Palavras na Brisa Noturna escrita por Charichu


Capítulo 1
Sou




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Sou, antes de tudo, um reflexo da minha família. Não só a herança daqueles que me antecedem estão registrados nos meus genes (mesmo que nem sempre meu biótipo reflita isso com exatidão), como também a minha forma de ver o mundo. Minha educação, meus medos, traumas, objetivos, virtudes e até defeitos! Sim, quantas vezes já não me peguei, criticando uma atitude que me desagradou com a tão antiga frase “Meus pais não me educaram assim!”? Ou até mesmo cometendo um ou dois erros que, quando foram com eles, eu chiei e jurei jamais fazer igual?

Sou também a imagem dos meus queridos amigos, esses seres maravilhosos que tive a sorte de conhecer e a capacidade de manter. Amigos antigos, amigos novos, amigos distantes, amigos íntimos... há tantos amigos e com tão variados nomes que provavelmente esqueceria um ou dois se fosse citá-los. Não por serem  menos especiais, mais sim porque é uma tarefa árdua mergulhar e descobrir no ser complexo que sou, qual parte pertence a qual amigo, de tão fundidas que elas se encontram no momento.

Além disso, sou uma mistura de J.K. Rowling, Sir Arthur Conan Dyle, Clarisse Lispector, Cecília Meireles, Machado de Assis, José de Alencar, André Vianco, Carlos Drummond, Eça Queiroz, e tantos outros autores, poetas ou prosadores, que usaram da sua peculiar habilidade com as palavras para preencher tantas páginas vazias do livro da minha vida. Foi com eles que desenvolvi o mais belo dom do mundo: a imaginação. Basta um pouco dela, um papel e uma caneta para dar vida a heróis, violões, criaturas e universo nunca visto antes, com a mesma facilidade que Deus deu vida ao homem.

E não se esqueça da música! Existe união mais perfeita do que as das notas musicais em harmonia? Não importa se ela seja trágica, bela, alegre ou triste... muito menos se é inglesa, americana, francesa, japonesa, brasileira. Basta que a música possua a capacidade de atingir as zonas mais inesperadas do meu ser, fazendo-o vibrar ao som de sua sinfonia!!

Sou aquilo que vejo, ouço, cheiro, toco, penso e sinto.  Sou a reação daquilo que está a minha volta, pois não agüento ser apenas eu, preciso dos outros para me manter em pé, tão tonta e fraca que sou. Sou aquele vazio angustiado que não se contenta com o pouco que conseguiu preencher ao longo das duas décadas de vida. Não, anseio e sinto uma saudade angustiante daquilo que não vi, ouvir, cheirei, toquei, pensei, senti e vivi. Pois bem sei que aquilo que sou não passa de uma mera gota do oceano daquilo que ainda me tornarei.

Mas sou, acima de tudo, um pedaço do reflexo de seus olhos que, somado com a imagem que outros têm de mim, formam o grande ser inefável que sou.    


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