E a única coisa que eu não conseguia parar de pensar naquele momento era no jeito que essa mulher havia sido feita perfeitamente sob medida pra mim.

- Caham – pigarreou uma enfermeira de meia-idade, fazendo-me acordar de repente. Olhei para Hayley, que também já havia aberto os olhos. – Me desculpe, senhora, mas não é permitido dormir na mesma cama que um paciente. Normas do hospital.

Hayley rapidamente corou um pouco, e eu olhei pro jeito que nós estávamos deitados. Uma de suas pernas se enroscava com a minha, e uma de minhas mãos pairava em seu quadril, de modo que ela estava praticamente deitada sobre mim. Isso não era lá uma coisa que nos deixasse a vontade com alguém olhando.

- Ah, sim, claro – ela disse, saindo rapidamente da cama e sentando numa cadeira que se encontrava ao lado. – O erro foi meu, desculpe.

Assim que a enfermeira se retirou do quarto, nós dois nos encaramos, e ela me olhava sorridente.

- Que foi? – eu perguntei.

- Nada – ela disse, dando uma risadinha. Ela se levantou de onde estava, voltando para o meu lado na cama. – Tudo o que é proibido é mais gostoso – disse, com uma piscadinha.

Aninhei-a em meu peito e nós ficamos ali por alguns minutos, até que ouvi batidas na porta do quarto.

- Sr. York – a enfermeira abriu apenas uma fresta na porta. – Tem uma visita aguardando – ela disse quando resolveu por a cabeça pra dentro do quarto, encontrando Hayley novamente deitada ao meu lado. – Vou manda-lo entrar – ela disse enquanto fechava a porta, rindo baixinho e dizendo algo como “esses jovens não tem jeito”.

- E aí, bro! – disse Jeremy, adentrando o quarto depois de alguns segundos.

- Fala, mano – ele me cumprimentou com um abraço.

- E aí, baixinha – Jeremy disse, bagunçando o cabelo de Hayley. – Por que será que eu não estou surpreso com o fato de você já estar aqui?

- Será que é porque eu sou namorada dele?

- Não sei... Pode ser – ele respondeu, rindo. – E você, tá melhor?

- Tô, bem melhor. O tiro foi de raspão, só levei alguns pontos na perna e tô de boa.

- Ah... Assim, sim, então.

*****

P.O.V. Hayley

In the mourning I’ll rise

In the mourning I’ll let you die

In the mourning

All my sorries.

Taylor soltou a última nota no violão, conforme mandava a melodia. Pronto. Finalmente, naquele fim de tarde, estava gravada a versão de estúdio da nossa mais nova música. Havíamos produzido a música em apenas 1 semana, e me entusiasmava bastante como conseguimos fazer isso tão rápido.

- Yeah! – eu disse, assim que saímos da cabine de gravação.

- Vai pro Singles Club – disse Jeremy, animado. Singles Club era um álbum digital que havíamos resolvido criar, apenas com poucas músicas.

- Sem dúvida alguma – concordou Taylor, quando seu celular tocou de repente. – Alô? Oi cara! E aí, como é que você tá? Eu tô bem... Agora? É pra já! Tô indo pra lá – ele disse, desligando o celular rapidamente.

- Quem era? – perguntei á ele.

- O Josh. Marcamos de nos encontrar no fliperama daqui a pouco.

- Hmm, tá amiguinho dele de novo, tá? – disse Jeremy.

- Ah, vamos. Eu convivo com esse cara há 10 anos ou mais. Ele é praticamente um irmão.

- Tá beleza então, vai lá com seu irmãozinho, vai – disse Jeremy fazendo cara de desprezo, enquanto eu ria dele.

- Você não tem jeito – disse Taylor, rindo e dando um tapa em seu ombro. – Quer vir comigo?

- Hmm, é uma boa.

- E você, baixinha, vem com a gente?

- Não... Deixa os meninos se divertirem sozinhos.

- Então tá bom. Quando voltar passo na sua casa. – Taylor me deu um selinho demorado, seguido de um beijo na testa. Eles saíram pela porta dobrando á esquerda, enquanto eu segui reto.

Chegando em meu apartamento, eu resolvi que deveria procurar algo útil pra fazer. Então resolvi tentar escrever uma letra, já que queríamos inserir mais canções no Singles Club. Juntei uns papéis velhos com lápis, borracha e toda a imaginação que eu tinha no momento.

I feel happy, I feel sad, I feel like running through the walls

I’m overjoyed, I’m undecided, I don’t know who I am

Well maybe I’m not perfect, at least I’m working on it

22 is like the worst idea that I have ever had

It’s too much pain, it’s too much freedom, what should I do with this

It’s not the way you plan it, it’s how you make it happen.

Ótimo, essa poderia ser a 1ª parte da música. Mas ainda estava precisando de uma 2ª parte.

Girls and boys keep lining up to see if they can measure up

And they look good, and they feel wild, but it won’t never be enough

You say you’re really hurting, at least you’re feeling something

We can hope and we can pray that everything would work out fine

You can’t just stay out on your knees, the revolution is outside

You wanna make a difference, get out and go begin it.

Levantei o papel da escrivaninha, lendo o que eu havia acabado de escrever. Até que não havia saído tão ruim assim. Até que poderia entrar para o nosso álbum digital, caso os meninos concordassem.

A campainha de meu apartamento tocou, e eu, já sabendo quem era, corri pra atender.

- Oi – disse-me Taylor, enquanto me dava um selinho. - Demorei?

- Não muito. Eu tava escrevendo uma letra, ou pelo menos tentando... Nem percebi o tempo passar direito.

- Sério? E você já finalizou?

- Mais ou menos... Ainda falta o refrão, e talvez uma ponte.

- Ah, amanhã eu ajudo você a terminar então.

Concordei com a cabeça, enquanto fechava a porta e nos sentávamos no sofá.

- Como foi lá com o pessoal?

- Ah, foi bacana. O Jeremy e o Josh voltaram a se falar...

- Hum... Que bom...

- Pois é... Não tem como isso aqui ficar um pouquinho mais interessante?

Eu soltei uma risada, enquanto ele me olhava malicioso. Nós nos beijamos, cada vez mais intensamente, enquanto nos descobríamos novamente um no outro.

E a única coisa que eu não conseguia parar de pensar naquele momento era no jeito que esse homem havia sido feita perfeitamente sob medida pra mim.