- Você não parece muito preocupada. Ela não é jovem demais? – o pequeno gato perguntou olhando para sua ama.

- Ela é bem madura para a sua idade e ninguém tem mais afinidade com os gatos do que ela. Você sabe como é difícil encontrar humanos com alma felina, não sabe?

- Sei. Os que você encontrou até agora podem ser contados com os dedos das minhas patas. Mas ainda assim eu acho que ela é bem jovem.

Ela deu de ombros, exibindo seu sorriso de gato.

- Jovens crescem, não crescem? Pois bem. Ela vai crescer.

- Então por que não esperamos?

- Porque não vejo motivos para esperar, ora! – sua cauda balançava no ar, demonstrando um pouco de impaciência. Por que aquele bichano tinha que ser tão chato?

- E quando você dará para ela?

- Hum... primeiro, ela tem que passar em um pequeno teste. Você sabe que eu não dou nada de graça. Se ela passar, irá receber esse maravilhoso dom.

- Não entendo... você parece tão confiante com essa humana... por que então fazer um teste?

- Porque eu não quero correr nenhum risco. Prefiro ter certeza da escolha que estou fazendo. Ela vai passar, eu sei. Essa menina é mais forte do que parece.

- Você acha que vai dar certo? Quer dizer, parece que as coisas andam ruins lá em baixo.

- Tudo isso por causa da teimosia deles, que insistem em viver separados do mundo e trancados em uma torre de marfim. Só espero que eles percebam o quanto essa moça é especial e passem a escutá-la como ela merece.

- Eu também. Senão, acho que as coisas irão piorar muito e adeus Reino dos Gatos...

- Seria uma pena... mas não, vai ficar tudo bem. Você vai ver. Vamos confiar na nossa escolhida para ajeitar as coisas.