Corremos o mais rápido que podíamos de volta para o castelo, para livrar todos da sala de Dolores, porém fomos surpreendidos por Ron, Belle, Gina, Neville e Luna correndo na nossa direção.

- Ron teve a brilhante ideia de dar vomitilhas para eles. – Belle disse sorrindo para Ron.

- Foi uma nojeira total. – Gina brincou.

- E agora, o que fazemos? – Neville perguntou.

- Eu vou até o Ministério ajudar Sirius. – falei decidido.

- Ok, vamos com você. – Anabelle assentiu como se eu tivesse falado no plural.

- Não, vocês não entenderam. Eu vou sozinho. Essa luta é minha, não de vocês.

- O propósito da Armada de Dumbledore continua em pé? Ou era só uma mentira? – Neville perguntou depois que todos entraram em silencio com a minha revelação.

- Sim, continua em pé.

- Então vamos com voce. – ele falou decidido, tão decidido que eu achei que fosse outra pessoa e não Neville Longbottom.

- Isso pode ser muito perigoso – alertei.

- Foi para isso que treinamos. – Neville respondeu na lata.

- Ok, muito legal esse lance de “um por todos e todos por um”, mas a real preocupação é: Como vamos á Londres? – Anabelle disse enfática.

Putz! – Não pensei nisso. – admiti.

- Oras! Vamos voando, é claro. – Luna disse sorrindo.

* * *

Montar em um testrálio não é a missão mais fácil do mundo, pelo menos não para os outros, eu e Luna e Neville conseguíamos ver com perfeição o animal alado, porém Mione, Belle, Gina e Ron ficaram bem inseguros quando tentamos ajuda-los a montar nos animais.

- Só para certificar: Midnight não está perto? – Ron disse engolindo em seco.

- Não, porque?

- Ah, nada... Se algo acontecesse pelo menos a teríamos por perto... Precaução, apenas. – disse nervoso.

Os cavalos alçaram voo e atingiram acima das nuvens, onde o castelo estava aceso e deixava a imagem de toda a enorme propriedade de Hogwarts mais encantadora do que já era. Era difícil voar em um testrálio, eles não possuíam nada para amortecer na viagem, como Bicuço possuía com suas penas macias, e os testrálios também eram um pouco instáveis, ora desciam um pouco, oram subiam demais.

Eu não sabia por onde ou o como eles se guiavam, mas de algum jeito nós chegamos lá, descemos dos testrálios, que voaram de volta para Hogwarts, e entramos pelo pátio principal do Ministério, sai correndo pelo piso escuro e o local vazio até o elevador. Assim que todos entraram o elevador se fechou e então, com aquela rapidez nostálgica, nos levou até o corredor dos artefatos mágicos.

O local estava todo escuro e não tinha ninguém por lá.

- Certeza que é aqui? – Gina perguntou.

- Absoluta. – fui o primeiro a sair do elevador, todos empunhando suas varinhas, esperando algum tipo de confronto.

Havia três portas, todas fechadas e exatamente iguais. Eu não sabia qual era qual, mas se tivéssemos que abrir todas era melhor nos apressarmos, porque eu estava me sentindo sem tempo.

- Como vamos saber qual é a certa?

- O que estão fazendo aqui?! – Uma voz ansiosa e grossa disse atrás de todos nós. Viramos rapidamente para trás e damos de Julian, escondido nas sombras. – O que voce esta fazendo aqui? – olhou sombriamente para Anabelle.

- Não é da sua conta! O que você está fazendo aqui? – perguntou indignada.

Julian não disse nada, uma hora ele estava lá e na hora seguinte não estava mais.

- Isso foi um truque de mente? Todo mundo o viu ali, não viram? – Ron perguntou.

- Sim. Sinistro. – Mione disse.

Graças a nós tínhamos Mione no grupo, logo depois do choque de ter visto Julian ali nós voltamos a nos focar nas portas onde, no final das contas, descobrimos qual era a sala de globos. Eu praticamente voava entre as estantes, procurando pelo numero 97, onde Sirius estaria ajoelhado.

Ao chegar no locar todos nós paramos pasmos.

- Era aqui. – falei sem entender nada.

- Não tem nada aqui, Harry. – Mione disse solidária.

- É uma emboscada, temos que sair o quanto antes...

- Você tem que aprender a discernir o que é verdadeiro e o que o Lorde das Trevas quer que voce veja, Potter. – a voz de Lucio Malfoy surgiu atrás de nós.

Todos nos viramos surpresos pela repentina voz, ao lado de Lucio Malfoy possuía Belatrix Lestrange e... Oh, meu Deus! Meu queixo caiu, assim como o de todos.

- Você! – Anabelle gritou furiosa – Eu sabia que havia algo de errado com voce! Você é um bruxo! – apontou o dedo na cara da Julian.

A risada de Malfoy foi baixa e sussurrada - Eu até gostaria de discutir a relação pai e filho, mas viemos a negócios aqui. Potter, passe-me a esfera e eu deixo voce e seus amiguinhos saírem daqui sem nenhum derramamento de sangue.

Minha mão automaticamente segurou com mais força a esfera. Se era algo que Voldemort queria tanto eu não poderia simplesmente entrega-la e bandeja para ele. Minha curiosidade sobre o porque Voldemort queria a esfera também me impedia de entrega-la.

- Não.

Malfoy controlou bem as feições. – Julian. – falou sem emoção na voz. Meu olhar se virou para Julian, que não fez um sequer movimento.

Pegando todos nós de surpresa um grande rugido surgiu atrás de Malfoy. Um alivio percorreu meu corpo quando vi a pantera de olhos azuis atrás deles. Era Midnight vindo nos salvar!

- Porque não nos avisou que ela vinha? – escutei Mione sussurrar para Belle.

- Porque está não é Midnight! – ela disse urgente. – Midnight tem olhos verdes, esqueceram? – Belle apertou minha mão – Entregue, Harry! Midnight não vai conseguir chegar a tempo!

Então Midnight estava á caminho... Se agora ela não conseguiria chegar a tempo então precisávamos de tempo...

- Vamos Potter, posso lhe explicar como tudo aconteceu e o porquê. Você não quis isso sempre? – Malfoy persuadiu.

Isso atraiu minha atenção, mas não o suficiente. – No três – sussurrei para Belle. – Um. – contei – Eu esperei quinze anos para saber. – distrai Malfoy.

- Sim, sim um longo tempo.

- Dois. – sussurrei.

- Posso esperar um pouco mais. – falei. – Três! – vários feitiços foram disparados e então saímos em disparada pelos corredores da sala escura.

Minha mãe segurava firme a esfera de um lado e a outra estava ocupada com a varinha, onde eu me defendia dos vários Comensais que haviam surgido do nada. A correria era tanta que chegou uma hora que ficou apenas eu, Mione e Ron.

- Cade Anabelle? – Hermione olhou ao redor.

Um pânico surgiu dentro de mim, me consumindo. – Sigam pela porta e encontrem os outros. – Dei meia volta e corri, mesmo sobre os protestos dos outros, atrás de Anabelle. Minha mente e meu coração torciam para que o lâncatropo não houvesse a pegado.

Estava tudo escuro e sem movimentação. Queria gritar seu nome, mas achei que não seria uma boa ideia.

Um baixo rosnado preencheu o lugar quieto demais. A adrenalina pulsou dentro de mim e eu me guiei por este único som.

Anabelle estava de pé, segurando firmemente a varinha, sua postura era defensiva, estava de costas para mim. O lâncatropo se encontrava no chão, assim como Julian.

- Anabelle! – ele tentou chamar, mas arfou. Algo estava acontecendo com ele. – Pare com isto! Não deixe ela te dominar! Não terá volta! – ele dizia entre arfadas.

De repente uma onça pintada negra aterrissou ao lado de Anabelle e eu identifiquei como Midnight. Ela circundou Belle, seus olhos brilhando de latente excitação, maldosos e imperduaveis, como se incentivasse o que Anabelle estivesse fazendo.

Algo estava errado... Muito errado.

- Anabelle! – Chamei. Midnight rosnou para mim. – Vamos Anabelle! Todos os outros estão lhe esperando, mais Comensais estão atrás de nós.

Ela não se moveu. Midnight soltou como se fosse uma risada maldosa.

- Belle! – tornei a chamar. Me apavorava o que quer que Midnight estivesse influenciando em Anabelle. – Vamos, por favor.

Aos poucos a posição dura de Anabelle foi saindo e então ela pareceu voltar a si. Midnight se transformou de repente, seus olhos – ao olhar para Anabelle – não eram mais manipuladores e de fria maldade, eram preocupados ao extremo.

- Vamos! – chamei novamente e nós tres tornamos a correr o mais rápido que conseguíamos, Midnight protegia nossos flancos enquanto corríamos. Passamos pela porta e de repente caímos o que me pareceu uma eternidade, um impulso nos fez planar e depois tocar o chão.

Todos estavam ali, preocupados sem saber onde ir. Antes que eu dissesse alguma coisa uma densa nuvem negra cobriu a todos, nos cegando. Eu apenas me encolhi e segurei firme a esfera próximo a mim, quando tudo acabou e eu me levantei. Deparei-me com todos presos pelos Comensais, que apontavam as varinhas para seus pescoços. Anabelle estava no chão, a mão na garganta e Midnight... Estava sendo estrangulada pelo outro lâncatropo.