jus explicou - é um presentão. Então você tem que ir até ele.

- Isso mesmo - Cath disse indo para trás de mim e tapando meus olhos com as mãos.

- Se eu cair e morrer a culpa é de vocês.

- Oh garota dramática. Você acha mesmo que eu vou deixar você cair? - Cath perguntou fingindo estar ofendida.

- Acho! - eu respondi e Jus começou a rir.

- Vamos logo. - Cath nos cortou mal humorada.

Jus segurou a minha mão e começou a me guiar. Não precisei andar muito. Nem parecia que eu tinha saido do meu flat.Ouvi alguém abrindo a porta e eu dei mais alguns passos pra frente. Jus soltou as minhas mãos e disse:

- Quando eu disser 3 a Cath vai soltar as mãos dos seus olhos. E antes que ela faça isso, entenda que nós estamos fazendo isso pro seu bem. E você vai nos agradecer depois.

- Mas o que...

- 3! - ouvi Jus gritar e Cath tirou as mãos dos meus olhos e eu ouvi a porta atrás de mim se fechar e ouvi o baruho do trinco. Olhei ao redor e reconheci o quarto de Noah. Me virei para a porta e tentei abrir a maçaneta.

- Ah, que engraçado. Agora ME TIREM DAQUI AGORA SE NÃO AS CONSEQUENCIAS NÃO SERÃO BOAS PRA VOCÊS.

- Nós estamos dispostas a pagar o preço que for. - ouvi a voz da Julia.

- É Ali. Boa noite. E nos conte o que aconteceu depois!

- O QUE? ME TIREM DAQUI AGORA. DESTRANQUEM ESSA PORRA OU EU VOU QUEBRAR A PORTA.

- Não até você e o Noah fazerem as pazes.

- AH, QUE LEGAL. MAS VOCÊS ESQUECERAM UM DETALHE. CADÊ O INFELIZ DO HAGEN?

Nesse momento ouvi a porta do banheiro se abrir e o Hagen saiu todo mlhado com a toalha na cintura. Me virei para ele e gritei:

- MAS QUE MERDA. VOCÊ NÃO SABE LEVAR A ROUPA PARA O BANHEIRO NÃO?

- EU SINTO MUITO SE EU ESTOU NO MEU QUARTO E NÃO SABIA QUE TERIA INTRUSOS.

- AH, E VOCÊ ACHA QUE EU ESTARIA AQUI SE A SUA PRIMINHA E A TRAIRA DA AMIGA DELA NÃO TIVESSEM ME PRENDIDO AQUI?

- E por que diabos elas fizeram isso?

- Elas acham que nos trancando aqui vão conseguir nos convencer a fazer as pazes.

- Elas querem começar a terceira guerra mundial. Isso sim.

- Finalmente uma coisa em que nós dois concordamos. - respirei fundo e fechei os olhos tentando me acalmar - me diz que você tem a chave reserva.

- Tenho. Na recepção do hotel. Que já está fechada a essa hora. - ele disse - olha pra lá Alice. Vou colocar a roupa - ele acrecentou.

- Ah que ótimo. - eu disse me jogando na cadeira que tinha ali. Ficando corada.- Olha, eu to cansado. Amanhã eu ligo pra recepção do hotel e eles vem aqui abrir a porta. Boa noite. - ele tinha colocado uma calça de algodão cinza desbotada e estava sem camisa. Apagou a luz e se jogou na cama.

Bufei e acendi o abajur que ficava em cima de uma mesinha cheia de tralhas. Comecei a vasculhar a mesinha a procura de nada em específico. Tinha algumas garrafas de ice vazias, um copo de café de algum starbuck, as chaves do carro, a carteira dele... e um estojinho de veludo preto. Olhando melhor, vi que era um estojo de jóias. Olhei para a cama e vi o Hagen deitado olhando para o teto. Minha curiosidade falou mais alto e eu abri o estojo.

Dentro dele tinha um cordão que eu julguei ser de ouro. Era delicado e lindo. O pinjente já vinha no cordão. Era uma plaquinha. Nessa plaquinha estava gravado com uma caligrafia elegante:

"always mine"

Lágrimas começaram a encher meus olhos e eu disse com ironia:

- Uau, que presente eim... a Melissa é sortuda. O que vem depois disso? Um carro? Uma aliança? - dei uma risada seca. Ele levantou a cabeça e vi sua expressão de confusão. Mostrei o cordão para ele.

- Ah, isso não era pra Melissa. Era pra você. - ele respondeu com uma naturalidade que me espantou - eu ia dar pra você quando você acordasse... mas eu esqueci de levar para o hospital. - ele explicou e voltou a deitar e olhar para o teto.

- Pra mim? Sério? - olhei para o cordão de novo. E fitei com um sorriso idiota no rosto as duas palavras que tinham nele. Agora com um significado totalmente diferente. Peguei o cordão da caixa e me aproximei da cama. - Coloca pra mim? - perguntei dando o cordão para ele.

Ele olhou para mim com um sorriso e pegou o cordão da minha mão. Levantou e ficou atrás de mim. Levantei meu cabelo e ele colocou a corrente em mim. Depois disso deu um beijo no meu pescoço. Fiquei completamente arrepiada estremeci. O-ou. Ouvi sua risada maliciosa atrás de mim.

- Finalmente descobri seu ponto fraco - senti suas mãos envolverem minha cintura e sua boca dando leves mordidas no meu pescoço. Aquilo não ia dar certo. Suas mordidas e beijos iam chegando cada vez mais perto da minha boca. E eu não tinha força para me afastar.

Eu queria aquilo mais do que tudo.

Eu sentia falta das mãos e da boca dele em todo lugar. Sentia falta da sua risada rouca ou do seu calor. Sentia falta de como ele sussurava coisas fofas e provocantes no meu ouvido. Eu sentia falta de tudo aquilo. Estava com abstinência. E agora estava ficando bêbada sem ligar para as consequências.

Sem pensar, me virei para ele grudando sua boca na minha com força. Eu estava com pressa e não queria ter calma. Ele percebeu isso e deu uma risada entre o beijo. Mordi seu lábio com um pouco mais de força do que queria e senti ele estremecer. Ele desceu sua boca para o meu pescoço distribuindo mordidas e beijos aqui e ali. Sem eu querer uma espécie de gemido saiu da minha boca.

- Ali, amor, eu não quero te força a nada. Então se você não quizer, é melhor se afastar agora que eu ainda tenho forças. - ele deu uma risada meio envergonhada. Me afastei minimamente dele para olhar em seus olhos azuis.

- Eu quero. Mas... hã... você meio que vai ter que me ensinar. - eu disse corando furiosamente.

- Isso não é problema, Ali. Mas eu quero que você jure que vai me avisar se eu te machucar.

- Ok, eu juro.

Ele voltou a me beijar. Senti ele levantando a minha blusa e não me importei. Eu queria que ele fizesse isso. As roupas já estavam me incomodando. Me separei rapidamente dele pra que ele tirasse minha blusa. Ele não teve problemas com meu sutiã. Se afastou um pouco e me avaliou com um sorriso.

Eu estava corada mas não ia deixar ele perceber isso. Puxei ele novamente e subi em seu colo. Ele me prensou contra a parede. Me segurei em seu corpo para que ele tirasse a calça. Ele voltou a me segurar e dessa vez me deitou na cama. Tirei meu short enquanto ele beijava meus seios. Esperei enquanto ele colocava a camisinha - algo que ele não demorou muito para fazer - e deitei novamente. Ele ficou por cima de mim.

- Relaxe, e não fiquei tensa. - ele sussurrou no meu ouvido - só deixe rolar... e me desculpe. Me desculpe de verdade, se eu te machucar. Eu te amo.

Não se esqueça disso.Depois disso foi fácil. Noah era muito gentil. Ele tentava fazer movimentos devagar para que eu o acomanhasse. Era perfeito. Como sempre, tudo em Noah era perfeito. E isso não era diferente. Ele não demonstrava dor nem insatisfação com nada. Nem quando eu puxava seu cabelo ou arranhava suas costas.

Quando nós dois atingimos... digamos assim... 'o ponto alto', ele deitou do meu lado e nos tapou. Estávamos suados e grudentos. Perfeitos. Deitei minha cabeça em seu braço e ele me deu um beijo na testa.

- Obrigada pela melhor noite da miha vida. Isso não podia ser mais perfeito. Eu te amo. - eu disse arfando.

- Eu também te amo. E essa também foi a melhor noite de todas. - ele sorriu.

Era um momento mais clichê impossível. Mas toda garota tinha que passar por ele. Dei um beijo em seu pescoço e deitei minha cabeça em se braço de novo, dessa vez adormecendo.

Just close your eyes.The sun is going down.

You'll be alright.

No one can hurt you now.

Come morning light.

You and I'll be safe and sound.