Heróis 

Heróis...

Tá aí algo que sempre me instigou curiosidade...

Qual seria a definição perfeita para herói?

Lembro que quando tinha 8 anos,  costumava associar essa palavra somente às pessoas dotadas de poderes sobre-humanos que dedicavam sua vida para proteger os fracos e oprimidos. Pessoas que surgiam quando a situação era apenas o caos, trazendo conforto e segurança a todos os injustiçados e marginalizados do mundo. A palavra “herói”, naquela época, referia-se somente a indivíduos como Superman, Homem-Aranha, X-Men, Cavaleiros dos Zodíacos, He-man, Xena, Flash, Thor, Capitão América, Mulher Maravilha...

Com tempo, esse conceito sofreu uma ampliação. Passei a admirar seres humanos de carne e osso que também possuíam poderes, só que estes, no entanto, eram mais reais. Passei a empregar o termo herói aos indivíduos que dedicaram suas vidas para concretizarem empreendimentos grandiosos. Estes acarretavam um grande poder seja político, econômico, militar ou de, simplesmente, influenciar pessoas.   Seus atos poderiam ser descritos como “belos espetáculos” embora alguns tenham sido sinistros ou até mesmo cruéis. Seus nomes ficaram gravados para sempre na história, afinal quem não conhece Napoleão Bonaparte, Elizabeth I, Catarina a Grande, Gandhi, Aníbal, Átila, Alexandre o Grande, Júlio César, Cleópatra, Zumbi dos Palmares, Maria Quitéria, Giussepe Garibaldi, Barão de Mauá. Getulio Vargas Antonio Conselheiro, Olga Bernário?

Depois, percebi a existência de outros tipos de heróis, um tipo mais humano, mais real. Isto porque meu conceito de poder agora tinha ganhado uma nova percepção. Para mim, poder seria um dom, um talento com qual você nasce e que o faz, consequentemente, se destacar dos demais. Escritores como Machado de Assis, Clarisse Lispector, poetas como Cecília Meireles e Vinicius de Morais, atores (Bruce Lee, Charles Chapolin), reportes (Xinran) e até, por que não, jogadores de futebol!!!

Embora minhas percepções a cerca dos heróis mudassem à medida que envelhecia,  dentro de mim, a procura pela definição do que é herói continuava a persistir. Talvez, por eu ser uma fanática por desenhos animados em geral. Ou quem sabe, por que é inerente ao ser humano a necessidade de buscar um “super-herói” , transformando-o em um símbolo de esperança nesse mundo insano que vivemos.

Só sei que  a principal coisa que aprendi nessa busca é que o que define um herói não são seus poderes, suas ações ou palavras, mas suas decisões. E quando digo “decisões” não estou referindo aquelas grandiosas como qual faculdade cursar, qual empresa trabalhar ou qual o melhor lugar para se comprar um apartamento. Refiro-me as pequenas decisões, aquelas que são tão pequenas e corriqueiras que passam despercebidas pelos nossos olhos.  É, por exemplo, passas horas brigando com o fotolognet para criar um espaço para sua irmã de consideração, atazanar as funcionárias das lojas de esportes, falar besteiras durante um filme de terror, fazer licenciatura para ser professor, mudar de cidade para cursar o que você ama ou para ficar com QUEM ama, recomeçar sua vida após tê-la construído ao lado de alguém, passar uma tarde jogando RPG com os amigos, ter a coragem de levantar após uma queda...

São essas decisões que, cedo ou tarde, tomaremos que definirão nossa vida. São essas decisões que irão fazer de nós, meros mortais, em super-heróis excepcionais. Pois, a vida é uma constante luta contra os violões chamados medo, raiva, desespero, angustia, saudade, dor, egoísmo, hipocrisia. E estarmos vivos, fazendo decisões que determinaram nosso futuro, é a prova de que vencemos essa batalha diária. Somos heróis porque continuamos a nossas vidas, apesar das lágrimas e sangues derramados...