Bitter Revenge escrita por Fadaf


Capítulo 1
Capítulo Um - Blood


Notas iniciais do capítulo

Não estarei usando os nomes dos integrantes do My Chemical.
Apenas me inspirei em uma música deles pára criar essa história.
Por favor, comentem se puderem. :D



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Tudo bem, eu já estava acostumada com o gosto do meu próprio sangue. Quando se mora aqui em Newsletter, você aprende desde cedo que ninguém pode se meter com o povo da Mansion.

Eu estava me concentrando no carro funerário que atravessa a rua, indo para os limites da cidade. Quem seria ali dentro?

Um amigo, um vizinho? Talvez um parente. Na verdade, eu não ligava.

Um chute na barriga me trouxe a realidade, e eu senti o sangue sair de minha boca.

Eu preferia que fosse eu a pessoa que estivesse dentro daquele carro. Pelo menos, ela não teria que aturar a turma do Derick.

– Vamos, lá, Helen. Eu sei que você está escondendo algo. - ele falou, brincando com o canivete suiço que já havia pertencido a meu vizinho.

Que Deus o tenha.

– Não sei do que está falando. - falei, limpando o sangue da boca. Minha voz estava fraca.

Claro que eu sabia o que ele queria, era o que estava escondido sob o sutiã. Alguns pacotinhos de bolacha que eu havia roubado mais cedo do mercado. Mas eu não iria dar de jeito nenhum a ele, haha.

Eu tinha uma mãe doente e dois irmãozinhos para alimentar, ele e sua gangue que se virem.

Um chute e um soco. Eu ia acordar dolorida amanhã.

– Sempre bancando a durona, não é, sua merdinha? - ele falou, segurando meu queixo com os dedos finos, quase esqueléticos.

Olhei direto em seus olhos azuis, que brilhavam de malícia. Seu cabelo já devia ter sido loiro algum dia, mas agora tinha uma cor de água de esgoto. O que combinava perfeitamente com ele, claro.

E pensar que eu já havia gostado dele, no que eu estava pensando?

– Vamos, Chefe, deixe ela pra lá. Eu soube que a Eleven comprou um peru para assar. - disse Big D, um garoto grandão e negro, que podia muito bem ser útil ao futebol americano de algum lugar.

Mas, claro, ele estava aqui, preso a Newsletter. Todos os loucos estavam.

– Não quero saber da Eleven, a única menina que me interessa é esta aqui, Helen Oshiro, filha de Carmem Oshiro, a louca mais louca deste lugar.

Agarrei seu pulso, enfiando as unhas sujas com meu próprio sangue em sua pele clara.

– Você não sabe nada sobre minha mãe, Derick, então fica calado, seu saco de bosta.

Apertei tanto seu braço que chegou a sair sangue, mas ele apenas sorriu. Esse tipo de coisa não funciona com quem sente prazer na dor.

Soltei seu braço e me levantei do chão, tirando a poeira do meu já sujo vestido vermelho. Observei Derick lamber o próprio sangue com uma expressão que, no mínimo, era doentia.

Esse cara realmente me enojava.

– Amarrem ela. - ele falou, os olhos brilhando com a ideia que acabara de ter. - Com uma fita bem bonita, vermelha, e a coloquem em uma caixa. Daremos de presente aos Mansion.

Todos olharam chocados para ele, inclusive eu. Tudo bem, Derick era desprezível, mas mandar alguém daqui pros Mansion era algo além da loucura.

Era homicídio, e os loucos daqui ainda não tinha chegado a esse ponto.

– O que foi? - ele perguntou, o olhar mais inocente do mundo em seu rosto. - Estou apenas proprondo uma ideia, oras. Não me olhem como se fossem cus fechados.

– Derick, isso é viagem, cara. Mencionar os cara é a mesma coisa que pedir para ser morto. - diz Reggie, os olhos que nunca se fixavam em algo arregalados.

– Eu falo o quanto eu quiser o nome deles. - falou Derick, visivelmente irritado com o garoto de dreads. - Mansion, Mansion, MANSION, MANSION, MAN...

Derick cai no chão, sua cabeça tinha explodido em milhões de pedaços. Um pedaço de seu cérebro parou na blusa de Big D, que rápidamente a tirou, enojado.

Então nós os vimos, descendo a montanha, próximos ao muro que nos separava da realidade; das pessoas normais.

Big D, Reggie e um garoto novo da turma deles olharam para mim, esperando ordens.

Claro, eles eram seguidores, nunca capazes de serem líderes. Mas eu tinha que zelar pela minha vida, eles que me seguissem se quissesm.

Corri com todas as forças que pude, meus pés machucados por causa do solo instável. Avistei minha casa, mamãe estava na varando com Bruise e Bowlie, nossos cachorros. Supus que meus irmãos estivessem lá dentro.

Em poucos minutos, Newsletter estava em pânico puro, pessoas corriam em todas as direções, gritando "os mansion, os mansion".

Tropecei em alguma coisa, e praguejei o que era, até perceber que não passava de uma garotinha. Olhei para trás, os Mansion em suas motos sinistras que possuiam crânios na frente.

– Hey, Helen, o que você tá fazendo? - perguntou Big D, olhando para mim perpelxo. A compaixão pelo outro quando os Mansion invadiam era algo tolo a se fazer.

– Não vou deixá-la aqui, é só uma garotinha.

– Mas ela pode ser uma deles. - gritou o garoto sem-nome para mim.

Olhei a pequena menina, os cabelos encaracolados grudavam no rostinho molhado e sujo. Hesitei. Eu não tinha tempo suficiente.

Ou era eu ou ela.

– Vamos, minha casa é logo ali. - falei para os outros, a briga de alguns minutos atrás já  estava esquecida.

Corremos, senti até a pele de meu pé esfolar, puxei minha mãe e assobiei para os cachorros, esperei todos entrarem na casa e fechei o mais rápido que pude a pesada porta de chumbo grosso.

Estavamos seguros. Por enquanto.

Os garotos sentaram no chão, encostados na parede, e suspiraram.

– Meu Deus. - o garoto sem-nome suspirou, com as mãos nos olhos, apertando-os.

– Mamãe, você está bem? - perguntei, aproximando-me dela com cuidado. Ela estava com cabeça abaixada, fitando o chão, e eu me atrevi a dar mais um passo.

Um erro.

Minha mãe pulou em cima de mim, fazendo todos na sala pularem de susto. Uma criança começou a chorar, um cachorrou latiu.

Minha mãe apertava meu pescoço com tanta força que eu já estava vendo tudo preto pela falta de oxigênio.

E então tudo parou, minha mãe rolou para o lado.

– Sua mãe é doente. - falou Big D, o nojo e desprezo presente em seu olhar.

Minha mãe segurou a barriga, e eu supus que ela deve ter sido chutada com toda a força que Big D possuia. Bem feito.

Levantei do chão, passando a mão na garganta, e fui ver o que Alois, meu irmãozinho que chorava, queria.

– Fiquem apenas enquanto o ataque durar. - avisei para os meninos, dando a chupeta mulambenta que tinhamos para Alois.

Olhei para minha mãe de novo, que estava encolhida em um canto, provavelmente resmungando.

Que se foda, sua vaca., pensei, ninando Alois, mas eu sabia o porquê da minha mãe ser assim.

Afinal, eu deveria estar morta em um carro funerário.


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