Enquanto acelerava seus passos sua raiva parecia aumentar consigo, como se tudo que tivesse passado naquela noite estivesse voltando átona. Como se estivesse revivendo todos aqueles momentos, um por um, como se fossem fases diferentes. Onde ele estivesse em um teste e tudo o que precisava controlar era a raiva que sentia. A raiva que sentia por tudo. Desde o começo de sua vida medíocre de vampiro até hoje. Quando descobre que um vampiro sádico, e pedófilo, é seu tio.

E nem tinha se passado por sua cabeça que horas já deveria ser. Porém, quando abriu a porta e deu apenas um passo para fora, o sol lhe fez recordar...

Sua pele parecia cair, e seu grito foi algo perturbador. Fechava os olhos e os cobria com suas mãos ao serem queimadas, e então tentou entrar novamente, mas a escadaria parecia-lhe dificultar. Enquanto dava passos para frente, procurando desesperadamente a porta, algo lhe cobriu, fazendo com o que só sentisse arder à pele que havia queimado segundos atrás. Algo fez tudo escurecer novamente, como uma manta preta. Em seguida, foi empurrado para o outro sentido, e depois a porta bateu.

Edward deu um suspiro longo e tirou a manta que estava sobre si. Era Karol, com uma roupa extremamente brilhante e com uns saltos altos na mão. Seus olhos se estreitaram nele, e então ela esticou a mão para tocar-lhe, mas ele recuou. Tudo ainda queimava.  

- Você tem noção de que horas são? – Pegou de volta a manta preta, enrolou-a de qualquer jeito e a colocou debaixo do braço.

- Não... – Riu, mesmo sentindo tanta dor, estava rindo de seu extremo descuido. – Não é a primeira vez que eu esqueço que não posso aparecer no sol.

- Vem cá. – Ela estendeu a mão para Edward com um sorriso divertido. – Harry já fez isso, e eu que tive que ajudá-lo.

Hesitou e olhou a mão de Karol, em seguida pegou-a, um pouco desconfiado. E ela o arrastou por alguns corredores e chegou até um quarto. Era um quarto com tons vermelhos, as cobertas de uma imensa cama eram aveludadas, uma televisão gigantesca se prendia a parede e lhe alcançava de um lado ao outro, como se fosse uma tela. Porém, Karol, não parou lá, abriu outra porta, que dava para um banheiro. Imenso, por acaso. O quarto dela deveria ser a coisa mais atual daquele castelo.

Ela o sentou na ponta de uma banheira imensa e começou a desabotoar a sua camisa. Edward a olhava desconfiado.

- Por que está tirando minha roupa? – Perguntou como se não estivesse gostando nada daquilo.

- Ora, você não sabe que se trata de queimaduras com água? – Rolou os olhos, como se fosse óbvio. – Ou acha mesmo que eu quero transar com você? – Riu, e tirou o cinto dele. – Me perdoe, mas eu não sinto atração por vampiros. – Piscou. – Agora, por favor, senhor pego-todas, tire os sapatos e entre na banheira. – Ela ligou a ducha e rapidamente jogou um pouco de água nas costas nuas dele.

- Ora, isto dói! – Reclamou tirando os sapatos e suas meias, depois entrou na banheira.

Logo Karol colocou apenas os pés dentro dela e um pouco distante passou a água, com a ducha, por toda a parte queimada do corpo de Edward, enquanto ele a encarava.

- Sabe... – Ele pigarreou. – Vampiros têm seu charme.

Karol apenas o olhou e riu, com um tom zombeteiro.

- É sério. – Sorriu, ignorando a dor que sentia quando a água chocava-se contra seu corpo.

- Não tenho interesses em vampiros. – Falou rapidamente.

- Ora, qualquer mulher gosta de um ar de malvado. Que só vampiros têm. – Deu de ombros.

- Vocês vampiros não me atraem. – Disse como se quisesse acabar logo com o assunto. – Olha... Já está sumindo.

Karol entrou na banheira por completo, nem ligando se estava ou não molhando seu vestido, e com as mãos molhadas colocou entre o rosto dele. Seu rosto próximo o bastante para que ele se adiantasse e a beijasse, como ele sempre fazia. Porém, por alguma razão ele não fez, apenas ficou ali, encarando-a.

- A água dá um grande alívio... – Comentou ele.

 - Edward. – Pegou um pouco mais de água e passou pela testa dele.

- Sim?

- O que lhe fez esquecer-se do sol? – Saiu da banheira e pegou uma toalha limpa.

- A raiva. – Riu.

- E eu achando que o Harry era o único maluco...

Edward saiu, deixando que sua calça molhasse todo o chão, mas ela não se importou. Enrolou-o na toalha e o encarou.

- Harry disse-me uma coisa maluca... – Karol riu e encarou seus próprios pés molhados.

- O que? – Ele sorriu, seus olhos queimavam nela.

- Vocês vampiros... – Pigarreou, depois ergueu o rosto. – Vocês fazem coisas estranhas antes de matar as vítimas. Harry disse que cada um tem uma mania diferente.

- E você quer saber qual é a minha? – Edward riu.

- Sou curiosa... – Mexeu no cabelo e afastou-se um pouco.

Mas ele não hesitou em dar passos para mais perto, puxou-a pela cintura e pôs os lábios na ponta da sua orelha.

- Quando mulheres... – Suspirou contra sua nuca. – Transo com elas. – Sorriu divertido com as batidas aceleradas do coração dela. – Para que eu seja o último homem em quem elas pensem antes de morrer.

- Isto é... – Pigarreou ao se afastar.

- Estranho? – Fez uma careta. – Sabe, comecei assim, e acho que sempre vai ser assim...

- Excitante. – Falou, ainda o encarando.

- E o que Harry faz? – Riu, mas a curiosidade lhe tomava discretamente.

- Tortura-os. – Engoliu a seco.

- Eu... Eu perdi a hora, preciso encontrar um lugar para dormir. – Edward desviou o olhar, deixou a toalha na pia e saiu do banheiro.

- Espere! – Karol disse-lhe, dando passos rápidos até ele. – Deixe-me ajudá-lo a encontrar o porão, é muito fácil se perder aqui dentro.