Degustando-se de Água escrita por Bee Maciel Braz


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Nninguém vai ler isso mesmo...



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Eu comecei a andar. Em passos lentos, passos amedrontados, passos de um tributo que acabou de ser escolhido. Subo no palco e observo o público à minha frente. Nenhum voluntário. Obviamente. Procuro segurança nos olhos de meus pais, mas minha mãe está chorando descontroladamente, enquanto meu pai tenta acalmá-la. Meg está tremendo, em sua face uma expressão quase de dor, e está desviando o olhar de mim. As pessoas que me observam têm diferentes reações. Algumas estão apreensivas, outras parecem, para meu desgosto, satisfeitas. Algumas me passam confiança, de certa forma. Acho que por eu ser neta de dois vitoriosos, todos acham que serei uma. O que provavelmente não é verdade.

Leevy volta a falar:

–O Tributo Masculino do Distrito 4: Cray Leveasden

Então ele sobe, com a expressão assustada, provavelmente sentindo o mesmo que eu. Seu pouco cabelo castanho, sua pele quase mulata, e seus olhos incrivelmente verdes vindo em direção ao palco. Ele é bem forte, ou pelo menos é o que parece pelo formato de seu corpo. Ele talvez tenha chance de ganhar.

Nós dois ficamos lado a lado, mas não ouso olhar para ele. Não sei porque, mas não quero trocar olhares com ele. Talvez porque estou tão amedrontada, desesperada e assustada que, se olhar em seus olhos, piore a situação atual do garoto. Mas, pelo canto do olho, vejo que ele também olha fixamente para a praça,para o público, e não para mim.

Mais algumas palavras saem da boca de Leevy e entramos no Palácio da Justiça. Vou para um compartimento não muito grande, com as paredes de madeira e um sofá de 3 lugares claro. Uma mesa de centro está localizada à frente do sofá, com um pequeno vazo de flores. A porta se abre, e para minha surpresa, é Meg. Não consigo ficar brava com ela, afinal de contas, ela nunca prometeu nada, e, se trata dos Jogos Vorazes, ninguém nunca entraria no lugar de ninguém. Seria muito mais fácil encarar a morte de alguém do que encarar a própria morte.

–Me desculpe- ela começa a chorar. Ela me abraça forte e eu sinto suas lágrimas caindo na gola de meu vestido. Eu simplesmente não consigo chorar, talvez porque nem lágrimas traduziriam meus sentimentos, é tudo muito intenso.

–Tudo bem, Meg, tudo bem. Eu sei que é difícil, e que são os Jogos Vorazes. É muito mais fácil encarar a morte de um amigo do que a sua morte- Ela me solta e me encara com os olhos inchados, a descrença neles, como se eu não pudesse ter dito o que disse. Dou de ombros.

–Eu desejo toda a sorte do mundo pâra você, tá? Vou estar torcendo por você lá em casa- Então o guarda entra no quarto e a tira de lá.

A porta se abre novamente, e dessa vez são meus pais que entram. Minha mãe ainda está com a face rubra de tanto chorar, e meu pai está desolado, vejo em seus olhos. Porém, ele se controla. Minha mãe me abraça, assim como Meg, um abraço quase sufocante. Mas eu o retribuo, e, finalmente, as lágrimas saem. Não é um choro muito escandaloso, apenas algumas lágrimas saem de meus olhos, e a cada vez que penso no que me aguarda, sinto um aperto no coração.

É a vez de meu pai vir me abraçar, e ele faz isso desengonçadamente. Meu pai não é muito bom em demonstrar sentimentos. Nós três ficamos preses num abraço, não precisamos dizer nada. Até que o guarda entra pela segunda vez e os tira de lá. Assim que isso acontece, minha mãe volta a ser uma cachoeira humana.

Saio de meu compartimento e encontro Cray, que está praticamente do mesmo jeito que eu, embora pareça que não tenha chorado. Agora consigo olhar em seus olhos. Uma das muitas pessoas as quais eu terei que matar, ou que me matará. Ele vem em minha direção, e eu vou em direção a ele, quase involuntariamente, como se existisse um imã entre nós. Então nos abraçamos, sem dizer nada, e vamos para a estação de trem.

Me encontro num compartimento com apenas uma cama, um guarda-roupa e um criado-mudo. Alguém bate na porta, e eu deixo entrar. É Leevy, que diz que tenho de jantar. Não posso deixar de pensar que esse trem está me levando à Capital, o lugar onde eles reinventaram os Jogos Vorazes, onde reinventaram olugar onde eu provavelmente eu morrerei.

Vou até a sala de Jantar, e apenas Leevy está sentada lá, sozinha. Quando ela me vê abre um pequeno sorriso. Me pergunto quem será nosso instrutor, já que apenas minha vó está viva no Distrito 4 como vitoriosa, e ela não está em condições de instruir ninguém. Cray chega e se senta do meu lado. Começo a comer o pão, provavelmente de outro Distrito, já que este não é verde de algas ou algo assim. Espero que o prato principal não tenha peixe, porque já estou cansada de comê-los. Assim que acabamos a entrada, comemos um ensopado de carne. Estou me preparando para ir para meu compartimento dormir, e um homem corpulento entra na Sala. Ele usa um agasalho branco com uma calça de moletom preta.

–Boa Noite, Srta. Field e Sr. Leveasden, sou o instrutor de vocês, Plutarch Heavesben.








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Notas finais do capítulo

Eu sei que esse capítulo está pior escrito que os outros, mas espero que gostem.



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