Obrigado Near. Ta mais calmo?

-Sim.

-Então se sente no seu colchão que eu vou pegar um copo d' água pra você.

Sweet Lover.

Sai do quarto e peguei um copo de água para o Near, o garoto estava mesmo mal. Pela primeira vez entre todos esses dias que esteve aqui ele demonstrou algo. E eu já sabia o porque de ele ser daquele jeito, meu coração estava um pouco apertado e minha consciencia pesada pela maneira que o tratei e de ter pensado que ele era má pessoa. Encostei-me na geladeira e parei um pouco para colocar ordem nas coisas que estavam na cabeça. Parte de mim ainda não tinha acreditado que Lawliet havia morrido por uma besteira qualquer. Ele nunca mostrava seu rosto para os inimigos, mas por que o fez nesse momento? Eu também estava meio triste pelo Near, eu havia o julgado antes mesmo se saber os motivos dele agir assim. Me sentei ali mesmo e começei a chorar novamente. Dessa vez eu não havia me controlado, as lagrimas estavam descendo pelo meu rosto descontroladamente. Olhei para a bancada e relembrei a nossa ultima reunião. Todos se divertindo, todos aparentemente bem, todos unidos. Caralho, porque as coisas acontecem assim tão de repente? E por que tudo tão junto? Escutei alguns passos vindo em minha direção, rezei para que não fosse o Near. Abri os olhos e a imagem de Lawliet estava ali, prestei atenção nos olhos de cor avermelhada e inchados. Beyond ainda estava um pouco abalado.

-O que foi Mello?

-Até parece que você não sabe, não é BB? - Ele abriu de leve a geladeira, pegou um pote de geléia de morango e sentou-se ao meu lado.

-É, eu sei... - Disse me abraçando de leve e logo após abrindo o pote de geléia. - Nessas horas eu gostaria de poder saber o que dizer para acalmar vocês, mas não tem como, eu to mais desesperado. - Eu sorri.

-Você é amigo do Lawliet desde que se dá por gente, deve ser muito mais pesado pra você do que pra gente... Eu já estou sentindo falta dele, estou triste já que ele era quase que um irmão mais velho pra mim.

-Eu nunca me separei dele por mais de um mês Mello. Mas eu acho que o tempo cicatriza a dor e... Talvez não doa tanto daqui alguns anos, talvez meu coração nãose machuque cada vez que eu pensar nele daquela maneira... - Ele me olhou, um sorriso sereno no seu rosto. - Mas não é somente isso que está te incomodando não é?

-O maior motivo é esse, mas tem uma coisinha a mais...

-O que seria?

Ele me olhava, seus olhos ainda demonstravam uma tristeza profunda, acompanhada de uma certa solidão. As marcas que Lawliet deixara nunca sairiam de todos nós. Olhei para Beyond novamente, e acabei por contar tudo o que havia ocorrido, inclusive naquele dia. Beyond parecia muito com Lawliet naquele momento, ele estava me escutando, me aconselhando, me ajudando. Ele parecia entender tudo o que eu dizia. Então ele parou e sorriu, eu não entendi o porque daquilo. Me virei e vi Near me encarando, com o copo de água na mão e um leve sorriso estampado no seu rosto. Beyond se levantou e sorriu também, indo para o quarto do Matt.

-Oi Near. Fiquei conversando com Beyond e esqueci de levar a água pro seu quarto...

-É, eu percebi...

-Você tá aqui desde que hora?

-Na hora que você começou a falar do dia em que gritou comigo. - Me coração falhou duas batidas.

-Near por favor...

-Não precisa falar mais nada Mihael Keehl...

Eu não sei mais o que tá acontecendo nesse lugar, eu não sei mais o que eu sou nem o que aconteceu com o Near. Ele me "atacou" no mesmo momento. Sim, Nate River me beijou ali na cozinha, assim como eu havia feito sem querer naquele dia. Sim,nós já nos beijamos, mas foi sem querer, e por culpa do Matt...

Flashback On

-Eu já disse, desculpa Near! - O joguei no sofá e acabei ficando por cima do albino...

-Tudo bem, eu te desculpo. Mas dá pra sair de cima de mim?

-Desculpa eu já estou saindo.

Eu estava me levantando quando escutei Matt entrando pela porta da frente. Eu não sei o que se passou pela cabeça dele, mas ele fez um belo de um "NOW KISS" no Near e em mim. Sim, ele me empurrou pra cima do Near e nós acabamos nos beijando, mas não foi nada demais. Eu não sabia o que aquilo significava. Mas eu achava que nada havia saido daquilo.

Flashback Off

Nos separamos sem ar, ele estava por cima de mim, olhando nos meu olhos e levemente vermelho. Eu devia estar da mesma maneira, só que com um sorriso bobo no rosto. Será que ele gostava de mim? Ou ele estava esperimentando? Eu não sabia, mas então ele riu e me olhou novamente.

-Depois do que você falou eu não podia deixar passar a oportunidade de te beijar de novo.

-Então quer dizer que...

-Sim, talvez eu goste de você. - Sorri largo. - O que foi?

-Eu ganhei de você! - Eu o joguei pro lado, ficando por cima.

-Isso era um jogo?

-Não, eu só não queria contar pra você antes de saber se você realmente gostava de mim.

-Você é muito infan...

Não deixei ele terminar. Era minha vez de faze-lo calar a boca. O vi fechar os olhos quando nossos labios se tocaram. As mãos dele acariciavam de leve meu peito, enquanto as minhas me segurava de cair em cima do albino. Nosso beijo era profundo e caloroso, de certa forma o jeito que ele correspondia era apaixonado. Nos separamos sem ar, Near estava extremamente vermelho e quando viu que eu fitava-o virou seu rosto rapidamente, eu sorri levemente ao ver como ele estava vermelho.

-Pq você está tão vermelho assim Near? - Falei zoando ele.

-Vai se fuder Mello.

-Olha o Near falando palavrão... Crianças da sua idade não podem falar esse tipo de coisa.

-E homens da sua idade não podem beijar garotos da minha, pedófilo homossexual. - Revirei os olhos e sai de cima dele. - O que foi?

-Se eu sou pedófilo, não encosto mais em você.

-Mello, era brincadeira. - Ele disse sério, seu rosto voltando ao normal.

-Se eu sou pedófilo ué, fazer o que?

-Ai Mello, é por justa causa que eu te acho um chato. - Disse se levantando e ficando na minha frente, ele não demonstrou nada.

-Mas você falou que...

-AH, CALA A SUA BOCA!

Sua mão bateu em meu rosto e o segurou ao mesmo tempo, me beijando logo após. O tapa deve ter deixado uma marca. Seu beijo havia se tornado desesperado, sua lingua vasculhava cada canto da minha boca, quando fui tentar corresponder nossas linguas se tocaram, senti uma leve corrente eletrica me impulsionar a pressiona-lo contra a parede. Nosso beijo se intensificava cada vez mais e eu o pressionava mais ainda contra a parede. Nos separamos antes daquilo virar outra coisa ou de um dos meninos sair do quarto. Minha testa estava contra a parede, eu respirava pesadamente e ele estava abraçado a mim, respirando da mesma maneira que eu. Eu o abraçei o mais forte que pude, o pressionando contra meu peito agora.

-Você poderia fazer o favor de parar de explodir somente hoje? - Ele perguntou buscando o ar..

-Por que?

-Porque não quero mais bater na sua cara por hoje e além disso... - Ele me fitou e logo selou meus labios, sorrindo serenamente para mim.

-Já entendi.

O puxei para meu quarto e o mandei deitar na minha cama, se era isso o que ele queria... Ele se deitou lá me fitando trocar de roupa, colocando um pijama simples. Me deitei ao lado e o beijei suavemente, escutei um leve gemido sair do seus labios. Nos separamos e nos olhamos por alguns minutos, eu beijei sua testa e então, abraçados, dormimos.