Tomás ainda não acreditava no que via. Como ela pode mandar essas fotos pra Carla? Ele nem ao menos tinha percebido que tinham tirado uma foto...

Tomás decidiu procurar Patrícia, pra saber por que ela tinha feito isso, tirar essa história a limpo. Pegou as chaves do carro e saiu. Ele tentava ligar pra ela, mas nada, não atendia o telefone. Ele ainda parou o carro em um lugar qualquer e ficou lá dentro, pensando. Não soube quanto tempo passou, mas decidiu voltar pra casa. Tinha resolver tudo com Carla e seria hoje. Não agüentava mais aquilo tudo, queria que tudo voltasse ao normal. Deu meia volta com o carro foi pra casa.

Chegando lá, a primeira coisa que ele fez foi procurar Carla.

–Carla. Carla para com isso, a gente precisa conversar. – Ele batia na porta do quarto, mas ela não veio abrir. – Eu vou entrar.

Ela abriu a porta do quarto e não viu ela lá, olhou no banheiro do quarto e viu que ela também não estava lá. Vasculhou o quarto inteiro, mas não encontrou nada. Ele viu que tinha um bilhete na mesinha de cabeceira. Pegou o bilhete e começou a ler.

“Tomás,

Nem sei bem o que escrever aqui, mas preciso desabafar. Foi muito difícil tomar essa decisão, mas não dava mais pra continuar.

O nosso casamento não estava mais como antes, nós só estávamos juntos por causa dos nossos filhos. Nós não nos tratávamos como marido e mulher, brigamos por qualquer coisa, e isso não fazia bem a mim, nem a você. Não conseguiria olhar mais pra você sem me lembrar daquelas fotos, do que você pode fazer comigo...

E as nossas brigas não estavam afetando somente a nós, mas as crianças também, e isso me machucava mais ainda. Não é só porque vamos ficar afastados que vou te proibir de ver a Angellina e o Thiago, nunca faria isso. Apesar de tudo, você é o melhor pai que elas poderiam ter, você sempre deu amor, atenção, educação e é isso que importa. Vou levá-los pra visitar você sempre. Espero que me entenda, vai ser melhor pros nossos filhos, pra você e principalmente pra mim.

Por isso decidi dar um tempo no nosso casamento, em você, em nós.

Beijos, Carla.”

Tomás só percebeu que estava chorando quando viu uma lágrima que tinha caído sobre o papel. Ele secou as lágrimas que caiam involuntariamente.

–Eu não acredito que ela fez isso. – Ele sussurrou e jogou o bilhete em um canto qualquer. Saiu correndo, entrou no carro e acelerou. Não fazia a mínima ideia de onde ela estava, mas iria procurar até o fim do mundo se fosse preciso.

***

Carla estava no sofá da casa de Becky, que agora morava sozinha em uma casa simples, mas muito aconchegante. Ela tinha ido pra lá com os filhos, foi o primeiro lugar que ela pensou em ir, sabia que a irmã iria a acolher neste momento tão difícil. Carla já tinha contado toda história pra Becky.

–Carla, você tem certa da sua decisão? Acho que você foi um pouco precipitada, devia ao menos ter falado com ele pessoalmente... – Carla estava deitada no colo de Becky, enquanto ela fazia carinho em sua cabeça. Angie e Thiago estavam sentadinhos no chão, assistindo desenho na TV.

–Acho que sim, esse tempo vai ser melhor pra gente.

–Mas cuidado pra você não se arrepender. Se demorar muito, pode não ter mais volta.

–Por que você tá falando isso?

–Você mesma disse que não tem certeza da sua decisão. Você disse que ‘acha’.

–Isso não muda nada.

–É claro que muda. Você tá indecisa, tá confusa, tá fazendo as coisas por impulso, você só vai perceber a burrada que esta fazendo quando o homem que você ama seguir em frente e arranjar outra mulher, aí sim você vai se arrepender.

–Eu não posso me machucar mais Becky. Depois daquelas fotos, minha confiança no Tomás não é a mesma, e todas as nossas brigas já estavam afetando meus filhos.

–E você vai deixar essa oferecida, a tal de Paloma-

–Patrícia, Becky. O nome da vadia é Patrícia.

–Tanto faz. E você vai deixar essa oferecida acabar com seu casamento? Com a sua família?

–Mas Becky...

–Mas, mas nada. Depois só não vai dizer que eu não te avisei. – Becky se levantou e foi para o quarto dela. Carla ficou ali deitada, pensando.

***

No carro, Tomás dirigia aflito, e ao mesmo tempo com o celular na mão. Tentava ligar pra Carla, saber onde ela estava.

–Vamos Carla, atende logo a porcaria do celular... – Ele falava, como se ela pudesse ouvi-lo.

Tomás percebeu que ela finalmente tinha atendido, ele podia ouvir a voz dela “Tomás, eu não quero falar com você agora...” Ele estava tão nervoso que sem querer deixou o celular cair, ele olhou pra baixo e viu que ele estava perto do seu pé.

Tomás tirou sua atenção da estrada por alguns segundos enquanto pegava o celular, mas de repente ele sente um impacto e uma dor terrível, então tudo escurece.

***

Carla ainda estava no sofá, pensando em tudo que tinha conversado com Becky, que em sua opinião estava mais “intelectual” que o normal hoje.

Ela tinha acabo de receber uma ligação de Tomás. Ela estranhou ele não ter falado nada e ter desligado em sua cara, nunca havia feito isso. Deixou isso pra lá, afinal, nem queria conversar com ele agora.

Ela se sentou de novo no sofá, e ficou observando os filhos. Eles estavam tão lindos, cada dia maiores. Daqui a alguns meses iam fazer três anos, apesar de serem muito desenvolvidos para a idade deles. Ás vezes ela pensava que eles cresciam rápido demais, já estavam tão grandes! Lembrava muito bem de quando ainda eram bebezinhos pequenos e frágeis...

Thiago e Angellina estavam sentadinhos, lado a lado no chão, enquanto assistiam desenho na TV.

Seu celular tocou de novo, ela olhou no visor e viu que era um numero desconhecido.

–Alô...

–Olá, aqui é do Hospital Santa Rosa, a Srtª Carla Penedo está? – A voz educada de uma mulher disse. Carla logo ficou nervosa ao saber que era do hospital.

–Sim, sou eu mesma.

–Olha, o Sr Tomás Penedo sofreu um acidente, você é algum parente dele? – Carla perdeu o chão, não sabia se gritava se chorava. A única coisa que pensava era que ele não podia morrer.

–S-Sim, eu sou a esposa dele. Ai meu deus! Como ele está? Ele esta bem? – Carla disse com dificuldade, estava desesperada e seus olhos já estavam lacrimejados.

–Ela está bem sim, o acidente não foi grave. Nós ligamos porque precisamos que alguém venha aqui para assinar uns documentos, a Srª poderia vir até aqui ainda hoje?

–Cla-Claro que sim, eu já estou indo. Obrigada. – Carla desligou o celular e já foi logo pegando sua bolsa, pronta pra sair. – BECKY!

–Que foi? – Becky apareceu na sala, com a expressão confusa ao ver que a irmã estava chorando. – Aconteceu alguma coisa?

–Aconteceu. O Tomás sofreu um acidente, eu preciso ir no hospital. Você pode ficar tomando conta deles? – Carla perguntou, se referindo aos filhos. Ela limpou as lágrimas que desciam descontroladamente.

Carla foi até os filhos e se abaixou na altura deles.

–Thi, Angie, a mamãe vai ter que sair e você vão ficar com a tia Becky, tá bom?

–Mamãe, por que você tá chorando? – Angie perguntou preocupada.

–Onde você vai mamãe? – Thiago perguntou, também preocupado.

–Eu vou ver o papai e daqui a pouco eu paro de chorar. – Carla deu um beijinho na testa de cada um. – Agora eu preciso ir. Fiquem quietinhos e obedeçam sua tia. Tchau meus amores.

Carla se levantou e foi até Becky

–Me liga se acontecer alguma coisa, que eu venho correndo. – Carla disse. Ela voltou a chorar.

–Pode deixar. Agora, vai logo atrás do seu marido! – Becky mandou e Carla obedeceu sem hesitar.

Ela saiu e pegou um táxi até o hospital.

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