Candy man – à bordo do amor.

    Prólogo:

    A pequena e curvilínea mulher correu apressada por um estreito e mal cuidado corredor, batendo em todas as portas com força. Sua respiração estava descompassada, o suor lhe marcava a testa e seus lindos olhos castanhos claro estavam delirantes. Sua expressão era uma mistura infiel de êxtase, animação e cautela.

- Acordem meninas, vamos, movam-se! – ela gritou voltando ao início do corredor.

            Em poucos instantes seis lindas e provocantes mulheres apareciam em seus batentes, com cara de sono e irritação, tentando abrir os olhos ou arrumar os cabelos embaraçados.

- Mas que diabos Esme, isso por acaso são horas de nos acordar? – uma loira alta e de feições que fariam qualquer homem suspirar perguntou, esfregando o rosto amassado de sono e apontando para o relógio que marcava quatro da manhã. Ao seu lado estava uma morena baixinha, que tentava arrumar as pontas espevitadas de seu cabelo.

- Meninas, eu tenho uma notícia maravilhosa a vocês! – a mulher sussurrou eufórica, não se controlando.

- Outra boate em Vegas nos convidou? Se for, recuse. Não pisamos mais em Vegas depois do último ocorrido – disse uma ruiva que aparentava ser a mais felina e sedutora de todas. Isso podia ser facilmente percebido por suas roupas – enquanto todas as outras vestiam pijamas longos, ela trajava apenas lingerie. Ao seu lado uma baixinha de mais ou menos quatorze anos assentia frenética. Seus olhos chocolates estavam arregalados e seus cachos cobre moviam-se com delicadeza.

- Mas será que dava para vocês ficarem quietas? – a mulher fechou a cara e cruzou os braços, batendo o pequeno pé no assoalho. A ruiva voltou praguejando para o quarto, sem dar atenção à mulher.

- Diga, Esme – pronunciou-se uma morena de cabelos cacheados, mediana e de olhos chocolates iguais aos da menininha. Era igualmente sedutora e graciosa como todas as mulheres daquele mal iluminado corredor de pensão. A mulher com quem dividia o quarto era muito alta e de pele bronzeada, cheia de curvas e com olhar entediado.

- Tentem se acalmar, não saiam correndo e gritando, por favor, já tivemos problemas demais com dona Raimunda – à menção do nome da dona da pensão, todas fizeram uma careta de desagrado. – Temos uma nova proposta de trabalho, mas dessa vez não uma qualquer. Essa vai requerer calma, muito charme e pouca roupa. Meninas, controlem-se, ok?

- FALA LOGO ESME! – todas gritaram com a mulher que abriu um largo sorriso.

- Arrumem suas malas, reúnam seus pertences, peguem toda a purpurina, preparem seus passos mais sensuais e desejosos. Amanhã embarcaremos no Candy Man! – seu tom foi tão eufórico que sua voz subiu algumas – várias - oitavas.

            Ela então riu da cara de todas as mulheres ali presentes: Ninguém se mexia, ninguém falava, ninguém sequer respirava. A ruiva, que voltara a se deitar, correu de volta à porta e colocou a cabeça para fora do quarto, igualmente chocada.

- Aquele Candy Man? – ao sorriso de resposta da pequena Esme, todas arfaram.

            Enquanto o vento e a chuva rugiam lá fora, a gritaria e o corre pra lá e pra cá, começou. Todas estavam agora histéricas e até Esme se permitiu correr e se juntar ao abraço de comemoração com as outras meninas. Os outros moradores da pensão já pediam silêncio e muitos gritavam raivosos para pararem com a balbúrdia. Elas não estavam nem aí. Logo pela manhã estariam à bordo do navio mais veloz, mais respeitado, mais falado e mais glorioso da U.S. NAVI: o majestoso ‘Candy Man'.