Crying In The Rain. escrita por deathcocktail


Capítulo 19
I'll taste your blood tonight.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. :D



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Estou incerto do que pode estar acontecendo comigo agora. Se essa for a morte, então ela é calma, silênciosa, muito diferente do que eu pensava que fosse. 

Não lembro muito bem o que eu senti antes de tomar um impulso grande e me levantar. Minha visão estava embaçada, não conseguia perceber muito bem onde eu realmente estava porém eu também não me importava. Não queria saber quem estava comigo ou quem deixava de estar.

Remexi minha cabeça várias vezes, estava sentindo fortes dores de cabeça. Me encostei no pedaço de árvore que estava atrás de mim e então percebi que estava em uma floresta. Se não me engano, era a mesma floresta por onde eu fui tentar salvar Taylor.

Estava escuro, porém não muito escuro. Percebi que enchergava melhor do que antigamente. Respirei aquele ar puro e dei um meio sorriso. 

Estava conseguindo ouvir a respiração de humanos a alguns quilômetros de distancia, sentir o cheiro de sangue borbulhando, circulando para o coração que eu também podia ouvir as batidas. 

De repente, comecei a sentir uma fome tremenda, que não era possível ser saceada com um jantar de qualidade. E então foi ai que realmente caiu minha ficha. Eu estava me transformando. Eu estava virando um vampiro.

Me levantei rapidamente e ouvi vozes, graças à minha audição superior. E eu reconheci as vozes, eram de Leana, Rick e Taylor. Conseguia ouvir o coração bombardeando no peito de Taylor também, a unica que estava viva entre eles. 

Andei em passos apressados na direção onde ouvia suas vozes e, ao chegar perto deles, Leana já me olhava. Acho que havia ouvido meus passos. Rick também me fitava sério e Taylor parecia ter algo nos olhos como um “sinto muito” misturado com um profundo medo… E eu sentia que ela estava com medo de mim. 

Eu estava triste pois não queria que ela tivesse medo ou nojo de mim, porém havia outra parte de mim que não se importava. 

E então, nesse momento, eu estava apenas encarando os três, com as mesmas expressões horrorizadas no rosto.

O coração de Taylor foi aumentando a velocidade na medida que eu começava a fitar seus olhos e então senti uma dor que nunca imaginei que fosse possível sentir antes. Uma dor indescritível. 

Comecei a gritar enquanto meus caninos aumentavam, descendo lentamente de minha gengiva. Passei a mão em meu rosto e senti veias um pouco acima de minhas bochechas, assim como as que Rick e Leana possuiam. 

Olhei para Taylor que já estava muito mais atrás e Rick em sua frente, em uma tentativa de protegê-la de mim.

- Eu não irei te machucar, Taylor. - Disse ofegante, por fim, quebrando o silêncio naquele ar de tensão. 

- James… - Leana me abraçava chorando e olhou em meus olhos. Senti meus caninos voltando ao normal e as veias sumindo também. Presumo que meus olhos haviam voltado a serem azuis também. - Eu não queria isso para você.

- Como completa a transição? - Perguntei, um tanto impaciente.

Leana me fitou por alguns segundos antes de responder.

- Precisa tomar sangue humano.

Botei minha mão na cabeça, a ultima coisa que eu queria era tomar sangue humano. Sangue de pessoas inocentes. Pessoas que não mereciam isso.

- Não… - Murmurei, olhando lentamente para Taylor, Rick e, enfim, para Leana. - Eu não quero. Eu não vou me transformar.

- Mas se você não fizer isso você vai morrer! - Rick gritou, apavorado.

- Eu já estou morto! - Rosnei - Só preciso fazer algo antes.

Leana me segurou, enquanto chorava.

- Por favor, James. Complete a transição.

A fitei por alguns segundos, visualizando seu rosto. Seus olhos, seus cabelos, seu corpo. Apreciei cada detalhe, pois eu sabia que era a ultima vez. 

- Sinto muito, eu não consigo.

E então corri. Corri como jamais havia corrido antes. 

Cheguei à porta da casa onde eu sempre morei, com as pessoas que eu sempre amei. Comecei a ficar cansado de uma forma que nunca pensei que ficaria antes na minha vida porém muitas coisas ainda estavam prestes a acontecer que eu pensei que nunca aconteceria, eu sei disso.

Toquei a campainha e, para minha surpresa e minha felicidade, quem abriu a porta foi Katherina. Franzi o cenho e levantei uma de minhas sobrancelhas.

Ela sorriu e me abraçou forte. Retribui o abraço, levando minha cabeça até seu ombro. Comecei a sentir seu sangue correndo pelas suas veias e senti meu rosto se transformando.

Respirei fundo e tentei manter a calma e percebi que tudo havia voltado ao normal. 

Visualizei o rosto da minha irmã e sorri.

- O que está fazendo aqui?

- Longa história. Eu me resolvi com nossos pais. - Katherina sorriu. - E você, James? O que está fazendo aqui?

- Precisava me despedir… 

Katherina ficou séria e parecia estar confusa.

- Se despedir por que, James?

- Eu… - Murmurei. Antes que pudesse continuar a frase, ouvi outra voz.

- O que você está fazendo aqui?! - Era meu pai, se direcionando para mim, estava furioso. 

- Pai… Eu vim me despedir.

- James, entre, por favor. - Ouvi a voz de minha mãe.

Sorri e a obedeci, entrando dentro de minha antiga casa.

- Tem sorte de Carolline estar dormindo. 

Bufei. Carolline. Ela que tem sorte de estar dormindo pois, se a visse nesse momento, a mataria. Para acertar as contas. 

Sentei no sofá, pois estava muito cansado. Ofegante, comecei a falar:

- Eu vim para me despedir. Eu estou morrendo.

Comecei a ouvir três corações começarem a bater muito forte e rapido e isso começou a me dar uma tremenda enxaqueca. 

E então, o que eu temia aconteceu: senti minhas veias começarem a aparecer um pouco abaixo dos meus olhos novamente, junto com a cor dos mesmos e os meus caninos. 

Ouvi minha mãe gritar. Olhei para Katherina, que parecia apavorada. Meu pai também carregava uma expressão de medo em seu olhar.

- O que é isso?! - Gritava e chorava minha mãe

- Um monstro! - Meu pai gritou e foi até a cozinha.

- Eu posso explicar… - Sussurrei, ainda com a minha aparência vampirística. 

- James… - Murmurou minha irmã. 

- Katherina… Eu não sou um monstro. Eu posso explicar. Para completar a transição eu preciso tomar sangue humano e eu não vou fazer isso. Por isso vim para cá, eu… Eu queria me despedir.

E então, antes que pudesse falar ou ouvir mais alguma coisa, sentir ser apunhalado nas costas por uma lâmina.

Não senti nenhuma dor e a tirei devagar. Olhei a faca ensanguentada e fiquei me perguntando como que saía sangue de mim. 

Olhei meu pai, o causador da faca nas minhas costas.

- Duas no mesmo dia. - Falei com meus botões.

- Como você não morreu? - Meu pai perguntou, com a voz falhando.

- Não tem como eu morrer dessa maneira. - Cheguei mais perto dele e o mesmo tirou um canivete no bolso e atirou em mim.

Foi ai que eu perdi a paciência. Peguei o canivete no ar e o olhei sério. 

- Por que você nunca me dá uma oportunidade para explicar como as coisas realmente são? 

Meu pai dava alguns passos para trás e eu chegava cada vez mais perto dele. 

- Que merda! Eu sempre sou o errado da história! Por que, pai? Por que na primeira oportunidade que você teve, me expulsou de casa? 

Joguei o canivete em cima da mesa da cozinha onde, não percebi, que era onde a mão de meu pai estava apoiada e eu acabei cortando a mesma. 

Meu pai gritou de dor, pegando a mão ensanguentada e levando até o rosto, para ver quanto grave foi o ferimento.

- Pai… - Olhei para o sangue e de repente aquela fome voltou, assim como minha aparência de vampiro.

Fui chegando cada vez mais perto dele, enquanto o mesmo ia para trás.

- Não… - Murmurou meu pai. - Por favor…

Virei meu rosto para não visualizar o ferimento, porém o cheiro ainda me atordoava. Olhei novamente para o homem na minha frente.

E meus instintos falaram mais alto.

Em um gesto bruto, busquei sua mão e enfiei meus caninos na mesma. 

Ouvi gritos e choros de minha mãe e Katherina, porém não me importava. Uma parte de mim queria parar, porém a outra não.

Opitei por continuar e, assim, opitei por não me importar. Não sentir nada. 

Continuei chupando seu sangue e quando parei, meu pai caiu no chão. Dei um pulo e sentei ao seu lado.

Meu pai tremia, seus olhos pediam piedade. Porém ele não me concedeu isso uma vez, farei o mesmo com ele.

Cheguei meu rosto perto de seu pescoço e mordi o mesmo, apreciando o momento, tomando todo seu sangue até não sobrar mais nada.

Até o homem que um dia eu chamei de pai se transformar em apenas um corpo com sangue drenado. O primeiro. De muitos.


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Notas finais do capítulo

Eai?