POV Sadie

Acordei meio tonta, como se tudo estivesse girando em meu redor, odiava essa sensação, tentava me lembrar como consegui me sentir assim, mas não conseguia... A imagem de Walt invadia a minha mente a cada segundo. Tentei abrir os olhos com muita dificuldade e encontrei um olhar conhecido que me observava tristemente. Seus olhos chocolate meio dourado naquele momento estavam vermelhos, provavelmente de cansaço. Não sabia como, mas aquele olhar me comovia, e me fazia tentar me lembrar de tudo, mas toda vez que eu tentava, sentia uma forte dor de cabeça e me vinha a imagem de Walt. Me levantei com dificuldade.

–Bom dia Sad. -Disse ele com uma cara triste, com dor. Ele parecia fraco, assim como eu, mesmo sendo um deus.

–Anúbis. -Disse com um aceno.

Ele baixou o olhar e eu me levantei.

–Como estão os outros?

–Já acordados. Estão se arrumando para partir. -Respondeu simplesmente, quase como um sussurro.

–Que bom, é, eu queria pedir... -Comecei.

–Que eu saia, para você se trocar... -Completou ele.

–Como você sabe?

–Porque é a coisa que você me pedia sempre e que não cumpria. Sad, por favor, se lembra! Lembra da nossa promessa de que ficaríamos juntos aconteça o que acontecer?-Começou derramando lágrimas.

Eu não pude agüentar e uma lágrima escorreu pelo meu rosto, tentava me lembrar com todas as minhas forças, mas Walt parecia varrer toda a minha mente, me causando uma espécie de desejo ardente, dor e necessidade.

–Me desculpa, por favor, é melhor desse jeito... -Lágrimas escorriam pela minha face.

Ele desistiu e antes de sair me disse algo.

–Você vai se lembrar Sad, eu não vou desistir...

Então se virou encolhido e saiu.

Eu me arrumei novamente, mas estava muito mal, estava sentindo fortes dores de cabeça. Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Anúbis estava tentando me fazer com que lembrasse, mas era quase impossível. Pensava que com todo esse esforço eu morreria.

Me arrumei rapidamente e me preparei para sair. Mas quando estava saindo Walt entrou na cabana.

Meu mundo parou, a dor de cabeça sumiu, meus olhos encontraram os dele, e eu só queria dizer que o amava. Sentia uma paixão enorme por ele.

–Sadie?Você está bem?-Perguntou.

–É claro que estou, principalmente porque você está aqui comigo...-Eu disse me aproximando. Ele não recuou.

–Olha, eu expliquei para todo mundo que não te dei nenhuma caixa, não sei o que aconteceu. Anúbis quase me matou...

–Aquela caixa foi a melhor coisa que já me deu... -Disse hipnotizada.

–Eu... -ele me olhava e sorria. – Sempre sonhei que você gostasse de mim Sadie, que escolhesse a mim e não a ele, agora, mesmo por magia, não consigo me controlar, eu...

Então ele me agarrou e me beijou profundamente um beijo cheio de desejo e paixão que me confundiu muito, como uma bagunça de emoções. Senti uma profunda dor de cabeça, e me vi correspondendo o beijo. Sentia como se quisesse estar ali e ao mesmo tempo não...

Tentei vencer tudo aquilo e me afastei dele delicadamente, gastando todas as minhas forças.

–Walt... Eu...

–Eu sei que me ama...

–Eu não...

Então senti uma dor gigante e caí e ele me agarrou. Anúbis entrou no aposento furioso.

–Sadie! Walt!

Ele estava com uma fúria tão grande que eu não conseguiria descrever.

–Está se aproveitando da situação da minha namorada para beijá-la Walt?-Ele gritou furioso.

–Ex-namorada!-Respondeu Walt.

–Seu ... (parte em que Anúbis o chinga de nomes irreveláveis)! Ela está confusa! Você enfeitiçou ela! Tudo foi um plano seu não é?

–Eu já disse que não dei caixa nenhuma!-Respondeu Walt gritando com a mesma intensidade.

–Mentiroso!-Gritou Anúbis em resposta atacando Walt que defendeu com sua khopesh.

Bastet entrou na cabana!

–Parem!-Gritou.

E os dois pararam de se enfrentar. Eu ainda estava no chão.

–Por favor, se acalmem! Nós estamos partindo! Walt vai arrumar suas coisas! Vamos chega com tudo isso, Sadie está mal! Enquanto não arranjarmos um meio de curá-la dessa situação não sabemos nem ao certo como continuar.

–Me desculpe. -Disse Anúbis saindo devagar.

–Venha querida, nós já vamos partir! -Disse Bastet com um rosto triste.

Eu saí e cumprimentei as meninas. Zia ficou ao meu lado o tempo inteiro assim como Sarah, enquanto terminávamos de organizar as coisas antes de partir.

–Sadie, Zia, tenho que lhes contar uma coisa. -Disse Sarah apreensiva.

–O quê?-Perguntei.

Ela olhou para mim com dor.

–Não foi Walt que te deu a caixa! Foi Melanie.

Nós olhamos para ela confusas. E ela nos contou tudo, e que viu ela entrando na minha cabana e de Anúbis.

–Eu sabia! Aquela cobra!-Disse Zia.

–Não importa mais nada, agora que eu sinto tudo isso por Walt... -Disse com uma expressão triste.

–Você vai se lembrar Sadie! Nós vamos te ajudar, seu amor por Anúbis é muito mais forte que qualquer extrato, vai dar tudo certo!-Disse Zia e eu assenti confusa.

Quando todos terminamos de arrumar as barracas e pusemos a partir, Melanie olhou para mim e deu um risinho zombeteiro.

–Vamos continuar seguindo ao norte, eu acho que de acordo com meus cálculos a gente só vai chegar a uma vila amanhã à noite. -Disse Carter e Bes concordou.

–Não era para a gente chegar hoje?-Perguntou Walt. Eu adorava sua voz.

–Infelizmente não garoto! Agora vê se fecha a matraca!-Disse Bes revirando os olhos.

Nós andamos muito. Zia e Sarah iam conversando comigo para eu me distrair. Melanie se aproximava de Anúbis a cada segundo. Um pontinha de mim fazia com que me intrigasse com isso, mas toda vez que tentava me lembrar melhor, eu sentia a dor.

Carter, Walt e Bes viajavam na frente e Bastet e Rá um pouco atrás.

De repente todos pararam.

–O que aconteceu?-Perguntei.

–Tempestade de areia se aproximando. -Disse Carter desanimado.

–Ah não!-Disse Walt novamente.

O monte de areia vinha rapidamente em nossa direção, andando a quilômetros por hora, meus cabelos eram tomados pelo vento. Nossas vozes quase inaudíveis.

–Temos que nos proteger!Cada um pega um lençol e se cobre aqui mesmo. Não tem como escapar de uma tempestade de areia com magia. E isso é uma droga até hoje... -Completou com um resmungo.

Carter e Zia se cobriram com um, assim, como Sarah e Bastet, Walt e Bes, Jack, Melanie e só sobrava eu. Não achava nada para me cobrir em lugar nenhum. A coluna de areia se aproximava e eu fechei os olhos me encolhendo. Senti alguém me envolvendo com os braços. Me lembrava daquele perfume... Senti uma forte dor de cabeça. Anúbis. Ele me cobriu com sua jaqueta de couro a mesma jaqueta que... Aquele dia, qual havia sido mesmo? O esforço me esgotava, então desisti de me lembrar.

Depois de algum tempo a tempestade de areia havia cessado e todos se levantaram. Anúbis se afastou delicadamente de mim.

–Anúbis... Obrigada, eu... –Não consegui completar a frase.

Ele me olhou com um olhar triste e assentiu.

–Anúbis! Me dá uma ajudinha aqui!-Gritou Melanie. De repente me deu uma vontade de bater nela, só não sabia o por quê.

Voltamos à caminhada normal. Zia e Sarah me ajudaram a me levantar e continuamos o caminho. Conversamos sobre bobagens de garotas e etc... Aquele dia por mais que não parecesse, estava sendo tão estranho...

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POV Anúbis

Não sentia mais nenhuma força em mim. Já não sabia quem eu era, o que estava fazendo ali, e por que estava vivendo e respirando o ar com tanta dor.

Sadie não se lembrava de mim, não se lembrava de nós. Isso doía muito, era como uma dor que me matava por dentro e essa era a palavra certa para o momento. Eu estava morto por dentro. Toda vez que via os seus olhos me lembrava da velha Sadie. Mas quando abria sua boca, as palavras me machucavam como facas afiadas. Não tinha a razão de viver quando via seu rosto, seu sorriso, e eu não a tinha mais.

Sadie era a razão da minha vida, e em mil anos nunca sentira aquelas emoções, tão doces, tão ardentes, e verdadeiras.

Sentia como se a tivesse perdendo e isso era o pior de tudo

Andava pela a areia do deserto e me sentia como ele. Solitário, imenso e vazio.

O que eu mais queria era que ela se lembrasse. Eu tinha a certeza de algo. O meu amor não acabaria nunca. Ela haveria de se lembrar. Eu tinha certeza.

Walt... Aquela criatura asquerosa. Não tinha ideia de que ele fosse capaz de fazer isso com a Sadie, ele não a amava de verdade, não se importava com seus sentimentos. Isso me trazia a fúria, a raiva. Ele não a merecia. Se não fosse por Sadie acabava com ele. Não sabia como poderia existir tanto ódio em meio de tanto amor. Walt não existia. Parei de pensar nisso. Estava andando com todo o esforço.

Melanie tentava conversar comigo a cada segundo, mas eu a ignorava. Naquela tempestade de areia eu vi que Sadie estava sozinha e eu a protegi novamente. Foi a melhor coisa da minha vida a sentir em meus braços novamente, sentir que ela estava segura e viva. Que ela era minha. Lembrei de nossos encontros, nossos beijos, os dias em que a salvara e isso foi o que mais doeu em mim depois que tudo passou e nós voltamos a caminhar novamente. Melanie veio falar comigo novamente.

–Anúbis... Eu posso te ajudar? Você parece tão triste... -Começou ela.

–Eu não quero falar disso. -Respondi friamente.

Ela se aproximou andando em minha frente.

–Sente falta dela? Quer saber, o que aconteceu era o que tinha que ser... Ela não merecia estar com você...

–Por favor, eu já disse que não quero falar disso!

–Eu posso oferecer tudo aquilo que ela não lhe oferece mais... Anúbis eu te amo!

Ela se colocou na minha frente e me beijou. Eu não senti nada. Eu a empurrei novamente.

–Melanie, me desculpa, mas eu amo a Sadie... Eu...

–Melanie! Sua... -Sadie veio em nossa direção. Meu coração acelerou. Ela estava se lembrando?

–Sua o quê sadenta? Vai ver o Walt! Vai! Vi que o presentinho que eu te dei não ta funcionando direito... Aff.

–Então foi você!-Gritei.

Ela tampou a boca com as mãos.

–Ai... Me desculpa... Quer dizer... Não foi isso que eu...

–Saia da minha frente!-Disse nervoso. Como ela poderia ter feito isso. Talvez, quisesse se vingar da Sadie.

–Então foi a Melanie?-Disse Bastet. –Tsc, tsc. Essa garota não para mesmo.

–Só podia ser. -Disse Carter.

–Ela sempre faz isso!-Disse Zia.

Todos estavam irritados com Melanie pelo seu ato. Não podia ser diferente, ela havia causado tudo aquilo.

–Tá me desculpa!-Disse ela revirando os olhos.

–Só desculpa não basta garota, depois de tudo que você fez. Só continuamos por causa da missão, porque você não deixa de ser criança e aja como uma maga formada, e coordenadora do trigésimo terceiro nomo ein?-Disse Bes terminando a conversa, pois já estava escurecendo. Montamos o acampamento novamente, só que dessa vez, perto da encosta de um rochedo próximo.

Melanie nervosa montou sua barraca e ficou por lá mesmo. Eu montei a minha e de Sad, com uma certa tristeza. Não suportava ficar sem ela.

Carter e Bes montaram a fogueira, Bastet e Rá voltaram a conversar. Sadie, Zia e Sarah entraram em uma barraca para conversar e eu por fim, entrei na barraca que tinha terminado de instalar e sentei sozinho com meus pensamentos. Com a dor de não ter Sadie comigo.

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POV Sadie

Eu entrei junto com as meninas apreensiva. Elas estavam tentando me ajudar novamente, mas já estava cansada da dor que sentia e do cansaço mental. Era horrível e impossível de se descrever, era como se outro corpo estivesse sendo forçado ao meu, como se estivesse sendo afogada.

Nós entramos e nos sentamos. Sarah e Zia se entreolharam.

–Sadie, nós conversamos com Bes. Ele disse que conhece os efeitos da flor, porque já teve um conhecido que passou por isso.

–Então me fala, por favor... -Respondi ansiosa.

Ela sorriu.

–Ele disse que se houver um outro amor antigo que seja mais forte que o atual há possibilidade de cura, mesmo sem o extrato, é bem difícil, mas vale a pena tentar. Ele disse que você está indo muito bem. Quando você estava confusa, e quase brigando com a Melesmie pelo Anúbis, já demostrou esse progresso. Precisa se esforçar mais.

–Zia, você acha que eu não tento? Toda vez que eu tento me lembrar eu fico zonza e sinto uma dor imensa...

–Nós vamos te ajudar Sadie. -Disse Sarah.

–Sadie... Se lembra da primeira vez que viu Anúbis? Ele estava no Salão das Eras e você já era apaixonada por ele. Lembra do jeito que você falava dele para mim, lembra do seu encontro, do dia em que ele te pediu em namoro. Tudo isso está na sua cabeça, você vai se lembrar amiga, e disso eu tenho certeza, porque você é forte e seu amor por ele também. Mais do que qualquer flor idiota.

Eu estava tonta tentando lembrar de tudo.

–Meninas muito obrigada por tudo, mas eu acho que quero ficar sozinha...

–Tudo bem Sad, não se preocupe! Nós vamos falar com Bastet, e... Se cuida ein?-Sarah disse sorrindo puxando Zia.

Eu fiquei sentada, pensando em tudo que elas me disseram. O quarto parecia girar em minha volta. Lembrei de como Anúbis se sentira arrasado no dia que eu falei a ele que gostava de Walt. Lembrei também do jeito que ele me olhou de manhã pedindo para que eu lembrasse. Eu queria lembrar, com todas as minhas forças. Então me decidi. Nenhuma dor me impediria de lembrar a verdade. Quando lembrei de seu rosto, lindo, seus olhos castanhos dourados profundos, seu rosto perfeito. Valia tudo a pena, tentei bloquear as imagens de Walt. Sentia fortes dores de cabeça mas nada mais importava então tudo sumiu em meu redor. Vi imagens que passavam rapidamente e foi assim que comecei a me lembrar de tudo.

(Ouçam: Birdy-Shelter: http://www.youtube.com/watch?v=xJ0QPpZyXkY)

“No início, eu não estava em lugar nenhum - era só um vácuo escuro. Depois, um homem jovem surgiu das sombras.

–Você novamente - disse ele.

–Ah... Hum... – gaguejei.

Honestamente, você já me conhece bem a esta altura. Não é uma atitude típica para mim. Mas aquele era o garoto que eu tinha encontrado na visão do Salão das Eras – o garoto bonito com a túnica negra e os cabelos desarrumados. Seus olhos castanhos me deixavam nervosa, e eu estava muito satisfeita por ter me livrado da forma de galinha brilhante.”

Tudo mudou novamente...

“Ele tinha a pele pálida, cabelos pretos e rebeldes e olhos castanhos que lembravam chocolate... o garoto de meus sonhos...”

Eu agora estava num cemitério e Anúbis falava comigo.

“-Você vai continuar me irritando? – provoquei.

Ele cravou em mim aqueles lindos olhos castanhos.

–Ou talvez você possa me ajudar a entender os modernos rituais de conquista e namoro.

Fiquei ali sentada e perplexa até ele ensaiar um sorriso...” Lindo...

Mudei de situação... Estava em outro cemitério.

“-Vá - disse Anúbis. - Lamento não poder fazer mais. Mas feliz aniversário, Sadie.

Ele se inclinou e me beijou nos lábios. Depois se misturou à névoa e desapareceu. O cemitério voltou ao normal - parte do mundo comum sem brilho.”

Agora estava no Salão do Trono quando meu pai Osíris falava sobre a viagem...

“Quando eles estavam saindo Anúbis veio falar comigo:

–Vai ser muito bom passar duas semanas de férias com você Sadie!

Eu sorri sem saber o que dizer e corei...”

Estava no avião viajando para o Havaí...

“Anúbis estava olhando diretamente para mim, lançando um sorriso lindo, e aqueles seus olhos que me faziam derreter, brilhavam como sempre!”

Agora tudo mudou e eu estava numa noite que me lembrava muito bem agora...

“Então ouvi aquela voz conhecida atrás de mim:

–Sadie?

Senti seu hálito roçando em minha nuca. Eu me virei. Reconheci os olhos, e rosto mesmo de noite... Anúbis.

Não consegui dizer nada, eu só fiquei admirando seu rosto. Quando ele me acordou do transe.

–Sadie... Você está linda, eu... Nem tinha ideia de que viria, eu pensei que... -E ele parou. E riu! Olhei para ele espantada.

–O que?Eu devo estar meio ridícula para você?Deve ser melhor eu ir... -Eu virei de costas e fui saindo quando Anúbis me impediu segurando meu braço! Tão rapidamente quanto eu tinha me virado para sair.”

Então veio a imagem de Anúbis quando ele havia me salvado na praia e seus olhos foram a primeira coisa que vi quando acordei...

Logo tudo mudou novamente, estava um dia de chuva...

“Lágrimas escorreram pela minha face. Pensei. Ninguém tinha me convidado. Anúbis não me convidara. Eu ri sozinha, era uma ridícula. Como eu achava que um deus se apaixonaria por mim. Walt estava certo, será que ele sabia que tudo era uma mentira?

Então eu desisti de esperar e ficar olhando pro nada. Estava sozinha, todos haviam saído para seus aposentos. Eu saí da arena e me encaminhei pela estrada. Meu cabelo estava solto envolvido pela chuva e minhas lágrimas se fundiam com as gota da água da chuva.

Estava andando distraída quando alguém segurou meu braço.

–Sadie.

Uma voz doce que eu reconheceria em mil anos. Então ele me puxou e me beijou agressivamente, eu correspondi, sentia seus lábios nos meus, urgentes, eu envolvi meus braços em sua volta, ele passou os braços em minha cintura. Passou-se um tempo incontável, sentia seu perfume. Nós nos beijávamos enquanto a chuva caía, ouvíamos o barulho dos trovões. Seu calor era transmitido para mim. Então ele se separou delicadamente. Segurou meu rosto e enxugou minhas ágrimas.

Anúbis...-Disse olhando em seus olhos. Os mesmos que conhecia, e tinham o poder de me derreter.

Por que está chorando?

Por que... –Eu não sabia se devia falar, mas tive coragem.-Eu sou uma idiota, pensei que não poderia gostar de mim do jeito que eu gosto de você, eu sou uma maga ridícula, e...

Ele me interrompeu. E colocou os dedos em meus lábios.

Sadie eu não gosto de você!

Foi como uma faca que me atingia no peito nesse momento. Mas ele continuou.

–Eu te amo, Sadie Kane!

Eu não sabia o que dizer, enquanto minhas lágrimas caiam. Ele me amava! Então ele me beijou rapidamente e disse.

–Todo esse tempo Sadie, eu a esperei, só para dizer que eu te amava, desde que nos conhecemos, você foi a única garota que eu me apaixonei de verdade, em milhares de anos. O dia do nosso encontro foi o melhor da minha vida inteira. Você não entende? Você não é só uma simples maga, você é bonita, inteligente e melhor que qualquer deusa. O seu sorriso é o meu conforto, e eu serei tudo o que você precisar. O cara do encontro, o cara que te salvou na praia ou o cara que está pedindo agora.

Ele se ajoelhou e segurou minhas mãos que ele as beijou.

–Sadie Kane, você quer ser minha namorada?

Eu o puxei para se levantar e enxuguei minhas lárimas.

–E eu ainda tenho que responder? Eu te amo senhor dos funerais! Eu te amo Anúbis! É claro que eu quero!

Então ele riu e me beijou mais profundamente que o outro beijo, então ele me ergueu com um abraço e me girou. Ambos rimos juntos. E ele deu um sorriso.

–Agora meu amor. Eu sou o deus mais feliz do mundo!

–Eu te amo!-Sussurei em seu ouvido.

Ele me abraçou novamente.

–E como minha namorada.-Ele lançou um meio sorriso. Vai comigo na festa de amanhã.

Então ele invocou uma rosa negra e me deu. Quase desmaiei!Ela era perfeita...

–É claro, senhor dos funerais.-Respondi rindo.

–Para de me chamar assim!-Respondeu ele.

–Ou o quê?-Perguntei confiante.

–Ou isso!

Eu nem consegui respirar, ele me pegou no colo e me girou. E foi me carregando trilha abaixo.

–Não, por favor! Para!-Disse rindo.

–Como quiser!-Terminou sorrindo

Então ele me colocou no chão e continuou.

–Vamos, está chovendo meu amor. Não posso deixar você ficar resfriada. Preciso de você amanhã comigo na festa.

–Tá!Então vamos!-Respondi.

Então fomos caminhando até a outra ala do acampamento de mãos dadas, vimos magos abrigando os enfeites da festa na arena de apresentações, e os preparativos. Todos nos olhavam. Mas eu desviei meus pensamentos, pois esse dia eu nunca mais esqueceria. Foi um dia embaixo de uma tempestade que Anúbis me pediu em namoro. Não precisava de mais nada, a última imagem que tive antes de dormir foi uma certa rosa negra no pequeno móvel ao lado de minha cama, tão especial que eu guardaria pra sempre...

Agora estava no dia da festa no acampamento...

–Oi meu amor! –Disse ele num sorriso perfeito.

Ele estava lindo num smoking preto, camisa branca Armani um pouco aberta, cabelos negros e olhos perfeitos como sempre. Ele fazia top-models morrerem de inveja a sua presença. Era mais bonito do que qualquer artista, e muito forte por sinal (*-*). Isso me deixava sem ar. Seu perfume era viciante.

Estava na enfermaria...

–É mesmo meu amor... Mas agora não está cansada? Não quer dormir?

Eu bocejei.

–Um pouquinho... Mas me prometa que não vai embora!

–Eu prometo. Fico aqui com você até acordar.-Ele sorriu.

Então ele me puxou para seu peito e me aninhou com seus braços e me puxou o cobertor para cima de mim. Beijou minha cabeça e acariciou meus cabelos até dormir pensando nele.

–Durma bem meu amor.

Foram suas últimas palavras que ouvi antes de adormecer em seus braços.

Agora estava andando com ele...

Não disse mais nada enquanto andávamos e ele me parou segurando meu braço e levantou meu rosto me beijando.

–Sabe que eu pertenço a você, e a ninguém mais.

Eu sorri.

–Eu sei. Eu digo o mesmo.

–Ah é?

Então ele começou se aproximando de mim.

–Anúbis?

Ele riu.

E eu corri rindo também.

O vento invadia meus cabelos. Olhei para trás, ele corria atrás de mim.

–Vou te alcançar!

–Tente!-Eu disse rindo loucamente.

Então olhei para trás novamente para me certificar de que ele estava longe, mas ele não estava em lugar algum.

Continuei correndo olhando para os lados, para ver se o avistava.

Vi uma árvore em minha frente parei o procurando.

Então senti alguém me agarrando por trás.

–Te peguei!- Ele riu.

–Isso não vale!!!

–Vale sim!- Ele disse me pegando rapidamente no colo.

–Me ponha no chão!!!-Comecei a rir.

–Não!-Respondeu.

Me debatia tentando me soltar, mas ele era extremamente forte.

Então ele me conduziu em meio à floresta. Ele andou como se conhecesse o caminho que percorria. Então logo estávamos em frente a uma cachoeira. Eu entendi seu plano.

–Ah não! Por favor!!!-Eu ri.

Ele riu correndo na direção da cachoeira e pulou junto comigo no grande lago.

Senti a água invadindo meus cabelos. Eu ria muito. Olhei ao redor o procurando. Então senti braços fortes me envolvendo. Ele beijou meu pescoço. Então me virei e vi seu rosto. Ele estava extremamente lindo, sem sua camiseta, era muito alto, seus cabelos estavam molhados. Seus olhos dourados me encaravam.

Eu sorri. Então o beijei.

Ele me envolveu com seus braços e correspondeu. Ele acariciava minhas costas e eu seus cabelos.

Ficamos assim por muito tempo.

Um certo tempo se passou sem percebemos. Logo víamos a lua no céu, onde a mata não cobria. Ela cintilava no lago onde nos encontrávamos. Ele me aninhava em seus braços enquanto observávamos a grande lua cheia.

–Essa é nossa última noite de descanso... -Comecei.

–Sempre foi assim. Mas ainda temos mais três dias...

–É. -Eu pausei. -Anúbis... Pode me prometer uma coisa?- Perguntei me virando para ele.

Ele acariciou meu rosto.

–O que?

–Me prometa que ficaremos juntos, aconteça o que acontecer.

Ele olhou para mim.

–Embaixo dessa noite, eu Anúbis, prometo que ficaremos juntos aconteça o que acontecer.

Eu sorri e ele pegou minha mão.

–Vamos?

–Vamos.

Quando saímos do lago, eu tremi. Estava um pouco frio.

–Está com frio.

–Não tudo bem Ann!

–Odeio esse apelido!

Eu ri.

Ele vestiu a camiseta e eu fiz uma cara triste. Ele percebeu e riu.

–Vem aqui.

Ele me ajudou a vestir sua jaqueta de couro, e me pegou o colo me envolvendo com seus braços. Eu aninhei a cabeça em seu peito.

Então nós fomos andando até chegar nas casas da árvore.

E foi quando tudo embaralhou mais na minha mente. Quando tudo começava a se juntar.

Eu vi a imagem de Anúbis chorando, encolhido sentindo todas as dores do mundo e dizendo que me amava. E eu disse que amava Walt...

Seus olhos vermelhos pela manhã, me analisavam tristes no minuto seguinte.

Então tudo parou, uma dor imensa me invadiu. Minhas mãos seguravam minha face...

E no minuto seguinte não senti mais nada. Todas as imagens de Walt foram apagadas da minha mente, não senti mais dor, nem cansaço nem nada. Me sentia com antes, a Sadie de antes. Então tudo caiu em cima de mim como uma pedra. Anúbis!!! Eu o amava tanto, tantas coisas que passaram em minha mente, como eu fui tola! Eu derramei lágrimas. Eu era a culpada de tudo, de sua dor e de seu sofrimento. Era eu que deveria estar em seu lugar! Lembrei que Melanie havia me dado a flor! E uma fúria me invadiu. Nada ia nos separar mais, Anúbis e eu éramos um só! Nosso amor era muito mais forte que tudo! Eu não deixaria que ela estragasse tudo. Eu ri. Nem mesmo um feitiço pode nos separar. Sentia tanto sua falta, de seus beijos, seus olhos, seu perfume. Era ele quem eu amava de verdade.

Eu me levantei. E corri da cabana. Precisava vê-lo abraçá-lo, beijá-lo, dizer-lhe que eu o amava e sentia sua falta mais que tudo no mundo...

–Sadie!!!-Gritou Walt.

–Com licença Walt, preciso ver Anúbis!-Eu o afastei e fui correndo para a barraca dele.

Ele me seguiu triste.

–Então... Você se lembrou?

–Sim! Cadê ele?

–Era sobre isso que eu queria falar com você! Bom, os outros me forçaram, mas... -Ele engoliu seco e parou.

–Fala logo! Cadê o meu namorado?-Gritei irritada.

A esse ponto todos já estavam a minha volta, uns tristes, outros felizes por ter voltado ao normal.

–O que aconteceu?-Gritei.

–Sadie... Anúbis... Fugiu. Ele disse que ia ao Duat, e... Fazer a cerimônia da adaga das trevas...

–O quê! Como? Como vocês deixaram?O quê é essa cerimônia?

–Sadie, nós não pudemos impedir! Ele desapareceu! Mas foi quase agora! E a cerimônia... É... Sadie, vou ser direta... Se tudo der como ele planeja, ele não vai mais existir, o deus que passa pela cerimônia morre!

Eu caí no chão de joelhos, não sentia mais força de nada.

–Não!-Chorei.

–Sadie dá tempo! Corre atrás dele, ele saiu agora, se você for bem rápido mesmo você consegue! Ele chega lá para a cerimônia as 11:00!

Eu olhei em meu relógio de pulso. 10:30. Tinha que correr. Não ia deixar o amor da minha vida sumir. Ia conseguir. Se fracassasse minha vida não valeria mais a pena.

Então me despedi de todos e abri um portal para um templo no Cairo. De lá abriria outro para o Duat.

Minha vida dependia de meu sucesso. O tempo corria contra mim. Cada vez mais perto de perder Anúbis... Isso eu nunca ia deixar. Já o perdera uma vez, não ia deixar que isso acontecesse novamente.

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Tradução Letra: Birdy - Shelter

(Fonte: http://letras.terra.com.br/birdy/1907788/#traducao)

Abrigo

Eu acho um abrigo, nessa estrada

Sob o pretexto, de se esconder

Você consegue ouvir, quando eu falo?

Nunca me senti assim

Talvez eu tenha dito, algo errado

Eu posso melhorar, com as luzes acesas

Talvez eu tenha dito, algo errado

Eu posso melhorar, com as luzes acesas

Eu poderia ser, eu estava lá?

Parece tão cristalino no ar

Ainda quero me afogar, sempre que você me deixa

Por favor, me ensine gentilmente como respirar

E atravessarei oceanos, como nunca

Então você consegue sentir o que eu sinto também

E vou refletir imagens para você

Então você consegue ver o que eu sinto também

Talvez eu tenha dito, algo errado

Eu posso melhorar, com as luzes acesas

Talvez eu tenha dito, algo errado

Eu posso melhorar, com as luzes acesas

Talvez eu tenha dito, algo errado

Eu posso melhorar, com as luzes acesas