Maybe Memories. escrita por biamcr_


Capítulo 7
Cafés e CDs.


Notas iniciais do capítulo

Quase quatro meses, uau! Será que alguém ainda lembra de mim aqui?
Enfim, espero mesmo que lembrem! Voltei para o Nyah e o mundo das fics, hihi. Aliás, tenho outra Frerard, vejam no meu perfil.
Ahh, me desculpem pela demora, sim?
Espero reviews.



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Acordei no outro dia sentindo como se minha cabeça estivesse a ponto de explodir. Olhei para o despertador e percebi que a primeira aula já havia começado.

Levantei rapidamente, vestindo meu uniforme que se encontrava jogado em algum canto do quarto, e, logo após, pegando minha mochila e descendo as escadas.

Hoje seria um dia fodido, disso eu tinha certeza. Eu tinha sorte pelo fato de já ter passado das sete e meia e não ter mais ninguém em casa, fora eu. Pois, se tivesse, eu estaria ainda mais fodido. Minha cabeça ainda parecia que ia explodir e eu sabia que, se isso não acontecesse, meus pais me explodiriam por completo quando chegássemos em casa pela parte da tarde.

E, sinceramente, eu não fazia a mínima ideia do motivo de eu ter falado para todos que eu havia beijado o Frank. Fora o álcool, é claro.

Adentrei os portões da escola, encontrando-a vazia. Claro, todos já estavam na primeira aula.

Sentei em um dos bancos que tinha no pátio da escola, usados no intervalo. Peguei meu caderno de desenhos e comecei a traçar algumas linhas aleatórias, apenas para passar o tempo. Não valia a pena entrar na primeira aula, afinal. E, bom, nem eu queria. Preferia dar uma desculpa qualquer e entrar na segunda mesmo.

Enquanto estava sentado no banco, observando os arredores da escola – os quais eu ainda não conhecia – percebi que não estava sozinho. Eu não era o único que não havia entrado na primeira aula.

Mais a minha frente, um garoto atrapalhado passava pelo portão da escola e se dirigia para a entrada principal, apressado.
Puxei uma das folhas do meu caderno de desenhos e amassei-a, formando uma bola muito mal feita. Lancei-a na direção do garoto, acertando-o no ombro direito. Ele virou para o lado, com a expressão de quem está irritado. Eu sorri.

Ao ver que era eu, ele sorriu também e se dirigiu ao banco.

– Gerard, o que você faz aqui? – Perguntou, sentando-se ao meu lado.

– O mesmo que você... Matando aula e tentando me livrar de uma ressaca desgraçada. – Respondi, sorrindo.

– Na verdade, eu não fiquei com resscada. Não bebi nem metade que você. – Ele riu. – Apenas me acordei tarde e, bom, não me incomodei em matar a primeira aula.

– Sua cara de santo não faz jus ao seu comportamento indevido, Frank. – Agora foi minha vez de rir de leve.

Após isso, ficamos sentados em silêncio. Mas um silêncio bom de ser compartilhado.

– Está afim de participar das próximas aulas ou quer andar por aí? – Perguntou ele, sorrindo de canto. – Pois, sinceramente, eu não tenho a mínima vontade de continuar aqui e ter que ouvir os professores falando merda por eu ter faltado a primeira aula.

Virei-me para ele, observando-o. Frank realmente parecia ter uma inocência escondida, inocência essa que eu havia perdido há anos. Era algo que me puxava para ele...

Quando percebi, já estava sorrindo enquanto olhava para ele.

– Gerard?

Eu não havia respondido sua pergunta.

– Ah, sim, claro. Vamos! – Eu falei, rápido demais, enquanto levantava e tentava não mostrar minha cara vermelha.

Ele sorriu bobo, levantando-se também.

Andamos alguns quarteirões após sair da escola, sem trocar uma palavra. E não era preciso, realmente. Trocavamos alguns olhares e sorrisos, às vezes, mas nada mais.

– Aonde vamos? – Perguntei.

– Starbucks. – Ele respondeu. – Gosta de café? Sempre ouvi falar que café forte ajuda a curar ressaca.

– Amo café! – Comentei, sorrindo.

Ao chegarmos, Frank se dirigiu a uma das mesas que ficavam no canto direito do lugar, uma das únicas que não estava lotada. Eu o segui, após fazermos o nosso pedido.

– Então, Gerard, me conte mais sobre você. – Ele disse, com um sorriso doce nos lábios e me olhando nos olhos.

Eu não sabia, realmente, como descrever. Não sabia se eu deveria falar sobre Robert e o resto, não sabia se isso não seria informação demais. E, bom, informação demais não é bom, pois faria-o se afastar de mim.

– Bom... – Comecei, hesitante. – Meu nome é Gerard Way, tenho dezoito anos e estou no terceiro ano do ensino médio. – Falei, sorrindo amarelo. – Agora você.

Ele rolou os olhos, ainda sorrindo.

– Não isso, Gerard. Isso eu já sei! Me fale sobre o que gosta de fazer, sua vida em Jersey, suas bandas favoritas e coisas do tipo... – Falou, com aquela cara de quem fala algo óbvio

– Ah, sim. Então... Eu gosto de desenhar e ouvir música, mesmo eu sendo um merda em desenhos. – Ri, sem graça. – Bom, em Jersey eu costumava...

– Aposto que não. – Ele disse, me interrompendo.

– Como?

– Aposto que não é um merda desenhando. – Ele disse, me lançando um olhar reconfortante. – Posso ver algum?

– Eu, uh, não tenho nenhum aqui... – Menti.

Eu percebi que não não havia acreditado na minha mentira porque, bom, eu sou um péssimo mentiroso, e sabia disso. Mas apenas desvivei meus olhos dos seus, bebendo meu café.

– Agora você.

Ele bebeu um gole do seu café também, e depois fez um longa pausa, como se procurasse as palavras certas.

– Bom, como já sabe, meus pais se mandaram há algum tempo... Então moro sozinho. Só eu e meus cachorros. – Ele riu. – Eu gosto dos Misfits e de tocar guitarra, mesmo tocando muito mal...

– Aposto que não. – Eu falei, fazendo-o rir de leve. – Você não sente falta deles? Você sabe, seus pais...

– Não sei. Às vezes sim, outras, não. Eu sinto falta de ter pais normais e atenciosos, mas eles não era assim... Então acho que não. – Respondeu, terminando seu café.

– Sempre quis fazer isso. – Falei, terminando o meu também. – Sabe, ir embora e deixar todos para trás. Uma vez, Bert e eu combinamos de... – Percebi que estava começando a falar demais, e calei minha boca. Mas fora tarde demais, pois ele já me olhava confuso.

– Quem é Bert?

– Um... um idiota. – Sorri, sem graça. – A história é longa.

– Eu tenho tempo. – Ele sorriu também. – Se quiser falar, estou aqui.

Respirei fundo e escolhi minhas palavras cuidadosamente. Contei tudo a ele, desde o começo, até o fim. Quando terminei, ele sorriu novamente.

– Que bom que saiu de lá. – Olhou-me nos olhos. – Eles não se preocupava com você... E você precisa de alguém que se preocupe.

– Tem razão. – Falei, sem graça. O olhar dele estava me fazendo corar pra porra. – Então, uh, terminamos o café... Algum outro lugar para irmos?

Ele sorriu ao ver que eu já estava vermelho, apenas piorando a situação.

– Tem uma loja de CDs a alguns quarteirões daqui, se quiser ir...
Levantamos, pagamos os pedidos e saímos.

Aquela era, realmente, uma cidade muito bonita. Morávamos no subúrbio, então não tinha toda aquela movimentação típica de centro de cidade. Apenas víamos casas e alguns parques espalhados. Até as ruas eram meio desertas.

E aquela falta de gente e de barulhos estava me incomodando. Aquele silêncio estava, pela primeira vez no dia, me incomodando. Eu queria quebrá-lo a qualquer custo, mas tinha medo de falar algo errado... E dava a perceber que Frank pensava na mesma coisa.

Ele já sabia sobre a minha sexualidade, é claro. Eu havia falado sobre Bert. Mas eu não sabia da sua e não sabia como agir o que fazer.

E eu me sentia um idiota por isso.

– Frank? – Perguntei, hesitante.

– Uh?

– Você... tem namorada?

– Não. – Ele deu um meio sorriso, sem mostrar os dentes.

– E não está afim de ninguém? – Ele fez que não com a cabeça. – Vamos, Frank... – Dei um soco de leve em seu braço. – Todos sentimos atração por alguém... Vai me dizer que você não?

– Na verdade, Gee, isso é complicado... Venho tendo uma batalha sem fim com a minha mente quando o assunto é "sentir atração por alguém". Sabe, é difícil... É confuso.

Ele me olhou como alguém que havia se conformado com uma situação indesejada. Olhei-o confuso.

– O que você quer dizer com...

– Chegamos.


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