Harry, Gina e Rony foram embora pouco depois. Deitei a cabeça sobre meu travesseiro, mas o sono não vinha de maneira alguma. Me virei na cama pelo menos durante três horas e finalmente consegui dormir. Por alguns segundos.

Um estampido me fez sentar rapidamente na cama, segurando a varinha, que antes estava na mesa de cabeceira. Não sei como havia feito isso, no estado em que eu estava, então, logo uma dor excruciante subiu da minha nuca à minha cabeça, criando pontinhos coloridos na minha vista. No entanto, eu podia ver realmente o que acontecia à minha frente.

Talvez eu estivesse sonhando. Não, eu estava sonhando! Não era possível...

–Oi, Granger. – Malfoy cumprimentou sério.

–Mas como...? –Consegui dizer. – Isso é um sonho? – perguntei, estupidamente.

–Não – Ele respondeu. – Eu estou aqui mesmo. Você me pediu pra me ver novamente se lembra?

–Mas... Como você conseguiu entrar em Hogwarts? Quero dizer... Há feitiços defensivos que Dumb... – Eu me interrompi. Percebi que com Dumbledore morto, todos os feitiços lançados sobre Hogwarts iriam ruir. Deveria ser por isso, Gina me dissera, que todos os alunos iriam voltar para casa após os funerais.

–Você... Está bem? – perguntei, relutante.

–Eu não posso acreditar! Você foi empurrada contra uma parede e jogada de uma torre, pergunta se EU estou bem? – Ele forçou um sorriso.

Eu dei um sorriso. Não podia expressar o quanto estava feliz por tê-lo ali comigo novamente, mas o quanto estava triste. Tudo agora iria mudar.

Hermione, pensei. Esta pode ser a última vez que você pode vê-lo. Vai ficar aí, parada que nem uma tola?

Então eu me atirei aos seus braços, mancando, com algumas lágrimas nos olhos. Eu não o beijei, não fazia questão. Eu queria apenas senti-lo perto de mim, pelo menos mais uma vez. Sentir que nunca mais teria que abandoná-lo, apesar de isso não ser verdade. Sentir que nós podíamos nos amar, sem nada nos interferir. Sentir que nós poderíamos ser felizes juntos.

Longos minutos se passaram, conosco, apenas abraçados, em silêncio. Podia ouvir seu coração bater, com minha cabeça encostada em seu peito. Minhas mãos em suas costas o puxaram para tão perto de mim, que agora eu mal conseguia respirar. Minhas pálpebras pesavam de sono, de tão aconchegante que era aquele abraço.

Ele finalmente me pegou nos braços e me deitou na cama, sentando-se ao meu lado. Eu deitei a cabeça no travesseiro, ainda segurando fortemente a mão dele. Eu não queria que ele fosse embora, jamais. Ele me deu um último beijo na testa, mas continuou sentado ao meu lado na cama, esperando que eu adormecesse.

Senti meu aperto de mão se afrouxar lentamente. Minhas pálpebras agora faziam força para não se fecharem. Tive um último vislumbre dele, sorrindo para mim, quando meus olhos, sem meu consentimento novamente, se fecharam e eu adormeci.

E quando acordei, ele não estava mais lá. Apenas uma carta jazia em minha mesa de cabeceira, com a caligrafia fina e reta, que eu reconheci imediatamente.