Maybe Memories. escrita por biamcr_


Capítulo 8
Beijos e mudanças.


Notas iniciais do capítulo

Bem curtinho esse, né? Mas achei fofo. hehe



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O resto da manhã e o pedaço da tarde se passaram bem. Os dois se divertiram muito, ouvindo música e conversando.

– Gosta de Dead Kennedys? – Frank perguntou uma hora, enquanto via alguns CDs de bandas punks.

– Gosto um pouco. – Respondeu Gerard, sentado em cadeira, bebendo um café e lendo um livro.

Aquele parecia o lugar perfeito. Havia CDs de diversas bandas por todos os lados, divididos por ritmos musicais nas prateleiras. Mais para o canto, alguns livros e revistas relacionados à música estavam distribuídos em mais algumas prateleiras, e uma máquina de café expresso estava perto das mesas. Frank tinha um cartão do lugar e pagava mensalmente pelo uso.

Parecia uma biblioteca, porém melhor.

– Não quero ir para casa... – Sussurrou Gerard, largando o copo do café na mesa, e afundando o rosto nas mãos. 

– Por quê? – Perguntou Frank, virando-se para o outro.

– Meus pais. – Suspirou. – Vão me matar quando eu colocar os pés naquela porta. Com certeza eles devem me considerar um “viadinho de merda” agora.

Frank aproximou-se do amigo, passando um braço por seu pescoço e puxando-o mais para perto, carinhosamente.

Gerard ainda tinha sua cabeça apoiada na mesa, com o rosto escondido nos braços. Porém, agora um dos braços de Frank estava em volta de seu pescoço, e o rosto do mesmo mostrava uma expressão triste.

– Vai ficar tudo bem. Eu prometo. – Disse Frank.

Gerard levantou o rosto, olhando Frank nos olhos. Sussurrou um fraco “Eu espero”, olhando o outro nos olhos.

Os olhos tristes de Gerard receberam um olhar reconfortante quando encontraram os de Frank.

Frank tinha sua mão na nuca de Gerard, enquanto ainda olhavam-se nos olhos. Frank abaixou o olhar, olhando para os lábios do outro e depois olhando-o novamente nos olhos. Por um momento, Gerard soube o que aconteceria.

Gerard sentia-se extremamente nervoso, como se estúpidas borboletas insistissem em foder com seu estomago, fazendo uma festa ridícula.

E, então, não eram mais os olhos que estavam conectados, e sim os lábios.

Um beijo inocente e apaixonado, sem segundas intenções e sem malícias. Apenas dois jovens inseguros sobre suas ações e seus sentimentos.

Após algum tempo, os lábios foram se separando lentamente. Nenhum deles queria terminar o momento, é claro, mas fora necessário. O ar se fez necessário.

Ambos perceberam que sorriam sem graça quando se olharam nos olhos.

– Me desculpe. – Gerard sussurrou, desviando o olhar. – Eu não queria, uh, me desculpe...

Frank segurou seu rosto carinhosamente, olhando-o nos olhos novamente.

– Não fale como se fosse algo errado. – Frank disse, sorrindo de leve.

Gerard corou mais um pouco, abaixando o olhar novamente. Dessa vez, Frank não o impediu, apenas deixou-o se acomodar em seus braços.

– Não quero voltar para casa. – Gerard repetiu. – Nunca mais.

Depois disso, nenhum deles disse nenhuma palavra. Apenas ficaram ali, aproveitando o momento.

Gerard sabia que era exatamente disso que ele precisava. Ele precisava de alguém que se preocupasse com ele... Alguém que o ajudasse e quisesse o melhor para ele. Alguém como Frank, e não como Bert.

– Me sinto nervoso só de pensar em entrar por aquela porta. – Gerard disse, quando já estavam na esquina.

– Vai ficar tudo bem, eu prometo. – Frank respondeu, lançando um olhar confiante. – Qualquer coisa, sabe onde me achar.

Trocaram um último olhar e um último sorriso, e Frank seguiu para sua casa.

Gerard respirou profundamente, pegando um cigarro do bolso e acendendo-o. Respirou fundo novamente, colocando o cigarro nos lábios. Andou em passos falsos e hesitantes pela rua, até chegar à metade da quadra, observando a porta da casa. “É agora”, ele pensou.

Segurou a fechadura, girando-a e abrindo a porta.

Já se passava das quatro da tarde, então todos estariam em casa nesse horário. Sem contar que seus pais com certeza sairiam mais cedo do serviço para chegar em casa mais cedo e, consequentemente, terem mais tempo para implicar com o filho.

Abriu a porta lentamente, sentindo seu corpo todo tremer.

Mikey estava sentado no sofá da sala, jogando videogame. O mesmo lançou um olhar de deboche quando viu o irmão entrar, inseguro, pela porta.

Gerard quis, naquele momento, sair por aquela porta e não voltar nunca mais. Mas sabia que não podia. Então, apenas suspirou novamente, tragando seu cigarro, e adentrou o local, fechando a porta atrás de si.

Não pode deixar de perceber a surpresa do irmão ao vê-lo adentrar a casa com o cigarro em mãos.

Não trocou uma palavra com o irmão, apenas continuou seu caminho para as escadas, com o rosto erguido em uma expressão de indiferença.

Mas nem tudo ocorreu como ele planejava. Enquanto seguia seu caminho para as escadas, viu os pais descendo as mesmas, distraídos em uma conversa.

Michael, quando percebeu a situação, deu um sorriso malicioso e tossiu falsamente, chamando a atenção dos pais.

O casal Way continuou seu caminho, porém o foco de seus olhos mudaram. Não olhavam mais um para o outro, olhavam para o filho. E seus rostos não exibiam mais sorrisos, mas indignação.

Gerard, em momento algum, abaixou a cabeça ou o olhar. Permaneceu firme o tempo todo.

– Bom dia. – Disse, seco. – Se me dão licença, preciso ir para o meu quarto.

Nenhum dos outros três sabia que o que fazer, nem que expressão mostrar.

– Precisamos conversar. – Disse a mãe, finalmente quebrando o silêncio.

– Falem. – Disse o filho, tragando o cigarro novamente.

Os pais se olharam, escolhendo cautelosamente as palavras que usariam com o filho. A verdade era que, na opinião de Donald, ainda não haviam inventado palavras para descrever o quão puto ele estava com o filho mais velho.

– Que merda é essa de sair por aí beijando homens, Gerard? – Disse o pai, tentando parecer imponente.

O filho apenas levantou uma sobrancelha, em tom de deboche.

– Acho que quem eu beijo ou deixo de beijar é problema meu, não? – Respondeu, jogando seu cigarro no chão e pisando-o.

– Mas isso é errado! Não quero um filho gay, prefiro um filho doente mental a um filho gay! – Gritou o pai.

– Ando me sentindo tão mal. – Disse Donna, finalmente tomando voz na discussão. – Realmente considero a culpa de tudo isso como minha. Deveria ter dado mais liberdade a ele para sair e conhecer algumas meninas...

Michael apenas observava a cena toda – claro, ver os pais brigando com o irmão conseguia ser mais interessante que seu jogo – e sorria maliciosamente.

Gerard queria chorar, queria berrar e gritar histericamente com os pais, pegar suas coisas e fugir para bem longe daquele lugar.

Porém, apenas desceu alguns degraus da escada novamente, olhando bem nos olhos do pai.

– A porra da vida é minha, não é? – Disse, numa voz fria que demonstrava toda a raiva que estava sentindo. – Então, acho melhor vocês três não se meterem. – Continuou, apontando o dedo para os outros. Ao ver a menção do pai a interrompê-lo, completou: – A coisa mudou por aqui. Não sou mais um idiota e não vou deixar que mandem em mim. A partir de agora, a única pessoa que tem algo haver com a minha vida, sou eu mesmo. Entenderam?

E, dito isso, seguiu seu caminho para o seu quarto.


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