Dois dias haviam passado desde a primeira e ultima vez que vi aquele bonitão chamado Michael. Não liguei para ele. Talvez tivesse pensado nisso inúmeras vezes, mas segurei minha vontade ao máximo.

O clima era de total tensão em casa. Papai não entendia porque meus amigos resolveram aparecer do nada. Thomas tentou explicar, não faço ideia se conseguiu. Matt andava pela casa com um mau humor insuportável. Quando alguém o perguntava simplesmente respondia que sentia falta da Annie.

Johnny e Zacky aproveitavam a sala de jogos do Tom e ficavam lá o dia inteiro jogando Call of Duty ou qualquer outro jogo similar.

Confesso que no começo das férias ficava trancada ali também, mas olha minhas amizades né. E Brian... Bom. Pro Brian eu simplesmente não existia. Ignorava-me o máximo que podia, quando passava do meu lado fingia não me ver. Chegava a ser ridículo.

Estava deitada na cama encarando o teto quando Zacky entra no quarto subitamente e se joga do meu lado.

- Eai gatinha. – resmunga também encarando o teto.

- Oi.

- Pronta pra voltar? – suspirei.

- Poderia voltar hoje mesmo. – ele riu.

- Não era você que estava toda excitada em vir pra cá? – passou a me olhar, fingi não perceber.

- É – suspirei – Até conhecer a família toda. Já viu minha meia-irmã que amor?

Zacky tentou segurar o riso, mas não teve muito sucesso.

- Sua querida irmã gostou do Johnny. Vive atrás dele. – não pude conter o riso ao ouvir isso. Reese atrás do Johnny? Mas e o todo o discurso dela por caras tatuados, huh? Patética. – Ei, para de meditar e fala as coisas em voz alta. – ralhou comigo pelo meu breve momento de silencio.

- Desculpa. Estava pensando em como ela é patética.

- Gostosa. – revirei os olhos.

- Mas patética.

- Se você diz.

Johnny escancarou a porta e escondeu-se ao meu lado na cama.

- Pelamordedeus não me deixem sozinho com aquela maluca. – Zacky e eu rimos da cara do baixinho e eu abracei-o.

- Nhaw, vem cá bebê. Tia Marie cuida de você.

Brian’s POV.

Quando vamos embora mesmo? Não aguento mais um segundo sequer dentro dessa casa. Porcaria de casa. Porcaria de Londres.

Porcaria de vida. Por que aquele idiota cabeludo dos infernos teve que aparecer naquela festa? Do lado da MINHA Marie. Urgh. Ódio! Se encontrar ele na rua... Vou acabar com a vida do idiota. Juro.

Mas... Marie estava se comportando como uma completa vadia em Londres... Que me lembre ela não era assim, nem um pouco. QUAL O PROBLEMA DESSA CIDADE, HEIN?

Todos estão grudados nela e eu fico sozinho. Claro, estão com saudades. FODA-SE! Não quero sabe-

- Viu o Johnny? – Reese aproximou-se com aquele jeito tipicamente Marie. Como elas conseguem ser tão parecidas mesmo tendo somente metade do sangue? Até o jeito arrogante... Voltei à realidade quando percebi sua impaciência.

- Acabou de entrar no quarto da tua irmã. – ela pareceu desapontada.

- Obrigada... – colocou o dedo na boca pensativa. – Mas... E por que você não está lá? Ouvi dizer que vocês são namorados.

- Namorados?

- É... Encontrei uma foto sua semana retrasada no quarto dela e... Hm. Fiz alguns comentários... Aos quais ela não gostou... E me disse pra cuidar com o que falo sobre o namorado dela. – Fui obrigado a piscar várias vezes para ver se processava as informações. Ela... Considerava-me como um namorado ainda? Namorado... Sério mesmo?

Consegui apenas sorrir em resposta a pergunta da garota e dirigi-me até o quarto onde estava dormindo.

Acabei me jogando na cama e dormi no sono... Feliz demais, se querem saber.

Marie’s POV.

É hoje. Estou com as malas completamente prontas. Não vejo a hora de pisar naquele aeroporto e ir embora dessa casa. Tom vai junto. Segundo o que disse (para mim) não conseguiria voltar a sua antiga escola nem a antiga vida. Preferia mil vezes o clima da California – e o fato de estar longe de Reese. Entendi a ultima parte muito bem.

Papai já insistia que voltássemos para as férias de inverno, a qual prontamente inventei a primeira desculpa que me veio à cabeça. Segundo o que disse, iria viajar com os garotos. Ele falou que pagaria a viagem de todos e acabou que realmente vamos viajar, se tudo der certo.

- Anda logo Marie! Daqui a pouco o táxi chega. – Matt berrou da porta. Ele era o mais empolgado de todos (se é que podia ter alguém mais empolgado do que eu mesma) para voltarmos. Anne mandava-o mensagens o tempo todo desde que chegou aqui e ele sempre respondia e depois surgia com uma cara triste. De cortar o coração.

Fui ao banheiro dar uma ultima checada no look que escolhi para voltar. Basicamente era uma camiseta com a bandeira da América junto de uma jaqueta jeans (que por dentro também tinha a bandeira), um short jeans rasgado e com tarraxas. Minha plataforma linda e a bolsa preta de sempre.  Ok. Talvez o short fosse curto, mas foda-se.

As malas já estavam todas na sala a espera do taxi. Fui a ultima a descer, como sempre. Todos olharam pra mim enquanto descia aquelas longas escadas. Brian, basicamente, não tirava os olhos das minhas pernas – o que me fez segurar um sorriso muito do pervertido – e os outros me encaravam pela demora mesmo.

- Cheguei! – sorri, abraçando o Porpeta pela cintura. Ele fez o mesmo.

- Finalmente resolveu dar o ar da graça. – Johnny reclamou.

Lentamente fui até papai e não resisti em abraça-lo. Mesmo com todo o drama que fiz durante esse tempo que passei aqui, iria sentir falta dele. Afinal, pai é pai.

- Vou sentir sua falta, seu chato. – falei, abraçando-o. Todos como num gesto de respeito foram para fora da casa e nos deixaram ali.

- Também vou. – falou com a voz embargada.

- Hey! Pai meu não chora, fala sério. – reclamei. Lágrimas se formavam querendo transbordar meus olhos. Segurei-as ao máximo.

- Ok. Certo. – fungou. – Liga quando chegar à California.

- Pode deixar pai. – suspirei. – Tchau.

O taxi já estava esperando e todos estavam socados lá dentro. Não foi fácil, mas finalmente entramos e com um ultimo aceno deixei papai para trás.

Chegamos ao aeroporto e fomos expulsos pelo taxista porque estávamos fazendo muita baderna. O cara simplesmente jogou nossas coisas num carrinho e foi embora. Antes, é claro, esperou o pagamento. Mereço isso?

Matt ficou encarregado pelo carrinho, sendo assim, foi ele que o empurrou até o lugar onde deveríamos ir. Depois de toda burocracia finalmente estávamos dentro do avião. Coloquei alguma música para ouvir e dormi, ignorando a pessoa que estava sentada do meu lado.

[ California. ] 

Matt’s POV.

Finalmente! Não aguentava mais ficar dentro daquele maldito avião. O clima era tenso até ali dentro. Tudo porque Brian acabou sentando ao lado da Marie e ela, pra provavelmente ignorá-lo simplesmente colocou os fones de ouvido e pegou no sono. Qualquer pessoa naquela área do avião ouvia-o bufar a cada cinco minutos.

Segurei-me inúmeras vezes pra não socar a cara dele e finalmente pegar no sono. Acho que nunca fiz tanto esforço na minha vida.

Desembarcamos e o idiota aqui foi buscar todas as malas. Claro né. “Quem é o mais forte do grupo?” Maldita pergunta.

- Que tal ir até o banheiro e cobrir essas pernas? – resmunguei passando ao lado da Marie para colocar as coisas em cima de um carrinho. Ela ficava muito gata com cara de sono... Enfim.

- Anh? – perguntou. É uma distraída mesmo.

- Qualquer homem nesse aeroporto, nesse exato momento, tá te desejando nua na cama dele. Sério. – revirou os olhos e foi pro lado do Zacky abraça-lo. Se não fosse pelo Brian aposto que aqueles dois ali já teriam tido alguma coisa. Sério.

Zacky’s POV.

- O Sanders tá um insuportável hoje. – Marie resmungou já engatando o braço no meu. Todos os caras do recinto encaravam suas pernas. Não os culpo, mas, por favor, né. Ela andando com um grupo inteiro de caras, um deles provavelmente seria o namorado dela. O que, no caso, seria o Brian, se eles não fossem tão teimosos.

Ao que tudo indicava pros homens do lugar, eu era o namorado dela. Ok. Sempre era bom ganhar um crédito desses, ainda mais com uma Marie da vida no teu lado... Não era o caso, porém, no momento.

- Falta de sexo, aposto. – respondi fazendo-a rir.

- Só pode. – falou gargalhando. Os outros nos lançaram olhares indagadores, mas desistiram quando um idiota passou assoviando no lado dela.

- Vai assoviar pra tua vó seu filho da puta! – Johnny berrou e o cara olhou assustado pro grupo. – Vai tirar com a mina dos outros, babaca. – resmungou para si.

- Ela não é tua namorada Anão.

- Eu sei. Amiga minha não é tirada de vagabunda em aeroporto. Simples.

Todos rimos por um tempo do que Johnny disse, até Marie congelar onde estava.

Lentamente todos seguiram a direção do seu olhar, que congelou quando avistou algo. E após todos esclarecermos o que realmente era, o clima ficou obscuro. Rapidamente olhei para Brian que ficava vermelho a cada segundo e cerrava o punho com tanta força que seus dedos já estavam brancos.

É isso. Fodeu de vez.