A Maldição De Anúbis escrita por Mah Nunes


Capítulo 19
Capítulo 19




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Ao perceber que ela o encarava por tempo demais e, principalmente, que ele também não conseguia desvia o olhar dos olhos lilases dela. Ele então resolveu dar alguns passos para mais perto da queda d’água . Pegou um pouco da água e jogou pelo rosto tentando se recompor. Ela sempre fora sua maior fraqueza. Sendo ele considerado aquele que é o mais próximo de deus, não poderia deixar que a presença dela ali por perto arruinasse anos de treinamento duro.

“Ter fraquezas só te faz fraco quando não souber aprender com elas” Lembrou-se das palavras de seu mestre.

Uma coisa que Shaka odiava admitir era ter fraquezas. Sempre as eliminava com muito treinamento. Se privava de sua própria visão, por ela não lhe mostrar o além que queria ver. Se lançou em uma jornada a sua terra natal quando se deu conte uma de suas maiores fraquezas. A amazona permanecia sentada esperando que o virginiano se explicasse. Podia até fazer muito tempo desde que haviam se encontrado a primeira vez, mas uma das coisas que mais aprendeu com ele é que não adiantava forçá-lo a falar, ou mesmo perguntar demais. Se ele assim quisesse, contaria com o tempo.

-- Sempre tão introvertido. Não mudou nada – comentou ela para si mesma e rindo dos sutis sinais de nervosismo.

-- Eu sei, nunca fui do tipo que expressa o que sente com tanta facilidade. – respondeu ele enquanto voltava ao lado dela

-- Desculpe, não foi a intenção de magoar

-- Não se preocupe, não magoou – disse mexendo nos cabelos tentando encontrar as palavras de um discurso que ensaiou muito antes de vê-la

Um silencio incomodo se instalou entre os dois. No momento em que a musa tentou quebrar o clima constrangedor, se calou ao perceber que ele faria o mesmo. No entanto ele acabou desistindo do que ia falar

-- Acho que ainda não te agradeci por ter ido me salvar. – ela se levantou e se colocou de frente ao cavaleiro, envolveu a mão dele entre as suas e olhou firme em seus olhos – Muito obrigada Shaka

Ela fez menção em abraçá-lo, mas se conteve. Talvez isso teria sido ir longe demais para o frio virginiano. Sorriu timidamente para ele soltando sua mão. Então tomando fôlego e juntando forças se afastou dele. Era, ainda, torturante demais ficar ali perto dele.

“Tantos anos passaram e esse maldito sentimento ainda não morreu” Pensou com amargura, repreendendo as lágrimas que já ameaçavam brotar.

Seria clichê se dissesse que ele segurou pelo pulso, puxou-a de encontro a ele então a beijou. Ah, espera nosso italiano quase fez isso, não é?

Shaka não segurou-a pelo braço. Ficou la paralisado alguns instantes ouvindo os passos dela se distanciarem.

“Seria melhor assim. Eu poderia continuar com meu treinamento. Teria sai o adeus que nunca dissemos” pensou o indiano “Se isso é o melhor, por que não me sinto bem? A mesma sensação da outra vez. Algo foi arrancado de mim, de novo. Esse vazio, dói.”

O virginiano correu de encontro à pisciana, parando na frente dela. Sentiu uma pontada aguda dentro de si ao ver que ela se quer percebera que ele estava ali. Ela estava andando de cabeça baixa, esfregando os olhos com força. Como se quisesse colocar algo de volta para dentro.

Ele a envolveu fortemente em seus braços. Assustada, Nefertiti o encarou com os olhos molhados e as bochechas vermelhas.

-- Me perdoe – disse ele acariciando o rosto dela. Ela lançou um olhar de duvida, não entendera o que o loiro dissera – Me perdoe por ter sido covarde. Por nunca ter admitido ter tão fortes sentimentos por você. Me perdoe por ter fugido de você por todos esses anos.

Os olhos já inchados e encharcados da musa se arregalaram ao perceber que algo escorria pela face dele. Ela esticou os dedos tocando a primeira gota de lagrima que abria caminho pelo rosto dele. De tudo o que já havia visto do cavaleiro, nunca imaginou vê-lo chorar um dia.

Ele segurou firme a mão dela e fixou o olhar marejado nos olhos lilases cintilantes. Aproximou seu rosto ao dela, encostando seus lábios aos dela. A surpresa por parte da musa estava nítida. Não podia negar que já havia sonhado algumas vezes com um momentos desses, mas não esperava que realmente acontecesse.

O beijo ia se tornando mais intenso ao perceberem que ambos sentiam o mesmo. Desde o pouco tempo juntos, durante tantos anos afastados e agora juntos novamente. Nada mudara. Estavam os dois como no dia em que conheceram no templo.

-----X-----

-- Onde está Nefertiti? – perguntou Pandora maliciosa, já havia notado a falta de um loiro ali também

-- Sei la. – desfez Cassandra já repreendendo a irmã com um olhar

-- Ah, ela encontra a gente no templo das musas. Vamos logo – Lena ignorou as faíscas das irmãs e saiu puxando Shun para que mostrasse o caminho do templo – te devolvo ele depois Athena – brincou

Em meio as risadas do povo animado a sua volta, Perséfone se aproximou de seu antigo mestre. Ele já sabia de que se tratava. Assim que ela se encostou na pilastra ao lado dele, ele a puxou para onde pudessem conversar sem curiosos por perto.

Quando ele parou, poucos passos a frente dela, então se virou para ela.

-- Ela esta bem não é? – foi direto ao assunto. Ela conhecia bem o lugar onde estavam.

Oliveiras na Grécia é uma espécie totalmente comum de se encontrar em florestas, mas naquela parte não nascia nenhuma oliveira. Apenas coníferas dominavam aquele pedaço de floresta. Por vezes uma espécie ou outra de arvores diferentes aparecia timidamente por entre os pinheiros.

O aroma almiscarado dominava o ar naquele lugar. Perséfone podia ouvir o aquariano lhe dizer “Mais uma vez!”, “Não! Não é assim” ou “Eleve mais seu cosmo!”. Estava perdida em meio as lembranças do seu curto treinamento com ele ali. O aquariano podia ver em seus olhos que sua mente estava em outro tempo. Ele olhou em volta procurando algo um ponto rosado em meio a uma aquarela verde na paisagem.

Ele se esticou para alcançar uma pequena flor, simples, mas bela que se aconchegava em meio aos galhos de um pinheiro. Então voltou-se a musa e estendeu a flor a ela. Desperta de seus devaneios, fitou a flor algum tempo até aceitá-la.


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