Amizade do Desiludido                               

Me desculpa...

            Eu observei calada você vestir as asas do amor. Não proferir uma única palavra sobre o perigo que é levantar vôo com essas penas inseguras. Deveria ter feito isso. Era minha obrigação de amiga alertá-lo dos vários percursos que essas assas poderiam arrastar você. Principalmente porque eu já tinha conhecido um deles há 4 anos atrás...

            Não tive coragem em tentar preveni-lo.  Você estava tão contente... tão radiante. Tive medo de estragar toda sua felicidade ao lhe mostrar uma possibilidade amarga que agora tornou seu presente.  Um possibilidade cruel que, se dependesse de mim, nunca aconteceria, nunca se concretizaria...

            Mas, agora é tarde demais. Suas asas perderam força e você caiu violentamente no chão.

            Sangue.. sangue.. sangue! Vejo seu sangue, espalhado por toda parte, Seus ossos estão quebrados, suas asas estão feridas e seu coração agoniza na lâmina gélida da desilusão.

            Não lhe orientei sobre o vôo... não impedi a mudança da rota... não lhe segurei quando você caiu...

            Não fui uma verdadeira amiga, por isso peço perdão...

            No entanto, prometo que dessa vez será diferente. Você caiu, se machucou, mas ainda está vivo. Irei lhe ajudar a se levantar e a cicatrizar cada uma de suas feridas...

Isso vai levar tempo, eu sei. Principalmente, para juntar os pedacinhos dilacerados do seu coração... Mas, nutro a esperança de que me empenhando nessa tarefa talvez consiga cura-lo. Talvez, consiga ser, em fim, uma amiga verdadeira...