- O que está sentindo? – Gerard perguntou durante o caminho.

 - Bem – sussurrei.

 Ele pegou minha mão – que estava sobre o banco do carro ao meu lado – e brincou com meus dedos enquanto dirigia com uma mão só.

 Chegamos logo ao prédio, Gerard me ajudou a sair do carro e praticamente me carregou até o apartamento, alguns minutos depois Diana e Frank chegaram.

 Frank e Gerard ficaram na sala e Diana veio comigo até meu quarto usando a desculpa em me ajudar a pegar meu pijama e minha toalha para o banho.

 - Viu a cara dela? – ela disse assim que fechei a porta.

 - Sim – sussurrei, me segurando para não rir.

 - Ela estava atirando para todos os lados, ela queira os dois – ela riu.

 - Mas ela não é páreo para as minhas quedas de pressão – brinquei.

 Diana riu também, mas não poderíamos dar mole, tínhamos que continuar com a farsa até a manhã seguinte.

 - Convide Frank para dormir aqui – falei para ela.

 Ela deu um sorriso malicioso, isso já devia ter passado pela cabeça dela, ou talvez ela até já tivesse feito o convite ao Frank.

 Depois do banho coloquei meu pijama comprido de flanela e comecei com minha novela novamente. Fui até a sala com cara de dor – que poderia ser facilmente confundida com cara de quem acabou de vomitar.

 - Está melhor? – perguntou Gerard quando sentei ao seu lado.

 - Não muito – sussurrei. – Onde estão Diana e Frank?

 - Bem, eles foram para o quarto dela – ela disse, me surpreendendo.

 - Ela não perde tempo – sorri, fraco afinal, não poderia estragar a personagem.

 - Ele é quem não perde tempo – ele riu.

 Ficamos um pouco em silêncio, até que ele suspirou e disse:

 - Bem, então acho que vou para casa – ele sorriu. – Você precisa descansar.

 - Não – reclamei, puxando-o novamente para o sofá. – Eu não vou conseguir dormir, ainda mais porque o quarto de Diana fica ao lado do meu e eu já posso imaginar os gemidos que vou ter de aturar.

 Gerard riu.

 - Dorme aqui hoje – sussurrei.

 Ele pensou por alguns instantes.

 - Okay, se isso te deixa melhor... – ele colocou uma mecha de meu cabelo para trás de minha orelha.

 Sorri e lhe dei um selinho rápido, deitei em seu colo e ele ficou fazendo carinho em meu rosto enquanto assistíamos a um filme.

 Eu realmente não estava com sono, mas inesperadamente cochilei.

 - Layla – Gerard sussurrou em meu ouvido.

 Abri meus olhos lentamente, ele me ajudou a sentar.

 - Você pegou no sono aqui no sofá – ele me disse.

 Ele disse, entendi o que ele quis dizer. Ele me ajudou a levantar, caminhamos até meu quarto, eu parecia uma bêbada andando. Deitei em minha cama e Gerard fechou a porta do quarto, ele se ajoelhou ao lado da cama para ficar com o rosto na mesma altura que o meu.

 - Eu vou lá na sala, okay? – ele disse.

 - Não... – choraminguei. – Fica aqui – falei, rolando para o outro lado da cama para que ele deitasse ali.

 Ele deu um leve sorriso e tirou a jaqueta e o tênis.

 Gerard deitou ao meu lado e eu o abracei. Coloquei minha cabeça sobre seu peito ele envolveu minha cintura com seus braços.

 - Não sai daqui, ta? – falei, quase dormindo novamente.

 - Okay – ele riu.

 Ele deu um beijo no alto de minha cabeça.

 Quando eu estava quase dormindo pude ouvir um “barulho estranho” vindo do quarto de Diana, olhei rapidamente para Gerard, que estava segurando o riso. Deitei novamente em seu peito, e dessa vez adormeci.

 Acordei com um barulho na cozinha, logo ouvi Diana xingar alguém, provavelmente Frank. Olhei para Gerard, ainda estava dormindo, ele era tão fofo quando dormia, parecia tão tranquilo.

 O dia estava frio, meus pés estavam gelados. Levantei e peguei um edredom, depois o estiquei sobre a cama. Deitei novamente e me cobri, Gerard acordou com meu movimento e me abraçou novamente.

 Olhei no rádio relógio, eram três da manhã, eu estava sem sono agora. Virei-me para Gerard, ele também estava acordado agora.

 - Já está melhor? – ele perguntou.

 Demorei para raciocinar, somente ali lembrei que eu “estava mal”.

 - Ah, sim – sorri.

 Nesse momento lembrei de Leticia e Mikey.

 - Mikey e Leticia chegaram ontem à noite? – perguntei.

 - Não – ele disse.

 - Droga, será que aconteceu alguma coisa? – fiquei nervosa.

 Ele também pareceu ficar preocupado. Levantei da cama e fui até a cozinha, Diana estava de pijama de ursinho, comendo uma torta de chocolate e Frank estava sentado na mesa com ela, apenas com uma cueca Box. Eles se assustaram ao me ver.

 - Leticia chegou? – perguntei.

 - Sim – disse Diana. – E se eu fosse você iria lá ver o que ela tem.

 - Por quê?

 - Ela tava estranha – ela explicou.

 Fui até o quarto de Leticia e bati na porta, tentei abrir, estava destrancada, quando entrei vi ela deitada na cama, com o rosto enterrado no travesseiro.

 - O que aconteceu? – perguntei, fechando a porta.

 Ela olhou para mim, sua maquiagem toda borrada.

 - Eu preciso te falar uma coisa – ela disse.

 Nesse momento eu soube, tinha a ver com o segredo dela.

 - Fala – disse sentando na cama.

 Ela se arrumou e ficou sentada, respirou fundo e começou a falar.

 - Eu e o Mikey... – ela começou. – Bem, a gente...

 - Transaram? – deduzi.

 Ela apenas confirmou com a cabeça.

 - Não tem nada de mais, vocês transaram hoje, isso acontece, e vocês estão se dando bem – falei, tentando acalmá-la.

 - Layla... – ela choramingou. – Não foi só hoje.

 - Como assim? – fiquei confusa.

 - No dia do festival, quando você estava no hospital... – ela começou. – Eu estava na sala de espera, Gerard estava no seu quarto e Mikey chegou lá, ele conversou comigo e tentou me tranqüilizar, acabou me oferecendo uma carona até aqui e eu aceitei. E...

 - E... ? – a incitei.

 - Ele subiu até aqui comigo e aconteceu – ela disse, triste.

 - E porque você está assim? – eu não entendia a reação de Leticia.

 - É que eu era virgem, Layla! Eu sempre sonhei em uma coisa mágica, mas acabei transando por transar – ela disse, em prantos. – Claro que eu sinto algo por ele agora, mas naquele dia foi só por vontade, eu não sentia nada.

 - Não foi bom?

 - Foi, mas não aquilo que eu esperava, entende?

 - Acho que sim – falei.

 - Hoje eu fui pra casa dele, e a gente ia dormir por lá, mas eu acho que fiquei “traumatizada” com a última vez, e não consegui, eu comecei a chorar, fiz um escândalo e ele teve que me trazer para casa – ela disse, enterrando o rosto nas mãos.

 - Ele ficou chateado?

 - Não, pelo menos eu acho que não, mas eu não queria ter agido desse jeito, porque justamente agora que eu estou sentindo algo por ele eu não consigo fazer nada, se é que você me entende – ela disse.

 - Fique tranquila, acho que ele gosta de você também, ele vai entender – falei.

 - Estou torcendo por isso.

 - Mas o que o Gerard tinha a ver com isso?

 - O Mikey falou pra ele, e eu tinha esquecido meu colar na casa dele, então ele mandou Gerard me entregar – ela explicou.

 - Posso falar a verdade?

 - Sim – ela disse, sem entender.

 - Pensei que você e Gerard estivessem tendo alguma coisa – eu ri.

 Ela riu também.

 - Você é louca, nunca faria isso com você.

 Nos abraçamos e conversamos por mais alguns minutos, depois ela ficou mais tranquila e eu prometi falar com Gerard para que ele explicasse tudo a Mikey.

 Voltei para meu quarto, Gerard estava dormindo novamente. A noite havia sido longa e tumultuada, eu precisava dormir. Deitei ao seu lado na cama e voltei a dormir.