Se Der, Deu; Se Não Der, Fudeo! escrita por apataeavaca


Capítulo 2
Agora fudeu de vez


Notas iniciais do capítulo

Ahá, agora sim, um capítulo de verdade!



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“Diretora, olha esses bracinhos...”

Puta que pariu, já é de manhã e eu nem consegui chegar no centésimo carneirinho. Me lembro de ter apagado no vinte...
- Hey, acorda bela adormecida! – gritou um filho da mãe abrindo a porta do quarto e as janelas, pra meu desespero. Ah, a luz! Meus olhos,estou cego! Pelo cheiro do uísque, com certeza era o Slash. – Axl, levanta lo...
Eu até assustei, porque a marmota parou de falar. Eu nem queria, mas tive que abrir os olhos e eis que me deparo com o Slash me olhando com a maior cara de peixe morto, os olhos arregalados e segurando a juba pra fora do campo de visão.
- Slash, eu sei que eu sou lindão, mas... você não faz o meu tipo, ta?! Agora, será que dá pra você sair de cima da minha blusa?
- V-você já se olhou no espelho hoje? – perguntou ele ainda me olhando com aquela cara estranha. É sério, tava dando medo.
- Olhar no espelho pra quê? O que pode ter de errado comi... CACETE, QUE DIABOS ACONTECEU COMIGO? Meus braços! Cadê as minhas tatuagens? Cadê meu cabelo? Ah, não, espera...
Arranquei a coberta, desesperado, e olhei pra dentro das minhas calças.
- CADÊ O RESTO DA MINHA DIGNIDADE?
- Axl? Dignidade? Puff – disse Duff aparecendo na porta. – Waah, quem é esse guri?
- Tua vó! – respondi, de mal humor.
- Impossível. Minha vó não tem esses bracinhos magrelos.
- Por que, me diz, o quarto do Axl é sempre o mais barulhento? O que é que ele quebrou dessa vez e... Quem é o moleque? – perguntou a voz do Izzy, surgindo de trás do projeto mal feito de Madona; isto é, o Duff.
- Que moleque? – é uma coisa sensacional; sempre que dá merda, todo mundo aparece. Até o Steven saiu do mundo paralelo dele pra ver o que estava acontecendo, pra você ter uma idéia de como a coisa tava feia.
- Izzy – disse Slash se virando para ele – que merda foi aquela que você me deu ontem?
- Ah, então ta todo mundo vendo a mesma coisa que eu? – perguntou o Izzy com sua cara de sono habitual.
- Depende, você ta vendo ele... ela... aquele... hm, aquela coisa com bracinhos? – disse Duff virando o rosto em ângulos estranhos, aparentemente para tentar me ver melhor.
- Qual é, não falem de mim como se eu não estivesse aqui, caramba! – gritei, me jogando de volta na cama – É obvio que eu to doente! Eu tenho quase trinta anos, não posso simplesmente andar por ai como se tivesse dezessete!
- Axl, por que essas merdas só acontecem com você?
- Isso pra mim tem cara de macumba – comentou Steven.
- É, é isso ai mesmo! – berrei, ficando de pé em um pulo e indo para o lado do Steven. Ele era o único que me entendia – Foi aquela mulher, a... Ah, eu sei lá o nome dela, mas eu sei que foi ela!
- Que mulher? – perguntou Slash.
- Alguém sabe se o Axl era esquizofrênico quando mais novo? – perguntou o Duff para o Izzy, como se eu não fosse ouvir. Resolvi ignorar.
- Hm, como é que eu vou explicar? – andei de um lado para o outro e olhei pela janela – AQUELA!
Eu sou o cara mais sortudo e... não, eu não sou, olha só pra mim!
- Slash, tira o cabelo da frente e me deixa ver! – reclamou o Izzy, porque agora os quatro estavam me espremendo na janela pra tentar ver a louca. – Ih, olha, ela ta indo pra lá... ela entrou no carro... é, nós nunca mais vamos vê-la!
- Mas o que é que ela fez, afinal? – perguntou Duff se jogando na poltrona ao lado da cama.
- Eu dormi com ela, mandei ela embora, ela ficou brava, eu mandei ela se fuder, ela me jogou uma praga e puff!, agora eu to assim. – contei.
- Aham.
- Claro, e eu vou acreditar que a mulher é uma bruxa, veio aqui, te jogou uma praga e... eu nem sei se você é o Axl, garoto!
- É claro que sou eu, Duff, seu filho de uma mãe promíscua! Puta que pariu, dá pra me levar a sério? Eu to falando a verdade, caralho.
- É... É o Axl. – concluiu Slash.
- Além do mais – continuou Izzy – quem mais teria essa cara amassada?
- E esses bracinhos! – concordou Duff.
- Será que dá pra parar de falar dos meus braços, cacete?

- Certo, nós sabemos que esse é o Axl – estava dizendo Steven enquanto atravessamos o hall do hotel, eu vestido com um sobretudo preto, luvas e um chapéu, tentando parecer o mais discreto possível, em total contraste, é claro, com as botas de couro do Duff, o óculos aviador do Izzy, a camiseta colorida do Steven e, bem, a cabeleira do Slash, que na verdade não teria como esconder mesmo. – Mas e quanto à história da bruxa má do oeste?
- Bruxa má do Oeste?
- É, sabe, O mágico de Oz! Ninguém teve infância?
- A gente tem que encontrar ela! – respondi enquanto Slash parecia querer jogar uma maldição no carro que passou voando por nós. – E quando a encontrarmos, vou fazê-la me devolver os meus anos. Sinto falta do resto da minha dignidade.
- Que dignidade? – repetiu o projeto de Madona. Revirei os olhos, tentando reprimir o impulso de mandá-lo para um lugar feio. Eu sou uma pessoa muito educada.
- Ei, aquela não é... – começou Izzy apontando para o outro lado de uma grade.
- É ELA! – berrei, enfiando o braço pelo buraco da grade. – É ELA, PEGA ELA, DUFF!
- Deixa comigo! – respondeu ele se agarrando na grade – Perai! Por que eu tenho que pegá-la?
- Ela é lindona – lembrou Steven com um assobio.
- Hey, olha o respeito! – gritei. Falando assim da mulher dos outros!
- Você mandou ela embora – comentou Slash com a cara na grade.
- É verdade...
- E ai, a gente vai entrar lá atrás dela ou ficar de brisa aqui fora? – perguntou Izzy e percebi que ele também estava grudado na grade.
- Não, vamos atrás dela! – falei decidido enquanto tirava o braço da grade e indo direto para a entrada.
- Calma ae! – disse Duff me puxando de volta pelos cabelos. Filho da mãe! – Nós precisamos de um plano!
- Odeio admitir, mas ele ta certo – respondeu Izzy. Ele ta acordadinho hoje. – Você não pode chegar lá e dizer ‘dona, me devolve a minha dignidade’.
- É simples. Nós vamos matricular o moleque na escola – disse Slash. Foi aí que eu olhei pro gramado do outro lado da grade e vi uma plaquinha escrito ‘Colégio Paradise City’ e pensei, qual é o problema das pessoas que dão nome pra essas coisas?
- Perai, o “moleque” sou eu? Como é que é, colega? – perguntei quando me toquei do que ele tinha dito – Nem vem, eu não estudei nem quando tinha idade, nem fudendo que eu vou estudar agora! Eu tenho quase trinta anos! Não na prática, mas...
- Sensacional, adorei a idéia – disse Duff -, só precisamos de alguém se passe por pai dessa... coisinha.
Eles começaram a se entreolhar de um jeito estranho, de modo que no fim, tava todo mundo olhando pro Duff e eu, bem, não tava entendendo nadica.
- Ah, não, pode parar, nem fudendo! – gritou Duff como resposta para os olhares macabros.
- O que? – perguntei – Do que vocês estão falando?
- Por que eu? – perguntou Duff com cara de quem estava prestes a chorar.
- Por que nós decidimos – respondeu Slash.
- Além do mais, a ideia foi sua. – concordou Izzy.
- Não foi, não! A ideia foi do Slash!
- Olha pra mim e olha pra ele! Eu lá pareço com essa coisinha raquítica? – retrucou Slash.
- E eu pareço? – perguntou Duff.
- Os dois tem cara de idiota – comentou Izzy.
- HEY, SERÁ QUE DÁ PRA ME INCLUIR NESSA CONVERSA, CACETE? – gritei – E, só pra constar, raquítico é a sua vovozinha.
- Ah, moleque, vem aqui! – falou Slash me puxando para a entrada da escola. Já vi que isso vai dar merda.

- Certo, quem é o pai da criança? – estava dizendo a diretora que me olhava como se eu viesse de outro mundo enquanto Duff, Slash, Steven e Izzy babavam em cima dela. Ah, fala sério.
Slash deu uma cotovelada em Duff, que ficou em pé de um salto – já que estávamos todos espremidos (eu, não, pra dizer a verdade) em um sofazinho – e foi até a diretora.
- Sou eu – disse ele estendendo a mão pra apertar a da diretora. Devo dizer, com satisfação, que ele ficou a ver navios, porque a mulher baixou os olhos para uma pilha de papéis e não viu a mão dele.
- Eu preciso do histórico escolar da criança para poder efetuar a matrícula.
É isso ai, fudeu tudo, acabou a brincadeira, vamo embora, cambada!
- Tudo bem – Ah, não. Me diga que o Duff não abriu a boca, por favor! – eu preciso desabafar.
É, fudeu.
A mulher olhou para ele com cara de “eu não sei porque eu não segui o conselho da minha mãe e me tornei veterinária, mas te perdôo só porque você é famoso” e o projeto mal feito de Madona puxou uma cadeira pra se sentar na frente dela, estendeu a mão e me puxou pra lá.
- Diretora, é o seguinte. A mãe desse menino rejeitou ele, então ele tem alguns probleminhas como esquizofrenia e desnutrição; esse garoto sofria muito bulling na escola antiga. Você acredita que semana passada ele entupiu o vaso com o próprio histórico escolar? Ah, e eu já mencionei que ele é maníaco depressivo? Pois é. Diretora, olha esses bracinhos! – disse ele arregaçando as mangas do meu casaco e balançando meus braços (e eu todo) de um lado para o outro.
- Garoto – disse a mulher, fazendo o filho da mãe do Duff parar de me balançar. –, tira essa roupa.
- Ah, não, ela prefere os bracinhos ao Deus grego aqui! – sussurrou Steven, de um modo que até o papa teria ouvido, mas graças ao Senhor, foi ignorado.
Assim, tirei o chapéu, os óculos, o sobretudo e as luvas, sendo obrigado a ficar de tênis e shorts no meio da sala da diretora. Mas tudo bem, porque eu sou o cara mais lindão que eu conheço. Prova disso é que a diretora ficou me olhando por um tempão.
- Tem certeza que ele é seu filho? – perguntou ela finalmente, para o Duff.
- T-tenho – respondeu ele, mudando de lugar desconfortavelmente na cadeira.
- Ele andou saindo com a irmã do Axl – respondeu Slash. Minha irmã? Mas é o que, hein?! Ah, é.
- Tudo bem, eu vou abrir uma exceção – disse a mulher, tirando os óculos e colocando-os em cima da mesa. – EU QUERO UM AUTÓGRAFO DE TODO MUNDO! EU SOU MUUUITO FÃ DE VOCÊS!
Medo. É só o que eu tenho a dizer.
Eu já tava indo pegar uma caneta quando lembrei que eu não era mais eu. Quer dizer, era. Mas não era. Ah, foda-se.
- Certo, eu só preciso agora do nome da criança. – disse a diretora guardando os autógrafos e colocando um post it amarelo em cima com ‘emoldurar’ escrito.
- O nome... dele? Slash, diga o nome dele. – disse Duff dando um tapa no Slash.
- O nome? Willian...
- Bruce – continuou Izzy.
- Ros...
- McKagan! – cortou Duff passando a mão no meu cabelo de forma paternal. Credo.
- Willian Bruce McKagan? – repetiu a mulher, anotando o nome numa ficha de inscrição. – Certo, senhor McKagan, amanhã, às sete da manhã, te esperamos para o novo ano letivo.
Sete da manhã? Sete da manhã é a hora em que eu vou dormir! E, puta que pariu, que tipo de nome é Willian Bruce McKagan?


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Notas finais do capítulo

Oooka, deu pra sacar o nível da fanfic? Espero que sim. E espero que a gente receba algum review também =3