Nefertiti estava confusa com as palavras da deusa. Saori e Sango não acreditavam no que ouviam. Apollo sentia algo dentro dele reacender. A musas observavam atentas à conversa, incrédulas.

-- Se é verdade. Como posso ter passado todos esses anos sem nem ao menos saber disso. Sem nem ao menos me recordar de algo assim. – suas palavras desafiavam a revelação da mulher

-- Quando Osíris lhe revelou como poderia reverter a situação dos seus deuses aqui, alguns assassinos foram enviados atrás de você. – seu olhar era assombrado por cenas cruéis do passado – Lembro-me de lhe ajudar a trocar sua alma de corpo. Naquele dia, uma nova Árthemis foi criada, seu verdadeiro corpo esta guardado em uma construção no Egito em sua homenagem. Sua alma foi colocada no corpo de uma de minhas filhas. Cleópatra havia se suicidado mesmo, não haveria problemas em usar seu corpo. Desde então a alma de Árthemis tem reencarnado em egípcias. Nesse caso, descendente de egípcia. – a mulher sorriu docemente para jovem

Lena, tão perdida quanto suas irmãs decidiu tirar uma prova da confissão de Ísis. As musas em cada geração deveria proteger à um deus ou deusa e para lhes ajudar nessa missão, cada uma delas recebeu um amuleto sagrado que poderiam trazer à tona em seu protegido todo seu poder divino como se este estivesse em seu próprio corpo. Lena sem hesitar foi coletando os amuletos de suas irmãs e aproximando-se de Nefertiti, lhe entrega as relíquias.

A musa mesmo sem entender a intenção de sua irmã menor estende as mãos para recebê-los. Antes que os amuletos tocassem suas mãos os 8 se uniram ao nono amuleto no pescoço de Nefertiti. Eles se movimentaram em sua órbita brilhando intensamente. Seu cosmo se elevou de forma violenta sem que ela mesma pudesse conter. Sua armadura de musa em seu corpo foi tomando novas cores. Se tornando a verdadeira kamui da deusa Árthemis.

Todos ali estavam mais que perplexos com aquela cena. Como era possível? Sango sentia-se humilhada, envergonhada por ter sido enganada por tantos anos. Poderia até mesmo ter levado uma vida normal, longe dessas batalhas, caçadas, lutas e treinos. Longe até mesmo do seu verdadeiro irmão, agora corpo temporário de Apollo.

-- Eu... e-eu me lembro – as palavras saíram meio falhas. Como que em duvida se deveria ser mesmo ditas. Poderia ser apenas sua imaginação viajando nas palavras da deusa egípcia

Sua boca estava aberta, os olhos marejados, expressão perplexa, uma mistura de sentimentos ruins lhe consumindo. Sango havia sido enganada, iludida, moldada desde que fora encontrada pelos sacerdotes dos templos junto à seu irmão. Haviam feito dela uma isca descartável para que nada nunca realmente acontecesse de ruim à verdadeira Árthemis.

Apollo, ainda nos braços da irmã, não conseguia digerir os fatos. Sempre vira sua irmã Sango como sua irmã Árthemis. Nefertiti não passava de mais uma das musas. Era apenas uma das acompanhantes de sua irmã e agora se mostrava como “a verdadeira Árthemis”? Como isso era possível? Seria mesmo verdade o que aquela deusa egípcia dizia.

Nos cavaleiros de Athena que estavam próximos e nos guerreiros platina de Apollo a expressão era a mesma. Perplexidade. Choque. Descrença.

-- Acho que essa é um assunto delicado que devemos tratar em outro lugar. Poderíamos ir até meus aposentos conversar. – sugeriu Saori pressentindo uma explosão de Sango.

Os santos de ouro de Athena abriam caminho entre os outros cavaleiros para que as divindades pudessem passar. Ísis fazia menção de se retirar, sabendo que essa parte não era de sua conta, Sango adiantou-se e segurou seu braço firmemente.

-- Nem pense em sair. Você irá conosco. A culpa dessa confusão é toda sua.

Sango não sabia, mas Ísis já estava começando a ficar nervosa com essa bagunça. Apesar de ter permitido que Árthemis utilizasse o corpo de sua filha, ela não imaginava que as ações da grega pudesse fazer com imagem que sua filha tentou manter.

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Dentro da sala do mestre somente duas musas, Saori, Apollo, Nefertiti, Ísis e Sango estavam conversando. Sango se controlava para não demonstrar seus ressentimentos ou sua angústia com toda aquela história.

-- Não sei por que ainda estou aqui. Vim somente para repassar o recado de Anúbis e já o fiz.

-- Você não vai a lugar algum, egípcia caótica. – Hipólita lhe tocou o braço tentando acalmá-la. Sango puxou o braço de volta e continuou – tudo estava perfeito até você chegar. Você é o ponto de partida de toda a minha ruína. Foi tudo culpa sua e da sua gente.

A deusa estava irada. Sango não podia ter explodido em pior hora. Ísis mostrava sua aura poderosa prestes a engolir Sango pela insolência.

-- Basta! – a forma como Nefertiti se impôs entre as duas fez a deusa egípcia se conter – Eu lamento pela forma que sua filha ficou conhecida na história, por minha causa. Lhe pagarei por isso na forma que quiser. – As memórias de Árthemis invadiam a mente da musa

-- Isso não me interessa. Agora já é tarde. Ao menos me contento com sua disposição e lamento. – ela fazia a menção de se retirar então olhou para Nefertiti mais uma vez e disse – Caso eu precise de algo, é bom que esteja pronta a me ajudar como agora

-- Estarei. Me perdoe – ela não sabia se Ísis havia ouvido suas ultimas palavras antes de desaparecer nos raios de sol. – Sango, é até estranho lhe chamar por esse nome depois de tanto tempo. Me perdoe por isso. Se eu pudesse passaria isso para você. Você, afinal, é a mais preparada para esse poder. Eu nunca tive a intenção... – Sango levantou a mão pedindo que parasse de falar

-- Eu sei de seus sentimentos. Não preciso de suas desculpas. Ainda me lembro de seu juramento de lealdade, sei que foi sincera em cada palavra. Não precisa tentar me convencer de nada – ela tentava esconder o rosto dos outros olhares, sabia que as lágrimas estavam prestas a correr.

-- Sango... – Saori caminhava a seu encontro

-- Tudo o que eu não preciso é da sua compaixão deusa caída. – ela já não conseguia se conter. As lágrimas corriam pelas bochechas vermelhas – Eu seguirei com meu treinamento. Serei ao menos uma boa sacerdotisa para Árthemis. – Ela seguiu em direção à saída da sala apressada.

Apollo saiu depressa atrás dela. Ninguém os impediu.

-- Então... o que faremos agora? Nef... er... Árthemis?! – Falou uma insegura Perséfone

-- Ainda somos irmãs, não quero me tratem diferente de como antes. – Nefertiti sorria ternamente à sua irmã – Sei que a alma de Árthemis esta em mim, mas ela não parece querer se manifestar tanto. Então enquanto for assim, quero que tudo continue como sempre foi

-- Serão sempre bem vindas aqui. A hora que quiser venha me visitar, minha irmã. – Saori estendia os braços para Nefertiti, que não negou um abraço.

Elas então se reuniram aos amigos cavaleiros de ouro.

-- Então... o que farão agora? – Aioros meio triste já com um dos braços sobre os ombros de Lena

-- Não quero ir. Logo agora que reencontramos eles – Iara dizia meio envergonhada, olhando discretamente para Shiryu