O vento aos poucos se torna neblina,o céu fica cada vez mais lindo o quanto mais voamos alto, aquele doce barulho das estrelas ficam mais forte a cada batida das asas,será esse o paraíso?

Deixei meu irmão para trás...deixei todos para trás...Mas Lotko está lá e talvez nunca mais volte,sinto por Lotko oque nunca havia sentido por ninguém...nem por meu irmão.

Eu não posso me apaixonar,não aqui,não agora,não por ele.

A medida que iamos nos aproximando do horizonte,o ar ficava mais frio...mais tenebroso...me dava arrepios.As estrelas aos poucos iam sumindo,como se estivessem fugindo do horizonte.

De repente o Griffo desce com tudo ao solo,bicando o ar,me agarro em seu pescoço para não cair até que ele pousa em uma brusca parada no solo.

Desco de suas costas e coloco no chão um pé de cada vez...as nuvens estão ao chão e há um tipo de escada de nuvens com portão.

O griffo me trouxe ao local errado? Isso mais parece o céu, o paraíso.

– Não o griffo não a trouxe ao local errado minha cara.

– Porra cara...você faz isso o tempo todo? -Eu disse assustada pela chegada repentina.

–Essa é a escada do céu das trevas,lindo não? - Disse Serberus surgindo do portão logo a minha frente - quando fui expulso de pisar no chão do paraíso só havia um lugar para me esconder, o céu,o que informam aos mortais q abandonaram o poder das estrelas está errado,as trevas ficam a cima de nossas cabeças.

– Onde está Lotko,Serberus! Como alma original...de vitae eu exijo que você...o solte!

– Há...tão convencida e tola,pobre de você...não me importa quem você é!Não me interessa seu grau de "nobreza" - Disse ele fazendo aspas com os dedos - Eu já abandonei o paraíso a muito tempo e pretendo destruí-lo, preciso de Lotko para isso e para muitas coisa. Venha minha cara - Disse ele estendendo a mão para mim - Se quiser ver Lotko é só me acompanhar.

Eu recuei 3 passos para trás.

– Não tenha medo,Confie em mim...não sou do tipo que fere sem razão.Juro pela minha alma ainda existente que não vou feri-la.

Fui me aproximando até encostar meus dedos em sua mão,ela era quente,macia,nada incomum ou terrível,será que afinal ele é como nós?

Ele me levou escada a cima devagar,as nuvens são fofas e a cada passo parece que vou cair do céu. chegamos ao topo e vejo grandes barracas vermelhas em meio as nuvens brancas,nelas há armas e soldados,em algumas casas há famílias q abandonaram o paraíso.

Ao fundo um enorme castelo de nuvens com raios o envolvendo.

– Você gosta do que vê Melina? Eu construí esse reino pedaço por pedaço fervorosamente durante minha jornada fora do paraíso,todos os imperdoáveis vem para cá...eu construí minha própria democracia...foi fácil após observar os humanos...eles compram consomem e fazem tudo oque o governo manda...Simples - Disse ele andando comigo em direção a fortaleza no topo de um morro acima das nuvens -

– Tenho que admitir que...não esta nada mal... - Disse sorrindo falsamente olhando para ele -

Fomos em direção a grande torre até que chegamos ao seu grande portão,era de chumbo e fazia um barulho ensurdecedor quando abria,havia um corredor a frente com uma grande escadaria que subia a esquerda e uma que descia a direita,o corredor dobrava nas duas direções com um brilhante tapete azul.

Serberus me guiou até as escadarias de cima onde estaria Lotko,subimos os degraus cor de prata e chegamos a um grande corredor com grades brilhantes. Apesar da aparente bonita visão,gritos torturantes invadiam o grande salão e faziam as paredes tremerem,o sentimento frio de desespero arrepiava cada centímetro de minha pele e eu me sentia insegura até para dar um passo adiante.

Vi um homem,ao fundo de toda aquela escuridão,estava cabisbaixo olhando para o chão e sussurrando uma canção,único indicio de paz em um local como aquele.

Seria Lotko? Sai andando lentamente em sua direção pelo extenso corredor,eu desviava um pouco o olhar e observava os prisioneiros,eram apenas sábios,loucos por estar ali por tanto tempo,o local era podre e mal cuidado,Serberus não se importava com a tal "escória" de seu mundo.

Alguns passos da cela do homem cabisbaixo,deixo um pouco de minha voz sair em um leve susurro.

– Lotko? Eu questionei olhando desconfiada e me aproximando aos poucos -

Minhas palavras quietas fizeram ecos nas paredes antigas e quebradiças, o homem levanta a cabeça e me olha.

– Você...você o conhece? Meu protegido - Disse o homem com uma felicidade sofrida -

– Conheco sim,senhor...ele está aqui em alguma cela... - Eu disse me aproximando ainda mais -

– Ele esta vivo,nem acredito! - Disse o velho homem com um grande tom de surpresa em sua voz antiga - Qual seria seu nome?

– Melina senhor....Melina - Eu disse sorrindo de leve

– Melina ?! - Ele disse mais surpreso ainda - Alma vitoriosa,me curvo diante de sua pureza - Ele disse se curvando ao chão -

– Não senhor...Não faça... - Eu disse gaguejando - qual seria seu nome?

– Lucky senhorita...Lucky Paradoose. Cuide bem dele...não o deixe ser zumbificado por serberus! - Disse o homem em tom de suplica -

Serberus apareceu por trás de mim e levemente colocou a mão direita em meu ombro.

– Era para ver Lotko não era? Não teste minha bondade a muito quase totalmente perdida garota...não me teste. - Disse ele em meu ouvido - Vamos...Lotko está atrás dessas rochas - Disse ele me mostrando uma parede ao lado da cela do homem -

Eu olhei para o homem com um sorriso de confiança e segui Serberus até a parede.

Serberus tocou na parede e ela se abriu em uma grande sala com frascos em prateleiras de madeira e uma grande tijela dourada com um tipo de liquido azul, olho para Lotko perto das ultimas prateleiras no limite da sala.

– Lotko! - Eu disse correndo em sua direção - Você esta bem? Você não sabe oque eu fiz pra chegar aqui - Eu disse o abraçando -

– Melina! Você não deveria ter vindo....não devia ser arriscado por mim...você é a alma original,não pode perder sua mortalidade num lugar como esse - Disse ele me abraçando de volta -

– Quem me obriga? - Eu disse me afastando um pouco dele - Seu Guardião está na cela ao lado..ele me pediu para cuidar de você...eu vou fazer eu prometo...

– Vou fechar está parede...muita melação,estou observando do outro lado,romance adolescente me da nojo - Disse ele fechando a parede nos deixando fechados em quatro paredes sem portas nem janelas -

– Lotko...oque ele fez com você? O que é tudo isso? - Eu disse apontando para as prateleiras -

– Serberus me mantem aqui para que eu o ajude a descobrir algo que ele nunca sentiu,que ele nunca aceitou...Magia da vida,foi assim que você e Richard nasceram,da pureza da magia - Ele foi andando até a grande tigela dourada ao meio da sala - Venha aqui e veja...está vendo esse liquido? - Ele disse apontando para o mesmo - é oque conseguimos resgatar da magia até agora,mas falta algo mais...não sei oque é...

– Talvez algo que Serberus não conhece....algo que ninguém realmente conhece... - Eu disse olhando para Lotko -

– Amor? Não...Serberus ama sim...já amou...ama até hoje,amor é o fundamental base da magia. - Disse Lotko com um sorriso irônico -

– Quem ele poderia amar? Ele odeia a tudo e a todos....

– A história diz que quando Serberus se rebelou junto com um grupo contra a magia perfeita,ele foi derrotado,mas não sabia que pagaria o preço por perder seu unico e verdadeiro amor...

– Quem seria? - Eu disse com o maior tom de surpresa -

– Você vai saber na hora certa,quando for necessário. Serberus nunca se arrependeu...ele seria tornado sombra se não fosse pela bondade desse alguém...Ele foi proibido de viver entre nós,ele e seus seguidores...e deu-lhe uma punição a altura...Ele deveria ouvir todos os pensamentos,desejos,sofrimentos,suplicas de toda a evolução humana mortal...Ele se tornou o tal Deus a quem todos rezam no mundo mortal - Ele disse se aproximando de mim -

– Serberus é... - Eu disse lentamente ainda assustada -

– Já chega...já ouviu demais! Vocês estão me testando...Vamos Melina...pra fora! - Ele disse apontando para fora da parede -

– Não vou sem Lotko - Segurei forte o braço de Lotko -

– Parece que temos um impasse aqui....você quer ele,eu preciso dele...não vou perder essa chance - Disse ele com um riso irônico -

Lotko imitou a canção do Griffo e simplesmente o eco se espalhou estrondosamente,ela invadiu a sala de pedra e derrubou Serberus ao chão,Subimos nela e voamos....

– Vocês realmente...me testaram...ninguém me tira o orgulho...não mais - Ele disse levemente levitado pelos próprios braços.

Continua....