Crying In The Rain. escrita por deathcocktail


Capítulo 25
A hard loving woman like you,


Notas iniciais do capítulo

Demorei pra postar, mas tá aqui! Esse tá bem grande, viu. :)



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– Bom, - Brian começou a falar e parecia pensativo, andando de um lado para o outro da minha sala. - nós precisamos de um mapa, consegue arranjar um para mim?

– No meu quarto, abre a primeira gaveta da escrivaninha, vai achar um mapa. - Disse, me direcionando para Rick. Ele assentiu com a cabeça e saiu.

Brian parou um pouco, pensando.

– E o que mais? - Perguntei, um tanto impaciente.

– Preciso de uma faca. Esse ou essa K.S. tem alguma coisa a ver contigo, se não, não ia te dar um anel, certo? - Assenti com a cabeça e Brian continuou. - Então, eu preciso que você derrame um pouco do seu sangue no mapa.

– Pronto, voltei. - Rick disse, entregando o mapa para Brian, que colocou em cima da mesa.

– Agora, pegue a faca. - O mago se direcionou para mim.

Fui até a cozinha e voltei com a faca na mão.

– Mas… - Parei por alguns segundos. - Eu sou um vampiro, não precisa ser sangue de humano?

– Não. Não é necessário.

Brian pegou a faca e estendeu minha mão na sua, cortando um pedaço e deixando algumas gotas caírem espalhadas pelo mapa.

O mago fechou os olhos e começou a pronunciar, em um sussurro, algumas palavras que pareciam em latim.

Eu e Rick nos entreolhamos, estávamos meio cínicos quanto a situação.

E então, as gotas de sangue que foram pingadas no mapa começaram a se juntar em um lugar apenas, em uma cidade.

O mais estranho foi onde era. Meus olhos se arregalaram profundamente: Canadá.

E então, por um momento, fiquei alheio da conversa de Brian com Rick. Agora tudo fazia sentido.

As iniciais, o lugar… Ela viu que eu sou vampiro, ela quer me proteger.

– Katerina Sullivan. - Falei em um sussurro, minha voz saiu falhando.

Rick franziu o cenho, assim como Brian.

– Sullivan? - Rick perguntou.

– Sim. Minha… Minha irmã.

– Você sabia que ela era uma bruxa? - Brian quis saber.

O olhei sério antes de responder.

– Não. Ela… Ela nunca me omitiu nenhum detalhe sequer de sua vida. - Falei, olhando o horizonte. - E Kat nunca havia me falado que era uma bruxa.

Me joguei na poltrona, fiquei olhando o vazio por alguns segundos. Senti uma mão em meu ombro, virei meu rosto e avistei Rick, parecia preocupado.

– Você tá bem, cara?

Olhei para Brian que também carregava a mesma expressão.

– Eu… Eu preciso ficar sozinho. - Falei pausadamente, minha voz estava fraca e falhando. - Saiam, por favor. - Pedi, um tanto grosseiro.

Ouvi os passos de Brian e Rick e a porta fechando atrás de mim.

Continuei imóvel, pensando em Katerina.

– Mamãe vai nos matar. - Kat disse sorrindo, enquanto tomava mais um gole da tequila.

– Então pare de tomar. - Disse, dando um sorriso travesso. - Eu sei que você não vai aguentar mais mesmo.

Ela sorriu do mesmo jeito que eu.

– Isso foi um desafio?

– Talvez.

Nós dois demos uma gargalhada e Katerina virou outro copo.

Senti uma lágrima escorrendo pelos meus olhos.

– James…

Katerina cortou o silêncio naquela madrugada, enquanto nós estávamos deitamos no chão de uma rua qualquer, totalmente embriagados.

– O que foi, Kat? - Perguntei, dando um sorriso, enquanto olhava para o céu e ela fazia o mesmo.

– Eu… Eu sou lésbica.

No início, concordo que fiquei surpreso com a sua confissão e não tinha nenhuma palavra para falar. Senti Katerina sentar e me fitar.

Sentei e fitei seus olhos por alguns segundos. Sorri.

– Vou ficar muito irritado se você pegar mais garotas que eu.

Nós dois demos uma gargalhada.

– Eu estava com medo de te contar. - Katerina confessou.

– Por que?

– Não sei… Vai ver você ia contar pros nossos pais, ou ia ter preconceito.

– Nunca faria isso. Nossos segredos sempre serão trancados a sete chaves. - Dei um sorriso confortante. - Você pode me contar tudo, sempre.

Katerina deu um sorriso satisfeito.

– Você também.

– Eu sei. Eu sempre te conto tudo.

– Eu também, James.

– Tudo mesmo? - Sorri mais uma vez.

– Sim, James. - Kat riu por alguns segundos. - Não tenha nada que você não sabe sobre mim.

Suspirei fundo, não queria continuar lembrando, mas isso sempre acontecia.

Fui, com passos calmos e exaustos, até meu quarto. Busquei uma camisa do Metallica, calça jeans larga e um tênis e coloquei em cima da cama.

Busquei também uma cueca e uma toalha e fui em direção ao banheiro.

Lavei meu cabelo e meu corpo. Me sentia pesado e, sabia que um banho não ia mudar isso. Mas não custa tentar.

Enquanto o barulho da água do chuveiro continuava a cair em minha pele, voltei ao passado.

– Preciso te falar uma coisa. - Sussurrei para Katerina.

Olhei para o lado e avistei Carolline com seu vestido, estava tão linda em sua festa de 18 anos.

– O que foi? - Kat perguntou, dando um sorriso travesso, sussurrando também.

– Estou louco para dar uns amassos na Carolline. - Ri por alguns segundos e ela fez o mesmo.

Fazia um tempo já que ela sabia dos meus sentimentos por Carolline, mesmo ela falando para mim que havia percebido a muito tempo.

Conversava com ela sobre Carolline normalmente, Katerina ainda me apoiava com a ideia.

– James… A Carolline não tira os olhos de você.

Olhei para a direção onde a aniversariante estava. Quando nossos olhos se encontraram, senti minhas bochechas corarem e me virei para Katerina novamente.

– Ela gosta de mim apenas como irmão, Kat. Eu sei disso.

Katerina levantou uma de suas sobrancelhas.

– Eu não acho, não.

Nós dois demos uma gargalhada.

– James… - Katerina me chamou, sua expressão agora está mais séria. - Eu queria te contar uma coisa, mas tenho medo.

Fiquei sério também, e franzi o cenho. Não fazia a mínima ideia do que poderia ser. Katerina nunca teve medo de me contar nada.

– Conte, Kat.

– Não sei se você vai acreditar em mim… É surreal. - Ela deu um sorriso torto. - Eu não deveria contar para ninguém, mas você é meu irmão. Eu não escondo nada de ninguém.

– Kat, você sabe que seus segredos vão comigo para o túmulo.

– Sim, eu sei James.

– E o primeiro pedaço de bolo vai para o irmão que mais amo, James Sullivan! - Ouvi Carolline gritar meu nome e fiquei vermelho.

Katerina deu um sorriso travesso.

– Vai lá dar uns amassos nela. - Kat sussurrou e eu ri.

Fui em direção à Carolline e não vi mais minha irmã mais nova essa noite.

Quando comecei a lembrar da noite em que fiquei com Carolline, comecei a pensar comigo mesmo. Será que Katerina ia me contar que era uma bruxa?

Não sei… Não sei. É tudo muito confuso agora.

Sai do banho e coloquei minha roupa. Fui até o espelho e sequei um pouco meu cabelo com a toalha. Fiquei me olhando por alguns segundos e percebi que estava com muita fome.

Fui até o armário e peguei um copo de vidro. Depois fui na geladeira e peguei uma bolsa de sangue, derramando o conteúdo em meu copo.

Tomei a bolsa de sangue inteira, saciando minha sede.

Guardei tudo e voltei para o banheiro e escovei os dentes. Fiquei me olhando por alguns segundos no espelho e em seguida olhei para o anel no meu dedo médio. Foi aí que tomei minha decisão.

Precisava encontrar Katerina, tirar essa história a limpo.

xxx

Abri a porta da minha casa e, aconteceu algo que eu não imaginava.

Avistei uma Leana ansiosa e nervosa, prestes a bater na minha porta.

Fiquei fitando-a por alguns segundos e ela fazia o mesmo.

– Ahm… Quer entrar? - Perguntei, um tanto inseguro, cortando o silêncio.

Leana sorriu de leve e assentiu com a cabeça, entrando na sala. Sentei no sofá e ela fez o mesmo.

– Estava tudo bem esses dias? Você meio que desapareceu. De novo. - Falei, com a voz ríspida.

– É… Estava tudo bem sim.

– Onde você estava?

– Ah… Por ai.

– Leana. - Falei firme. - Onde você estava?

– James…

– Não minta, Leana! - Gritei com ela e a mesma se assustou.

Leana abaixou a cabeça.

– Passei alguns dias na casa do Brian.

Aquelas palavras me surpreenderam. Agora tudo fazia sentido.

– Ahm, uma breve pausa. - Rick falou. Brian e eu olhamos para ele. - E Leana, James? Você conseguiu falar com ela?

– Não. - Falei, com uma expressão triste no rosto.

– E você? - Rick se direcionou para o mago.

– É… Também não. - Novamente comecei a ver que Brian estava com tensão em sua voz. Seu coração começou a bater rapido e tenho certeza que Rick também sentiu. - Mas tenho certeza de que ela está bem.

– Como tem certeza se não sabe onde ela está? - Perguntei, esboçando um sorriso travesso.

– Por que? - Perguntei, com a voz falhando, levando meu olhar para o chão.

Leana segurou meu queixo, agora ela olhava em meus olhos e me obrigava a olhar nos dela.

– Porque eu precisava de um tempo para conseguir entender que você havia se tornado as partes ruins de um vampiro, James.

– Eu posso conseguir controlar. Eu queria sua ajuda, eu fui te procurar. E, quando eu mais precisava de você, você não estava lá para mim.

Leana ficou apenas fitando meus olhos, parecia que sentia muito.

– Sabe… Você não devia ficar tão próxima de Brian.

– Por que? - Leana franziu o cenho.

– Todos nós sabemos que ele é apaixonado por você. - Falei com a voz ríspida.

– Eu não acho isso.

– Ah, com certeza acha. - Dei um sorriso irônico.

– Você está com ciúmes, James? - Leana deu um meio sorriso, levantando uma de suas sobrancelhas.

Eu continuei com a minha face de indiferença, porém estava óbvio que eu estava com ciúmes. Virei meu rosto, para que Leana não pudesse mais fitar meus olhos, assim como eu não pudesse fitar os dela.

– Sabe… - Comecei a falar. - Eu matei Cassie. - A olhei firme agora.

Seus olhos se arregalaram.

– O que? Por que você fez isso?

– Ela e seu grupinho de caçadores me torturaram para dizer onde eu estava. Por sorte Taylor me ajudou a fugir, porém… Matei sua melhor amiga.

– Bela maneira de dizer ”obrigado”. - Leana disse em tom irritado e ironico.

– Eu sei, não devia.

– James… Não consigo acreditar que você se tornou assim.

– Me aceite do jeito que eu sou, ou vá embora. - Falei pausadamente, porém com a voz grossa e ríspida.

Leana parecia magoada agora, seus olhos estavam aguados. Ela se levantou e ouvi a porta bater atrás de mim.

Coloquei a mão no meu rosto e me joguei no sofá e senti algumas lágrimas escorrerem.

xxx

– Eu posso mudar.

Não deixei nem Leana abrir totalmente a porta para começar a falar. Ela, de principio, se mostrou surpresa pela minha presença, porém não falou nada, apenas esperando que eu continuasse a falar, e assim o fiz:

– Mas eu preciso de sua ajuda. Eu mudo, faço o que você quiser. Faço o que for preciso, se isso significa que posso te conquistar novamente.

Leana suspira fundo e faz que sim com a cabeça.

– Eu posso te ajudar, James. - Sua voz estava fraca e falhava.

Cheguei mais perto dela e a abracei forte, e ela correspondeu ao abraço e senti que estava chorando baixinho, no meu ombro.

Nós saímos do abraço e Leana limpou as lágrimas. Ela franziu o cenho e olhou para o céu. Estava sol e em seguida ela olhou para mim.

– Como que você está conseguindo andar no sol?

– Isso é uma das coisas que eu preciso te contar. - Mostrei meu anel para ela e continuei. - Uma bruxa com as iniciais K.S. fez esse anel para mim. Depois eu me toquei que poderia ser Katerina Sullivan.

– Sua irmã? - Leana me perguntou, incrédula. Assenti com a cabeça.

– Ela nunca me contou, mas, hoje comecei a lembrar de alguns episódios que eu tive com minha irmã. Acho que na noite em que… - Fiz uma pausa. - Eu e Carolline ficamos juntos, ela ia me contar. Mas não teve oportunidade. - Mordi meus lábios antes de continuar. - Vou encontrá-la e tirar isso a limpo.

– Posso ir junto?

Sorri satisfeito e assenti com a cabeça.

xxx

– Tem certeza que está preparado para isso? - Ouço a voz doce de Leana cortar meus pensamentos. Fecho meus olhos e respiro fundo.

– Sim. Acho que sim.

E então, quando estou prestes a tocar a campainha, esperando confrontar Katerina, algo acontece.

Sinto uma dor muito forte no peito e percebo que fui atingido por um pedaço de madeira.

Ao cair no chão, olho para os lados, avistando um homem forte do qual nunca vi em minha vida.

– James! - Leana corre para me socorrer e o homem me dá mais um tiro, dessa vez na perna.

– James precisa morrer. - Diz o homem.

– Ele está hipnotizado. - Leana falou, enquanto corria rapido em sua direção.

O homem lutava contra, porém Leana pegou a arma de sua mão e bateu contra sua cabeça, fazendo com que ele desmaiasse.

– Por que um homem foi hipnotizado para me matar? - Perguntei com a voz falhando, devido a madeira estar raspando no meu coração.

Leana deu de ombros, enquanto tirava o pedaço de madeira da minha perna e, com dificuldade, também conseguiu tirar o pedaço que estava no meu peito, perto de meu coração.

– Obrigado. - Sussurrei e dei um sorriso cansado.

Leana retribuiu o sorriso, mas logo desapareceu de seu rosto.

– Tudo pronto. - Sentei no chão, ao seu lado e fiquei olhando seus olhos. Ela logo desviou.

Percebi que havia algo errado em Leana, algo que ela me escondia. Então suas próximas palavras me confirmaram:

– Eu preciso te contar uma coisa da qual eu me sinto culpada por você não saber. - Fiquei em silêncio, esperando que ela continuasse. Leana tomou fôlego e falou. - Eu beijei Brian.

Não sei exatamente o que eu senti na hora: tristeza, raiva, decepção, ciúmes. Também não sei se meu rosto estava indiferente ou se não estava conseguindo esconder meus sentimentos.

Eu queria falar algo, mas apenas não conseguia. Olhei em seus olhos, Leana parecia tentar achar alguma resposta nos meus.

Demorou alguns segundos para digerir suas palavras e então, finalmente, me levantei e virei as costas para Leana, andando para algum lugar, sem rumo.



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Notas finais do capítulo

Eai? O que acharam?