Apenas Uma Alma escrita por Luna Sweet


Capítulo 2
I




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Era mais uma manhã gelada na cidade de Ustemburgo. O sinal da primeira aula havia acabado de bater e os alunos estavam indo para suas respectivas salas de aula.

Não seria uma aula normal de biologia para os alunos do segundo ano. O professor iria falar de relacionamento e gravides na adolescência. Os alunos ao entrarem nas salas, encontraram uma boneca e um boneco colados com durex na lousa.

-Mais que porra é... – Luna tinha entrado na sala junto com a turma e estava olhando fixamente para a lousa.

Sentou na primeira bancada, aonde sempre sentava com a sua melhor amiga Leticia. Leticia era uma garota bonita. Seus cabelos longos cor de chocolate eram repicados. Era magra, mas tinha um corpo “esculpido”. Seus olhos azuis eram tão claros que podia passar de cega.

- Já disse que eu sempre invejei o corpo da Barbie? – Leticia jogou-se no banco de metal da bancada.

- Já.- Luna continuava olhando para a lousa sem entender. Por que tinha um Maxitel colado na lousa do lado da Barbie seminua?

-PESSOAL! – A voz rouca do professor ecoou pelos corredores vazios da escola – Vamos sentar. Quem não me viu ainda, bom dia! O professor está na sala. Eu sei que eu sou baixinho, mais também não é pra tanto né galerinha?

- Essas piadas desnecessárias. Ah-há.

- Luna, vamos à lanchonete Ico depois da aula?

- Eu não sei! Eu tenho que terminar o trabalho de português. É para essa semana e eu nem comecei.

- Senhorita Luna, ou a senhorita se aquieta ou sai da sala.

Alguém havia batido na porta. O professor Foi até a porta e a abriu

-Pois não?

Todos  se encurvaram para ver quem estava lá.

- AAh, entre. Não se atrase na próxima vez.

Todos voltaram para suas antigas posições antes que o professor pensa-se em se virar. Entrou um homem alto, vestindo uma camiseta preta com gola v. Um casaco de Beisebol vermelho. Usava uma calça jeans e coturnos negros nos pés. Mesmo com o casaco largo, era possível ver os seus músculos. Tinha uma barba mal feita e seu cabelo estava meio bagunçado. 

- Quem é o burro gostoso, delicia, sedução, super hot, hot, hot? – Leticia havia comentado baixo com um sorriso maléfico entre os lábios para Luna.

Luna apenas sorrio e mordeu o lábio inferior.

- Classe esse é Erick, aluno novo. Tratem bem e Nora?

- Sim professor.

-Não estripa essa vitima por favor, sim?

Todos da sala começaram a rir.

-Eu? Estripar? Vitima? – Ela olhou Erick de baixo para cima. – Jamais ... – Um sorriso safado apareceu em sua face.

Caminhou até a ultima bancada e sentou-se sozinho.

- Vou passar um vídeo de parto para vocês e quero que vocês prestem bastante atenção. Não quero nenhuma piadinha de mal gosto e derivados OUVIU SENHOR MATH?

Math nem ouviu, já estava com a cabeça deitada na mochila e dormindo como um neném.

Depois de 15 minutos o filme havia acabado. Todos os alunos, que viram o filme estavam com cara de traumatizados e amedrontados.

- Espero que depois desse vídeo, vocês pensem 3 vezes antes de terem uma relação sexual com os seus devidos parceiros.

- Acho que vou vomitar.

Luna arregalou os olhos e abaixou a cabeça.

-Senhorita Luna! Vou começar por você.

-Por mim?

- Vou trocar as duplas. Quero uma redação sobre o seu colega que eu vou selecionar. Valendo 10 pontos.  Todos do lado direito pulam para trás e o ultimo vem para frente.

Ao olhar para trás, Luna percebeu que o seu novo parceiro de biologia temporário seria o aluno novo.

Luna tinha a pele branca, quase transparente. Seu cabelo repicado possuía duas cores, a parte de cima branca e a parte de baixo negra. Tinha os olhos azuis, como o céu de um verão indiano.

Os alunos começaram a reclamar. Ninguém queria trocar de lugar.

- Aqui quem manda é eu. E não demore. Quero essa redação pronta para a próxima aula.

- Boa sorte com o bonitão. – Leticia deu um soco de leve no braço da amiga e foi para a cadeira de trás.

O professor passou distribuindo folhas. Luna ao pegar a folha dela, deu um longo suspiro.

- É isso ai vamos começar... Então... Qual seu nome mesmo?  – Luna fez uma careta.

Erick não disse nada. Apenas começou a escrever.

- Ei? O gato comeu a língua?

- Erick

Respondeu sem retirar os olhos da folha.

- O que tanto escreve?

Luna tentou pegar a folha, mas Erick colocou seu corpo na frente, impedindo-a de chegar perto.

- Oras... Deixe-me ver. É sobre mim que você esta escrevendo.

Luna debruçou sobre o corpo musculoso do garoto. Puxou a folha, fazendo um risco com a ponta do lápis.

- Nossa quanta coisa – deu uma olhada por cima.

Quanto mais Luna lia da redação de Erick, mais espantada ficava.

-Oras... Mas... ma-mas isso é impossível. Que brincadeira besta. 

Ele tinha acertado em tudo.  Acertou seus medos, seu gênero musica, sua comida preferida, tudo.

- qual a minha cor favorita?

- Não estamos brincando de jogo do adivinha – Disse sério

- Qual aminha cor favorita?

- Preto.

-Mentira. – sim, ele tinha acertado.

Erick levantou uma das sobrancelhas.

O sinal tocou. Erick Arrancou a folha da mão dela e a jogou dentro da mala. Saiu pela porta sem olhar para trás.

- Eai? Como foi com o bonitão?

- Ele escreveu uma redação falando tudo sobre mim e não tinha perguntado nada.

Luna levantou da bancada e saiu correndo atrás de Erick. Já não usufruía da educação que a mãe havia lhe dado, mas não tinha tempo de pedir licença para ninguém para poder passar. Passou pelo corredor como um trator de neve passa retirando a neve da rua.

- EEI. – Sua voz ecoou pelos corredores da escola. Erick tinha ouvido, mas não se virou.

Luna conseguiu chegar perto o suficiente para puxar a barra do casaco. Erick parou e se virou.

- Não vai me contar nada sobre você?

- Você não disse nada sobre você.

- Mas... eu não sei como você é só de olhar para você.

Erick sorriu. Foi o sorriso mais lindo que Luna já havia visto em toda a sua vida.

- Me fala qualquer coisa. Qual a sua cor favorita? Quantas vezes você repetiu ?

- Eu não repeti.

Erick Foi em direção a porta da saída da escola, enquanto Luna o seguia.

-Não? Eu achei que você... É que você parece ser mais velho.

Erick deu de ombros

-É novo na cidade? Me responde alguma coisa, poxaaa.

Erick finalmente parou.

- Olha se quer saber alguma coisa, me liga.

Arrancou uma folha do caderno e anotou seu telefone

- Eu não vou te ligar. Não preciso. Só quero que você me diga a sua cor favorita e se é novo na cidade.

Erick sorriu cinicamente.

Luna estava segurando o papel com o telefone e resmungava quando o guardou no bolso.

- Me liga, vou ao Bar do Babu hoje. Se quiser...

- Não vou te ligar. Nunca!

- Nunca? Então por que pegou e guardou o meu numero?

-Sei lá.

- Farei você engolir suas palavras.

Luna deu as costas e saiu andando ao encontro de Leticia.

• • •

Já eram sete horas e Luna estava sozinha m casa, deitada na sua cama ouvindo musica.

-On and on we carry through the fears

Ooh oh ohhhh

Disappointed faces of your peers

Ooh oh ohhhh

Take a look at me cause I could not care at all

Luna cantava mais alto do que a musica.

-Luna, desce aqui agora e venha preparar meu jantar.

Scoty era casado com a sua irmã mais velha, Madalena. Madalena era dona de uma empresa de cosméticos e não para em casa. Scoty foi um vagabundo que se apaixonou estupidamente. Luna o ouviu chamar, mas fingiu que não era com ela.

Apertava os botões do celular a cada segundo que passava.

-eu não vou ligar para ele, se é isso que ele quer.

Luna mordeu os lábios inferiores. Jogou o celular na cabeceira da cama e dirigiu-se para o banheiro retirando suas roupas.

Após 30 minutos, estava vestindo uma camiseta branca um pouco comprida. Nela havia uma estampa “ BIRD 33”. Uma calça jeans preta justa e um coturno negro nos pés. Colocou uma camisa de flanela xadrez vermelha e preta. Pegou sua bolsa, jogou umas folhas de papel e uma caneta dentro e colocou o celular no bolso traseiro.

- sabe? Eu preciso saber alguma coisa. Se eu escrever qualquer coisa, você não vai me salvar e falr que é verdade.

- Achei que você NUNCA ia me ligar.

- Não pretendia.

- Fiz o que eu falei que iria fazer.

- Você ainda está no bar do Babu?

- Estou, ma...

Luna desligou o celular. Fez um sinal e o ônibus parou.

Passou meia hora e já estava no subúrbio da cidade, perto do bar. Engolia seco. Havia uma fila quilométrica para entrar. Luna se aproximou do segurança e com a voz tremula o cumprimentou.

-Boa noite... – Tentou entrar, mas foi barrada.

- 30 dólares!

-QUE? Não senhor. Eu não vou beber nem nada do gênero. Eu só preciso falr com um amigo meu... coisa de 15 segundos.

- Carteira de identidade e 30 dólares, por favor?

Luna não pensou duas vezes, passou por baixo da perna do segurança e correu para o bar adentro. O segurança correu atrás, mas era grande de mais para passar pelas pessoas como luna passava.

Chegou rapidamente no balcão das bebidas.

- EEI ! Conhece Erick? Alto, cabelos negros, olhos azuis…

- Ala Vip.

Ao lado do balcão tinha uma porta coberta por uma Cortina de veludo roxa. Luna saltou para perto da cortina e entrou antes que alguém a visse. O local de meia luz cheirava a charuto.

Erick estava sentado em uma das mesas contando dinheiro. Havia uma loira, que muito provável era uma das garçonetes, sentada em seu colo. Nos lábios, havia um charuto.

Luna se aproximou.

-Sabe? Era bem mais fácil você ter falado a sua cor favorita.

A Loira que estava em seu colo, foi parar do outro lado da sala. O dinheiro foi rapidamente recolhido pelos outros homens que estavam sentados na mesa.

O segurança apareceu e pegou Luna pelo braço.

- Eu falei 30 dólares.

-Não é juro. É rapidinho, por favor. ME SOLTA! TÀ ME MACHUCANDO.

- Solte-a! Ela esta comigo.

Erick esticou 3 notas de dez dólares e o segurança a soltou no mesmo instante.

- O que está fazendo aqui?

- Você me chamou para vir aqui.

Os homens se entreolharam e deram um olhar arrepiante para Erick.

-Não chamei não.

Erick apagou seu charuto e pegou Luna pelo braço, puxando-a para a saída. 

Ele a soltou quando estava do lado de fora do bar.

-GROSSO!

 -Grosso? Na próxima eu deixo ele dar o fim em você.

Erick apontou para o segurança. Luna engoliu seco.

- Você não pode entrar nesses lugares, Luna. É perigoso para você.

Erick procurava a chave do carro no bolso da calça.

-Perigoso?

- Vamos. Vou te levar para casa.

- Não vai não.

Erick saiu andando. Luna  estava ficando sozinha, em um lugar que não conhecia e era tão escuro. Decidiu então segui-lo.

- Entre no carro.

Erick abriu a porta para Luna, mas ela ficou parada.  Erick suspirou.

- Por favor, entre no carro.

- Por que você não me fala nada sobre você?

- Vamos fazer um trato? Se você entrar no carro, eu falo a minha cor favorita. Pode ser? – Erick deu um sorriso cínico.

Luna revirou os olhos e entrou no carro. Erick deu meia volta e já estava sentado ao lado dela.

- eu não tenho uma cor favorita.

Bateu a porta.

-Como não? Todo mundo tem.

- Eu não sou todo mundo.

Ficaram em silencio o caminho todo. Erick estacionou na frente da porta de sua casa.

-Bem, mais uma coisa que você sabe sobre mim e eu não sei de você.

Erick não disse nada, apenas olhava fixamente para os olhos de Luna.

- Quantos anos você tem?

- 350.

-Estou falando serio. Luna deu um sorriso puro e sem graça.

Erick sorrio. O sorriso de Luna, de todos os sorrisos puros e inocentes que tinha visto, o dela foi o mais lindo que já tinha visto.

- Adeus Luna.

Luna suspirou e saiu do carro.

Entrou silenciosamente em casa. Jogou sua bolsa no sofá, pegou seu celular e subiu as escadas.

-Garoto babaca.

Tirou a calça e a camisa de flanela. Deitou na cama e adormeceu. 


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Notas finais do capítulo

Welcome To The Black Parade My Chemical Romance



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