No capítulo anterior:

“Aquela lembrança... Isso me atormenta há anos... Desde então eu prometi pra mim mesma que ninguém mais morreria na minha frente, não se eu pudesse impedir!”

“Corri numa velocidade sobrenatural, quando dei por mim, eu estava entre o garoto e o gigante, aparando um golpe, golpe antes certeiro.

Não sei dizer direito como foi que fiz aquilo, não sei o que estava acontecendo dentro de mim, ou fora de mim, mas eu estava consumida pela fúria, e tinha um único objetivo. Salvá-lo. ”

Comecei a lutar com o gigante, ele era bom, devo confessar, mas eu não lutava por lutar, não lutava por mim. Eu tinha um dever, tinha uma promessa. Eu tinha um objetivo, e iria cumpri-lo. Minha energia aumentava, eu já sentia o poder dentro de mim, já não estava limitada ao básico como estava antes, por estar cansada.

Meus movimentos já não eram coordenados por mim mesma, minha mente simplesmente parou de funcionar e eu estava numa espécie de piloto automático. Eu agia por instinto, guiada pela fúria. O gigante tentava me atacar de qualquer forma, mas eu sempre, de alguma forma, conseguia prever seus golpes e defendê-los. Meu colar de dragão, eu o tenho desde muito pequena, não me lembro quando o recebi, ou como, só sei que sempre que preciso ser mais forte, ele começa a brilhar e eu me sinto regenerada, não sei como ou por que, mas sei que de alguma forma meu corpo hospeda um ser conhecido como Dragão Dourado.

Eu continuava na luta, consegui então desarmar o gigante, mas foi quando percebi minha grande falha. O objetivo do gigante agora não era lutar para me matar, era lutar para me tirar da frente do garoto, que estava desarmado e ferido. O gigante, que antes queria me matar, agora queria matar a ele! Não! Eu ia golpeá-lo, mas ele deferiu um soco, não em mim, mas na espada que eu usava, de modo que não atingisse a área cortante.

A espada voou longe. Droga!!! Assim que o fez, o gigante correu em direção ao garoto e fechou o punho, preparado para deferir-lhe o golpe. Ele não podia defender-se, pois o ferimento o impedia de ficar de pé, e eu estava desarmada. Foi então que vi o único jeito, corri mais rápido que o gigante, chegando uma fração de segundo antes dele, colocando-me entre eles e, consequentemente recebendo o golpe.

O gigante ficou surpreso, e ele também recuou com o impacto. Eu fui lançada pelos ares, mas coloquei minha mão no chão para “frear”. Fiz surgir em minha mão uma bola de fogo e à lancei contra  o gigante, que tentava reaproximar-se para um novo golpe. Lancei outra e mais outra, correndo em direção à ele, mas a última ele infelizmente desviou e já estava próximo ao garoto, que tentava inutilmente levantar-se. Eu mais uma vez parecia que não conseguiria chegar à tempo, mas aí uma ideia me veio à mente...

Encontrei-me em um dilema... Eu havia por todos esses anos evitado o uso dos poderes que herdei... Dela. A magia negra. Sempre usei os poderes relacionados ao dragão, e acho que tenho motivos o bastante para querer deixar de lado todo e qualquer vínculo que eu tenha com minha mãe, mas agora? Eu... Eu precisava utilizar esses poderes, combiná-los aos do dragão. Era necessário... E decidi por fazê-lo. Eu nunca tinha feito isso antes, implorei para a sorte estar ao meu lado.

Parei onde eu estava, enquanto o gigante se aproximava mais. Eu poderia utilizar os poderes do dragão apenas, mas não daquela distância... Concentrei-me em minhas mãos, onde eu vi crescer uma energia negra. – AAAH, Pata destrutiva!!! – Ergui minhas mãos e às bati no chão com força, mirando no gigante. Segundos depois, duas patas, cores que mesclavam o dourado, o preto e o roxo, apareceram em ambos os lados do gigante, fazendo um movimento em espiral, e, após cobrirem-no completamente, regressaram ao solo, deixando nele apenas pó.

Caí de joelhos. Aquilo precisava de muita energia. É um poder muito forte, mas exige muito de mim, mistura poderes diferentes, é uma mutação de ambos. Só consegui fazê-lo porque eu tinha no momento bastante energia, mas ele me esgotava. Agradeci mentalmente por ter conseguido fazê-lo. Foi mais um improviso, pois eu nunca havia parado para treiná-lo.

Ofegava bastante, mas alguns segundos depois já me sentia melhor, levantei com um pouco de dificuldade e andei até onde o garoto estava, ele encarava o local onde antes estivera o gigante. Ajoelhei-me ao seu lado e fiz uma magia fraca de cura, o suficiente para curá-lo. Senti-me um pouco zonza e apoiei minhas mãos no chão, tentando recobrar o equilíbrio. Eu estava exausta.

– Está tudo bem? – Perguntei, encarando o machucado.

– Não se preocupe, vai ficar tudo bem. – Neste momento, ergui rapidamente o olhar...  Quando o fiz, deparei-me com as orbes extremamente azuis, que brilhavam em meio àquela escuridão... E esta frase começou a ecoar na minha cabeça, juntamente à imagem do garoto à minha frente, levando minha mente ao passado. Um passado distante. Aquela perda, poderíamos tê-la evitado mas... Ele era tão teimoso...

CONTINUA...