Maybe Memories. escrita por biamcr_


Capítulo 5
Novos amigos.


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora, eu juro que foi sem querer hehe Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182907/chapter/5

Os dias que se seguiram foram todos iguais. Ou seja, todos foram um tédio. Mikey ficava o dia todo enchendo o saco e pedindo para alguém leva-lo para comprar jogos de vídeo game; meu pai não parava mais em casa, pelo fato de ter virado gerente da nova loja; minha mãe passava o dia todo ligando para as escolas, tentando achar uma com preço bom. E eu? Ah, e não fazia absolutamente nada! Tentei dar umas voltas pela cidade, mas desisti quando quase me perdi. Eu ainda não conhecia ninguém, fora o menino que derrubara as minhas malas no dia em que cheguei à cidade.

– Gerard? – Minha mãe chamou do outro lado da porta entreaberta, abrindo a mesma. – Já falei com as escolas. Vocês começam amanhã de manhã. O lugar é perto daqui, e parece ser uma das melhores da região, até consegui desconto!  – Completou, feliz. – O jantar já está quase pronto.

Apenas concordei com a cabeça e me virei para o outro lado da cama, desligando o abajur. Nossa casa já estava completa agora, já havíamos arrumado as coisas pessoais e comprado os moveis que faltavam. E, ah, Mikey ganhou um baixo. E adivinha quem tem o quarto ao lado do dele e não pode mais dormir de manhã? Sim, eu.

Passei mais um tempo observando para fora da janela que se encontrava perto da minha cama e acabei dormindo. Um longo dia me esperava na próxima manhã.

– Gerard, seu inútil, acorda logo! – Mikey gritava, quase espancando a pobre porta do meu quarto. – Se você não acordar, vamos sem você! – E saiu rindo.

Olhei o relógio da parede e percebi que o mesmo marcava seis e meia da manhã. Murmurei um palavrão qualquer, desacostumado com o fato de acordar cedo e sentindo falta de estudar à tarde. Após levantar, vesti uma roupa qualquer e desci as escadas, levando minha mochila comigo.

– Então, quem vai nos levar? – Perguntei, bebendo uma xícara de café e olhando para os meus pais.

– Seus pés. – Respondeu meu pai. – Eu estou atrasado para o trabalho e não tenho tempo. – Terminou, dando um beijo no rosto da esposa e saindo.

– E eu não sou acostumada a dirigir, ainda mais em cidade grande! – Disse minha mãe, quando lançamos olhares de cobrança a ela. – Então, meninos, vão ter que ir à pé. Este é o endereço. – Entregou-me um papel amassado – Boa sorte e tentem chegar na hora.

Terminei minha xícara de café em um tempo extremamente rápido e saí, puxando Mikey comigo e fazendo-o reclamar que não tinha comido o suficiente ainda.

– Estou em fase de crescimento! – Ele dizia a cada cinco minutos. – Ao contrário de você, que come como um porco e já cresceu tudo o que deveria, principalmente para os lados. – Riu.

– Será que você poderia calar a boca? Estou tentando achar a maldita rua, ou vamos acabar perdidos em uma cidade que nunca estivemos antes. E olha que a cidade é grande.

O resto do caminho foi assim. Mikey reclamava que estava com fome, cansado e que queria voltar para casa. Ah, e que eu era um idiota. Eu fiquei o tempo todo tentando não me estressar com o meu irmão e pedindo informações para os moradores que eu via pelas ruas.

– Então, é aqui? Nossa, que grande! Sou capaz de me perder aí dentro. – Disse Mikey, olhando para o prédio.

– Para de drama e vamos.

Adentramos o pátio do lugar, que era realmente grande. Logo na chegada, conseguimos ver os grupinhos já formados. Os caras grandes e fortes, alguns com a camisa do uniforme aberta para mostrar o corpo; as garotas que andavam os seguindo, com os uniformes tão curtos e apertados que não consigo imaginar como conseguiam se mexer... E o pessoal normal, os excluídos. É incrível como, em todas as escolas, tem isso. O pessoal popular, que se resume nas vadias e os fortões, e os que estão pouco se fodendo pra popularidade, ou os que não a conseguiram. Tão típico, tão clichê.

Eu e Mikey fomos forçados a parar de novo para pedir informações, já que não sabíamos a localização das nossas salas de aula. Após uma passada na diretoria da escola, rumamos um para cada lado, já que ele ainda estava no ensino fundamental, e eu no médio.

Ao entrar na sala, tive sorte de perceber que havia ficado em uma sala em que os normais eram maioria. Não se via muita garota puta, nem muito cara forte. Mas, mesmo assim, eles me olhavam diferente. Claro, como eu já disse, os grupinhos já estavam formados. E, sinceramente, até eu mesmo me olharia torto se me visse na rua.

Consegui um lugar quase no fundo da sala e a aula se seguiu normal. Os professores eram chatos, como sempre, e o pessoal não calava a boca. Quando fui chamado à frente da sala para me apresentar, ninguém riu nem fez cara feia. Tudo normal, até aí.

Quando o sinal finalmente bateu, todos saíram correndo dos lugares que se encontravam.  E novamente eu digo: tão típico. Como eu sabia que iria me perder lá dentro se me deixasse ficar sozinho na sala, resolvi entrar no amontoado de gente.

Tudo estava indo bem, já estava conseguindo chegar ao final do corredor... Quando a mochila que eu segurava fracamente com apenas um braço voou no chão, por causa de um encontrão dado por alguém que saia de uma das salas do segundo ano.

– Me desculpe, eu não te vi. – Disse o garoto apressado, seguindo seu caminho.

– Você nunca vê, não é mesmo? – Falei alto e ele se virou para mim. – E, pelo jeito, não gosta de me ver segurando coisas.

– Ah, Gerard?! – Ele disse, voltando para o lugar em que eu me encontrava, enquanto eu me abaixava para pegar a mochila que havia caído. – Juro que não te vi. Eu estava apressado e não costumo olhar muito para frente enquanto caminho, e...

– Eu percebi. – Falei e ele riu, sem graça.

– Mas, então, eu não sabia que você estudava aqui... – Comentou ele, que agora já estava ao meu lado e me acompanhava no caminho de volta para o pátio da escola. – Vem, vamos encontrar uma mesa.

Todas as mesas estavam lotadas, como era de se esperar. Corri os olhos pelo pátio todo, até achar uma única mesa que só tinha uma pessoa.

– Vem. – Falei, começando a caminhar em direção a tal mesa. – Conheço aquele cara.

Frank hesitou, mas me seguiu.

– Ray? – Perguntei. – Podemos sentar aqui? As outras estão cheias...

– Ah, claro que podem! – Disse ele, sorrindo. – Eu estava mesmo me sentindo meio sozinho por aqui...

– O Brian não veio para cá também?

Frank nos olhava confuso, pelo fato de não estar participando da conversa.

– Ele vinha, mas decidiu ligar para os pais e dizer que preferia achar um emprego a estudar aqui, então... Creio que estou sozinho nessa. – Sorriu sem graça.

– Somos dois, então. – Respondi. – Também estou meio sozinho nessa.

– Obrigado, Gerard, por esse comentário. – Disse Frank, me fazendo rir. – Mas então, de que ano você é, Ray? Nunca te vi por aqui. – Perguntou, curioso.

A conversa se seguiu assim. Nós três conversávamos, nos conhecendo melhor. Aquele foi um bom primeiro dia de aula, sim. Eu mesmo não teria imaginado que seria tão bom assim. Frank morava perto da minha casa e Ray pegava o ônibus lá perto também, então resolvemos fazer o trajeto juntos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!