Continuação

POV Selena

Quando chegamos ao parque Maddie foi a primeira a sair do carro pulando para cima e para baixo com um grande sorriso no rosto.

– Vamos logo! – falou ansiosa para nós.

– Calma Maddie o parque não vai sair do lugar. – Demi comentou rindo depois de abrir a porta para mim.

– Obrigada. – sorri.

– Disponha. – respondeu me dando um selinho e quando foi aprofundar o beijo ouvimos a Madison bufar.

– Sério. Vocês não conseguem deixar suas bocas longes por um minuto? – falou com cara de tédio e revirando os olhos ao mesmo tempo.

Eu e Demi rimos, mas não pude deixar de corar um pouco fazendo a Demi rir mais ainda.

– Okay, vamos baixinha. – Demi falou entrelaçando nossos dedos e começando a andar para dentro do parque.

A Madison ia na frente animada falando sem parar sobre tudo. Ficamos uns bons cinco minutos andando envolta do parque e quando estávamos chegando no local da barracas de comida a Madison parou se virando para nós.

– Posso ter um sorvete, Dem? Por favor. – falou com cara de anjo.

– Tudo bem, mas só um. – respondeu pegando a carteira no bolso trás da calça.

– Pera, pode ser um algodão doce...ou talvez churros. Não sei, é muito difícil decidir. – falou fazendo cara de pensativa e colocando a mão no queixo. Era engraçado.

A Demi suspirou.

– Que tal comermos algo descente primeiro como cachorro quente ou hambúrguer, já que não almoçamos. Depois você escolhe. – Demi falou.

– Cachorro quente e hambúrguer não são saudáveis. – falei fazendo tanto a Demi como a Maddie revirarem os olhos e não pude conter a risada ou ver o quanto elas eram parecidas.

– Podem não ser mas são uma delícia e enche a barriga. – Demi defendeu.

– É...enche a barriga de gordura isso sim. – contra ataquei.

– Comi cachorro quente a vida toda e não sou gorda quer ver? – Demi falou levantando a camiseta e me mostrando o seu abdômen liso e em forma.

Mordi o lábio olhando tentando me conter para não colocar a mão. A Demi deve ter percebido pois me olhou levantando uma sobrancelha e logo em seguida a sacudiu para cima e para baixo algumas vezes com uma cara maliciosa.

Senti meu coração disparar e de repente fiquei com uma vontade enorme de lhe beijar, mas repirei fundo e desviei o olhar a fazendo soltar um falso suspiro triste.

– Preciso treinar mais. – a ouvi resmungar e não pude deixar de soltar uma risada alta.

Segurei a sua mão e lhe dei um selinho rápido antes que ela aprofundasse a deixando com um bico triste. Olhei envolta e não vi a Madison.

– Cadê a Madison? – perguntei a Demi, mas acho que ela não ouviu pois ficou me olhando feito boba, o que me fez corar.

– Hum...?! – perguntou depois de sair do que pareceu um transe.

– Eu falei cadê a Madison. – repeti ainda olhando em volta. – Ela tava aqui agora pouco e...sumiu.

A Demi pareceu entender dessa vez e começou a procurá-la também.

– Ela não assim. – falou com para ela mesma. – Ela normalmente avisa aonde vai... – falou preocupada. – Madison! –gritou.

– To aqui...aí meu ouvido, Dem.

Olhamos para trás e lá estava a Madison com três cachorros quentes na mão.

– Da pra me ajudar ou ta difícil? – perguntou para a Demi que logo pegou dois dos três cachorros quentes. – Vamos sentar.

A seguimos até uma mesa vazia na frente das barraquinhas.

– Onde você estava e como arranjou esses cachorros quentes? – Demi perguntou séria e preocupada.

– Vocês estavam tão ocupadas quase se comendo com os olhos que nem ouviram eu falando que ia na frente comprando os cachorros quentes. – terminou revirando os olhos.

Eu corei e abaixei o olhar para o meu cachorro quente lhe dando uma mordida logo em seguida.

– Ainda não me respondeu a outra pergunta... como conseguiu os cachorros quentes? – perguntou ainda séria.

– Ah! Já ia me esquecendo. – falou colocando a mão do bolso e tirando uma carteira de couro preta do bolso. – Isso aqui é seu. – jogou a carteira para a Demi que a olhou incrédula.

– Mas...como... – não conseguiu terminar a frase de tão chocada que estava.

– Como eu disse antes vocês estavam se comendo com os olhos e foi fácil tirar a carteira da sua mão sem você perceber. – deu de ombros.

– Ora ora, temos uma ladrazinha na família. – falou brava de brincadeira, fazendo eu e a Madison rir.

– Tem a que puxar. – falei me lembrando do dia em que estava de TPM na escola e ela roubou a chave da Miley.

– O que?! – pois a mão no peito fingindo estar chocada. – Eu nunca roubei nada.

– Ah não? Nem a chave do carro da Miley? – a desafiei com o olhar.

– Aquele dia foi diferente. Fiz isso para o bem... o seu bem. – respondeu.

– O meu ou o seu para tentar me agradar e parar de brigar com você? – falei ainda sem tirar os olhos dos seus.

– Obrigada pela parte que me toca. – falou ainda com a mão no peito.

– Você anda muito com a Miley. – revirei os olhos. – Ta ficando tão dramática quanto ela.

– Não to não. – contra atacou com a cara emburrada.

– Ta sim.

– Não.

– Sim.

– Já disse que não. – cruzou os braços no peito e fez bico com a cara fechada.

– Nossa Demetria quantos anos você tem mesmo? – perguntei sarcástica a fazendo me mostrar a língua.

– Mal começaram a namorar e já estão brigando. – Madison falou balançando a cabeça em negação. – Acho melhor vocês desistirem... em situações como essas as pessoas costumam se separar duas vezes mais rápido do que em relações saudáveis. – completou falando como se soubesse de tudo.

– Como sabe disso tudo? – perguntei incrédula.

– Li em algum lugar. – deu de ombros. - Mas to falando Selly, acho melhor você terminar com a Demi, já se perguntou por que ela não namora?

Dessa vez eu tive que rir.

– Fica quieta baixinha. Tá fazendo isso para tentar ficar com a minha garota, te conheço não é de hoje. – Demi falou com falsa irritação, os braços ainda cruzados no peito.

– Não custa nada tentar. – falou me olhando e me mandando uma piscada.

Segundo depois todas nós caímos na risada e façamos assim por alguns minutos. Minha barriga já estava doendo de tanto rir e acho que a delas também pois as duas tinham as mãos na barriga tentando parar de rir. Até nisso elas são iguais, pensei.

– Ai...não consigo...respirar. – Demi falou entre gargalhadas.

A sua gargalhada continua a mesma, pensei enquanto parava de rir aos poucos.

Depois que todas paramos de rir, jogamos as embalagens de cachorro quente no lixo e voltamos para a mesa para decidir o que comer de “sobremesa”.

– Eu quero um sorvete. – Madison falou.

– E eu um algodão doce. – sorri.

– Okay, já volto. – Demi falou se levantando e quando estava indo em direção as barraquinhas parou ao ouvir a Madison gritar pelo seu nome.

– Demi! Troca o sorvete por um algodão doce? – perguntou fazendo a Demi revirar os olhos de brincadeira e acenar positivamente com a cabeça. – Obrigada!

Quando a Demi já estava na fila resolvi continuar a conversa que tivemos antes de sair de casa, pois ainda estava com a pulga atrás da orelha. Como a Demi pode se lembrar de tudo menos de mim? Quero dizer, ela se lembra de todos até das pessoas que a xingavam, mas não de mim. Isso tudo estava muito confuso e eu precisava saber mais sobre esse acidente.

– Hey Maddie. – chamei sua atenção a fazendo desviar os olhos dos patos que estavam no lago perto de nós. – Eu preciso saber mais sobre o acidente... Sabe? Quero entender o porquê dela não se lembrar de mim. – não conseguia esconder a tristeza na minha voz.

– Hum...você pode falar com a tal de Hanna.

– Não tenho o endereço dela e pelo o que a Demi me disse ela se mudou para Los Angeles. – falei chateada, mas logo uma lâmpada se acendeu na minha cabeça. – E se eu falasse com a Dianna? Ela poderia me explicar melhor tudo o que aconteceu.

– Não acho uma boa ideia Selly. – Madison respondeu insegura.

– Por que não? – perguntei confusa.

– Hum... não sei como explicar isso, mas... digamos que a minha mãe meio que não gosta de você. – disse coçando a nuca nervosamente.

Como assim não gosta de mim? , pensei. Quando Demi e eu éramos amigas ficávamos praticamente o dia inteiro uma na casa da outra e Dianna dizia o tempo todo que eu era como uma filha para ela e a minha mãe dizia o mesmo sobre a Demi.

– Como assim “meio que não gosta de mim”? – perguntei confusa.

– Depois que vocês brigaram, por que a única razão para vocês pararem de se falar só pode ter sido uma briga, a Demi ficou chateada. Pelo menos foi o que a minha mãe disse, afinal eu era muito pequena naquela época. Depois de alguns anos nada mudou e eu ouvi a minha mãe falando algumas vezes com o Eddie sobre como a Demi mudou quando vocês brigaram e o quanto a briga afetou a Demi e tals, ela também dizia ser a sua culpa. Como é que ela dizia mesmo...? Ah! “A Selena estragou a felicidade da minha filhinha. E eu nem sei ao menos o porque.” – explicou me deixando pasma. – Depois de alguns meses ninguém mais falava sobre isso.

Wow! ,era tudo que eu podia pensar nesse momento. Minha culpa?! Eu era a única que ia para a escola e tinha que aguentar ver a Demi com outras amigas, a única que tinha que aguentar toda a humilhação que sofria e que vinha da pessoa que eu mais amava. Demi. Eu era a única que chegava em casa e ia direto para o quarto chorar até dormir, pensando no quanto ela me odiava e na dor que eu estava passando. Tudo isso durantes anos, e no final a culpa é minha? Não isso eu não aceito.

– A culpa não é minha. – falei com raiva. – A sua mãe não sabe de nada o que eu passei durante anos depois nossa briga. Era eu que era xingada pela escola inteira e pior ainda pela Demi. – desabafei cruzando os braços.

– Wow. – a Madison disse. – Disso eu não sabia. – completou com cara de assustada.

– Claro ninguém sabia. – resmunguei. – Mas ainda preciso falar com a Dianna. É o único jeito.

– Você pode falar com o médico que atendeu ela! – exclamou feliz.

– É mas primeiro preciso saber quem é o médico. – suspirei.

– Posso tentar ver com a minha mãe, sem ela saber o motivo é claro.

– Não acho uma boa ideia. Não quero ver você entrando em encrenca por minha causa. – falei apreensiva.

– Não vou. Sou como o 007 mais um ninja, ninguém nunca me descobre. – falou convencida. – Droga, a Demi ta vindo.

Olhei para trás só para ver a linda mulher de cabelos negros vindo em nossa direção com dois algodões doces nas mãos.

– Vocês me devem, essa fila estava imensa. Não sei como pode tanta gente gostar dessa coisa. – resmungou nos entregando o algodão doce e se sentando de novo ao meu lado.

– Obrigada. – eu disse sorrindo. – Aqui está a sua recompensa.

Lhe dei um selinho demorado, me afastando quando ela tentou aprofundar e recebendo um bico triste em troca.

– A sua irmã ta aqui. – sussurrei a repreendendo.

– To mesmo, e não espere um selinho de agradecimento da minha parte, é nojento. – Madison falou fazendo careta.

Eu e a Demi rimos.

Resolvemos comer o nosso algodão doce enquanto caminhávamos pelo parque e só paramos para a Demi comprar um sorvete para ela.

Estávamos dando a volta no imenso lago admirando os patos enquanto terminávamos de comer. A Madison ia na frente tento chamar algum pato.

– Esse sorvete é de que? – perguntei olhando para a massa verde água ou azul não sei ao certo.

– Pistache. Quer um pouco? – me ofereceu e eu assenti com a cabeça.

Demi me ofereceu o sorvete e eu dei uma mordida, nossos olhos nunca se desgrudando e logo em seguida um sorriso se formou no rosto da Demi.

– Que foi? – perguntei com a mão na boca por estar de boca cheia.

– Se eu te falar provavelmente você vai me bater então é melhor eu deixar só para mim.

– Fala, não vou te bater. – sorri timidamente.

– Okay, mas não é nada de mais. Só estava pensando o quão sexy foi essa cena, sabe? Você mais sorvete...

Não a deixei terminar e lhe dei leve fraca tapa no braço ao mesmo tempo em que corava.

– Aí... você disse que ia me bater. – fez cara de triste me fazendo rir.

– Isso foi por me deixar envergonhada.

– Vou receber um tapa toda vez que te fazer corar? – assenti com a cabeça. – Estou em uma encruzilhada aqui. Se eu te fazer corar você vai me bater, mas eu não posso te fazer não corar. É o que te deixa mais linda. – recebeu outro tapa por me fazer corar de novo. – E fora que é automático, não posso ficar sem te elogiar.

A cada frase que ela falava mais eu corava e isso a fez rir no final.

– Você é linda quando está corada, ainda mais se o motivo for eu. – falou enquanto passava o braço esquerdo por meus ombros e beijava a minha testa.

O resto do caminho foi assim eu a Demi abraças enquanto Madison ia na frente brincando com os pássaros ou folhas. Quando eram mais ou menos 19h21 resolvemos voltar e no caminho para a casa a Madison fez questão de levar ela para a casa antes, pois não queria ver os “amassos dos pombinhos apaixonados”, palavras dela.

Quando chegamos a minha casa Demi desligou o carro e virou de lado de modo que ela estava me olhando. Ela ficou assim por alguns minutos em silencio, me deixando desconfortável.

– Que foi?

– Nada. – falou sorrindo. – Você é linda.

Eu como sempre corei.

– Obrigada. – falei brincando com as minhas mãos no colo. – Acho melhor eu ir indo.

– Não quero me despedir de você agora. – falou com voz de bebê.

– Mas eu tenho que ir. Daqui a pouco a Maria me liga preocupada. – falei ao notar que já escureceu.

Suspirou.

– Tudo bem. Só estou chateada, pois queria passar o dia com você amanhã, mas vou ter que trabalhar em dobro. Pelo o que o Justin me falou tem muito carros para um só pessoa e um período curto de tempo de entrega.

– Podemos nos ver domingo então. – falei.

– Claro.

Mais silêncio desconfortável. Eu não queria sair do lado dela, mas o que eu falei é verdade. Se eu não ir logo a Maria vai me ligar.

Mal acabei de pensar e meu celular tocou.

Ligação On

– Alô? – falei me virando para uma Demi que me olhava confusa

– Selena? É a Maria.

– Ah, oi Maria. – respondi olhando para Demi de um jeito que diz: Não falei?!

– Espero não estar atrapalhando nada, é só que eu vi o carro parado aqui em frente por alguns minutos e você não saiu dele... só achei estranho. – comentou. – Eu não atrapalhei nada, não é? – perguntou insegura.

– N-não. Não estávamos fazendo nada de mais, só nos despedindo mesmo. – falei envergonha ao saber no que a Maria estava pensando e não pude deixar de corar.

Pelo jeito não fui a única a entender, pois Demi soltou uma risada alta e logo em seguida sorriu maliciosa colocando a mão na minha coxa e balançando a sobrancelha. Bati na sua mão e corei ainda mais.

– Okay, te vejo daqui a pouco então. E vê se não demora.

– Não vou. Já to entrando. Beijo. – me despedi guardando o celular em seguida.

Ligação Off

– Isso é um tchau, certo? – perguntou triste.

– Sim, mas como eu disse vamos nos ver domingo. – falei lhe dando um selinho. – Até domingo.

– Espera.

Quando estava saindo do carro a Demi agarrou o meu braço me fazendo voltar e me deu um beijo longo, pedindo passagem com a língua e eu imediatamente deixei. Ficamos assim até ficarmos sem ar.

– Agora sim um beijo digno de um tchau. – falou roubando mais um selinho. – Te vejo domingo linda.

Assim que sai do carro a vi piscar para mim. Era a primeira vez que ela me chamava de linda assim, e devo confessar que eu gostei, só não podia deixar de corar.

Entrei em casa dei boa noite para a Maria e fui para o quarto onde troquei de roupa e coloquei um pijama para me jogar na cama logo em seguida.

Suspirei feliz. Finalmente meus sentimentos sendo correspondidos. Estava feliz por finalmente esta com a Demi, mas por um lado eu ainda estava com medo, com medo de uma hora para outra a Demi se lembrar de mim e voltar a me humilhar e me desprezar, partindo o meu coração mais uma vez.

Foi com esses pensamentos que peguei no sono.