Everlasting escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 7
Capítulo 6: Proximidade


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Como estão? Espero que esteja tudo correndo bem *-*
Gostaria de agradecer novamente pelos comentários. Eles me estimulam a escrever, assim como as recomendações!
Quanto a esse capítulo de "Everlasting"... Bem, foi uma surpresa. Eu planejei uma coisa e acabei fazendo outra, espero que gostem do resultado.
Por favor, escutem a música The Nearness of You da Norah Jones. Porque o capítulo foi feito quase todo em cima dela.
Boa leitura!



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22 de novembro de 2012. Lima, Ohio.

“Life is too good and you are the reason... I'm so in love with you.”

(Head Over Heels – Alain Clark)

Eu não conseguia conter aquela bolha de felicidade que se instalou em meu peito. Ela continuava a encher-se de esperança e de animação e eu não podia pará-la, mesmo sabendo que, em algum momento, ela estouraria e eu voltaria a não sentir nada. Mas, ao mesmo tempo, o medo me motivava. Era o medo de desaparecer que me fizera mandar as flores... Eu tinha pouco tempo, mas iria fazer com que cada segundo fosse especial e sagrado. Rachel merecia isso.

Meus olhos estavam pesados, eu tinha demorado a dormir naquela noite e o reflexo estava em olheiras que eu vi no espelho. Acabei acordando tarde e não vi minha mãe naquele dia.

Por mais que estivesse próxima de Rachel... Meu coração estava apertado por sequer ter notado a distância enorme que se estendia entre eu e Judy Fabray.

Inconscientemente, eu estava me perdendo da minha mãe antes mesmo da hora. Eu queria me afastar, eu queria que ela não sentisse minha falta... Mas eu já tentara fazer isso da outra vez e vê-la desabar, da mesma forma, nos braços do meu pai só me fez crer que ela me amava apesar de tudo. Eu era mãe (ou pelo menos tinha sido uma por aqueles breves minutos que tive Beth em meus braços após o parto), eu sabia o que ela sentia agora.

Eu entendia o quanto aquelas barreiras erguidas entre nós após a minha gravidez doíam, eu podia ver nos olhos dela (as poucas vezes em que ela me olhava nos olhos) que ela queria estar mais perto e não sabia como. Não era culpa dela se meu pai agira de forma vergonhosa e não-paterna, mas também, era culpa dela não ter saído em minha defesa. Eu sei, eu não podia julgá-la já que entregara minha filha para a adoção, mas doía muito. Doía porque eu me sentia abandonada e eu queria puni-la ao me afastar dela.

Só que eu sabia que não tinha mais tempo para aquilo. Eu sabia que eu podia me arrepender mais tarde, mas eu não conseguia me reaproximar. Alguma coisa amargava dentro de mim, alguma coisa me fazia desviar dos olhos da minha mãe quando ela me olhava, alguma coisa me fazia fugir de seus toques quando ela se aproximava... Eu sabia que aquilo tinha um nome, mas eu me recusava a proferi-lo em voz alta, ainda mais agora.

Eu me recusava a acreditar que ainda estava me vingando de minha mãe.

Eu sabia de tudo agora, eu podia sentir tudo, eu vira as coisas acontecerem depois que parti... Eu mudara graças a essa visão. Mas eu ainda amargava aquele sabor do abandono em minha alma, eu ainda queria que a minha mãe sentisse o mesmo que eu senti quando a vi imóvel enquanto meu pai me expulsava. Tudo parecera mudado e diferente em mim depois de tudo... Menos aquilo.

Eu não conseguia esquecer o que ela tinha feito. Melhor, o que ela não tinha feito por mim naquela noite e por mais que eu tenha tentado parecer forte depois daquilo, eu ainda estava machucada e sem orientação. E agora, mesmo quando meu coração estava sereno por ter, finalmente, uma chance com Rachel... Eu não conseguia me abrir completamente, eu não conseguia lidar com Judy Fabray.

Aliás, a Família Fabray era um assunto com o qual eu ainda não me sentia pronta para lidar. Tudo parecia dez vezes mais complicado, mais sofrido e mais cansativo quando se tratava deles.

Por isso eu me segurava a Rachel e era por isso que eu me apegava a ideia de ser feliz apenas com o amor dela. Porque com Rachel eu me sentia viva novamente, eu sentia a coragem e a audácia me preencherem para que eu enfrentasse aqueles poucos dias diante de mim... Rachel parecia certa e parecia a única coisa que poderia me fazer viva novamente.

Portanto, desviar os olhos e fugir das perguntas de minha mãe era fácil, mas isso não quer dizer que não fosse doloroso. Afinal, eu podia desaparecer a qualquer momento e nunca mais reencontrá-la ou dizer as palavras que eu queria proferir. Talvez fosse eu fugindo da verdade... Mas eu preferia me concentrar em Rachel agora.

Depois do meu súbito ataque de romantismo na escola, eu cheguei em casa aérea e ignorei todos os chamados de minha mãe para o jantar. Caí na cama e demorei a dormir, o medo de não acordar só foi vencido pelo meu cansaço.

Para meu alívio, eu acordei e tomada de uma forte ansiedade que preenchia todo meu corpo. Eu estava quase roendo os dedos de preocupação, saí correndo de casa com um suco em mãos, ignorando o bilhete de bom dia que minha mãe colocara na porta da geladeira.

Rachel passou por mim algumas vezes enquanto caminhávamos pelos corredores, fui recepcionada com sorrisos envergonhados enquanto ela corava. Eu apenas olhava para meus pés quando percebia que estava tão fora de mim quanto ela. Algumas vezes, mudei minha trajetória apenas para tocar nossas mãos, disfarçadamente. Ela ria e me olhava por cima do ombro enquanto se afastava.

Toda vez que isso aconteceu, eu senti meu interior ficar ainda mais quente. Toda a frieza anterior parecia tão distante agora... Eu estava curiosa para saber o que aconteceria quando a encontrasse no auditório depois das aulas.

Mas eu ainda tinha três aulas antes disso.


###


A aula de História Americana estava tediosa, por mais que eu adorasse a matéria, ouvir falar sobre a II Grande Guerra pela terceira vez desde que eu entrara no ensino médio estava me irritando. A minha ansiedade e minha angústia não estavam ajudando em nada, ainda mais porque Rachel estava sentada um pouco a frente, completamente entretida na aula enquanto eu estava bocejando. Ela parecia calma e eu estava prestes a surtar, irônico.

Era a última aula e eu estava olhando para o relógio a cada cinco minutos. Aparentemente, o relógio real não estava na mesma batida do meu tique-taque pessoal que praticamente martelava em minha cabeça. Olhei entediada para o painel onde a professora projetava imagens que faziam uma diferenciação entre os Aliados e o Eixo. Como se eu já não soubesse tudo sobre Hitler, Eisenhower, Mussolini e Roosevelt.

Meus olhos estavam quase fechando por causa da noite em claro. Olhei para o relógio mais uma vez e o ponteiro andara apenas 5 minutos... Estava prestes a abaixar a cabeça e fechar os olhos quando recebi um cutucão em minhas costelas, Santana era a minha dupla na sala e olhava para mim curiosa. Respirei fundo e coloquei a mão sobre os olhos, perguntando baixo:

- O que foi, Lopez?

- Tem alguma coisa errada com você, Juno. Eu que pergunto: o que está acontecendo? – Santana foi grossa, como sempre. Eu afundei a cabeça em meus braços, me recusando a responder. Ela tornou a me cutucar, mas foi um beliscão dessa vez e eu ergui meus olhos, irritada:

- Não tem nada, Lopez. Para de ficar surtando e cuida da sua vida.

- Claro que tem, eu te conheço desde os 10 anos, Juno. Posso não ter percebido a sua gravidez, mas sei quando você está mal. – As palavras dela soaram verdadeiramente preocupadas e sinceras pela primeira vez. Minha expressão acabou relaxando e Santana deu um pequeno sorriso. Ninguém parecia perceber a nossa interação já que a sala estava à meia luz e nós estávamos no fundo da sala. Olhei para Santana e respondi:

- Eu juro que não é nada, pelo menos, ainda. Só estou cansada e com uma dor de cabeça anormal.

O que não deixava de ser verdade. Realmente eu estava com sono e a minha cabeça estava latejando por causa dos ecos daquele maldito tique-taque. Tudo que eu queria era poder esvaziar a mente e parar de me preocupar com aquele destino iminente e imutável...

- Droga, Fabray. Seria bom se você começasse a confiar em mim! – Santana falou um pouco acima do tom em que estávamos usando, alguns olharam para a gente, inclusive Rachel. Mesmo com a pouca luz na sala, eu consegui enxergá-la e ela arqueou a sobrancelha, com uma expressão curiosa, mas sem deixar de sorrir. Naquele momento, eu ignorei Santana que estava praticamente quebrando a mesa e me concentrei nela, ela piscou para mim e eu corei, furiosamente. – Eu posso saber, pelo menos, quando você começar a comer o hobbit?

Eu saí do meu porto seguro e voltei a olhar Santana com raiva, minha vontade agora era de dar um soco nela e derrubar todos aqueles dentes que ela estava expondo naquele sorrisinho maldoso. Santana olhou para Rachel e fez um sinal juntando eu e ela em um coração.

Rachel quase caiu da cadeira quando se virou para frente de novo. Eu revirei os olhos enquanto escutava a gargalhada de Santana chamar a atenção de todos na sala, a professora acendeu as luzes bruscamente e eu senti minha cabeça rodar, fechei os olhos enquanto a escutava dizer:

- Tem alguma consideração que queira compartilhar com a sala, Srta. Lopez?

- Nenhum comentário, professora. Na verdade, acho que faltava amor nessa época, o que te sobrado na nossa era. – Santana respondeu descarada e eu apliquei um chute nela por baixo da mesa, ela fez uma careta de dor e me beliscou no braço. Fiz uma careta de dor e olhei para Rachel de novo, ela estava sorrindo envergonhada e eu não pude me conter em repetir o gesto. Senti o olhar da professora me fuzilar e imediatamente abaixei a cabeça, escutando-a falar:

- Deseja fazer algum adendo ao comentário inútil de sua colega, Srta. Fabray?

- Na verdade, professora... Não. Eu gostaria que a senhora continuasse, estava começando a me interessar pelo tema agora. – Respondi com um leve tom de ironia que fez a bruxa velha me fuzilar. Mas ela não podia fazer nada com uma cheerio e uma ex-cheerio, Sue Sylvester ia matá-la. Ela estava prestes a continuar a aula quando o sinal tocou e eu praticamente pulei da cadeira. Santana me puxou de volta e eu caí sentada, tornei a olhar para ela enquanto observava Rachel desaparecer pela minha visão periférica.

- O que foi, S?

- Eu falei sério quando disse que queria saber quando você estivesse comendo a Berry, portanto... Trate de me avisar, pretendo te salvar disso. – Santana murmurou sarcástica antes de se levantar e sair agitando a saia das cheerios da sala. Eu revirei os olhos e guardei meus materiais preguiçosamente. Caminhei com passos pesados pela sala, mas a professora me barrou e me olhando severa, disse:

- Espero que preste atenção da próxima vez, Srta. Fabray.

- É só fazer uma aula mais interessante que eu prestarei. – Respondi de mal grado e saindo da sala, não esperando uma resposta. Estava tensa demais para agüentar um sermão.

Os corredores estavam transbordando gente, a hora de ir embora era quase que uma batalha animal. Minha cabeça ainda estava rodando e eu estava com dificuldades para respirar naquele corredor cheio de gente. Me encostei em uma parede e fechei os olhos, apertando a ponte entre meus olhos e tentando afastar aquela dor que estava pior do que nos outros dias.

Meus braços começaram a arder instantaneamente. Eu os esfreguei, tentando afastar a dor, mas sem sucesso. Algumas lágrimas escorreram em forma de filete dos meus olhos enquanto eu me encolhia naquela dor que ficava mais intensa com o passar dos dias. Fechei os olhos e senti um toque leve em meus braços, seguido da voz preocupada de Puck:

- Está se sentindo bem, Q?

- Estou um pouco tonta, acho que são os reflexos de ontem. – Respondi baixo porque a minha voz parecia ecoar em minha cabeça, doendo ainda mais. Puck me abraçou pelos ombros e me amparou. Eu olhei para ele que estava preocupado e tinha a testa franzida, dei um sorriso vacilante. – Tenho que ir até o auditório agora. Você pode me escoltar até lá?

- Será um prazer, Quinnie. – Puck respondeu naquele tom cavalheiresco que ele usava para cantar algumas cheerios da escola, eu sorri e acabei apertando a sua cintura e afogando o meu rosto no peito dele.

Noah Puckerman era um pedaço da minha vida que eu nunca dera a importância merecida. Está certo que ele não fora muito decente quando me embriagou e quando transamos... Mas nós fizemos aquilo juntos, a culpa era de ambos. Ele tinha a consciência tão suja quanto a minha. Só que o que ele fez depois por mim foi apagando, lentamente, todo aquele primeiro ano. Puck tirou as Cheerios de mim, mas me trouxe o Glee e principalmente, Beth. Talvez eu não estivesse encarando as coisas como encarava agora senão fosse por causa dele. Eu amadureci depois de tudo que acontecera e agora, estava ali, prestes a ter Rachel em meus braços.

Puck me rodeava com seus braços fortes e incrivelmente gentis, eu podia sentir o olhar preocupado dele em minha cabeça, assim como o movimentar de seu corpo para me proteger, evitando qualquer esbarrão ou empurrão. Puck era uma espécie de anjo da guarda, o meu anjo da guarda, o meu protetor. A presença de Puck era uma brisa suave no meio daquele tornado, ele também soava como a segurança... Mas diferente de Rachel, eu sentia que era um local onde eu podia desabar sem ser questionada ou chamada de louca. Puck estava ali, para segurar as pontas para mim.

Puck parou de caminhar e quando dei por mim, tínhamos passado pelo corredor cheio de gente e estávamos em frente à porta entreaberta do auditório. Ergui meus olhos cansados para Puck e dei um sorriso, ele afagou meu rosto e disse:

- Assim que terminar, me avise... Você não está em condições de dirigir sozinha.

Eu quase ri diante da preocupação dele entre eu dirigindo um carro. Era irônico.

- Tudo bem, mas eu acho que não vou sair sozinha daqui. – Respondi misteriosa, Puck franziu a testa, confuso e cruzou os braços, exigindo uma resposta melhor. Eu dei um sorriso para os meus próprios pés enquanto sentia uma energia quente e conhecida tomar meu corpo e acelerar meu coração. Tornei a olhar para ele e vi a expressão dele amenizar e um sorriso brotar no canto de seus lábios, acho que meu amigo sabia muito bem o que aconteceria. – Prometo que te ligo assim que chegar em casa.

- Ligue, mas eu acho que você vai ficar bem, de qualquer forma. Seja lá com quem vai voltar para casa, Fabray. – Puck me respondeu com um malicioso e eu acabei estapeando seus ombros entre risadas. Minha cabeça doeu diante dessas ações, mas eu apenas fiz uma careta e acenei para Puck, ele saiu caminhando pelo corredor vazio enquanto eu empurrava a porta lentamente, sentindo minhas mãos tremerem e minhas pernas não obedecerem ao comando de minha mente.

O auditório estava mergulhado na escuridão, eu desci alguns degraus e meus olhos encontraram a única fonte de luz no local. Sorri quando focalizei Rachel sentada em frente ao piano, mordendo o lábio e olhando fixamente para as teclas. Ela parecia confusa e indecisa, acabei rindo da batalha que ela travava com seus sentimentos e me escorei na parede do auditório com os braços cruzados sobre o peito. Respirei fundo e meu olhar procurou memorizar aquela imagem em minha eternidade.

A excitação no rosto dela. Aqueles olhos castanhos tentando se manter fixamente presos as teclas, as mãos sobre o colo e os dedos que se entrelaçavam nervosamente, a boca crispada e ansiosa, a pele morena em contraste com a luz de um dos holofotes ligados, as pernas que estavam cruzadas e os pés que batucavam o chão... Rachel era a perfeição, era o meu paraíso terreno e do qual, eu poderia me separar a qualquer momento.

Dei mais um passo na escuridão, descendo mais um degrau com os olhos fixos na minha pequena. Ela agora era minha, eu podia sentir cada célula do corpo dela gritar que me pertencia. Se eu me esforçasse, eu podia escutar a respiração ofegante de Rachel... Ela estava nervosa porque iria se entregar a mim. Mais um sorriso e mais um degrau. Meus olhos se voltaram para ela que agora, estava em pé. Rachel passou a juntar suas cifras sobre o piano.

Era impressão minha ou ela estava indo embora? Rachel estava de cabeça baixa, respirando com dificuldade e eu corri pelos degraus, chegando à frente do palco rapidamente. Rachel estava prestes a desaparecer pelas coxias quando eu, ainda com dificuldade para falar, disse:

- Você não pode me desafiar a te amar e depois, sair daqui antes de me dar a chance de te responder.

Rachel parou abruptamente e demorou a se virar para mim, imediatamente senti falta daqueles olhos castanhos encontrando os meus. Apenas o olhar dela me fazia acreditar em um final feliz. Rachel se virou lentamente, apertando as cifras de encontro ao peito. Eu subi ao palco e ela se virou completamente, mas não levantou os olhos, permanecendo-os focados nos pés. Ela pigarreou, insegura e disse:

- Achei que você não fosse mais vir.

- Eu sempre soube o significado do lírio e mesmo que não soubesse, eu viria aqui do mesmo jeito, mesmo que fosse para ouvir mais um “não”. – Respondi rápido demais, com a emoção sobressaindo minhas palavras. Rachel ergueu os olhos para mim e eu vi a insegurança dentro deles, me aproximei, mas Rachel correu para o piano. Ficamos em lados opostos e ela colocou as cifras sobre o instrumento, deslizou os dedos pela madeira escura e perguntou:

- Por que está fazendo isso?

- Porque eu te amo, Rach e não acho justo viver isso sozinha se sei que você sente exatamente o mesmo. – Eu me sentia mais corajosa a cada frase que proferia. Eu me lembrava do olhar dela na sala, ele não dizia nada de diferente do “eu te amo” que ela dissera sobre o meu caixão. Rachel levantou os olhos para mim, ela segurava um sorriso no canto dos lábios, ela começou a caminhar ao redor do piano e eu fiz o mesmo, indo na direção oposta a ela. Rachel me olhava enquanto a sensação de estar viva novamente me invadia e meu coração acelerava. Ela parou nas teclas e sentou-se ao piano, ainda me olhando, disse:

- Como pode ter certeza disso?

- Você me desafiou a te amar, Rachel... Acha que eu não sou capaz de fazer isso? – Minha voz estava firme e doce, eu nunca falara daquela forma com ninguém, essa observação só me fez ver que o que eu sentia por ela era único, verdadeiro e infinito. Rachel pousou as mãos sobre as teclas e eu saí do meu lugar, sentando-me ao lado dela e colocando as minhas mãos sobre a dela. Rachel ergueu os olhos lentamente e eu respirei fundo, sentindo aquele cheiro doce me entorpecer. – Agora, sou eu quem desafio você a me amar.

Rachel me olhou com ternura e uma lágrima escorreu do canto de seus olhos castanhos, ergui a mão para limpá-la, mas ela se afastou tão qual eu me aproximei. Meu coração se apertou, o buraco frio aumentou e o tique-taque estava martelando minha cabeça novamente. Olhei para ela confusa e ela sorriu, me deixando ainda mais perdida. Eu abri a boca para dizer algo, mas ela me calou, colocando o indicador sobre os meus lábios e sorrindo.

Meus olhos se arregalaram, ao mesmo tempo em que a senti me puxar pela mão, colocando-me em pé enquanto se sentava ao piano. Os dedos voltaram a percorrer as teclas enquanto eu observava, preocupada. Rachel fechou os olhos e respirou fundo, os dedos ganharam vida e a sua voz, também.


It's not the pale moon that excites me
That thrills and delights me, oh no
It's just the nearness of you


Rachel abriu os olhos e olhou para mim, com aquele olhar apaixonado que transformou o buraco frio em meu peito numa explosão de cores e sons que eu não conseguia lidar. Simplesmente sorri, porque parecia ser o certo no momento.


It isn't your sweet conversation
That brings this sensation, oh no
It's just the nearness of you


Eu me aproximei dela e sentei-me ao seu lado, ela sorriu envergonhada, ainda dedilhando as teclas, naquele ritmo lento e sedutor. Toquei seus cabelos delicadamente e os afaguei, enquanto beijava seu ombro. Imediatamente, foi como se as dores em meus braços parassem... Assim como o buraco desaparecia e o tique-taque se calava.

E foi ali que eu cheguei à conclusão de que Rachel era a vida... A minha vida.


When you're in my arms and I feel you so close to me
All my wildest dreams came true

A voz dela não era nada além de um sussurro, mas para mim, parecia o tom exato da verdade de seus sentimentos. Minha mão deixou seus cabelos e tocou o ombro oposto, apertando-a de encontro ao meu corpo. Ela encostou a cabeça em meu peito e respirou fundo, sem perder as teclas, sem perder a música...

Tornando-se minha, mas sem deixar de ser a Rachel Berry que eu me apaixonara e que nunca deixaria de amar.


I need no soft lights to enchant me
If you'll only grant me the right
To hold you ever so tight
And to feel in the night the nearness of you


A música terminou tão docemente como se iniciara... Eu a apertei de novo e ela beijou meu pescoço enquanto eu sentia seu respirar próximo a minha pele. Sorri enquanto olhava para o auditório que acabara de presenciar o espetáculo mais lindo que já abrigara.

Senti meu rosto ser puxado delicadamente e mal pude olhar na face de Rachel, porque ela se aproximou, tocando aqueles lábios tão doces nos meus. Chupei seu lábio superior e pedi passagem para a minha língua, ela concedeu e eu gemi quando toquei a sua e passei a explorar sua boca. Rachel riu entre o beijo e mordeu meu lábio inferior enquanto eu tentava respirar antes de ter a minha boca coberta por seus lábios novamente...

Sentindo-me tão viva como nunca, rodeei meus braços em seu pequeno corpo ao mesmo tempo em que as mãos dela me puxavam para perto, como se fôssemos capazes de nos fundir e de nos ligar, tornando-nos uma só. Me separei dela quando o ar terreno se fez necessário, mas me mantive próxima, olhando para aqueles olhos castanhos que continham a minha alma e ouvindo as batidas do coração dela que, agora, detinham o meu amor.

Rachel segurou minhas mãos e apertou-as, fechou os olhos e aplicou mais um beijo em meus lábios antes de dizer:

- Eu só quero estar próxima a você.

Silenciosamente, deixei uma lágrima rolar e afaguei o rosto dela.

Proximidade era uma coisa que parecia bem mais do que eu podia dar.


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Notas finais do capítulo

Finalmente a redenção da Rachel... O que acharam? Digno do que eu estava fazendo nos demais capítulos?
Acho que perceberam que eu acabei tocando em outros pontos fora Quinn e Rachel. Espero que tenham gostado disso também.
Entenderam o significado da música no capítulo?
Reviews galera e recomendações também!
Beijos e até a próxima.