The Prophecy escrita por KarolCullen, KarolCullen02


Capítulo 1
Capítulo Único - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que todos gostem! Pois foi feito com carinho. Tenham uma boa leitura...



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Capítulo Único


Acordei soando frio, minha roupa estava molhada e minha respiração acelerada.


Acontecera novamente. Eu tivera o mesmo pesadelo que me atormentava desde que eu era criança. Nunca entendi o porquê desse meu pesadelo. Sempre o mesmo, nada de diferente. Os gritos de agonia, o sangue em minhas mãos, o cheiro forte de queimado e a imensa luz que parecia queimar-me por dentro. Afinal o que era esse pesadelo?


Olhei para o relógio em minha cômoda e notei que já passava das sete, estava na hora de levantar e ir para a escola.


Tomei um banho rápido e corri para o ponto de ônibus, antes que eu o perdesse novamente e tivesse que ir andando para a escola. Não que seja ruim, mas andar 20 quarteirões não é coisa muito fácil, ainda mais com um enorme transito.


E como esperado, cheguei exatamente no horário em que ele apareceu. Claro que não sou só eu que o pego, mas digamos que não sou muito social. E como qualquer adolescente da minha idade, algumas pessoas adoram se divertir as minhas custas, como o motorista do ônibus, ele achou em mim a diversão que não consegue na escola.


Entrei normalmente no ônibus, fingindo não ter visto a decepção se passar no rosto do motorista, enquanto eu caminhava para a antepenúltima fileira do fundo, onde havia dois lugares vagos. O fundão era da galera descolada.


E como sempre ouvi mais piadas sem graça ao meu respeito. Principalmente do mais popular garoto da escola, Edward. Ele ama me irritar, sou sua diversão favorita, desde o dia em que trombamos e ele me chamou de pobre coitada, onde eu pulei em cima dele, o xingando de todos os nomes possíveis. Desde ali, ele me tratou super mal e como eu não queria ser expulsa da escola, decidi terminar o ano bem, afinal só mais um ano e alguns meses eu iria me mudar de cidade e não precisaria ver mais aquele arrogante.


– Hoje a estranha conseguiu pegar o ônibus, merece ganhar um Oscar de ouro por isso. – gritou o engraçadinho, fazendo todos rirem.


E eu como sempre, apenas ignorei e fui para a escola normalmente.


A primeira aula era história. Com um professor doido, que é fascinado pelo Egito. Até se veste como eles e com um nome mais estranho ainda: Emmett Akhenaton. Quem em sã consciência colocaria um nome assim em seu filho?


Entrei correndo na sala, antes que um engraçadinho fechasse a porta na minha cara. Sentei-me em minha carteira que por azar do destino é exatamente ao lado do ser arrogante.


– Oh, a estranha conseguiu chegar a tempo na aula. Meus parabéns!


– Não sou estranha, sou Isabella...


– Swan. Tem 17 anos, é esquisita, mal educada e feia. Sei bem quem é você. – interrompeu Edward com um sorriso de deboche.


– Olha aqui seu...


– Srta. Isabella e Sr. Edward espero que hoje me deixem dar minha aula. – disse o professor doido, quer dizer Akhenaton.


– Desculpe-nos professor. Pode começar sua aula. – respondeu o Sr. Arrogante educadamente, como se ele fosse mesmo educado.


O professor assentiu e nos mandou abrir na página 256 do livro, onde iríamos falar sobre uma lenda muito importante, segundo ele.


– Alunos, eu quero que prestem muita atenção nesta lenda e se qualquer garota dessa sala estiver familiarizada com algo, me informe imediatamente. – exigiu o professor, que a cada dia parecia ficar mais louco.


– Srta. Ângela, por favor, poderia começar a ler a história para mim?


Ângela apenas assentiu sorrindo e pegou seu livro, começando a ler a pequena história que ali existia.


“Há milênios atrás nasceu no Egito Antigo uma menina, diz à lenda que ela nasceu de uma deusa e que nasceu para realizar uma profecia.

Diziam que há muito tempo foi previsto que um grande mal nasceria e ele reuniria forças para escravizar seu povo e o mundo, e ela seria quem salvaria o Egito da grande maldição.

Essa menina foi mandada para terra como uma humana pelos deuses para ser protegida, mas isso duraria até certo tempo e quando essa proteção se desvaiu, ela ficou indefesa e o grande monstro que se ocultava nas sombras começou a agir.

Os escritos deixados não dizem ao certo o que aconteceu com ela, o que sabemos é que ela foi traída por um daqueles que ela mais amava.

Os deuses tentaram fazer de tudo para salvá-la, mas nada se podia fazer. O medo então dominou o povo e a destruição se tornou iminente.

Até que então um mago muito poderoso foi invocado pelo Faraó e o Faraó pediu para que ele ajudasse a resgatar a garota, pois ela era a única pessoa que poderia salvá-los do que iria acontecer ao mundo.

O mago disse ao Faraó que não poderia fazer nada, porque o que lhe acontecera não podia ser desfeito, a única coisa que ele poderia fazer, era com que ela reencarnasse no futuro e que alguém desse tempo fosse para o futuro buscá-la.

Então o filho do Faraó ofereceu-se para ir buscá-la. O Faraó não concordou, mas o filho insistiu e conseguiu fazer com que o pai aceitasse.

O mago aclamou aos outros deuses para que essa menina reencarnasse no futuro, e que sua memória fosse apagada, assim ela não poderia correr perigo caso houvesse um.

Amon-rá, o pai de todos os deuses, vendo a esperança que ainda existia em seus corações, se comoveu e aceitou a oferta do mago e então o ser que ali existia se transformou em pó e um novo ser renasceria no futuro.

Não se sabe em que ano ela nasceu. A única coisa que ela possuía em seu ombro esquerdo era uma cicatriz de um olho, um símbolo egípcio muito famoso, mas que só poderia ser visto ao ser tocado por um Egípcio.

O filho do faraó e um de seus discípulos foram mandado para o futuro, estando o futuro de todo o Egito e até mesmo do mundo entregue a eles.


“Agora era só esperar, tendo a esperança como a única aliada nesse destino incerto que poderia acabar ou não em destruição.”

– Extraordinária história! – exclamou o professor com os olhos brilhando.


– E essa história é real? – perguntou um garoto do fundo da sala.


– Claro que não seu babaca. Isso é uma lenda e não tem como ser verdade. – gritou um garoto que estava atrás de mim.


O professor olhou mortalmente para o garoto as minhas costas, fazendo-o se encolher de medo em sua cadeira.


Notei também um olhar estranho entre Edward e o professor. Como se ambos estivessem se falando apenas pelo olhar.


– Eu concordo que isso não seja real, pois se fosse verdade e essa pessoa não voltasse para o passado, nós não existiríamos e bem se ela realmente tivesse existido, haveria alguma coisa escrita sobre isso em algum lugar. – disse Ângela ao professor.


– Na verdade eu discordo senhorita Ângela, se houvesse uma história sobre isso, talvez aqueles que quisessem fazer mal ao mundo, poderiam vir atrás dela e matá-la, então somente a história de sua procura e existência deve ser deixado na história...


– Mas professor, e como saberíamos que tudo isso foi real? – interrompeu Ângela.


– Não saberíamos... Mas poderíamos encontrar sinais deixados na história sobre esta questão. – respondeu agora o Sr. Arrogante.


– Mas ainda tem coisas que não fazem sentido. Como por exemplo, os caras que vieram resgatá-la, se eles sabem que o mundo continua vivo depois de tanto tempo, eles saberiam que tudo deu certo, então porque se preocupar tanto com isto...


– Talvez porque o mundo esteja sempre em constantes mudanças e nunca há um final certo decidido, assim como muitas vezes a realidade pode mudar, mesmo que nós nem ao menos percebamos. – disse o Edward de uma forma estranha.


Todos ficaram olhando para ele com uma cara de surpresa, já que era estranho o ver falar dessa forma e se interessar tanto por um assunto que não fosse apenas ele próprio.


– Bom pessoal, o Sr. Edward está certo. E amanhã iremos à expedição para um museu que estará expondo peças do Antigo Egito, onde haverá um trabalho que fará parte da metade da nota deste bimestre. Quem não trouxe a autorização ainda, tem até a hora do passeio para ser entregue.


Ninguém aceitou o trabalho, mas depois que o professor disse que iria dar uma prova sobre o Egito no lugar, todo mundo concordou rapidamente.


– Os seus parceiros serão os colegas de acento, então boa sorte a todos. Já comecem a pesquisar e lembrem-se... Se alguém tiver alguma amiga ou tiverem alguma familiaridade com a história aqui contada hoje, informe imediatamente a mim. – disse o professor sério, fazendo-me arrepiar com seu tom.


– Para meu azar será minha parceira... Acho que hoje não é o meu dia de sorte. – disse Edward para mim com uma cara de coitado.


– Eu prefiro tirar zero, a trabalhar com você.


– Ótimo... Irei avisar ao professor. – disse Edward começando a se levantar.


– Não... Eu farei com você, mas se fizer alguma piada, eu quebro a sua cara. – falei séria, me levantando ao mesmo tempo em que o sinal bateu.


Corri para a próxima aula que graças a Deus, era a única que eu não tinha com Edward e o melhor de tudo seria duas aulas seguidas.


As aulas se passaram normalmente, sem se quer ouvir uma implicação daquele insuportável. Assim que chegou o intervalo, corri para pegar minha comida e claro não pude deixar de esbarrar em Edward.


– Opa está apressada para não perder o trem? – perguntou Edward com a cara de deboche.


– É que eu não estava a fim de me encontrar com você, pois tenho medo de que a sua babaquice seja contagiosa. – respondi agora com uma cara de deboche, enquanto os colegas ocultavam o riso.


– Você se acha muito inteligente não é?


– Não, não me acho. É você que é burro demais. – respondi sorrindo e então sai de lá, deixando-o plantado como uma estatua, enquanto os amigos gargalhavam dele.


Decidi não pegar meu lanche e fui para meu esconderijo de sempre. Passei o intervalo todo lá e quando o sinal bateu fui para a classe.


Edward não apareceu em nenhuma das aulas, o que me fez ficar com medo do que ele estivesse aprontando.


As aulas passaram voando, até parecia que elas queriam que algo me acontecesse. Sai da sala normalmente e me dirigi para o ônibus, mas antes que eu chegasse a porta de saída da escola, aquele que eu menos queria ver apareceu na minha frente, barrando minha passagem.


– Poderia dar-me licença Edward? – pedi gentilmente, devido ao olhar mortal que ele me mandava.


– Não achou realmente que depois do mico que me fez passar você sairia assim ilesa, não é? – perguntou Edward com os olhos raivosos.


– Eu não fiz nada. Você começou e eu terminei. Agora me dê licença. – eu disse enquanto o empurrava para fora de meu caminho, mas ele segurou meu braço me puxando mais para perto dele.


– Ainda não terminamos Sra. Estranha.


– Olha aqui seu...


– Posso saber o que esta acontecendo aqui? – Perguntou o diretor da escola ao nosso lado, fazendo Edward largar meu braço.


– Nada, nós apenas estamos conversando sobre o trabalho de amanhã. – respondeu Edward com um sorriso nos lábios, enquanto eu revirava meus olhos.


– Ótimo, porque se estivessem brigando, a coisa ia ficar feia. Agora é melhor irem para o ônibus de vocês, se não acabarão perdendo ele. – mandou o diretor enquanto dava as costas para nós.


– Isso ainda não terminou Swan. – disse Edward em meu ouvido, fazendo-me arrepiar quando sua respiração bateu contra meu ouvido. Ele pareceu não perceber e se distanciou com a gangue dele.


Passei uns minutos ainda em choque pelo arrepio que ele me causara. Eu não entendia o porquê daquele pequeno acontecimento. Balancei minha cabeça algumas vezes, tentando me esquecer disso e corri para fora antes que ônibus fosse embora.


Quando cheguei à porta, o ônibus já estava saindo da escola. Eu teria que voltar a pé para casa. Arrumei minha mochila nas costas e me pus a caminhar, mas antes de chegar à saída da escola, um carro parou na minha frente, quase me atropelando.


O vidro do carro que estava fechado se abriu revelando o Professor Akhenaton atrás do volante.


– Olá Isabella. Vi que perdeu o ônibus... Gostaria de uma carona para casa?


– Hm... acho melhor não professor.


– Não precisa se preocupar, não farei nada com você...


– Os psicopatas dizem as mesmas coisas para suas vitimas antes de matar elas. – o professor riu com meu comentário e abriu a porta de trás de seu carro.


– Pode entrar não farei nada contra você.


Pensei duas vezes antes de aceitar a carona, eu não queria ir para casa de á pé, mas também tinha medo de aceitar a carona.


Decidi então aceitar, se ele fosse me fazer alguma coisa, eu lhe daria um belo chute no meio das pernas.


Entrei no carro e o vi sorrir gentilmente antes de começar a dirigir para fora da escola, em direção ao caminho de minha casa.


– Eu deveria ter medo de você estar levando-me para a direção de minha casa? – perguntei a ele com as sobrancelhas arqueadas.


– Bem, talvez você nunca tenha reparado, mas eu moro a três casas da sua e é por isso que sei onde você mora. – respondeu ele rindo, surpreendendo-me com sua revelação.


– Nossa. Desde quando você mora lá?


– Bem, já faz uns dois anos. Talvez você não tenha reparado nisso, já que sempre passa longe da casa, por causa de Edward. – respondeu ele agora sorrindo.


– Você mora na casa de Edward? – perguntei chocada.


– Sim. Eu sou tutor dele, mas gostamos de deixar isso em segredo, poderia haver uma confusão na escola por causa disso, por isto lhe peço que não diga a ninguém, Ok?


– Claro, mas não entendo como ninguém descobriu afinal a maioria da turma da sua classe mora ali por perto, como nunca viram ambos saindo da mesma casa?


– Edward sempre sai antes de mim para pegar o ônibus uma parada antes da sua, aí ninguém se toca muito sobre isso. – ele deu de ombros e continuou a dirigir.


O resto do caminho foi silencioso. Demoramos uns 15 minutos a mais para chegar, porque tivemos que parar para por gasolina no carro. Assim que chegamos à rua de nossas casas, pude avistar de longe Edward sentado em frente à casa dele com um livro em mãos.


O professor passou direto pela minha casa e parou em frente a sua. Assim que o fez, Edward se levantou e andou em direção ao carro, enquanto eu me decidia ou não sair do mesmo.


– Porque demorou tanto? – perguntou ele a Akhenaton.


– Tive que encher o carro de gasolina e demorou mais do que o previsto. – respondeu Akhenaton já fora do carro.


Respirei fundo umas duas vezes e abri a porta do carro, chamando a atenção de Edward para a minha direção. Assim que sai, vi o espanto atravessar seu rosto, antes dele ficar sério novamente.


– O que ela faz com você em seu carro?


– Ela perdeu o ônibus, por sua causa é claro, então decidi lhe dar uma carona. – respondeu simplesmente Akhenaton como se não tivesse feito nada demais.


Edward olhou para ele meio surpreso e depois prendeu a respiração por uns segundos e a soltou novamente, olhando em minha direção.


– Tudo bem. Só espero que não conte a ninguém sobre isso Isabella.


– Ela não contará, eu já falei com ela e ela concordou.


Edward assentiu para ele e depois ficou em silêncio olhando em minha direção. Ficamos um tempo um olhando para o outro, até que me dei conta do que estava fazendo e mudei minha atenção para o professor.


– Bem, obrigada pela carona professor Akhenaton.


– Emmett. Chame-me de Emmett, Isabella! – pediu o professor sorrindo, parecendo pela primeira vez uma pessoa normal.


– Claro. Até amanhã na expedição Emmett e Edward e novamente obrigado pela carona. – agradeci sorrindo e depois virei minhas costas e andei em direção a minha casa.


Ao chegar perto de casa, notei que o carro de minha mãe estava em frente a casa, ela deveria ter chegado cedo hoje.


Corri para dentro de casa e fui em direção a cozinha, de onde vinha um cheiro delicioso.


– O que esta fazendo mãe? – perguntei sorrindo.


– Olá filha, estou fazendo um bolo. Cheguei há uns vinte minutos e me deu vontade de fazer um bolo para comer. E como você sabe que meu bolo demora um tempinho para ficar pronto, quero faze-lo agora que são 04h00min hora para ficar pronto para as 06h00min horas, quando seu pai chegar. – disse ela alegremente.


– Quer ajuda?


– Claro meu amor, mas antes vá se trocar.


Assenti para ela e corri para meu quarto trocar-me. Eu gostava de ajudar minha mãe na cozinha, era bom me distrair com outras coisas e me esquecer da escola por um tempo.


Eu e minha mãe passamos praticamente a tarde toda na cozinha. Às 6 horas o bolo estava totalmente pronto, todo decorado e com muito chocolate.


– Terminamos, agora vamos esperar esfriar um pouco se não irá dar dor de barriga. – Disse minha mãe como sempre protetora.


– Opa. Que cheiro bom é esse? O que a Sra. Renée e a Srta. Isabella estavam aprontando nesta cozinha? – perguntou meu pai encostado na porta, assustando-nos.


– Ai Charlie, você nos assustou! Estávamos fazendo um bolo como você esta vendo, assim que esfriar poderemos comer. – disse ela batendo na mão de meu pai que estava tentando cutucar o bolo, fazendo-me rir.


Passamos o resto da noite comendo chocolate e assistindo filmes. Quando deu mais ou menos 10 horas fomos dormir, pois todos nós tínhamos de acordar cedo.


Tomei um relaxante banho e depois fui dormir, rezando para que dessa vez o pesadelo não voltasse a me atormentar, e pela primeira vez minhas preces foram ouvidas e eu pude dormir tranquilamente, apesar da estranha sensação que eu sentira antes de adormecer completamente.


[...]


O céu estava claro e todos já estávamos prontos para entrar no ônibus e ir para o museu. O professor Emmett parecia bem contente, só que eu não sabia se era por irmos ao museu ou pela professora de espanhol, Rosalie Halle. Acho que ele tem uma queda por ela.


– Já estamos todos prontos, entrem nos ônibus garotos e lembrem-se de se comportar. – gritou o diretor para todos que mal prestavam a atenção nele.


Entramos no ônibus e como sempre fui alvo das piadinhas do grupo de Edward. Ele nem olhou para mim, talvez por medo de eu falar que ele morava com Emmett.


Eu nem prestei atenção no que falavam de mim. Peguei meu Ipod no bolso e me pus a escutar a música Hold It Against Me da Britney Spears.


Passei o tempo todo ouvindo música. Minha noite fora perfeita, eu não tivera pesadelo algum e não seria um bando de idiotas que estragariam o meu dia.


Quando chegamos ao Museu, guardei meu Ipod no bolso novamente e sai do ônibus junto com todos. O diretor nos separou em oito grupos, pois eram quatro salas de 20 alunos. Ficou 10 pessoas em cada grupo e por um azar do destino teria que ficar com Edward, já que ele era meu par no trabalho que teríamos de fazer. O bom da coisa era que o grupinho dele fora separado e ninguém havia caído em nosso grupo.


Emmett seria o responsável pelo nosso grupo. Ele estava todo sorridente quando entramos no museu.


Parecia que tínhamos voltado para o passado. Ri quando me lembrei da história doida que o professor contara.


– O que é tão engraçado Swan? – perguntou Edward ao meu lado me olhando divertido, enquanto eu fechava minha cara.


– Pensei que iria me deixar em paz hoje.


– Eu deixarei. Hoje é um dia importante para Emmett, não quero estragar isso, pois só assim ele se sente mais perto de casa. – disse Edward com um olhar triste.


Tive a imensa vontade de perguntar do que é que ele estava falando, mas decidi me conter e fiquei quieta na minha.


– Que tal uma trégua por hoje Swan? – perguntou ele a mim com a mão estendida e com um sorriso sincero no rosto, o que fez eu me sentir um pouco estranha.


Sorri para ele e apertei sua mão aceitando a trégua.


– Ei vocês dois, se não virem logo perderão toda a coisa boa. - gritou Emmett para nós dois que riamos de seu entusiasmo.


Separamos nossas mãos e nos juntamos ao grupo. Não nos falamos mais depois disso, mas eu o pegava algumas vezes olhando em minha direção e rindo.


– O que foi? – perguntei sem me conter.


– O que foi o que? – fingiu de desentendido.


– Não se finja de bobo. Por que fica me olhando assim e rindo?


Ele olhou atentamente para mim e depois suspirou como se estivesse cansado.


– É que nunca me imaginei estando lado a lado com você sem estarmos nos insultando. É engraçado. – disse ele por fim, me fazendo rir.


– É verdade. – disse eu agora rindo.


Depois dessa nossa pequena conversa voltamos a prestar atenção ao professor e a mulher que trabalhava no museu que estava nos guiando. Teríamos que fazer um trabalho e o diretor não deixara que nós trouxéssemos cadernos, então teríamos que prestar muita atenção nas explicações.


– Bom pessoal. Agora lhes mostrarei um artefato antigo que pertenceu há uma das filhas de um dos faraós mais importantes da história. – falou à mulher que a pouco eu descobrira que se chamava Anne, apontando para uma coisa coberta por um pano vermelho seda.


Todos assentiram sem muito entusiasmo, mas quando Anne puxou o pano, todas as garotas que estavam ali suspiraram maravilhadas.


– Esse Anel pertencera à uma das filhas de Ramsés II. Ele dera a ela em seu aniversário de 16 anos. – continuou a falar Anne.


Como eu não conseguia enxergar nada do lugar onde eu estava andei para frente para conseguir ver algo e quando cheguei à frente consegui entender a reação de todas ali. O Anel era simplesmente lindo e ao mesmo tempo... familiar.


“Minha filha. Fico contente que tenha gostado do Anel. Mandei fazê-lo para este dia tão especial”. falou uma a voz em minha cabeça, enquanto novas vozes invadiam minha mente.


“Obrigada pai. É lindo.”

“Guarde-o bem. Esse anel é a representação de quem é você minha jovem Princesa. A filha de Ramsés II e herdeira de meu trono...”

– Isabella? Isabella? – chamou Edward ao meu lado com um olhar preocupado.


Olhei ao redor e notei que não estávamos mais com o grupo.


– O que aconteceu?


– Sou eu quem deve perguntar o que aconteceu. Você do nada saiu do meio daquelas garotas e veio andando nessa direção, eu apenas a segui. – disse ele como se fosse obvio.


– Estranho, eu não tenho a mínima ideia do que aconteceu. Quando vi aquele Anel vozes começaram a vir em minha mente e eu...


– Vozes? Começou a ficar maluca Swan? – disse ele com o sorriso de deboche de sempre.


– Não começa Cullen. Fizemos um trato e não... não estou louca. As vozes apareceram, como se eu estivesse me lembrando de algo que já acontecera. E por incrível que pareça me senti feliz a ouvi-las. – respondi com um sorriso fraco no rosto.


– Certo, e o que as vozes falavam? – perguntou Edward com uma cara mais séria.


Olhei atentamente para ele e me questionei se lhe contaria ou não. Bem, contando ou não, não iria fazer muita diferença, ele me acharia doida mesmo. Contei-lhe o que ouvira e ele ficou quietinho ouvindo tudo. Quando terminei, ele me olhou com uma cara estranha e piscou algumas vezes.


– Você tem certeza do que está falando? – disse ele sério, bem sério.


– Tenho, por quê? Acha que estou louca? – perguntei, mas fui ignorada.


– Preciso falar com Emmett. – disse ele enquanto virava as costas para mim e saia andando, me deixando lá.


Que mal educado. Poderia ter pelo menos me esperado.


Suspirei cansada e comecei a andar na direção que ele fora. O museu pelo que eu sabia era imenso, por isso os grupos de 10 pessoas. Mas não foi difícil achar o grupo, ele não estava tão longe.


Assim que cheguei perto, notei que Emmett e Edward me olhavam atentamente. Pareciam querer encontrar algo em mim. E o pior de tudo é que ambos estavam sérios.


Decidi dar minha atenção para Anne que falava animada sobre o faraó Ramsés II.


– Como todos podem ver, a sua esquerda há outra sala. Nessa sala estão várias peças pertencentes a Ramsés II e sua família. Ali poderão ver e entender algumas das coisas que eu falava a vocês agora pouco. – disse Anne sorrindo, enquanto caminhava naquela direção, com todos a seguindo.


Segui-a junto com o grupo, mas antes que eu entrasse na sala, Edward agarrou meu braço e me empurrou contra a parede ao lado da porta.


– Ei, o que está fazendo Cullen? – perguntei com raiva.


– Desculpe-nos Isabella, mas precisamos ter certeza de uma coisa. – disse Emmett sério e ao mesmo tempo com um semblante um pouco feliz.


– Certeza do que? Isso tem haver com aquelas vozes? – perguntei assustada, mas fui ignorada.


– A lenda diz que a marca apareceria ao ser tocado por um Egípcio, mas de qual forma tocado? – perguntou Edward a Emmett olhando atentamente para meu ombro esquerdo que estava coberto por minha blusa.


– Bem, isso eu não sei. Tente passar a mão em sua pele. Talvez funcione. – respondeu Emmett pensativo, fazendo-me arregalar os olhos.


Edward assentiu com a cabeça e abaixou a parte da minha blusa que cobria meu ombro esquerdo, passando seu polegar por meu ombro agora nu.


– O que pensa que está fazendo? – perguntei assustada, tentando me soltar.


– Fique um pouco quieta Swan. Estamos tratando de uma coisa séria aqui. – exigiu Edward em um tom que me deu medo.


– Droga não funcionou. – exclamou Emmett com raiva a Edward.


Não funcionou? Não funcionou o que? Por que esses idiotas não me falam nada? Gritei mentalmente.


Olhei para os lados na esperança de alguém estar por perto, mas não havia ninguém, absolutamente ninguém. Que raio de museu é esse que fica vazio em uma excursão? Cadê os guardas que cuidam daqui?


Olhei novamente para Edward e ele olhava sem piscar para meu ombro, o que concretizou uma certeza que eu já sabia. Ele era louco. Assim como Emmett, ambos possuíam algum tipo de distúrbio mental.


– Edward por que não me solta? Podemos procurar algum médico para essa sua loucura momentânea. – pedi gentilmente, fazendo-o me encarar agora.


– Não me faça rir Swan. Não estou louco. Sei que não entende o que esta acontecendo, mas pode ter certeza que é por uma boa causa o que estamos fazendo. O mundo depende disso. – disse ele, parecendo ainda mais um louco.


Encarei Emmett na tentativa de fazê-lo perceber toda essa loucura, mas ele nem notara meu olhar, parecia concentrado demais em alguma coisa em sua mente.


Tudo a nossa volta ficou em silêncio, somente dava para ouvir as vozes baixas de nossos amigos dentro da sala ao lado. O silêncio pairou no ar e se instalou até ser quebrado por Emmett.


– Beije seu ombro. – disse ele, fazendo a mim e a Edward arregalar os olhos.


– Ok, isso é loucura. – declarou Emmett, enquanto eu concordava. – Mas acho que se houver um contato mais intimo e ela for quem pensamos a marca aparecerá. – continuou Emmett, enquanto eu discordava agora.


– Certo. – declarou Edward.


– Certo nada. Você não vai beijar meu ombro. Agora me solta idiota. – gritei, fazendo a minha voz ecoar no corredor.


O que não fez muita diferença, pois Edward me ignorou completamente e beijou meu ombro, enquanto eu tentava sair de seu aperto.


– O que está acontecendo aqui? – perguntou uma voz ao meu lado que reconheci ser de Anne.


– Nada, só uma briguinha de casal. Já estou resolvendo isso. – respondeu Emmett simplesmente, enquanto eu o olhava, chocada.

– Isso é mentira. Eu e o Cullen não somos... – tentei dizer, mas antes que eu chegasse a terminar minha frase, Emmett me interrompeu gritando alto.

– É ela... é ela Edward. É ela. – gritou ele apontando para meu ombro esquerdo, enquanto Edward me olhava em choque e voltava sua atenção para meu ombro.


Segui seu olhar e paralisei no lugar ao ver o que tinha em meu ombro. Pude escutar Anne gritar ao meu lado, mas o som parecia ao mesmo tempo tão perto e tão longe.


Senti minhas pálpebras pesarem, minhas pernas ficaram bambas e então tudo começou a escurecer e a última coisa que vi, foi a grande marca de um olho brilhando fracamente em meu ombro.


[...]

O céu estava claro, as nuvens estavam lindas no céu, enquanto o sol brilhava fortemente com seus calorosos raios.

A minha volta havia um imenso jardim, coberto por maravilhosas flores. E no meio dele uma criança brincava alegremente.

Caminhei em direção à criança e parei ao seu lado, ela olhava para baixo e eu não conseguia ver seu rosto, quando decidi chamá-la, ela saiu correndo em direção há um homem que a chamava. Decidi me aproximar novamente, mas paralisei no lugar ao ver o rosto da garota.

Meus olhos se arregalaram e minha respiração ficou falha, pois a garota nos braços daquele homem... era EU!

Abri os olhos, sentindo minha respiração vir em arquejos, às imagens dançando em minha mente, parecendo lembranças.


Fechei meus olhos novamente tentando pensar algo coerente, mas meus pensamentos foram totalmente interrompidos por um cheiro forte, mas delicioso. Inspirei forte e me aconcheguei mais ao lugar onde eu estava tentando absolver mais daquele maravilhoso cheiro.


– Esta confortável aí? – ouvi uma voz conhecida perguntar ao meu ouvido, fazendo os pelos de meu pescoço de arrepiarem.


Abri novamente meus olhos assustada com tal reação, dando de cara com dois olhos verdes me encarando com um brilho intenso.


– Edward? – perguntei assustada.


– Não, o papa léguas. – respondeu ele com deboche, fazendo meu sangue ferver.


– Seu Idiota! – gritei, fazendo-o rir mais.


Cruzei meus braços contra o peito, enquanto ele terminava de curtir com a minha cara. Assim que ele parou de rir, passou a me encarar de forma divertida.


– O que foi? – perguntei curiosa e sem entender.


– Nada demais. Só estava me perguntando quanto tempo mais você irá ficar em meus braços. – disse ele contendo o riso.


Olhei a minha volta e corei ao constatar que ele me levava em seus braços. Ele ao ver minha reação, segurou o riso e tentou disfarçar olhando para os lados.


Senti o sangue ferver novamente e com toda a força que tinha lhe dei um belo soco na cara, fazendo-o tropeçar, levando-nos ao chão, me fazendo cair por cima dele.


Ouvi Emmett gritar, mas não dei importância. Levantei-me um pouco, fazendo força com os braços, pronta para começar a gritar com Edward, mas assim que o vi, minha voz ficou presa na garganta e minha respiração ficou falha.


Seus olhos estavam bem marcados com um preto escuro, como se estivessem contornados por um lápis de olho e em seu pescoço havia duas gargantilhas um pouco grossas de ouro, assim como também um colar, com um símbolo, a marca de um olho, igual ao que havia em meu ombro. Em sua cabeça havia uma túnica revestida de ouro, como aos que os faraós usavam no Egito antigo.


E assim que vi seus olhos, arfei. Eles pareciam hipnotizar-me. Seu olhar parecia iluminado, brilhavam de uma forma estranha, como se aquele que eu sempre conhecera fosse apenas uma mascara.


Ouvi alguém pigarrear ao meu lado, quebrando o encanto dos olhos de Edward, me fazendo piscar confusa por tal comportamento meu. Olhei novamente para seu rosto e nada mais havia ao não ser o seu semblante de sempre.


Pisquei mais uma vez confusa com o que eu vira e levantei-me ainda aérea ao que se passava a minha volta. Pude ouvir de longe algum tipo de discussão entre Edward e Emmett, mas não dei muita importância.


Comecei a olhar a minha volta e não reconheci bem a onde eu estava. Olhei para os lados procurando pelo grupo da escola, mas não havia sinal deles.


– Onde estamos? – perguntei sem entender a Emmett que me olhava agora fixamente.


– Estamos no piso inferior do museu Swan. – respondeu Edward sério.


– Sabe Edward, eu sinceramente não me lembro de ter perguntado para você. Então que tal você se intrometer no que é da sua conta? – perguntei sorrindo, fazendo-o me encarar um pouco irritado.


– Olha aqui Swan...


– Já chega vocês dois. Temos assuntos mais importantes para tratar. – cortou Emmett antes que eu e Edward nos atacássemos ali.


– Se isso não fosse importante, você estava ferrada. – disse ele baixo para mim, me fulminando pelos olhos.


Ignorei seu comentário e dirigi minha atenção para Emmett que encarava o vazio sério.


– Emmett... quer dizer, professor. Poderia me explicar o que esta acontecendo? – perguntei um pouco impaciente.


Ele respirou fundo três vezes antes de me olhar atentamente e respirar fundo mais uma vez. O que me deixou mais nervosa ainda.


– Aqui não é o lugar apropriado para conversarmos. – disse Emmett começando a andar, com Edward a seu encalço.


Respirei fundo e corri atrás deles, tentando pensar em alguma explicação para o que acontecia.


Caminhamos por uns 5 minutos, até encontrarmos uma sala abandonada no fim do corredor. Emmett e Edward entraram correndo dentro dela e eu fiz o mesmo. O lugar estava cheio de tralhas e poeira.


– Então? Agora vão me falar do que se trata toda essa palhaçada? – perguntei cansada.


– Bella, você se lembra daquela história que lhe contei na sala de aula sobre uma profecia?


Hem? Profecia? Hum...


– Sobre uma garota filha de uma deusa e...


– Isso, essa mesma. – interrompeu Edward.


– Certo. – eu disse, enquanto mandava um olhar sério para ele. – E o que isso tem haver comigo?


– Ora, aquela história é a sua Bella. – disse Emmett sorrindo.


Olhei para os dois, séria e antes que eu pudesse me dar conta, eu já estava jogada no chão, gargalhando que nem uma hiena.


– Rarara... e não me diga que você é quem veio me buscar alteza. – eu disse a Edward, enquanto me reverenciava.


Ambos olhavam para mim, chocados enquanto eu continuava a gargalhar. Assim que o ar faltou nos meus pulmões, parei de gargalhar em busca de ar. Lágrimas saiam de meus olhos, embaçando minha vista.


Levantei-me de vagar, enquanto limpava minha calça suja.


– Já acabou o show? – perguntou Edward com impaciência.


Revirei os olhos e me dirigi a Emmett.


– Sério o que realmente está acontecendo?


– Sabe Emmett, to perdendo a paciência com essa garota. – disse Edward do meu lado.


– Edward tenha calma, Bella esta só confusa. Coloque-se no lugar dela.


Olhei para os dois meio sem acreditar que eles ainda continuavam com essa palhaçada.


– Certo, não querem falar, eu vou embora então.


Dei as costas aos dois, mas antes que eu pudesse dar o primeiro passo, senti uma mão agarrar meu braço. Virei meio irritada, quase mandando a pessoa ir tomar naquele lugar, mas paralisei quando o vi ali parado a minha frente.


Novamente Edward estava diferente. Os olhos, a feição, as roupas e aquele colar com o símbolo igual à de minha marca.


O que estava acontecendo?


– Vocês realmente estão falando a verdade? – perguntei sem pensar.


– Estamos Swan, acho que já tivera provas suficientes para crer nisso. – disse Edward sério, soltando meu braço.


Pisquei algumas vezes tentando assimilar as coisas, mas tudo era tão estranho e irreal. Olhei novamente para Edward e ele já não estava como antes.


Eu estava louca? Vendo coisas que não eram reais? O que estava acontecendo realmente?


Perguntas e mais perguntas atormentavam minha mente e as respostas, bem, uma mais improvável que a outra.


– Certo, digamos que eu acredite. O que querem realmente de mim? – perguntei objetiva.


É uma longa história para ser contada agora. – respondeu uma forte voz, vindo de um lado escuro da sala. Paralisei de medo no lugar, enquanto Emmett e Edward se colocam a minha frente de uma forma protetora.


– Quem está aí?


O tempo em que ficou aqui fez esquecer-se de minha voz Akhenaton? – respondeu a voz, enquanto uma fraca luz surgia, revelando o que estava oculto pelas sombras.


Surpreendi-me ao ver um homem todo encapuzado. Sua aura parecia sombria com aquela capa.


– Félix? – perguntou Edward espantado. – O que faz aqui?


– Não é hora para explicações príncipe Edward. Apenas precisa saber que vim buscá-los....


– Nos buscar? Por quê? – interrompeu Emmett.


– O fim dos tempos chegou caro amigo. O Egito foi tomado e nosso faraó foi enclausurado em sua própria casa. Os altos sacerdotes estão mortos...


– Impossível. – murmurou Emmett.


– Impossível? – caçoou o homem. – Já faz dois anos desde que vieram para cá. As coisas começaram a se complicar desde a partida de vocês. Não temos mais tempo agora. Pelo que entendi, essa garota é aquela que buscamos pelo menos alguma coisa deu certo nesses anos. – disse Félix a última frase em um tom sarcástico, enquanto caminhava em nossa direção.


Eu estava confusa com o que estava acontecendo, eram coisas demais para a minha cabeça. Edward e Emmett não pareciam estar muito bem.


– E minha mãe? – perguntou do nada Edward, que parecia estar em choque.


– Não sei lhe dizer jovem príncipe. As mulheres do castelo foram postas para trabalhar para o novo faraó, ainda não sabemos ao certo o que aconteceu. Ninguém entra ou sai do castelo, a não ser os oficiais do exército.


– Mas... – começou Edward, porém foi interrompido.


– Desculpe jovem príncipe, mas agora não é hora para se falar. A cada momento que passamos aqui, as coisas pioram por lá. Logo as mudanças do passado, poderão comprometer o presente. Precisamos ir. – disse ele novamente.


Edward e Emmett se entreolharam e depois voltaram sua atenção para mim. Olhei para eles sem entender do que se tratava, até que uma luz se acendeu dentro da minha cabeça.


– Espera... querem que eu vá com vocês? – perguntei assustada.


– Você é a nossa única salvação Isabella...


– Mas e minha família?


– Não importa sua família agora, se não fizermos algo, eles nem ao menos existirão. – gritou Edward. Seus olhos estavam marejados e seus lábios tremiam um pouco. – Sei que nunca lhe dei motivos para confiar em mim... mas preciso que confie agora. – disse ele olhando para dentro de meus olhos. Ele estendeu sua mão para mim e sem ao menos eu entender eu juntei minha mão a dele.


Meu corpo se arrepiou com tal contato. Edward pareceu sentir o mesmo, pois me olhou de uma forma um pouco assustada, mas assim que me viu olhando-o ele se recompôs.


– Não se preocupe Isabella. No fim tudo dará certo. – Emmett disse a mim com um pequeno sorriso nos lábios.


Olhei novamente para Edward e por um milésimo de segundo eu o vi sorrir. Não era um sorriso alegre ou triste, mas de apoio.


– Que bom que estamos prontos, pois a viagem não será fácil. Com todos os problemas que estão havendo, a viagem será meio problemática. – disse Félix, se postando a nossa frente.


– Como assim problemática? – perguntei com medo.


– Provavelmente quando chegarmos lá, vocês não chegarão acordados, entrarão em um leve coma de algumas horas, talvez para a senhoria que nasceu aqui não seja algumas horas, pode ser dias...


– Dias? – gritei assustada.


– Não grite criança. Bem, assim deveria ser, mas já que você é “especial”, talvez no máximo um dia. – disse ele sério.


Olhei para Emmett e Edward incrédula, eles não pareciam diferentes de mim. Suspirei cansada e tentei não dar bola, se eles estavam assim, quem era eu para dizer algo.


O pior de tudo é que eu não acreditava que estava sendo envolvida em toda essa loucura. E sinceramente, espero que não seja nenhum engano, pois se não eu juro que mato Edward com minhas próprias mãos.


– Acho melhor se abraçarem, para que não aconteça de alguém se perder por aí. E antes que eu me esqueça... isso vai doer um pouco.


Olhei para Félix, alarmada e antes mesmo que eu tivesse tempo de dizer algo, Edward e Emmett me abraçaram fortemente e então com apenas um toque, tudo mudou.


A sala começou a girar e meu corpo pareceu ser puxado em todas as direções. Tudo a minha frente se escureceu, eu não conseguia respirar. Parecia haver tiras de ferro envolvendo meu peito, comprimindo-o, minhas órbitas estavam sendo empurradas para o fundo de minha cabeça e os meus tímpanos pareciam entrar em meu crânio. A dor foi horrível, eu queria gritar, mas não tinha forças e então quando pensei que tudo iria piorar, terminou.


Meu corpo ficou leve, minha respiração voltou ao normal e meus sentidos foram adormecendo, até que não vi, não ouvi e não senti mais nada. E com uma paz inexplicável me entreguei ao mundo dos sonhos.


[...]


– Você está aqui. – ouvi alguém sussurrar em meu ouvido. – Venha para mim Isabella. – pediu a voz chamando meu nome.

Assustada, olhei para todos os lados procurando a origem da voz, mas parecia haver apenas eu na escuridão.

Com o coração a mil, comecei a correr por entre a escuridão, com a esperança de encontrar alguma luz, mas nada. Apenas havia eu e o meu medo.

Isabella. – sussurrou novamente a voz. – Você será minha.

Abri os olhos assustada, notando que tudo não passara de um mero sonho. Fechei meus olhos novamente tentando esquecer a sensação horrível que se estalou em meu peito.


Ainda meio sonolenta, respirei calmamente o ar, enquanto meus sentidos voltavam a funcionar. Consegui distinguir vozes ao meu lado, mas não entendia bem o que falavam.


Eu podia sentir minha pele quente, como se estivesse exposta ao sol e um cheiro extremamente maravilhoso me inebriar.


Senti-me confortável e aconcheguei-me mais saboreando a sensação. Senti braços fortes me envolverem e me puxar para mais perto. Assustada com o contato, abri os olhos meio em choque.


A minha frente, dois lindos olhos verdes me olhavam com intensidade. Demorei um pouco para perceber a quem pertenciam eles. E antes mesmo que eu abrisse minha boca para gritar, fui impedida por sua mão que foi fortemente de encontro com minha boca.


– Sem escândalos Swan. Sei que é difícil para você, mas se comporte ok? – disse Edward para mim com um olhar sério, porém com aquele maldito sorriso divertido.


Senti o sangue de meu rosto ferver de raiva.


Quem aquele garoto pensa que é para me dar ordens?


Tirei sua mão bruscamente da minha cara e com toda a força que eu tinha, tentei lhe dar um soco, mas antes mesmo que chegasse a sua cara, ele pegou meu punho e com uma gargalhada deu um beijo na ponta de meu punho.


– Não achou mesmo que com esses bracinhos que parecem varetas, você iria conseguir me bater não é? – perguntou ele divertido.


– Ah seu...


– Pelo amor dos deuses, vocês não poderiam parar de brigar por um tempo não? Até agora os dois estavam em um grande abraço e agora já estão soltando os cachorros? – gritou Emmett assustando a nós dois.


Olhei para o meu lado e encontrei Emmett olhando-nos com reprovação, mas não dei muito importância para isso. Voltei minha atenção para Edward e paralisei com a cena que vi.


Edward estava com seus braços a minha volta e eu estava praticamente em cima dele. Minha perna estava entrelaçada a dele e pela postura em que ele estava, eu havia dormido com minha cabeça em seu peito.


Abri minha boca para gritar, mas o choque era tanto que não consegui emitir som algum.


– Por que eu e você estamos desse jeito? – perguntei quase em um sussurro, ainda em choque.


– Nossa não é para tanto também, não precisa ficar desse jeito... apenas pensei que se sentiria mais a vontade para descansar assim, do que jogada em um canto qualquer, já que você veio aqui para nos ajudar. – disse ele com uma voz envergonhada, o que me fez sair de meu choque e olhá-lo surpresa.


Era a primeira vez que eu o via com vergonhada. Suas bochechas estavam meio rosadas e seu olhar estava direcionado para o outro lado.


Não pude conter um sorriso ao ver a cena, ele estava tão fofo dessa forma.


– Certo. – começou a dizer, enquanto se ajeitava. – Agora que você já acordou já pode sair de cima de mim. – terminou ele, enquanto eu corava de vergonhada por ainda estar em cima dele.


Sai apressadamente de cima de seu corpo, me atrapalhando um pouco. Emmett que via cena em silêncio não conseguiu conter o riso e começou a gargalhar da minha cara.


– Emmett. – exclamei irritada, fazendo-o gargalhar. – Emmett para! – gritei, ele riu mais um pouco e depois parou de rir, pelo menos era o que estava tentando fazer.


Olhei a minha volta e notei que estávamos dentro de uma carroça, iguais aquelas que eram puxadas por bois. Havia um grande pano cobrindo a carroça e seu interior era um pouco apertado devido a grande variedade de frutas dentro de pequenos caixotes que cobriam totalmente a frente da carroça, impedindo que pudesse ver algo ali.


– Onde estamos? – perguntei a Emmett que conseguira parar de rir.


– Oras Bella, onde acha que estamos? – perguntou com um sorriso nos lábios, enquanto puxava o pano do fundo da carroça, permitindo que eu pudesse ver o que havia além deles.


Sentia-me deslumbrada ao ver a paisagem a minha frente. Ali, estavam as três grandes pirâmides do Egito, Queóps, Quéfren e Miquerinos. Simplesmente incrível.

– Seja Bem Vinda a minha casa, Isabella. – disse Edward sorrindo, mostrando-me o que havia além das três grandes pirâmides.


– É maravilhoso, Edward. – murmurei fascinada.


Havia templos enormes, eram lindas construções, com entalhes em egípcio deslumbrantes, assim como o grande rio que havia ali, reconheci ser o Rio Nilo, famosíssimo em meu tempo.


– Nunca imaginei que o Egito poderia ser assim tão lindo... – murmurei ainda fascinada. Era totalmente diferente de tudo que eu já vi.


– Esse lugar tem locais maravilhosos. Quando puder, lhe mostrarei eles. Você vai adorar. – disse Emmett animado. Ele parecia feliz por voltar para casa.


Sorri para ele assentindo e voltei a me sentar. Olhei para Edward e ele me encarava sorrindo. Senti vontade de perguntar o motivo por tal sorriso, mas decidi deixar para lá, afinal quando se tratava de Edward, era bem melhor ignorar algumas coisas.


O resto do caminho até a vila foi calmo. Conversamos um pouco sobre os acontecidos passados e sobre quem eu era nesse passado.


Descobri que era filha de Ramsés II, o que explicava as visões que eu tivera. Ele fora o Faraó do Médio Império e depois do que aconteceu com sua filha, ou seja, eu, ele se viu enfraquecido diante dos imensos ataques que acontecia em seu reino. Ele era o faraó de todo o Egito, apesar de haver em outro lugar um pequeno reino, onde outro faraó administrava, sendo este o pai de Edward.


Com a queda de Ramsés, o faraó Carlisle se tornou o novo faraó do Egito, juntando seu povo e o que sobrara da de Ramsés II em um só, começando assim o Novo Império no Egito.


Edward e Emmett não souberam dizer muito sobre quem eu fui no passado, já que não chegaram a me conhecer, apesar de já terem ouvido falar de mim. A única coisa que sabiam ao certo, era sobre a profecia de que era eu quem salvaria o Egito.


Conversamos um pouco sobre o modo que eu deveria agir nessa sociedade tão desconhecida por mim, devido as grandes mudanças ao longo dos milênios.


Assim que chegamos ao vilarejo, saímos da carroça e eu e Emmett nos afastamos, enquanto Edward agradecia ao homem, dando-lhe algumas moedas, que pareciam ser de ouro.


– Vamos... temos que sair daqui logo. – sussurrou Edward, quando se aproximou de nós, olhando preocupado para os lados.


Segui seus olhares e notei que muitas pessoas nos encaravam de forma curiosa, principalmente a mim.


– Por que elas estão nos encarando assim? – perguntei baixo.


– Por causa de nossas roupas. Se você notar bem, mulheres e homens não usam os tipos de roupas que estamos. Isso é praticamente uma coisa meio nova por aqui, sem contar, claro, que parecemos suspeitos aparecendo assim do nada por aqui. – respondeu Edward, enquanto começava a caminhar rapidamente por entre as pessoas.


Senti-me um pouco incomodada e também com medo, por causa desses olhares. Ao mesmo tempo em que pareciam curiosos, havia medo e perigo emanando deles.


Caminhei mais rapidamente e fiquei lado a lado com Edward, entrelaçando minha mão com a sua. Ele me olhou assustado por um minuto, mas logo entendeu que eu estava com medo e segurou minha mão mais forte.


– Não se preocupe. Eu lhe protegerei. – murmurou ele baixo, sorrindo um pouco.


Eu sentia que não deveria ter medo, porém as coisas aqui não pareciam ser nada iguais aos que eu conhecia e até onde sei... aqui é cada um por si. E mesmo eu sendo forte o bastante para enfrentar meus problemas, eu não sabia ao certo se estava preparada para enfrentar algo agora.


Continuamos a andar entre as pessoas rapidamente. Edward ao meu lado, parecia procurar alguma coisa por entre as casas e barracas que havia ali. Emmett não estava diferente.


Ao chegarmos a uma esquina, Edward trombou com uma mulher, fazendo todas as suas coisas irem ao chão.


– Me perdoe senhora. – pediu Edward, enquanto se ajoelhava ao chão, ajudando-a a guardar suas coisas.


– Olhe bem por onde caminhas ga... Oh... pelos deuses.... príncipe Edward?! – gritou a mulher chocada ao olhar para o rosto de Edward que parecia preocupado ao ficar perto da mulher.


– Perdoe-me, mas não sei do que a senhora esta falando...


– Não... é você, tenho certeza....você voltou, voltou para nos salvar! – gritou a mulher com lágrimas nos olhos de felicidade por ver Edward ali.


As pessoas a nossa volta, começaram a fazer uma roda, cochichando entre si coisas como “É ele o príncipe do Egito?”, “Será ela a escolhida para nos salvar?”, “Seremos livres novamente?”.

– Pelos deuses, eu sabia que voltaria. – continuou a mulher chorando de felicidade, enquanto Edward a amparava. Emmett ao meu lado, parecia feliz em ver a cena a sua frente, parecia como se ele estivesse orgulhoso de seu príncipe. – É ela não é? A escolhida, filha da deusa e a única que pode realmente nos salvar, não é? – perguntou a mulher para Edward, enquanto ela olhava para mim com um pequeno sorriso nos lábios.


Edward sorriu e quando se preparou para responder, um grito imergiu por entre a multidão.


Eles estão vindo... eles sabem que o príncipe esta aqui!

Por alguns minutos pode-se ouvir um silêncio tremendo e um pequeno som de galopes vindo em nossa direção.


Não demorou muito e o silêncio foi quebrado por um grito e então por uma multidão assustada que começara a correr de um lado para o outro, tentando encontrar abrigo para se esconder do que quer que esteja vindo.


– Vocês devem sair daqui. Se eles os pegarem... Tudo estará perdido. – disse a mulher a Edward, gesticulando para que saíssemos dali o mais rápido que pudéssemos.


Edward assentiu e segurou novamente minha mão, puxando-me para o lugar mais afastado que tinha ali. Emmett estava em nosso encalço, olhando de forma preocupada para todos os lados.


Os galopes que estavam longe, se podia ouvir de muito perto agora. O que quer que esteja vindo nos buscar, já havia chegado.


– Droga, eles já estão aqui... Precisamos nos esconder antes que nos achem. – sussurrou Emmett para Edward que concordou com um aceno.


Com cuidado, caminhamos apressadamente por entre as barracas e casas, até chegarmos a uma praça. Havia várias pessoas formando uma grande roda, todas ajoelhadas ao chão, com suas cabeças abaixadas como uma forma de penitência.


Ao meio havia um homem todo encapuzado de branco em cima de um cavalo negro. E por estarmos tão perto, podia-se ouvir o que ele falava para as pessoas.


– Cidadãos... sei que sabem o porque de eu estar aqui... Então, quem será o primeiro a se pronunciar e a me dar àquilo que eu quero. – exigiu o homem, enquanto caminhava olhando atentamente por entre as pessoas. – Realmente não me vão dizer onde estão? – perguntou ele ao ver que ninguém respondia.


Não obtendo resposta, voltou a dizer, porém de uma forma mais brusca.


– Vocês não sabem com quem realmente estão lidando não é? – perguntou ele, não obtendo novamente resposta.


– Ora, ora, o gato comeu a língua de vocês? RESPONDAM-ME! – gritou ele, fazendo todos se assustarem e alguns a gritarem.


– Certo, se não querem falar, então eu os farei falar. – disse ele, enquanto descia de seu cavalo e andava em direção a uma mulher que parecia tremer de medo.


A mulher olhou para ele assustada e antes que pudesse se quer gritar, o homem a pegou pelos cabelos e a arrastou no meio da praça, enquanto a mesma se debatia.

Meu corpo se paralisou diante da cena a minha frente. O grito de horror foi sufocado em minha garganta. Lágrimas queriam sair de meus olhos.


– Bem, já que não falam... não acho que precisarão mais de uma língua não é? – perguntou ele, puxando uma pequena faca de sua roupa, levando-a perto da boca da mulher.


– Não... por favor...eu não sei de nada. – disse a mulher aos prantos.


O homem fingiu não ouvi-la e voltou a sua atenção para o povo.


– Se alguém souber de alguma coisa... é melhor falar agora... ou essa mulher terá a sua língua cortada... Qual será a escolha de vocês? – perguntou ele novamente.


Novamente o silencio se instalou no ar, apenas a suplica da mulher abalava esse silencio. O homem vendo que ninguém responderia, abriu a boca da mulher e subiu a faca e quando se preparou para abaixá-la na boca da mulher, o grito que estava preso em minha garganta emergiu por entre o silêncio. Todos ali, principalmente ele, olhou em nossa direção e pela primeira vez pude ver seus olhos negros iluminados pela maldade.


Seus olhos se arregalaram e um sorriso de satisfação atravessou seus olhos, enquanto ele largava a mulher que recuava assustada por entre as pessoas.


– Achei vocês. – disse ele em um tom sombrio. – Peguem-nos. – disse ele aos seus soldados, que responderam prontamente, logo vindo em nossa direção.


– Edward... acho que agora está na hora de corrermos. – disse Emmett quase em um sussurro, enquanto dava um passo atrás.


– É. Isso é uma boa ideia. – murmurou Edward antes de agarrar minha mão e a puxar em direção as casas.


Vários homens corriam atrás de nós. Não sabíamos ao certo em que direção ir. Coisas rolavam para o chão a cada vez que trombávamos em algo. Pessoas assustadas corriam de um lado pra o outro, dificultando nossa fuga.


– Edward, o que vamos fazer? Eles vão nos pegar logo se continuarmos a correr sem rumo. – gritei meio sem fôlego.


– Ela esta certa. Eles parecem não se cansar, mas nós nos cansamos... Temos que nos esconder! – gritou Emmett que estava atrás de mim.


Edward nada disse, apenas continuou a correr, procurando um lugar para nos esconder.


Peguem-nos! – gritava os homens a nossa cola.


– Eu não sei o que fazer... Não conheço muito essa área e o que conheço parece que desapareceu. Ninguém parece querer nos ajudar! – gritou Edward com raiva.


Continuamos a correr pelo que pareciam horas, até que achamos um lugar para nos escondermos. O lugar era um pouco apertado, mas era melhor do que ficar lá fora correndo.


– O que vamos fazer agora? Cedo ou tarde eles vão nos achar aqui. – eu disse, enquanto Emmett concordava.


– Eu tenho uma ideia, mas é arriscada. – Edward disse sério.


– E qual ideia seria essa? – perguntei.


– Bem, enquanto um de nós dois se faz de isca, o outro a tira daqui e a leva para um lugar seguro e se essa pessoa escapar, nós nos encontramos em algum lugar...


– Aé? E diga-me Edward... Quem seria a pessoa a se fazer de isca? – perguntou Emmett com um olhar bravo, como se já soubesse a resposta.


– Sim Emmett. Eu seria a isca...


– O que?! – gritei interrompendo-o – Você está louco? Se o pegarem, quem sabe o que farão com você...


– Bella não grita. – pediu Edward sério, antes de suspirar e me olhar nervoso. – Olha... Não temos muitas chances aqui... Se eu me servir de isca, poderá ser mais fácil para vocês saírem daqui...


– De jeito nenhum Edward... – interrompeu Emmett sério. – Prometi a seu pai que o protegeria. E vou cumprir isso. Bella esta certa... não sabemos o que fariam com você e você é importante demais para correr esse risco...


– Emm...


– Não diga nada Edward... Você é o príncipe de todo o Egito. É seu dever é se proteger agora, pois seu povo dependerá de ti...


– Mas se não fizermos isso, não poderemos fugir daqui. – disse Edward teimando.


– Eu sei... por isso quem o fará será eu. – disse Emmett firme.


– Emmett eu não quero colocar sua vida em risco...


– Eu sei... mas se você o fizer, você colocará a vida de muitos em risco. Seu dever agora é proteger Bella e ajudá-la a encontrar seu caminho. Isso não é algo que eu possa fazer. Por isso, lhe peço jovem príncipe... Conceda-me a honra de poder morrer por ti. – pediu Emmett se reverenciando, me deixando surpresa por tal cena.


Edward ao meu lado ficou sem ação por uns instantes. Até que sua consciência pareceu voltar a si e com um pequeno sorriso nos lábios se dirigiu a Emmett.


– Obrigada Emmett, por tudo... Que os deuses o protejam meu amigo. – disse Edward, fazendo um pequeno sinal com a cabeça.


– É uma honra servi-lo meu senhor. – disse Emmett sorrindo.


“Ok... o que será que estava acontecendo? Por que eu sempre sou a única a ficar boiando nas conversas?”

– Alguém poderia me explicar o que esta acontecendo?


Ninguém nada respondeu, mas isso não me importou, pois eu já sabia o que estava acontecendo.

– Bella. – começou Emmett, enquanto segurava minhas mãos. – Sei o quanto tudo parece confuso, mas não se preocupe, Edward estará ao seu lado orientando-a. E para mim... foi uma grande honra conhecê-la... sei que sou apenas um humilde discípulo, mas espero que você tenha me considerado como um amigo...


– Claro Emmett... não importa o que aconteça ou quem você é aqui. Para mim, você será sempre o meu professor esquisito e meu amigo do coração. – eu disse rindo, fazendo Emm e Edward rirem.


– Obrigado, fico feliz em saber disto... Acho que devo ir agora. Logo estará escurecendo e não será bom para vocês. - disse Emmett sorrindo, enquanto saia de nosso pequeno esconderijo.


– Até mais Emm. Se tudo der certo, nos encontre...


– Não diga. Se eu for capturado e tentarem fazer algo comigo, é melhor que eu não saiba. – disse ele com uma piscadela.


– Certo... nos encontraremos então.


Emmett sorriu e então se despediu, saindo correndo até uma pequena parte da rua, chamando a atenção dos guardas que rapidamente passaram a persegui-lo.


– Vamos Bella. Temos que sair daqui.


Eu nada disse, apenas assenti e sai do esconderijo, junto com Edward. Assim que a barra parecia limpa, começamos a andar por entre as casas, tentando achar um lugar seguro para ficar, antes que a noite chegasse.


Andamos por várias casas, mas não encontrávamos nada. Algumas pessoas nos olhavam, nos reconhecendo, mas fingiam nada ver.


– Edward, por quanto tempo mais andaremos? – perguntei cansada. Minhas pernas doíam muito.


– Não sei, também estou cansado. – respondeu ele sério, enxugando o suor do rosto.


Andamos mais um pouco, até que minhas pernas não aguentaram mais e quase me levaram ao chão, se não fosse por Edward me pegar antes que eu desabasse ao chão.


– Está bem? – perguntou ele preocupado.


– Eu...


Tentei falar, mas minha voz sumiu, quando constatei que Edward esta com seu rosto muito perto. Tão perto, que eu podia sentir sua respiração bater contra minha face. Olhei para seus olhos e surpreendi-me ao constatar que eles eram lindos. Tão lindos quanto seu rosto.


– Bella? Você está bem? – perguntou-me novamente, interrompendo minha concentração.


– Er... bem.. estou bem sim. – respondi sem graça, enquanto ele ajudava-me a levantar.


– Você parecia concentrada em algo. – disse ele me avaliando.


– Não era nada... só estava pensando. – respondi com um sorriso amarelo.


– Ok, se você diz. – disse ele dando de ombros, fazendo-me sorrir.


– E então para onde vamos agora? – perguntei sem animo.


Hum... acho que posso ajudá-los nisso. – disse alguém a nossas costas, nos fazendo pular de susto.


Ainda assustados e preparados para correr caso fosse preciso, nos viramos devagar, surpreendendo-nos ao ver uma mulher sorrindo gentilmente para nós.


– Quem é você? – perguntou Edward.


– Sou Ana Carla e vim aqui para ajudá-los.


– Ajudar-nos? Por que faria isso?


– Porque vocês são os únicos que podem nos ajudar. – disse ela com lágrimas nos olhos. Deixando-me com o coração dolorido.


Edward ficou em silêncio por alguns instantes, até que por fim sorriu e assentiu para a mulher que agradeceu profundamente.


Ana Carla nos convidou a passar a noite em sua casa, e claro que nós aceitamos felizes por ter um lugar para ficar.


Assim que chegamos lá, ela nos ofereceu um pouco de comida e água. Enquanto comíamos, ela nos contou o que acontecera no Egito durante esses dois anos.


– Um homem estranho chegou de repente ao vilarejo, dizendo que precisava falar urgentemente com o faraó. Os altos sacerdotes do templo temendo que fosse algo relacionado à profecia, o deixaram entrar. Porém, esse foi o pior erro que cometeram...

– Ninguém soube ao certo dizer o que havia acontecido por lá. Simplesmente do nada, as coisas mudaram. Aquele homem saiu do templo e se dirigiu ao povo como o novo faraó. Ninguém obviamente aceitou e muitos começaram a se rebelar, até que do nada, o céu escureceu e os olhos daquele homem se tornaram negros como a noite...

– E foi ali que notamos que nada podíamos fazer. Aquele era o mal em pessoa que havia vindo acabar com todos nós. Ele nos obrigou a nos curvar diante dele e aquele que não o fizesse, iria conhecer o abismo dos mortos...

– E foi ali que o sentimento de medo nos dominou. Ele nos disse que havia sido enviado pelo deus Seth e quem ninguém, nem mesmo a filha da deusa poderia nos salvar... E ele finalmente iria cumprir sua vingança...

– Depois disso, as coisas começaram a piorar. A seca se abateu fortemente contra nós, o gado começou a morrer aos poucos, passamos a depender totalmente do novo faraó. E então um dia, ele passou a pegar vários homens nas ruas para levar para o templo, para que eles se tornassem parte de seu exercito...

– Meu marido Robert, foi um dos que foram levados. Depois daquele dia, eu nunca mais o vi. Ao que se parece, os homens se esquecem de quem são e de suas famílias, apenas existe um vazio dentro deles...

– Com o tempo, a esperança de que nosso príncipe voltasse, junto à filha da deusa, foi morrendo. Não havia mais esperança e então finalmente aqueles que ainda estavam firmes perante o novo faraó, se curvaram e então só restou à dor e a tristeza.

Depois que ela nos contou o que havia acontecido, ela nos deixou sozinhos, enquanto ia para o quarto chorar. Uma grande dor se estalou em meu peito e eu junto a ela, chorei, chorei muito.


Tudo estava confuso para mim. Aconteceu tão rápido que eu mesma mal percebera... E agora, não havia mais volta. Eu sentia que precisava ajudá-la, mas eu não sabia como e isso me deixava mais angustiada do que já me encontrava.


Edward que ouvira tudo calado estava estático em seu lugar. Apesar de não haver lágrimas em seus olhos, eu sabia que ele estava chorando por dentro.


Quando anoiteceu, a mulher nos mostrou seu quarto e pediu que ficássemos ali, pois era o único lugar para se dormir, que não fosse à sala. Ela arrumou uma “esteira” de palha para nós e nos deixou sozinhos no quarto.


– Edward, desde que a mulher nos contou tudo aquilo, não falou nada. Você está bem? – perguntei preocupada.


– Me desculpe Bella. Eu não queria preocupá-la. – disse ele de costas para mim. – Eu fiquei em choque ao ouvir o que aconteceu. Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer com meu povo...


– Sinto muito... Imagino o quanto é difícil.


Ele que ainda estava de costas, se virou e caminhou em minha direção. Quando ele se aproximou, puxou-me repentinamente para seus braços, abraçando-me fortemente. Assustada com tal ação, apenas fiquei imóvel.


– Deixe-me ficar assim por alguns instantes. – pediu ele em um tom baixo.


Eu nada disse, apenas assenti e retribui o abraço. Seu abraço era quente, era tão bom e por alguma razão estranha, eu me encaixava perfeitamente em seus braços.


Ficamos ali um tempo, até que ele se afastou envergonhado, se desculpou pelo que fizera. Não pude evitar sorrir ao ver sua cara envergonhada.


– Acho melhor dormirmos. – disse ele sem graça.


– Certo.


Edward e eu deitamos em nossa “cama” e fechamos os olhos. Porém, ele ao contrario de mim, conseguiu pegar no sono rapidamente, enquanto eu não conseguia pregar os olhos, mesmo estando cansada.


Durante o que pareceram horas, fiquei ali me revirando naquela cama. O lugar, a cama e o frio que estava do lado de fora, que entrava por entre as paredes, me fazendo tremer, não me deixavam dormir.


Aos poucos, quando o cansaço realmente venceu, fui pegando no sono, até que por fim, fui engolida por ele.


Isabella... – ouvi novamente aquela voz sussurrar. Você não pode se esconder de mim... Eu te encontrarei...

Quem é você? – perguntei assustada.

Não importa quem sou... Importa o que eu farei com você... falou novamente a voz.

Co-como a-assim? – perguntei tremendo.

Ram....Espere e verá.....Você será a minha vingança!


Abri os olhos e notei que estava no quarto daquela mulher, sequei o suor da testa e respirei fundo, assustada ainda com o que eu sonhara.


Sentei-me na cama e botei as mãos no coração, tentando acalmá-lo. Respirei novamente fundo e olhei a minha volta, nada parecia estranho. Mesmo assim senti o medo me dominar.


“Edward... Vou acordar Edward.” Pensei ainda assustada.


Edward que dormia ao meu lado parecia tranquilo, parecia tão bem dormindo, eu realmente não queria acordá-lo.


Deitei-me novamente e fechei meus olhos. Porém não consegui dormir, na verdade eu nem queria dormir mais. Passei então a revirar-me na cama. Não sei por quanto tempo fiquei fazendo isso, apenas parei quando ouvi sua voz atravessar o silêncio do quarto.


– Não consegue dormir?


– Não. – respondi cansada.


– O que aconteceu? – perguntou se sentando.


– Tive um pesadelo. – respondi me sentando também.


– E sobre o que era esse pesadelo?


Respirei fundo uma vez e com um gesto encorajador dele, lhe contei sobre o que sonhara e todos os outros sonhos a que vim tendo desde que chegamos aqui, assim como os outros que tenho desde que era uma criança.


Edward ouviu tudo atentamente e quando terminei de contar ele nada disse, apenas ficou em silêncio por um tempo.


– Por que não contou isso antes Bella? Eu poderia ter te ajudado de alguma forma. – disse ele sério.


– Desculpe... com tudo acontecendo eu mal consegui pensar direito.


– Tudo bem... Mas se houver outro sonho como esse, me avise. – disse ele preocupado.


– Por quê? Isso tem realmente alguma coisa haver com o que está acontecendo? – perguntei assustada.


– Eu não sei, Bella. Mas não é difícil de pensar nisso. Essa voz em sua cabeça pode ser qualquer coisa. Seu medo, o novo faraó ou até mesmo Seth. Por isso, se acontecer qualquer coisa com você, me diga ok? – pediu ele sério, muito sério.


– Ok.


– Certo. Agora, não se preocupe ok. Se não quiser dormir, tudo bem, eu farei companhia para você. – disse ele sorrindo, quebrando a tensão.


– Obrigada.


Edward deitou-se e eu o acompanhei, ficando um de frente para o outro. Ri ao vê-lo soltar um bocejo involuntário.


– Sabe, pode dormir se quiser.


– Não... vou te acompanhar. – disse ele sorrindo, fazendo-me sorrir novamente.


Era tão estranho estar ali ao lado dele, conversando sem estarmos nos atacando, mandando indiretas ou falando palavras de baixo calão um para o outro.


O mais engraçado de tudo, é que eu gostava de todas essas mudanças. Edward não parecia mais ser aquela pessoa arrogante de sempre... Ele parecia um homem preocupado com sua família.


– O que pensas tanto? – perguntou-me, me tirando de meus pensamentos.


– Eu estava pensando em como as coisas mudaram dessas horas para cá. De como de repente você deixou de ser aquele garoto que eu não suportava, para o garoto que tem minha vida em mãos...


– Hum... profundo isso hem. Quem diria, eu me tornaria o homem da sua vida. – disse ele com aquele sorriso divertido dele.


– Ah, você não muda mesmo. – eu disse rindo, tentando lhe dar um soco no braço, mas antes mesmo que eu fizesse algo, ele já estava com meus braços presos.


– Você ainda acha que com esse bracinho irá me bater? – perguntou ele ainda divertido.


– Seu...


– O que? – perguntou se aproximando, colando seu corpo ao meu e aproximando sua cara da minha.


– O que você está fazendo? – perguntei pasma.


– Não sei. – respondeu ele olhando nos meus olhos.


Aos poucos ele afrouxou meus braços, até soltá-los totalmente, mas não se afastou de mim nem um centímetro.


– Agora entendo. – disse ele do nada.


– O que? – perguntei sem entender.


– Desde o começo Emmett estava certo. Eu fui o único a não perceber isso até agora, até mesmo meus amigos perceberam isso antes de mim. – disse ele incrédulo com sua descoberta. – Sabe Bella, durante toda a minha vida eu sempre fui deixado em 2º plano, a não ser por meus pais e Emmett, que sempre estiveram ao meu lado e não de meu irmão...


– Irmão? Você tem um irmão?


– Eu tive... Ele morreu tem alguns anos. – disse ele com um olhar triste. – Depois que ele morreu, começaram finalmente a me reconhecer, pelo menos foi o que pensei, pois na verdade, estavam apenas tentando me colocar como seu substituto. Sempre me pressionando a ser igual a ele, algo que eu não poderia fazer. Eu estava tão cansado de tudo isso que quando ouvi sobre sua história, decidi fugir, indo procurá-la...


– Edward, por que está me contando isso? – perguntei sem entender a onde ele queria chegar.


– Porque sou um idiota... Quando fui para o futuro e conheci meus amigos pensei que pela primeira vez na vida eu finalmente poderia ganhar mérito por mim mesmo, e sabe, eu estava certo. Mas ao mesmo tempo fui cegado por poder ser diferente, e esse era o problema, pois eu já não era eu mesmo... – Até que eu te conheci, você apareceu do nada e de algum modo mexeu comigo, mas para não perder a pose a maltratei. E então isso se tornou uma diversão, que aos poucos foi se tornando um hábito e por fim algo que eu não podia mais controlar... – Algumas vezes eu me pegava olhando-a, esperando um sorriso ou uma de suas caras bravas que por alguma razão me fazia sentir em casa, me fazia sentir bem...


Espantada com suas palavras, afastei-me um pouco de Edward e virei meu rosto para o outro lado.


– O que estava acontecendo comigo, eu me perguntava. – continuou ele a falar, ignorando o que eu fizera. – Embora Emmett e os outros me dissessem eu me recusava a acreditar... – Ram, eu perdi tanto tempo para descobrir isso. Para descobrir que eu estava amando, amando você Bella.


Ao ouvir tais revelações, meu corpo congelou no lugar e minha respiração ficou falha, enquanto meu coração batia fortemente dentro de meu peito.


“Por que Edward estava me contando isso agora? Por que eu estou me sentindo assim? O que estava acontecendo?”

– Edward eu... – comecei, mas perdi a fala quando ao virar, constatei que Edward estava com seu rosto bem próximo ao meu. Tão próximo que sua respiração batia contra minha face, me deixando inebriada. – Edward... – tentei falar novamente, mas antes que eu começasse, fui calada por seus lábios.


O contato foi suave e delicado, mas foi o bastante para fazer meu corpo se arrepiar. E antes mesmo que eu percebesse, eu já estava com meus braços entrelaçados em seu pescoço, retribuindo o beijo que havia ido além de um simples toque.


Seus lábios eram gentis sobre o meu, explorando delicadamente minha boca. O mundo lá fora, já não importava mais, os problemas desapareceram e apenas existia ele e eu. E pela primeira vez, depois de tudo o que aconteceu, eu me senti viva, me senti feliz, me senti realizada.


Quando o ar se fez necessário, nos separamos. Nossas respirações estavam falhas e eu podia sentir seu coração bater rápido, assim como o meu.


– O que... – comecei a dizer quando recuperei o fôlego, mas fui interrompida por Edward.


– Não diga nada Bella. Eu agi meio rápido demais... Desculpe. – pediu ele, se afastando, ficando de costas para mim.


– Acho melhor tentarmos dormir agora... Não sabemos o que esperar do dia de hoje. – disse ele ainda de costas para mim.


Eu que ainda estava em choque pelo acontecido, fiquei quieta em meu lugar. Em minha cabeça havia milhares de perguntas sobre o que acontecera. E a imagem e o gosto de seus lábios, ainda estavam fortes em minha mente.


“O que era este sentimento? AMOR?”


Fiquei debatendo as perguntas em minha cabeça, tentando arranjar alguma resposta para elas. Ao mesmo tempo, lutando contra a sombra de meus sonhos, que agora não me deixava em paz.


Tudo estava um caos em minha mente. As verdades, as descobertas, tudo vinha tão rápido que realmente não sei se cheguei a compreender a gravidade de cada uma delas.


E fiquei ali pensando, até que por fim peguei no sono e para a minha felicidade, um sono em paz.


[...]


O sol, quente na pele das minhas costas, me acordou pela manhã. Era tarde da manhã ou logo cedo da tarde, eu não tinha certeza.



Abri meus olhos e virei-me para o lado de Edward, porém ele não estava deitado ao meu lado. Levantei-me rapidamente meio assustada de que algo tivesse acontecido e corri para fora do quarto, encontrando ele e Ana sentados á uma mesa conversando.


Assim que ela me viu parada na porta, sorriu me convidando a me juntar. Edward em momento algum olhou pra trás.


– Olá Isabella. Dormiu bem? – perguntou-me Ana quando cheguei ao seu lado.


– Dormi sim. Obrigada.


– Que bom... O príncipe Edward e eu, estávamos conversando sobre o que aconteceu com seu amigo...


– Como assim o que aconteceu com meu amigo? – perguntei interrompendo-a.


– Emmett foi preso Bella, eles o levaram para o templo. – respondeu Edward, me olhando agora.


“Emmett foi preso?”

– Mas e agora, o que acontecerá com ele? – perguntei preocupada.


– Não sabemos... o que sabemos é que ele esta bem, esta vivo. – respondeu Ana.


– E o que iremos fazer agora?


– Vamos invadir aquele templo e então resgatar ele e minha família e depois vemos o que fazemos. – disse ele suspirando, enquanto se levantava.


– Invadir? E como faremos isto?


– Ao amanhecer. Os guardas trocam de turno nesse horário, esse será o momento perfeito para vocês entrarem lá... Agora, acho melhor você comer algo. – disse Ana, enquanto me fazia sentar a mesa e me servia leite e alguns pães.


Edward que ainda estava de pé me lançou um sorriso triste e se afastou, indo para o quarto. Fiz menção de me levantar para conversar com ele, mas Ana me impediu.


– Deixe-o. Ele apenas precisa ficar sozinho.


A contra gosto, assenti e comecei a comer, ainda preocupada com Emmett e com Edward.


– Você gosta muito dele não é? – perguntou ela me surpreendendo.


– Por que fala isso?


– Vejo como olha para ele...



– Como assim? – perguntei confusa.


– Ha... você ainda não percebeu. – disse ela rindo.


– Percebi o que? – perguntei ainda confusa.


– Sabe, quando você olha para ele, seu olhar fica com um brilho intenso. E quando ele se move, sem ao menos você perceber, você se move junto com ele. Como se uma coisa fosse conectada a outra. E vejo que acontece o mesmo com ele, pois ele te olha com carinho, com amor. – disse ela sorrindo enquanto imagens do beijo da noite anterior invadiam minha mente, me fazendo corar envergonhada.


– E pela sua reação... acho que você sabe que ele gosta de você não é?


– Sim, eu sei, mas... – parei.


– Mas? – incentivou-me.


– Mas eu não sei o que eu mesma sinto em relação a ele. No começo, eu não o suportava, às vezes isso se transformava em ódio, outras vezes eu mesma o provocava por querer... Por quê? Por que meu coração sempre batia forte quando ele se aproximava? Por que quando eu não o via eu me sentia sozinha? Por que eu sempre ficava confusa em relação a ele?... Essas perguntas sempre ficavam em minha cabeça, mas eu nunca achava a resposta... E quando conheci seu verdadeiro eu, me senti hipnotizada. E quando ele me beijou, o resto já não me importava mais... Era como se existisse somente eu e ele nesse mundo... O que é esse sentimento dentro de mim? – perguntei assustada.


– É amor... esse sentimento se chama amor Isabella. Você o ama. – disse Ana sorrindo, assim como seus olhos que brilhavam de felicidade.


– Amor? – repeti sem acreditar.


– Sim, amor... O amor não é algo que escolhe para acontecer, ele acontece quando a gente menos imagina e das formas mais inimagináveis. Olhe você, tudo começou pelas intrigas, pela raiva, até que chegou há um ponto que isso se transformou em outra coisa, mas que você não conseguiu perceber. – disse ela sorrindo gentilmente.


“Então era isso, era esse o sentimento que durante tanto tempo eu tentei descobrir.”


Enrijecei no lugar diante de minha constatação. Era algo tão obvio, mas tão impossível a meu ver, que eu ignorei totalmente esse sentimento.


Senti algo molhar meu rosto e quando percebi o que era, sobressaltei-me. Eram lágrimas.


– Bella? Você está bem?


– Eu demorei tanto para encontrar essa resposta. E quando eu a encontro é justamente no dia em que tudo pode acabar. – sussurrei, enquanto as lágrimas teimavam em sair.


– Por que falas isso?


– Quando invadirmos aquele templo, quem sabe o que acontecerá com a gente. Se eu realmente vou ter o poder para enfrentar aquele que se por em meu caminho e ganhar essa batalha...


– E isso importa agora? Aproveita o tempo que você tem menina. O resto deixa para depois, pois agora o importante é você e ele. E quando chegar o momento de você enfrentar tudo, você saberá fazê-lo. – disse ela sorrindo, me fazendo sorrir.


– Agora vai atrás dele e aproveita.


Levantei-me da mesa e com todas as formas reunidas, sai em direção o quarto. Entrei como um furacão dentro dele, assustando Edward que estava sentado na cama onde dormimos.


– Bella, o que aconteceu? – perguntou ele se levantado.


– Aconteceu isso Edward. – respondi, antes de puxá-lo e juntar meus lábios aos seus.


No primeiro momento, Edward ficou estático, mas logo correspondeu ao beijo, abraçando-me fortemente.


O beijo foi intenso, ousado, prazeroso. Eu podia sentir que ele me amava de verdade apenas pelo toque de seus lábios. Em meu estômago parecia haver milhões de borboletas e meu coração, batia fortemente.


E se eu ainda tivesse alguma dúvida de meus sentimentos, eu não o teria mais, pois eu podia sentir dentro de mim que eu o amava, assim como ele a mim.


Assim que o ar nos faltou, Edward e eu nos separamos arfantes, encostando nossas testas uma na outra.


– O que foi isso? – perguntou ele sorrindo, quando recuperou o folego.


– Isso... foram os meus sentimentos por você. – respondi sorrindo.


– Seus sentimentos? Então, isto quer dizer que você...


– Que eu o amo. – eu disse terminando sua frase que ficara suspensa no ar.


Os olhos de Edward ao ouvir minhas palavras se iluminaram e um sorriso maravilhoso se formou em neles. Ainda em seus braços, pude sentir seu coração bater fortemente em seu peito.


– Essa, foi a melhor coisa que aconteceu comigo desde que tudo isso começou. Obrigado.


– Pelo que? – perguntei confusa.


– Por me fazer feliz. – respondeu ele com os olhos brilhando, me fazendo sorrir.


Nos sentamos na cama e ficamos ali nos encarando por um tempo, sem dizer nada. Palavras não eram suficientes para descrever o que realmente estava acontecendo naquele momento.


As horas foram se passando e nós ficarmos ali, juntinhos o tempo todo, conversando sobre nossas vidas e aproveitando o momento com cada um.


Quando o dia se fez noite, voltamos para a realidade. Ana que estava feliz com nós dois, fez um jantar especial para comemorarmos, o que foi muito bom, pois eu ainda não estava tão preparada para encarar a realidade.


Depois, passamos a grande parte da noite, bolando estratégias para entrar dentro do templo e como Edward conhecia aquele lugar detalhadamente, as coisas ficavam um pouco mais fáceis.


Tomamos um banho e trocamos de roupa, colocando algo desse tempo. E então dormimos um pouco e antes que o sol começasse a nascer, saímos apressadamente da casa, mas não antes de Ana me entregar algo.


– Bella... leve esse punhal com você. Talvez ele lhe sirva de utilidade. – disse ela, enquanto me entregava um lindo punhal.


– Obrigada.


Despedimo-nos e saímos correndo em direção do templo. As ruas estavam completamente silenciosas. Parecia que nada havia de errado no lugar.


Assim que nos aproximamos do templo, avistamos os guardas que protegiam o local. Ainda falta cerca de uma hora para o amanhecer, então nos escondemos, esperando pacientemente a hora certa.


– Bella, eu queria lhe dizer uma coisa. – começou Edward, interrompendo o silêncio que ficara no ar.


– Claro, fale.


– Quero que você saiba que estou feliz em estar ao seu lado, de poder conhecê-la e de poder amá-la. E que aconteça o que acontecer, eu estarei ao seu lado para o que der e vier.


– Obrigada. É uma honra estar ao seu lado príncipe Edward. – eu disse rindo, fazendo-o me acompanhar.


Enquanto a hora não chegava, conversamos um pouco sobre o que poderia acontecer lá dentro. Edward assim como eu, estava com medo e não conseguia imaginar o que se realizaria, mas ele tinha a certeza de que eu saberia lidar com isso na hora certa.


Isso me fez pensar que em momento algum, desde que tudo isso começara, eu pensei em como eu, a garota que virou uma lenda iria enfrentar aquele que esta causando tanto mal.


O que eu faria? Como eu lutaria e onde eu acharia esse poder dentro de mim? E as perguntas novamente surgindo, porém como sempre, com suas respostas totalmente silenciosas.


E sem saber ao certo o que me aguardava, ali estava eu... entrando dentro do lugar que poderia ser o meu fim.


Continua na próxima página.


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