Bitter Revenge escrita por Fadaf


Capítulo 18
Capítulo Dezoito - My Way Home Is Through You




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Eu podia sentir meus pés pesando ao caminhar de volta para meu quarto branco e acolchoado. As palavras que eu tinha dito a Sam ainda rondavam minha mente, repetindo várias vezes e fazendo eco.

No que eu estava pensando?

Eu devia ser realmente louca. Podia sentir meu corpo todo tremendo ao lembrar do que Sam dissera:

"Hoje a noite."

- Helen? - chamou Chad, puxando meu ombro, fazendo-me soltar um grito. Ele me olhou confuso enquanto eu esfregava o local que ele havia tocado. - O que houve?

Olhei para os lados, sentindo-me um animal enorme preso em uma jaula minuscula. Arranhei minha pele com força pra ter certeza que eu não estava sonhando.

- Para com isso. - disse Chad, segurando minhas mãos quando continuei a arranhar convulsivamente meus braços. - O que foi?

Podia sentir lágrimas em meus olhos. Eu não podia contar a ele. O mundo inteiro podia saber, menos ele. Não quando ele me olhava como se estivesse realmente preocupado comigo.

- Nada, estou apenas assustada... - murmurei, abraçando-me, dando graças por Chad ter continuado adormecido quando aquela conversa com Sam aconteceu.

Chad virou a cabeça, como uma criança faz quando não entende algo que quer entender. Não olhei em seus olhos, senão eu me denunciaria.

- Eu estou aqui, não precisa ficar assustada. - ele falou, esticando a mão, mas a recolhendo logo em seguida. - Ou...

Fechei os olhos, as engrenagens na cabeça de Chad sempre funcionaram muito melhor do que de muita gente.

- Ou você está assustada comigo? - ele perguntou, encarando as próprias mãos, ainda sujas de sangue.

Essa cor, eu passaria a odiar essa cor enquanto eu vivesse. Esse tom deprimente de vermelho.

- V-Você não fez nada... - falei, estendo a mão pra ele, embora ela tremesse. - Você me protegeu...

Chad deixou um sorriso brincar em seus lábios, e seus ombros ficaram menos tensos.

- Isso... É bom de se escutar. - ele falou, fechando os olhos quando peguei sua mão e a coloquei entre as minhas.

- Por que? - perguntei, encarando o chão de ladrilho branco.

- Eu não ia suportar viver em um mundo em que você me odiasse. - ele falou, abrindo os olhos novamente e, ah, lá estava de novo, aquele sentimento caloroso que sempre surgia quando Chad me olhava assim.

Ficamos assim por alguns segundos, ele me olhando e eu encarando de volta, até que passos nos trouxeram de volta a realidade.

Um enfermeito passou por nós, lançando um olhar repreendedor a camisa verd de Chad. Afastei rapidamente sua mão da minha.

- Te-temos que voltar agora. - gaguejei, virando pra frente, continuando a andar em direção ao meu quarto.

Chad me seguiu, sem proferir nenhuma palavra. Apertei a gola da minha blusa branca, nervosa, querendo me livrar dessa angustia que eu sentia.

Quando chegamos em meu quarto, tinha um outro enfermeiro do lado de fora, muito parecido com Sam.

- Ah, oi, Helen. - ele falou, sorrindo gentilmente.

Esperei para ver se eu teria algum tipo de reação esquisita, mas nada. Algo me dizia que esse enfermeiro era muito bondoso.

- Hm... Oi. - murmurei, girando a pulseira vermelha no meu pulso.

- Chad, já falei que não pode usar peças coloridas. - falou o enfermeiro, encostando um carrinho na parede, próximo a porta do meu quarto.

Chad apenas deu de ombros, fazendo o enfermeiro bufar. Eu ri, como se eu já tivesse visto uma cena parecida com essa antes.

- Ah, Helen, chegou bem na hora. Seus irmãos estão aqui para vê-la. - o enfermeiro falou, tirando algumas mudas de roupa do carrinho e estendendo pra mim.

- Meus... Irmãos? - indaguei, franzindo as sobrancelhas.

- É, eles sempre vem aqui, quase toda semana. - o enfermeiro falou, olhando-me com compaixão. - Vou pedir para eles entrarem, ok?

Assenti, ainda confusa.

- Chad...

- Oi? - Chad desviou os olhos da muda de roupa que eu tinha nas mãos para me encarar.

- Meus irmãos...

- O que tem?

- Eles... Eles não são crianças?

Chad me encarou pensativo por alguns segundos, com a mão no queixo. Por fim, disse:

- Eles são homens já, Helen. Acho que esteve presa a mais coisas do que apenas sua cabeça.

***

Fiquei esperando sentada na cama de lençois limpos, mexendo freneticamente com as mãos. Fazia meia hora que o enfermeiro tinha mandado meus irmãos entrarem.

Ao que parece, eles sempre me viram quando eu estava apagada, murmurando coisas sem sentido e presa em uma camisa de força. Engoli em seco quando soube dessa parte por Chad. Eu era perigosa?

Fechei os olhos com tanta força que cheguei a ver pontinhos pretos atrás das pálpebras. Eu queria me lembrar de alguma coisa.

Por que diabos eu estou aqui?

- Helen?

Meu nome e uma batida na porta me fizeram abrir os olhos e levantar a cabeça. Engasguei com o próprio ar ao ver os dois rapazes altos e esbeltos na minha frente.

- Vo-Vocês cresceram... - murmurei, juntando as mãos, para depois separa-las e começar a brincar com meus dedos.

O rapaz da frente olhou para o que estava atrás e caminhou até mim, abaixando-se na minha frente. Ele estava com lágrimas nos olhos castanhos, mas sorria.

- Acontece com as crianças o tempo todo. - falou, segurando minhas mãos com as suas. Quando foi que elas ficaram maiores que as minhas?

- Ciel? - perguntei, inclinando a cabeça enquanto analisava seu cabelo preto azulado e a franja que cobria seu olho esquerdo.

Ele assentiu e olhou para trás. O garoto que provavelmente devia ser Alois era loiro e mais alto que Ciel. Estava usando uma roupa muito bonita, provavelmente de grife, mas ele me olhava com suspeita.

- Alois? - chamei, sentindo as lágrimas nos meus olhos, enquanto flashs aleatórios de lembranças piscavam na minha frente.

Arranquei as mão de Ciel de mim e agarrei a cabeça, abaixando-a até encontrar com meus joelhos.

- Helen? - preocupou-se Ciel, tocando nas minhas costas.

- Eu... Machuquei... Ele. - murmurei para ninguém em especial.

- Não foi bem assim, mana. - falou Ciel, gentilmente, deslizando seus dedos pelas minhas costas, como eu fazia com eles quando eram crianças.

Mas era. Claramente, a lembrança voltava. Uma cozinha maravilhosa, com uma bancada no meio, onde Ciel e Alois estavam sentados. Eu cozinhava. Nossa mãe entrava, totalmente bêbada, gritando comigo. Eu não aguentava mais. Nós brigamos e a vítima acabou sendo Alois.

- Ai meu Deus. - falei, mas estava sem voz. Apenas meus lábios se moveram.

- Alois, ajuda aqui. Ela tá tendo outro ataque de pânico. - ouvi Ciel dizer, enquanto pontinhos dançavam na minha vista.

- Helen, calma, por favor. - eu podia ouvir o som de súplica na voz de Ciel. Ou seria a de Alois?

Aos poucos, fui me acalmando e olhei para o chão, começando a contar quandos ladrilhos tinha ali. Quando me senti tranquila o suficiente, olhei para cima, para os rostos dos meus irmãos que estavam preocupados e quase desesperados.

- Eu... - comecei, mas Alois me abraçou, começando a chorar. Fiquei parada, com medo de me movimentar.

Então, bem devagar, coloquei a mão nas suas costas, deslizando-a pra cima e pra baixo. Ciel deitou a cabeça no colchão, bem próximo de mim.

- Nós sentimos tanta a sua falta. - ouvi Alois dizer, entre soluços.

Eu sorri, mas por dentro, minhas lembranças iam se encaixando aos poucos e meu lado negro, aquele que existia apenas na minha mente, começou a ganhar vida.

A culpa definitivamente não era minha. Eu não devia estar aqui.

A culpa era dela, como sempre. E eu teria minha amarga vingança.

- Vocês vão embora sozinhos? - perguntei gentilmente, escondendo minhas segundas intenções.

- A mamãe vem buscar a gente. - respondeu Ciel, de olhos fechados, enquando eu coçava sua cabeça. - Ainda temos 17 anos, ela ainda tem que cuidar de nós.

Assenti, apesar de nenhum dos dois estar olhando. Podia sentir meus lábios formando um sorriso e me perguntei se ele estaria meio sinistro, meio louco.

"Pode esperar, mamãe. Você não sairá ilesa.", pensei, antes de começar a cantalorar para meus irmãos.


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Notas finais do capítulo

BEm, espero que tenham gostado desse capitulo :3
Aguardo reviews =3



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