Acordei com o reconfortante som da maçaneta da porta sendo aberta e risinhos travessos vindo de trás dela. Abri meus olhos em desespero e dei um tapa em Noah. Que jeito lindo de acorda seu... namorado? Amigo? Não sei. Enfim, que jeito lindo de acordar a pessoa com que você passou a melhor noite das sua vida...

– Ai! Que isso garota?

Levantei puxando o lençol comigo – não ia deixar ele me ver pelada de novo – pegando uma blusa que eu achei no chão – não sabia se era minha ou dele – e o meu short. E me tranquei no banheiro torcendo pra que Noah não estivesse lerdo demais pra ouvir o som da porta abrindo.

Tentei fazer o maior silêncio possível. Ou seja, derrubei os produtos de barbear que tinham em cima da pia, bati meu dedo no vaso, escorreguei no piso molhado batendo a minha cabeça forte na porta... E comecei a xingar descontroladamente a minha falta de coordenação.

Calei a minha boca quando ouvi a porta se abrir.

– Bom dia Noah – ouvi a voz da Cath.

– Bom dia? Vocês me trancam no quarto com a nanica e me dão bom dia? Eu podia ter morrido! Você não tem mais amor pelo seu primo?

– Eita estresse. Noite ótima a que você teve eim? – Jus disse.

– Depende da definição de ótimo. – ele disse carrancudo. Prendi a minha risada.

– Acho que com ótimo a Jus quer dizer quente. O que o sutiã da Ali tá fazendo ali no chão?

Fudeu. Esqueci a porra do sutiã no chão. Vesti a roupa o mais rápido que eu pude e saí do banheiro.

– Ah, falando nela... E aí Ali, como foi a noite?

– Teria sido menos pior se o Hagen não parasse de roncar. – eu disse com desprezo e Noah me olhou com uma cara zangada. Prendi o riso.

– Ah... Claro. Mas voltando ao assunto, o que o seu sutiã está fazendo no chão e por que você está com uma blusa do Noah?

– Ah... – Noah começou a explicar mas eu o cortei.

– Simples, o idiota do Hagen me molhou ontem à noite. – eu disse com duplo sentido na voz e Noah começou a gargalhar. Eu mesma não estava mais aguentando prender o riso.

– Ele te molhou a ponto de você ter que tirar o sutiã? – Jus perguntou ainda desconfiada.

– Sim.

– Espera aí... – Jus linda e maravilhosa nos interrompeu – ele te molhou com o que? Nós te trancamos aqui, não tinha nenhuma bebida.

– Simples, como o Hagen aqui é um alcoólatra assumido, ele ‘esconde’ garrafas de vodka e outras bebidas em baixo da cama. Então quando fomos beber, sem querer ele entornou a bebida em mim. – Como sou linda. Consigo formar as melhores mentiras antes do café da manhã.

– Hm... Ok, mas isso ainda não tá muito bem explicado... Tô sentindo cheiro de mentira aqui... E de algo mais... – Julia disse estreitando os olhos.

– Mas o foco não é esse certo? – Noah se levantou e meu coração gelou. Por um momento achei que ele ainda estivesse nu. Mas para a minha alegria (n/a: eu tinha que colocar isso na fic. Para a nooooossa alegria kkkk) ele estava com uma bermuda.

Respirei fundo recompondo a minha expressão antes que alguém reparasse no meu mini ataque cardíaco.

– Então gente, o que importa não é que a gente fez as pazes? – Noah disse colocando o braço nos meus ombros de lado.

– É, e vocês fizeram as pazes? – Cath disse levantando as sobrancelhas.

– Claro! Se não tivéssemos feito eu não faria isso – perguntei dando um beijo na bochecha dele. No momento em que eu ia dar o beijo ele virou o rosto para ver o que eu ‘não faria’ e eu acabei dando um selinho nele. Me afastei rapidamente dele. – Ok, eu não faria isso. Foi sem querer.

– Bem, eu estou morrendo de fome, e eu quero lanchar com a minha amiga Ali. Bom dia pra vocês suas loucas e nós já aprendemos a lição. Amigos para sempre. – Noah disse empurrando as meninas para fora do flat.

– Ok, ok, entendemos que você não nos quer aqui. Não precisa dar tantas indiretas.

– Então, mais tarde temos tarefas a fazer, afinal as férias não estão mais no começo, e temos que aproveitar o que resta.

Aquilo me paralisou. As férias não estão mais no começo. Na verdade, estão quase acabando...

– Vamos tomar café moça? – De repente Noah estava atrás de mim com a boca na minha orelha. Ele abaixou a boca dando beijos no meu pescoço.

– Ah... vamos. – eu disse arrepiada e ouvi a risada rouca dele. – Olha só, não é porque você descobriu o meu ponto fraco, que agora você tem que ficar me provocando não.

– Haha você não faz ideia de como é tentador. Saber o ponto fraco da sua namorada e não provoca-la com isso.

Epa. Espera aí.

– Namorada? – eu disse me virando para ele com um sorriso de orelha a orelha.

– Sim, namorada. Você prefere que eu te chame de ficante? Tudo bem. Mas você vai continuar sendo a minha namorada.

Ai que vontade de apertar esse garoto.

– Não, não. Prefiro que seja namorada mesmo. Tá bom assim por enquanto. – eu disse beijando-o.

– Eu sei que você prefere de qualquer jeito. – ele disse e eu dei um tapa nele.

Depois de tomarmos café/almoço juntos (sim, café/almoço porque já eram quase 12:00) e eu fui ver TV enquanto ele tomava banho.

Depois de um tempo, ele deitou a cabeça no meu colo e eu fiquei fazendo cafuné nele. Eu sei, coisa clichê e ridícula... mas com o passar do tempo eu percebi que quando eu não estou xingando ou batendo ou armando contra as pessoas, eu sou uma pessoa... carinhosa... e que gosta de receber carinho. Noah estava me ensinando a ser carinhosa. A me importar. E eu ia sentir falta disso.

Uma lágrima escorreu do meu olho e caiu no rosto dele. Ele olhou pra mim e levantou do sofá me colocando no seu colo.

– O que foi amor? Anda arrependida de alguma coisa? – ele perguntou e eu sabia que ele se referia à noite passada.

– Não Noah, não me arrependi de absolutamente nada.

– Então o que foi? – ele disse alisando meu cabelo.

– Eu tô... preocupada. É, preocupada.

– Com o que?

– Como vai ser quando acabar... Quando acabarem as férias, o que vai ser da gente? Nós simplesmente vamos voltar com as nossas vidas diferentes, em cidades diferentes, fingindo que nada aconteceu?

– Oh minha santa Vodka que garota dramática. Eu tenho duas respostas clichês pra te dar, mas eu prefiro dizer outra coisa. Ali, deixa rolar. Para de se importar, mesmo que a gente nunca mais se veja, você vai se lembrar de mim. E eu não quero que quando você lembre de mim, você lembre da preocupação de quando vai acabar ou o que vai acontecer. Só curte. E deixa rolar. Se for pra acabar, o que a gente pode fazer? – ele terminou e me deu um selinho – mas eu não to dizendo que quero terminar ouviu? – ele sussurrou perto dos meus lábios.

– Isso foi clichê. Não um clichê antigo, mas foi clichê.

– Cala a boca e me beija logo garota.

Bem, eu tive que me calar a partir daí né.