Roberta estava indo pro hospital, junto com Pedro. Alice tinha ficado em casa com Matheus e Clarisse.

Eles chegaram o hospital e foram até a recepção.

–Olá, nós queríamos fazer uma visita pro nosso amigo. – Pedro disse.

–Qual o nome do paciente?

–Tomás Penedo. – Roberta respondeu.

–Tudo bem. Vocês chegaram um pouquinho atrasados, nosso horário de visitas termina em 25 minutos, mas vocês ainda podem entrar. – A recepcionista falou. Ela pegou a ficha de Tomás e começou a escrever nela. – Qual o nome de vocês?

–Eu me chamo Pedro Costa e ela Roberta Maldonado. – Pedro falou. A recepcionista escreveu os nomes deles.

–Tudo certo. Vocês já podem ir, o paciente está no quarto 302.

**

No quarto, Tomás e Carla se olhavam, sem falar nada. Na verdade, nem sabiam o que falar. Tomás queria explicar tudo pra ela, dizer que foi a Patrícia quem beijou ele, que ele não sabia de onde veio aquelas fotos, queria resolver tudo com ela, dizer que sentia falta dela, do beijo dela, do cheiro dela...

–Carla, eu... – Tomás começou, mas foi interrompido quando a porta se abriu. Ele e Carla olharam e viram que eram Roberta e Pedro.

–Roberta? Pedro? O que vocês estão fazendo aqui? – Tomás disse, sorrindo.

–A gente veio te ver cabeça! E ai como você tá? – Pedro disse. Ele sentou na beirada da maca, Roberta sentou do outro lado. Carla estava numa espécie de poltrona que ficava ao lado da maca.

–To bem. Nem sei por que ainda to aqui. – Tomás disse.

–Você deu o maior susto na gente. Nunca mais faça isso! – Roberta fez cara de brava e deu um tapa no braço dele.

–Ai minha filha! Eu to bem, mas também não abusa... – Tomás esfregou o braço enquanto os outros riam.

–Quando você vai pra casa? – Pedro perguntou.

–O médico me disse que se não tiver nada errado nos exames que ele fez hoje, ele pode ir amanhã mesmo. – Carla respondeu por ele, sorrindo.

Eles ainda ficaram conversando e brincando mais um pouco, até que os 25 minutos acabaram e eles tinham que ir embora.

–É, já tá na hora. A gente tem que ir... – Pedro disse.

–Já vão tarde. – Tomás disse, brincando.

–A gente também te ama. – Roberta soprou um beijinho pra ele. Carla e Pedro riam dos dois, que mais pareciam crianças. – Agora é sério, a gente tem mesmo que ir.

–Tchau. Valeu pela visita. – Tomás se despediu.

Roberta e Pedro também se despediram. Eles saíram do quarto e Carla os acompanhou.

–Carla, eu posso falar com você? – Roberta perguntou.

–Claro, aconteceu alguma coisa?

–Espera um pouco. Vou avisar o Pedro. – Roberta foi até Pedro que estava um pouco mais na frente e falou que ele podia indo pra casa, que depois ela pegaria um táxi. Ele concordou e se despediu dela e depois saiu.

Carla e Roberta foram até a “cantina” para conversar melhor. Roberta pediu um hambúrguer, uma porção de batatas fritas, um refrigerante gigante e um Milkshake de chocolate. Carla a olhava.

–Roberta, você não acha que pode te fazer mal comer tanto assim? – Carla ria do jeito que Roberta olhava para as comidas, com gula.

–Claro que não. Agora eu tenho que comer por dois né. – Roberta começou a comer seu hambúrguer. – Mas agora eu quero falar com você. Pode começar a falar tudo o que tá acontecendo entre você e o Tomás.

–Nossa, eu nem sei por onde começar... – Carla suspirou.

–Que tal pelo começo?

–HA HA HA, muito engraçado Roberta. – Carla disse, séria. Roberta riu e bebeu um pouco do seu refrigerante.

–Anda logo, começa! – Roberta disse, impaciente.

–Okay, okay. – Carla suspirou. – Bem, eu e o Tomás já estávamos tendo algumas briguinhas, mas nada muito grave, mas sempre nos entendíamos. Depois ele começou a sair, e tinha vezes que ele nem dormia em casa. E pra piorar tudo ainda tem a biscate da Patrícia... – Carla foi interrompida por Roberta que parecia confusa.

–Vamos por partes. Quem é Patrícia?

–Eu também não sei direito. Só sei que ela é uma vadia e que ela e o Tomás estavam se beijando.

–Quê? Como assim?

–É, e ainda me mandaram fotos. – Os olhos de Carla lacrimejaram ao lembrar daquelas fotos. Doía, muito, ver seu marido beijando outra. – Continuando... Hoje, pra piorar tudo, ainda chegaram essa fotos deles se beijando e eu perdi o chão, não sabia que o Tomás teria coragem de me trair. E como era de se esperar a gente brigou, de novo. Eu deixei um bilhete pra ele, dizendo que era melhor nós darmos um tempo e fui pra casa da Becky com a Angie e o Thiago. Depois me ligaram do hospital, avisando que o Tomás tinha sofrido um acidente e eu vim pra cá desesperada.

–Tudo bem. Eu só não entendi uma coisa. – Roberta comeu um pouco de suas batatas.

–O quê?

–Por que você não me contou tudo isso antes, criatura?!

–Eu ia falar com você, eu juro. A Alice foi lá em casa ontem, mas também não falei nada com ela. Queria que nós três estivéssemos juntas, hoje eu queria desabafar com vocês, botar tudo pra fora. Mas acabou acontecendo tanta coisa, as fotos, nossa briga, o acidente...

–Acho que entendi. E então, quanto tempo vocês vão levar pra se tocar do que estão fazendo e parar com essa briga ridícula?

–Roberta...

–‘Roberta’ nada. Você e o Tomás tão agindo como crianças. Vocês têm que deixar o orgulho de lado e pedirem desculpa um ao outro. E se vocês não fizerem isso rápido, as brigas de vocês vão acabar afetando os seus filhos. E você sabe disso.

–Pior que sei. Ontem depois que eu o Tomás tivemos outra briga, o Thiago estava chorando e ele disse pra mim que não queria que eu e o Tomás brigássemos. – Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto dela. Não gostava nem de lembrar que seu filho estava sofrendo por sua causa.

–Viu só? Eu sempre tenho razão. – Roberta fez cara de convencida e Carla riu brevemente. Roberta voltou a comer.

–É, na maioria das vezes sim.

–E agora? O que você vai fazer?

–Primeiro eu tenho que conversar com o Tomás, esclarecer tudo e depois eu não sei...

–Você pretende perdoar ele? – Roberta disse, agora séria.

–Não sei, to muito confusa. Quando eu vi aquelas fotos me deu vontade de esganar ele, de bater nele, de... de... Ah nem sei! Mas quando eu soube que ele estava no hospital, eu nem sei o que eu senti, a única coisa que eu pensava é que eu não podia perdê-lo, não conseguiriam viver sem ele... – Carla parou de falar quando viu que Roberta estava chorando.

–Roberta? Por que você está chorando?

–Oh, não é nada. Apenas me emocionei com suas palavras. – Roberta limpou as lágrimas e Carla riu.

–Você está muito emotiva. Isso tudo é por causa dos hormônios da gravidez?

–É, acho que sim. – Roberta já tinha parado de chora e voltou a atacar seu lanche.

Roberta continuava comendo, em silêncio. Carla ficava apenas observando-a.

–Sério que você vai ficar me olhando enquanto podia estar lá com seu marido, resolvendo tudo? Vai logo mulher!

–Tudo bem, eu vou indo então. – Carla sorria. Ela se levantou e deu um beijo no topo da cabeça de Roberta e foi até o quarto.

Roberta terminou seu “lanchinho”, pagou e foi pra casa.

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