Uma semana se passou, eu estava organizando algumas peças de roupa na loja quando alguém falou atrás de mim:

 - Oi – uma voz masculina e familiar falou.

 Virei-me para trás e me espantei. Era Brendon, eu não o via desde o dia do festival que havia sido no mês passado.

 - Oi! – disse, animada. – O que está fazendo aqui?

 - Eu vim aqui comprar um presente de aniversário para uma amiga minha e te vi, resolvi vir aqui cumprimentar – ele sorriu.

 - Fez bem, há quanto tempo não nos vemos – sorri.

 - Realmente, desde o festival – ele disse. – Fiquei preocupado com você, mas não tinha nenhum contato e nenhum endereço seu.

 Passei meu numero de celular para ele, ele logo foi embora e eu voltei até o balcão de atendimento.

 - Quem era o bonitão? – perguntou Sheila, minha colega de trabalho.

 - Um amigo meu – sorri.

 - Sei, amigo – ele sorriu maliciosa.

 - Sim, apenas um amigo – insisti.

 - Então apresenta ele pra mim – ela brincou.

 - Com muito prazer – eu ri.

 Eu fechei a loja naquela noite, peguei um táxi e logo cheguei em casa. Me surpreendi ao entrar no apartamento e ver Frank, Gerard e Mikey ali conversando alegremente com Diana e Leticia.

 - Olá – falei.

 - Oi – todos responderam juntos.

 - Alguma comemoração especial? – perguntei.

 - Não, apenas pensamos em sair um pouco – explicou Diana.

 - E para onde vamos?

 - Uma festa – disse Leticia.

 - Okay, vou me arrumar rapidinho.

 Coloquei um vestido justo, tomara-que-caia e preto, causei um salto alto vermelho sangue e deixei meu cabelo solto. Como maquiagem, apenas passei um lápis e um rímel pertos e um gloss transparente.

 - Está linda – disse Gerard abrindo a porta do carro para mim quando chegamos à festa.

 - Obrigada – sorri, lhe dando um selinho rápido.

 Dessa vez nos dividimos em três carros, eu fui com Gerard em seu carro, Diana foi com Frank no carro dele e Leticia foi com Mikey. Sim, eles tinham um segredo e eu iria descobrir.

 Percebi também que Diana e Frank andavam muito íntimos, e eles faziam um casal bonito, ela era baixinha também, e acabava dando vantagem para Frank e os deixavam ainda mais fofinhos juntos.

 Assim que entramos na festa, Leticia e Mikey desapareceram, eu, Diana, Gerard e Frank ficamos juntos perto de um balcão de bebidas, Frank estava com o braço em volta da cintura de Diana. Eles eram fofos juntos.

 Depois de bebermos algumas caipirinhas, eu e Diana fomos ao banheiro.

 - O que ta rolando entre você e o Frank? – perguntei enquanto retocávamos a maquiagem.

 - Ah, Layla! Ele é perfeito! – ela disse sorridente. – A gente não está tendo nada sério, só uns beijinhos aqui, uns abraços ali, mas ele é tão fofo, tão gentil, tão diferente do que eu pensava!

 - Realmente eu fazia uma imagem diferente dele – concordei. – Eu pensava que ele fosse do estilo de “pegar todas”, e não de um cara “romântico”.

 - Eu também estou surpresa com isso, não sei como tudo começou, só sei que está perfeito assim – ela sorriu feliz.

 Eu gostava de ver Diana e Leticia felizes, elas também não tiveram muitas experiências de relacionamento em suas vidas, eu nunca tinha as visto com alguém, tanto Diana quanto Leticia, que eu tinha quase certeza que estava com Mikey.

 - E você e o Gerard? – perguntou Diana.

 - Ele é perfeito – suspirei. – Ele é tão gentil, cavalheiro, acho difícil encontrar caras assim hoje em dia.

 - Temos sorte – ela concordou. – Leticia também, você já percebeu o que está rolando entre ela e Mikey, não é?

 - Só um cego não perceberia – falei. – Olhei no celular dela alguns dias atrás de vi centenas de ligações entre eles, por exemplo, aquele dia em que ela disse que estava falando com a mãe dela, bem, ela estava mentindo.

 - Eu tinha certeza – disse Diana. – Ela finge muito mal – ela riu.

 - Mikey principalmente – ri também.

 - É, eles fazem o casal perfeito – concordou Diana.

 - Apenas não entendo o porquê de ela não nos falar – falei.

 - Talvez ela não tenha certeza do que sente por ele ainda, ou do que eles estão tendo, e esteja esperando o momento certo – pensou ela.

 - Talvez – concordei. – Mas mesmo assim, queria que ela nos contasse as coisas, nós até poderíamos ajudá-la se ela estiver mesmo confusa.

 - Você sabe como ela é, gosta de resolver tudo sozinha, só nos resta deixar.

 - Tem razão.

 Guardamos nossas maquiagens em nossas bolsas e voltamos para a festa, Frank e Gerard estavam no mesmo lugar de antes, mas havia algo de diferente, uma pessoa.

 Nos aproximamos um pouco deles e identificamos que havia uma mulher, mais ou menos da altura de Frank, loira, usava uma mini-saia jeans e uma blusa vermelho-berrante. Sem falar no salto enorme e fino. Ela era bonita, magra, tinha um rosto bonito também.

 Ela conversava animadamente com Frank e Gerard, pareciam se conhecer.

 Eu e Diana nos entreolhamos e olhamos novamente para eles, estavam rindo, ela falava alguma coisa e usava as mãos para gesticular. Em certo momento ela colocou as mãos nos ombros deles, como se os abraçasse, não sabia se estava lhes demonstrando algo ou fazendo apenas por fazer, só sei que minha vontade era de amarrá-la em uma linha de metrô.

 Diana bufou, estava se controlando para não ir lá e detonar aquele cabelo loiro falso daquela mulher.

 - Ir lá e agir normalmente, ou ficar aqui e fazê-los perceber que não gostamos disso? – falei para Diana.

 - Eis a questão – disse ela. – Não dá para acrescentar uma terceira opção? Do tipo: quebrarmos uma garrafa de gin na cabeça dessa vadia?

 - Infelizmente não – falei.

 - Então vamos nos aproximar – ela disse.

 - Tem certeza que se controla? – perguntei.

 - Parece que não me conhece, Layla. Eu sou a harmonia em pessoa – mentiu ela.

 Eu sabia que ela não era, eu a conhecia bem. Se a garota falasse alguma coisa desagradável perto de Diana, teríamos que chamar a polícia, ou uma ambulância, ou talvez o carro funerário.

 Andamos tranquilamente em direção a eles, Gerard – que estava virado em nossa direção – viu nossa aproximação, o encarei e depois olhei para a garota, que estava virada de costas para nós, Gerard percebeu algo de estranho e engoliu seco.

 - Olá – eu e Diana dissemos juntas ao chegarmos perto deles.

 Os três olharam para nós, a garota não entendeu nada. Olhei para Gerard seriamente, para que ele e Frank nos apresentassem.

 Ele percebeu o sinal.

 - Amm... Jessica – disse Gerard para a garota – estas são Diana e Layla – ele gesticulou para nós. – Layla, Diana... Está é Jessica, uma amiga nossa – ele sorriu sem graça.

 - Ah, - disse ela, sorrindo – muito prazer!

 Apenas sorrimos, Diana se colocou ao lado de Frank e passou os braços em torno dele, vi Jessica olhar um tanto surpresa o gesto de dela.

 Gerard estava um tanto incomodado com aquela situação, Jessica estava me encarando e eu não aguentei.

 - Algum problema? – perguntei a ela.

 Ela ficou um pouco atordoada, surpresa com minha pergunta.

 - Claro que não! – ela respondeu.

 Antes que eu pudesse responder, Gerard puxou meu braço delicadamente para que eu fosse para o lado dele, ele me abraçou com um braço só, estava mais me segurando ali do que fazendo alguma demonstração de afeto.

 Eles conversavam descontraidamente, mas Gerard não me soltou em nenhum momento, será que ele pensava que eu pudesse arrastar Jessica pelos cabelos sobre cacos de vidros afiados? Bem, então ele estava certo.

 Jessica estava realmente me provocando, ela começou a falar das roupas de Gerard e de Frank, ela tocava neles, abria suas jaquetas. NÃO PRECISA DE TUDO ISSO, IDIOTA!

 Lembrei então da minha infância, quando eu fingia estar passando mal para sair de alguma situação desagradável. Diana já me conhecia nessa época.

 Olhei para ela e fiz um gesto como se estivesse me abanando por estar passando mal, ela segurou o riso e entendeu o recado.

 - Nossa, Layla! – ela disse, fazendo cara de assustada. – Você está bem? Está pálida.

 Gerard voltou suas atenções rapidamente para mim, averiguando minha aparência.

 - Está quente aqui dentro, não é? – menti.

 - Tem certeza que está bem? – perguntou Gerard, segurando meu rosto entre as mãos. – Os ar-condicionadores estão ligados.

 Pisquei algumas vezes, para dar a impressão de que eu estava tonta.

 - Acho que minha pressão está caindo – falei.

 Okay, eu sou uma bela atriz, não sei por que não sigo a carreira.

 - Eu acho melhor levarmos ela para casa – disse Frank.

 Senti uma vontade louca de dar um beijo naquele nanico lindo, mas é claro que não fiz, se não meu plano iria por água a baixo.

 - Também acho – concordou Diana.

 Gerard olhou em volta, estava procurando alguma coisa.

 - Está procurando quem? – perguntou Jessica, intrometida.

 - Mikey e Leticia – ele respondeu sem olhar para ela.

 - Leticia? – ela perguntou.

 - É amiga de Layla e Diana – ele respondeu. – Quero avisá-los que vou levar ela pra casa.

 - Se quiser eu aviso – disse Frank.

 - Mas a gente vai junto com eles – disse Diana.

 - Você poder ir, daí eu fico e falo com eles – sugeriu ele.

 - Não, tenho certeza que Jessica não se importaria em ajudar e avisá-los – Diana se aproveitou.

 Antes que Jessica falasse algo, Gerard disse:

 - Boa ideia, sem falar que posso precisar da sua ajuda Frank.

 Jessica apenas deu um sorriso forçado e concordou com a cabeça.

 Gerard me encaminhou até a saída segurando em minha cintura, Diana e Frank vieram logo atrás.

 Entrei no carro e encostei minha cabeça no banco, eu tinha que aparentar estar mal. Para colocar o cinto de segurança eu fiz um pouco de drama, fazendo cada movimento lentamente, até que Gerard me ajudou.

 Eu teria que manter meu plano, pois se eu “melhorasse” agora era muito provável que Gerard ficasse irritado e ainda por cima, voltasse para dentro daquela festa, onde ele seria uma presa iminente para Jessica.