Crying In The Rain. escrita por deathcocktail


Capítulo 10
Can I face the day when I'm tortured in my trust?


Notas iniciais do capítulo

Mudanças de planos, apenas ficarei sem poder postar capítulos novos de sábado até segunda.
Boa leitura!



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O sol já estava nascendo. Não havia conseguido dormir aquela noite, apenas estava sentado na cama, ora tentando me distrair com a TV, ora tentava ler o livro, ora pensava em Leana, ora olhava para minha mão cuja tinha a marca de seus caninos cravados.

Vampira. Quanto mais eu pensava, mais parecia loucura. Porém, o que eu vi na noite anterior, me fazia pensar ao contrário. 

Lembrei do que Taylor havia me dito.

- Seu toque é frio, pois está morto. Mas pode muito bem se apaixonar. E, se o vampiro se apaixonar por um ser humano, é a pior coisa que pode existir para tal.

- Por que?

- Por que são de mundos diferentes. O vampiro vive para sempre, com a mesma idade enquanto o ser humano fica velho, morre. 

Se eu morrer com sangue de vampiro em meu corpo… Eu posso virar um deles. Balancei minha cabeça, tentando afastar os pensamentos.

Eu? Virar um vampiro? É lógico que não! Não vou fazer isso… Só por que eu estou apaixonado por Leana.

De repente, lembrei-me do que ela me disse, antes de Rick aparecer.

- Eu te contei como meu namorado era ciumento. Rick queria que eu fizesse uma coisa cuja eu negava sempre. E então, com raiva, ele matou meus pais. 

Cuja negava fazer? Ciumento? Comecei a racionar melhor e… Será que ela foi transformada pelo Rick?

Com certeza aquele babaca é um vampiro. Comecei a sentir um ódio no coração, relembrando as palavras de Leana. “Cuja eu negava sempre”. Se for isso mesmo, ela não queria virar vampira. Rick a obrigou.

Matou Leana. Para transformá-la em vampira e… Para que eles vivessem juntos para sempre. 

E então comecei a lembrar o motivo do espanto de Leana. Quando ela começou a perguntar sobre Carolline.

- E você me contou que a mulher que partiu seu coração foi Carolline, sua meia-irmã. - A olhei sério, tentando continuar. - Carolline era a loirinha cuja estava na sua casa?

- S-sim. - Disse, guagejando. Minhas mãos já estavam suando, estava desesperado para que Leana chegasse logo no ponto onde queria.

E então, sua expressão foi de terror, olhando direto para meu rosto. Molhei meus lábios, tentando digerir sua preocupação. O que aconteceu com Carolline, afinal?!

Meus pensamentos estavam me matando. Olhei o relógio que marcava duas da manhã e então fui até o calendário. Domingo. Ótimo, eu não preciso trabalhar hoje.

Tomei coragem para buscar alguma roupa e tomar um banho bem gelado. 

Ao terminar, vesti uma camisa do Slipknot, uma jaqueta de couro, calça e tênis. Como sempre.

Preparei um pão com manteiga para comer, porém foi em vão. Meu estômago estava revirando. 

Olhei que horas eram. Agora já marcava três e meia da manhã. 

Fui até o Open Bar, ouvi dizer que agora eles trabalham vinte e quatro horas por dia. 

Ao entrar, avistei muitas pessoas bêbadas. Fui até o balcão, onde uma mulher ruiva veio me atender, dando um sorriso malicioso.

- O que o homem aqui de olhos azuis vai querer? E, meu Deus, - Ela disse, levando seus olhos para meu pescoço, parecia impressionada. - Que tatuagem linda é essa. 

Sorriu maliciosamente de novo e eu dei um meio sorriso.

- Hum… Leana Silver trabalha hoje?

A mulher parou para pensar um pouco.

- Não. 

- Sabe onde é a casa dela? 

- Não.

Tirei da minha jaqueta dez dólares e coloquei em cima da mesa, olhando no olho da ruivinha. 

- Tem certeza?

- Acabei de me lembrar, ela já me passou seu endereço. - Disse sorrindo, pegando a nota de dez do balcão. Anotou em um papel e me entregou.

Sorri satisfeito e segui em direção à porta. 

xxx

Sua casa era bonita e grande. Seu terreno era pequeno na frente, porém, avistei um enorme jardim nos fundos. A casa era branca e tinha sacadas com rosas brancas e vermelhas. Perto de uma das janelas, havia uma árvore muito grande e bonita, que havia me impressionado.

Após olhar por alguns minutos a casa de Leana, abri o portão, andei com passos calmos, porém por dentro parecia que eu ia explodir. Cheguei à porta e toquei a campainha. Fiquei esperando alguns minutos impaciente. Ou, eram apenas alguns segundos que eu havia esperado, porém parecia mais. Muito mais.

Ansiedade é uma merda, não é?

E então a porta soltou um rangido, se abrindo por metade e, atrás dela, estava Leana. Minha doce e delicada Leana. 

A olhei e um meio sorriso brotou em meu rosto. Ela continuava séria, apenas olhando meus movimentos. 

- Como descobriu onde eu moro? - Leana cortou o silêncio, sua expressão era de pavor.

- Fui até seu bar, dei 10 dólares para uma mulher e ela me contou onde você mora. - Disse, dando um sorriso calmo. - Deveria tomar mais cuidado.

Ri por um segundo, porém Leana não fez o mesmo. Ela botou a mão na cabeça, vi lágrimas começarem a cair. Meu sorriso se fechou, imaginando qual seria sua próxima reação.

- Por favor. - Leana falou sussurrando e guagejando, parecia estar com medo. - Não conte para ninguém quem eu sou. Vão vir atrás de mim e me matar. 

Corri meus olhos até seu corpo e parei em seus braços, onde levei minhas mãos para o mesmo. Seus braços gelados. 

Olhei fixamente para os seus olhos e ela fazia o mesmo. 

- Eu nunca faria isso, Leana. - Parei por alguns segundos, levei uma de minhas mãos até seu rosto, acariciando-o e limpei suas lágrimas que caíam. - Eu não tenho medo de você.

- Mas… Eu sou um monstro. 

- Não, Leana. Você não é. 

Vi um sorriso brotando em seu rosto. Pequeno, porém, não deixava de ser um sorriso. Sorri de satisfação.

Aproximei meu rosto do dela, ainda sorrindo, beijei sua testa. 

Fixei meus olhos nos de Leana novamente, e ela fez o mesmo.

- Mas… - Cortei o silêncio. - Ainda tenho algumas perguntas para fazer. 

Leana limpou todas suas lágrimas e abriu totalmente a porta, deixando com que eu visualizasse sua sala. 

- Entre, por favor. 

Sorri e fiz o que ela pediu. Leana sentou em um dos sofás e eu sentei ao seu lado. Peguei em suas mãos e acariciei a mesma, olhando para o anel. 

Olhei em seus olhos, ela parecia saber o que eu estava para perguntar.

- O que é esse anel?

- Ele permite com que eu ande no sol. Sem virar poeira. - Ela parou por alguns segundos, parecia estar relembrando de algo. Sorriu de leve. - Um mago fez isso para mim. 

- Faz tempo? - Quis saber.

- Não. O mago ainda está vivo, se quer saber. - Ela sorriu novamente. - Aliás, ele fez um feitiço para que não envelhecer. 

Franzi o cenho.

- Existe um feitiço assim?

- Nem todos conseguem. Porém, ele é muito forte. Ele é o mago Original. 

Fiquei surpreso, e formulei a próxima pergunta.

- O Rick é…

- Um babaca. - Ela riu por alguns segundos e eu fiz o mesmo. - E também um vampiro. - Sua expressão carregava medo, pavor.

- James, por favor… Nunca se meta com Rick, ele vai arrancar seu coração se assim você o fizer. Ele que me transformou. Eu não queria por causa dos meus pais. - Uma lágrima escorria da face de Leana. - E então ele matou meus pais, depositou seu sangue em minha boca e me matou. Quando acordei estava em transição para uma vampira.

Leana olhou para baixo e a puxei pelo queixo, fazendo ela olhar para mim.

- Você não ficará triste para sempre, Le. 

Ela sorriu fraco, fiz o mesmo. 

- E o Drácula?

Leana soltou uma gargalhada e levantou uma das sobrancelhas, me olhando divertida. Sorri.

- É… Ok. Lenda. 

- Mas existe sim vampiros Originais. Mas essa é uma longa história, que posso te contar outra hora.

Assenti com a cabeça. Fiquei perdido em meus pensamentos por alguns segundos. 

– Vampiros podem te hipnotizar, obrigando você a fazer algo, ou obrigando a você esquecer algo. Tem uma planta que é como veneno para os vampiros. Os queimam, os machucam e, quando é ingerida por um humano, o vampiro não pode hipnotizá-lo e se mordê-lo, ficará fraco.

Pensei no que Taylor havia me dito.

- Leana… - Comecei. - Vampiros podem hipnotizar pessoas?

- Sim.

- E que planta é como um veneno para vocês?

- Ela nos queima, se você ingerí-la, eu não posso te morder, pois vou ficar fraca. - Ela sorriu. - Não que eu vá te morder. - Ri por um segundo. - Ela se chama Verbena. 

- Hum… Interessante. 

- Crucifíxos não fazem mal algum? - Perguntei, corando. - Não que eu já não tenha percebido isso, mas…

Leana soltou uma gargalhada.

- Não, crucifíxos são apenas decorativos.

- Vampiros podem desligar da humanidade?

- Sim. No início, suas emoções são intensificadas. Tem uma parte sua que sente tudo, porém a outra não quer sentir nada. Você pode escolher não sentir nada, se quiser. Rick faz isso.

- Então ele não é nem um pouco humano?

- Pois é. Não sente culpa. 

- E isso vale a pena? Por que você não faz isso?

- A vida é uma porcaria, James. - Leana parou por alguns segundos antes de continuar. - Pelo menos se você é um vampiro, não precisa se sentir mal se não quiser. Eu fiz isso por um longo tempo, mas depois vi que não valia a pena.

- Por que?

Leana deu um sorriso largo.

- Se sua humanidade transparecer, você sentirá culpa, ódio, desejo de vingança. Porém, você sentirá o sentimento mais precioso de todos. 

- Que é…?

- O amor. - Vi Leana corar e senti minhas bochechas começarem a ficar quentes. 

- E a água-benta? - Perguntei. 

- Bebível. Elas não nos afetam. Pelo menos não os vampiros. 

Franzi o cenho.

- Existem outros seres sobrenaturais?

- James… - Ela pegou em minha mão, parecia estar pensando como falar. - É sobre exatamente isso que preciso falar com você.

A boca de Leana se abriu, porém logo fechou novamente. Sua expressão agora era de pavor.

- James… - Disse sussurrando. - Se esconda no meu armário.

- Por que? - Perguntei confuso, porém não obtive resposta.

Ela já estava me empurrando para seu quarto e, assim, para dentro do seu armário. Vi pelas frechas ela passar perfume no ambiente inteiro e fechar a porta. 

O que poderia estar acontecendo, afinal?

xxx

Alguns minutos depois, pode-se dizer que eu já estava desesperado. Porém, para o meu alívio, a porta se abriu e vi, pelas frechas que era Leana. 

Ela abriu o armário e sua expressão estava mais calma, mas ainda parecia estar em estado de choque.

- O que houve, Leana? - Perguntei, segurando-a nos braços. 

Ela me puxou pela mão e me jogou na cama. Fiquei surpreso com sua atitude e, então, ela abriu uma das gavetas da mesa e pegou um anel com um pano.

- Pegue. Use isto.

- Por que está pegando com um pano? - Perguntei, franzindo o cenho.

- Por que neste anel, contém Verbena. E você assim está livre de ser hipnotizado.

Assenti com a cabeça, sério.

- Por que me trancou no armário, Leana?

- Rick estava aqui. 

Fiquei confuso, e mais uma vez, perguntei:

- Como você sabia? Ele não havia nem ao menos tocado a campainha. 

- Nós, vampiros, temos a audição apurada. Consigo escutar coisas à milhas de distancia. E então, por conhecer Rick muito bem, reconheci seus passos. Ele não podia te ver, muito menos sentir seu cheiro.

- O olfato de vocês também é apurado?

- Não tanto. Mas, podemos ouvir o coração de um humano batendo e, para termos certeza, precisamos sentir seu cheiro. Mas, as vezes falhamos. O olfato mais apurado é dos lobisomens.

Arregalei os olhos. Esperei alguns segundos para Leana rir e dizer que estava brincando, mas sua expressão ainda continuava séria.

- Lo-lobisomens? - Perguntei, gaguejando. 

Ela assentiu com a cabeça.

- Mas isso não é importante. Não agora. - Ela botou a mão na cabeça. - James… Nós, seres sobrenaturais, não conseguimos ver quem é outro ser sobrenatural.

- Como assim?

- Eu sou uma vampira, se eu vejo um vampiro andando por ai, meus instintos podem até achar que é um, por não ouvir seu coração. Um lobisomem pode sentir o cheiro de um vampiro. Porém um vampiro dificilmente reconhece um lobisomem, mas…

- Mas…? - Perguntei, impaciente.

- Todos os seres sobrenaturais estão ligados à uma espécie: Os demônios. Aqueles dos pactos que você vende sua alma e você está condenado a passar uma eternidade no inferno e tudo isso. 

Fiquei impressionado, levantei uma de minhas sobrancelhas e esperei que ela continuasse. 

- Bom, nós enxergamos seu verdadeiro rosto por trás do corpo bonito e delicado deles. 

- E onde você quer chegar…? 

Meu coração batia forte e, certamente, Leana sabia disso.

- Quando te segui até o Canadá… Eu dei uma espiada na casa que você tanto olhava. James… - Leana parecia procurar algum jeito de conseguir me falar o que estava querendo tanto dizer. 

- Fale, Leana. - Falei, com a voz falhando um pouco, porém estava sério. 

- Como que vocês encontraram Carolline?

- Uma mulher falou que sua filha estava presa dentro do carro que tinha virado. Eu, com cinco anos, e meu pai, fomos ajudá-la. Quando tiramos a criança de lá, a mãe havia sumido.

Leana me olhava com pavor. Eu sentia minha pele suar, meu coração bater forte. 

- Eu… Eu vi o rosto de Carolline. Seu verdadeiro rosto.

Meu corpo que, antes, estava perto do de Leana, sentada na cama comigo, agora estava mais longe. Meu rosto era de pavor. Ela abriu a boca, esperei que as ultimas palavras soassem para confirmar tudo.

- Carolline é um demônio, James. E, além disso tudo, havia muita escuridão do seu lado, isso significa que ela tem muito poder. Isso significa que muitas almas se venderam para ela. Inclusive…

- Inclusive? - Perguntei, com a voz falhando.

- Inclusive a alma dos seus pais, James.


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem!!