Crying In The Rain. escrita por deathcocktail


Capítulo 30
Nothing but a hole to live without a soul.


Notas iniciais do capítulo

Vocês nem tem noção de como eu estou feliz por finalmente ter terminado esse capítulo! UHAUHAUHA
Eu sei que eu demorei pra postar, mas, enfim, está aí. Espero que gostem, e perdão por não ter postado antes. Boa leitura.



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Eu, por ser um vampiro, poderia estar correndo, mas Leana preferiu que fôssemos de ônibus. E então, lá eu estava, olhando a paisagem pela janela, me lembrando dos tempos que eu era humano. 

Dei uma olhada para Leana, ela parecia concentrada, olhando para baixo. Ela me olhou de relance e, rapidamente, desviei meus olhos para a janela novamente. 

- Como Taylor está lidando com… Tudo isso? - Ouvi a voz de Leana, um pouco fraca.

Virei meu rosto e fiquei olhando em seus olhos por alguns segundos, e ela fazia o mesmo comigo.

- Ela… Parece estar bem.

- Não duvido disso. - Leana disse, desviando seus olhos do meu, pegando um livro que se encontrava em sua bolsa e começando a lê-lo. - Ela tem você sempre para apoiá-la, é claro que está bem.

A voz de Leana soou um tanto irônica e, se eu não tivesse ficando louco, poderia até dizer que parecia que estava com um pouco de ciumes. Mas por que?

Leana não havia visto meu quase beijo. Eu acho. 

De qualquer jeito, ela não pode reclamar. Fiquei fitando-a por alguns segundos e, vendo que não ia tirar os olhos do livro, virei meu rosto para a janela, novamente. 

Alguns minutos depois, o ônibus parou. Nós havíamos, enfim, chegado em Huntington Beach.

xxx

Sai do ônibus e me senti um pouco tonto, depois que eu havia me transformado em vampiro nunca tinha ficado tanto tempo sentado, esperando alguma coisa.

Olhei para o lado e avistei Leana saindo sem dificuldade e em seguida, ela me olhou, esperando que eu falasse alguma coisa. Pensei rápido, e assim o fiz.

- Bom… Por onde começamos?

Leana me olhou por alguns segundos e começou a andar, fui atrás dela. Quando saímos da rodoviária, nos demos de cara com uma praia linda à nossa frente. 

O céu azul, aquela areia limpa, as mulheres de biquini, crianças brincando, casais apaixonados… Como era fútil a vida mortal. 

- Tudo é tão lindo. - Leana disse, sua voz estava fraca. Ela me olhou por alguns segundos e fitou o mar de longe novamente. - O problema é que quando você vive por muito tempo… Isso tudo acaba.

Olhei para ela por alguns segundos, me perdi em seu rosto delicado. Como sempre, Leana meche comigo. Sempre mecheu e eu creio que sempre vai. 

- Bom… - Falei, minha voz saiu um tanto seca. - Por onde começamos?

Leana parecia perdida em seus pensamentos e balançou sua cabeça, tentando prestar atenção em minhas palavras. 

- Bom, não sabemos nem quem sequestrou ele.

- E Charlotte. - Disse, um pouco duvidoso de minhas próprias palavras. - Sequestraram Rick… E Charlotte.

- Bom, precisamos de um auto retrato. 

Saímos a procura de alguma casa onde fazia autos retratos, mas foi em vão.

Olhei o relógio que estava em cima de uma Igreja, em frente à praia. 

O relógio marcava três horas da tarde. 

- Estou com fome. E não temos pistas nem de onde podemos achar alguém que possa fazer algum auto retrato. - Comecei a andar em círculos. - Estamos perdendo tempo. 

Leana segurou meu braço, acalmando meus nervos. Nossos olhos se cruzaram, e, por um segundo, me senti atraído e percebi que ela sentia o mesmo. 

- Vamos assaltar umas bolsas de sangue e depois continuamos nossa procura. 

Assenti com a cabeça. Seguimos, com nossos movimentos velozes de vampiro, até o hospital, entramos sem sermos notados e paramos em um estoque de bolsas de sangue.

Peguei uma e joguei para Leana, que atacou-a imediatamente. Ela estava com mais fome do que demonstrava. Peguei outra bolsa de sangue e tomei o líquido quente e grosso, que foi descendo pela minha garganta devagar, me dando uma sensação perfeita de prazer e poder. 

- Vamos? - Perguntei, por fim, limpando minha boca. Leana assentiu com a cabeça, limpando a boca dela também. 

No meio do caminho, agarrei o braço de um senhor que estava saindo do hospital. Leana me olhou com uma expressão de medo. 

A olhei sem nenhuma expressão em meus olhos, o que a deixou mais apavorada ainda. Me virei para o senhor, que me olhava confuso, e perguntei:

- Você sabe onde eu e minha amiga - Olhei para a Leana antes de continuar, olhando para o senhor à minha frente novamente - podemos encontrar alguma pessoa que faça retratos falados?

- Eu. Eu faço retratos falados.

Eu e Leana trocamos olhares confusos e surpresos.

- Ótimo. 

- Me sigam. - O senhor disse, soltando o braço de minha mão e começou a andar, com passos calmos, cansados e lentos. 

Eu e Leana o seguimos atrás, trocando olhares.

Perto dali, havia uma pequena casa, caindo quase aos pedaços, devo acrescentar. E foi lá que o senhor entrou, e nós fomos atrás, com passos pequenos e inseguros.

O homem puxou duas cadeiras e eu sentei numa delas, esperei Leana sentar na outra. O senhor sentou em nossa frente, pegando o papel e uma caneta.

Nos olhou por alguns segundos e eu não desviei, continuei olhando para o mesmo, afim de transmitir segurança. E acho que funcionou.

- Bom, - O homem quebrou o silêncio - o que vocês querem?

- Queremos o retrato falado de dois amigos nossos. 

- É. - Leana falou. Suspirou fundo e continuou. - Uma mulher e um homem…

Leana começou a dizer todas as características de Charlotte e de Rick, enquanto eu comecei a me perder em meus pensamentos.

Comecei a pensar na minha irmã, será que ela estava conseguindo bolar um plano para acabar com Carolline? 

- Pronto. - Me despertei dos meus pensamentos e me virei para o dono da voz. O senhor estava nos entregando os papeis. - São dez dólares por cada desenho.

Bufei e tirei de minha carteira os vinte dólares e o entreguei, puxei o desenho e, com minha outra mão, peguei na da Leana e saimos da casa do velho.

- Meio caro ele, não? - Leana disse enquanto eu andava em passos rápidos e ela era puxava por mim. 

- Pois é, vamos. 

- James, espere. - Leana parou, me puxando. A olhei por alguns segundos, mas sua atenção estava voltada para algo em sua frente. 

Olhei e avistei Charlotte, um tanto apressada, entrando em um quarto de motel barato. Levantei uma de minhas sobrancelhas.

- Ela e Rick vieram até aqui para transar?

- Algo está errado. - Leana me puxou pela minha mão, chegando mais perto do motel onde Charlotte havia entrado. 

- Sim, muito errado. - Falei, pausadamente. - Eu gastei meus vinte dólares à toa. 

- Cala boca. - Leana falou um tanto séria um tanto brincalhona, o que fez com que eu desse um sorriso de lado.

Nós paramos atrás de uma árvore que havia perto do terreno onde se encontrava o motel e ficamos lá.

- E agora? - Perguntei, impaciente.

- Agora… O que nos resta é esperar ela sair. 

- Eles estão seguros. - Falei, um tanto firme.

- James… - Leana falou, olhando em meus olhos. Estremeci do jeito que ela falou meu nome, e esperei que continuasse. - Você acha mesmo que tem algo certo? Desde o inicio eu não achava Charlotte inocente. Sempre achei que era uma grande suspeita por esse desaparecimento.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Assenti com a cabeça, pois também concordava com Leana. 

xxx

Ficamos horas esperando, e cada minuto que se passava parecia uma eternidade. Comecei a cair no sono, Leana mexe bruscamente meu ombro.

Tento me recompor rapidamente, remexendo minha cabeça várias vezes.

Leana apontou para o motel, onde eu vi Charlotte saindo. Olhei Leana por alguns segundos e então nós dois nos levantamos, já perseguindo nossa maior suspeita pela floresta onde lá perto havia.

- Onde ela está entrando? - Sussurrei para Leana e ela parecia estar confusa, porém continuamos seguindo-a. 

Charlotte parecia estar entrando em uma espécie de… Tumba? 

Ela desceu algumas escadas compridas por baixo da floresta e Leana e eu fomos atrás, com passos calmos, sempre, para não sermos notados. 

- Oi amor. Por que demorou tanto? - Nós ouvimos um homem estranho perguntar á Charlotte. Ela chega mais perto do mesmo e o dá um beijo demorado na boca. 

- Estava com uma sensação de que estava sendo perseguida, mas… Era só impressão.

Os dois sorriram. Algo não parecia certo em seus sorrisos. 

- Como está nosso vampiro? - Charlotte pergunta e então meu sangue começa a subir. Vampiro?

Eu e Leana nos entreolhamos. Eles seguiram para uma sala, onde entraram e trancaram a porta. Fomos atrás. 

Olhei por um flecha que havia e, avistei, depois da porta, Rick amarrado em uma cadeira. Me virei para Leana, assustado.

- Precisamos ajudá-lo, ele está preso. - Sussurrei. 

Leana olhou na flecha ao meu lado Rick e eu achei um lugar para olhar também.

Charlotte puxou uma corda, abrindo o telhado, fazendo com que as costas de Rick começassem a queimar por causa do sol. Charlotte e o homem começaram a rir e eu fechei meu punho, sentia meu sangue correr pelas minhas veias e tudo que eu queria nesse momento era arrancar a cabeça daqueles dois filhos da puta. 

E então, um cheiro estranho e familiar começou a tomar conta do ar.

Rick começou a tossir.

- O que é isso? - Ouvi ele sussurrar, com a voz fraca. 

- Verbena na ventilação. - O homem falou, sorrindo vitorioso. 

- Se querem me matar, por favor, façam isso logo. - Rick falou enquanto tossia. 

- Isso seria bondade demais. - Charlotte falou, seca.

E então o cheiro de Verbena começou a tomar conta de mim e de Leana e, involuntariamente, nós começamos a tossir.

- O que é isso? - Ouvi Charlotte perguntar para os seus botões. 

E então, o homem abriu a posta, nos expondo.

Olhei para Leana que estava fraca, assim como eu.

- Seja o que tiver que ser. - Falei, com a voz fraca, por fim.

Antes de pensar em algo, Leana atacou o homem e eu fui atrás de Charlotte, que estava apavorada.

- Mas… a Verbena…

- Não me afeta tanto quanto você imaginou que afetaria, né? - Falei, sorrindo maliciosamente. Empurrei ela na parede, fazendo com que batesse a cabeça na mesma e assim desmaiasse.

Desamarrei Rick da cadeira e o carreguei nas costas até lá fora que, por sorte, já estava à noite e o sol não queimaria a pele do mesmo.

- Obrigado. - Rick falou ofegante, enquanto tossia.

- Amigos são para isso. - Disse sorrindo, enquanto deixava Rick se recompor no chão da floresta. 

Voltei à descer as escadas com o intuito de ajudar Leana porém a mesma já havia cuidado deles.

Cheguei perto de Charlotte e chequei seu pulso. Nada. Olhei para Leana, com os olhos arregalados.

- Foi preciso. Matei os dois, nós temos problemas demais já. Não precisamos de mais um.

Fiquei em silêncio e sério por alguns segundos e então assenti com a cabeça. Me levantei e sai da tumba, seguido por Leana. 

- O que houve com Charlotte? - Rick perguntou, já de pé, embora não totalmente composto. 

Leana abaixou a cabeça e eu respirei fundo, antes de soar minhas palavras:

- Sinto muito, cara. Foi preciso.

- Vocês a mataram? - Rick perguntou, chegando mais perto de mim e me agarrando pela camisa.

- Não. - Ouvi a voz de Leana soar firme. - Eu a matei, Rick. 

De repente, Rick me largou e ficou olhando para Leana, parecia incrédulo.

- Ela era uma ameaça para você. Para todos nós. - Ela disse, pausadamente, por fim.

xxx

O tempo no ônibus foi totalmente desconfortável. Rick estava grato, embora ferido. Claramente gostava de Charlotte. E Leana estava magoada e, posso me assegurar, que também estava com um pouco de peso na consciencia por carregar uma morte nas costas. 

Saltamos da rodoviária e então foi aí que eu resolvi quebrar o silêncio:

- Vamos todos para minha casa, quem sabe Katerina já tenha bolado um plano para matar Carolline e definitivamente eu irei precisar da ajuda de vocês.

Leana assentiu com a cabeça e Rick parecia confuso.

- O que eu perdi?

- Bom… Minha irmã, Elena e Taylor te explicam quando chegarmos. 

- É um problema atrás do outro. - Rick reclamou para ele mesmo. Nós continuamos em silêncio.

- Não queria isso para Elena e nem para Taylor. - Comentei.

- E para sua irmã, você queria? - Leana perguntou, parecia um tanto indignada.

- É claro que não. Mas… Ela é uma bruxa. Querendo ou não, acaba se metendo nesses problemas. Elena e Taylor não.

- É… Mas Elena tem Katerina. E Taylor… Ela tem você, não tem? - Leana perguntou, novamente com aquele tom de quando citamos o mesmo nome no ônibus. 

Não disse mais nada, abri a porta de casa e Rick entrou. Quando Leana estava entrando, segurei seu braço com firmeza, obrigando-a me olhar.

- Ambos não nascemos ontem, por que está falando com esse tom quando nosso assunto se trata de Taylor? - Perguntei, um tanto inseguro, porém olhando fixamente em seus olhos e falando as palavras sem muita pausa.

Leana parecia ter sido pega pela minha pergunta e, enquanto fitava meus olhos com atenção, parecia buscar alguma resposta. Ela bufou e então, depois de alguns segundos, finalmente quebrou o silêncio:

- Eu vi, James.

Franzi o cenho.

- Viu…?

- É, e eu acho ótimo. Claramente ela está melhor com você, acho que você deveria levar para frente aquele quase beijo que vocês deram. Se não fosse pela Elena, não é? - Leana perguntou, um tanto irônica e agora estava claro que estava com ciumes. - Espero que da próxima vez não tenha nada atrapalhando.

Depois de suas ultimas palavras, fiquei sem reação. Fui afrouxando devagar minha mão em seu braço e, em um movimento brusco, Leana entrou em minha sala. Fiquei alguns segundos parado, antes de segui-la. 

Ao entrar, fui atacado por um abraço apertado de minha irmã e logo retribui. 

- James, eu tenho uma noticia boa e uma ruim. - Kat disse.

Olhei em volta da sala, avistando Leana, Rick, Elena e então, parei meus olhos por alguns segundos em Taylor, que logo teve suas bochechas vermelhas. Desviei meus olhos e mantive foco em minha irmã. 

- A ruim primeiro. - Pedi.

- Não posso matar Carolline. - Meus olhos se arregalaram e um desanimo bateu em meu corpo. E então Katerina continuou. - Mas posso aprisioná-la. Tenho um feitiço perfeito para isso.

Sorri vitorioso.

- E eu tenho um lugar perfeito para aprisioná-la.

Katerina sorriu, mas logo vi que seu sorriso foi desaparecendo de seu rosto aos poucos, assim como o meu. 

Algo estava errado. Se eu conheço bem minha irmã, sei que suas próximas palavras serão indesejáveis aos meus ouvidos. 

- Mas… Eu preciso canalizar um bruxo, não tenho poderes suficientes para fazer um feitiço desses sozinha. 

Ficamos em silêncio, apenas fitando um o rosto do outro.

Ouvi um suspiro vindo de Leana.

- É. Eu sei alguém que vai querer ajudar.

Meus olhos se encontraram com os dela, e então ela continuou suas palavras, que pareciam um tanto provocantes ao meu ver:

- Vou convocar Brian. 


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Notas finais do capítulo

Eaí? :3