Kiss The Rain escrita por Jujuvia


Capítulo 33
Bill mediador


Notas iniciais do capítulo

Hallo! Depois de taaaanto tempo, eis aqui mais um cap de Kiss The Rain... coisa rara hoje em dia kk
Boa leitura!



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Meyko’s POV

Já haviam se passado três dias desde que Tom descobriu minha idade. Naquele dia, eu poderia jurar pelo meu braço direito que ele estava sorrindo no elevador, como se já estivesse pensando nas garotas com quem iria sair. Pouco me importava, era isso mesmo que aconteceria, mais cedo ou mais tarde... Ele iria embora e eu ficaria, eu já tinha certeza disso e estava conformada. Pelo menos é o que eu digo para mim a cada momento que o vejo, eu já sei como é o final dessa história...

- Mey, nenhum daqueles objetos vão funcionar... Será que por acaso você tem uma presilha de pedras preciosas, que era dela? – Perguntou Josefine, fechando a caixa com os objetos de Madeleyne.

- Eu acho que sei que presilha é essa, mas ela não estava no apartamento. – Josefine encarrancou o rosto, cruzou os braços e caminhou até Bill, que conversava por meio de olhares com Tom.

- Bill, quero conversar com você, vou aceitar sua ajuda. – Disse Josefine, rumando até o segundo andar do apartamento.

- Mesmo? Finalmente! Tom, eu... ah você sabe, fica aqui. – Bill olhou sútil e rapidamente para mim, fingi que nem havia percebido e continuei folheando o jornal daquela manhã.

- Crianças entendem o que está escrito no jornal? – Perguntou Tom, com um ar desdenhoso e a cara mais nojenta que conseguia fazer. Como o homem dos sonhos de qualquer garota, consegue se tornar no playboyzinho babaca de um dia para o outro?

- Eu não quero falar com você, e não me venha com gracinhas. – Falei, sem dirigir o olhar ao Tom.

- Você não quer falar comigo? Eu é que deveria dizer isso! –  Tom exclamou, dando um leve soco na mesa.

- Então diga, oras! –  Falei, enquanto continuava lendo os noticiários, estava preocupada demais com Madeleyne, para dar importância ao piti de Tom. Acho que de um jeito ou outro, ele iria descobrir minha idade.

- Agora eu vou sair com a minha prima. – Falei, levantando-me da mesa e rumando até a porta.

- Quem é sua prima? – Tom perguntou, tentando fazer aquele ar malicioso, como se estivesse interessado em conhecer a minha prima.

- Sabe a tal Sunny do SNSD que estava no J-festival? Ela me convidou pra sair com uns amigos. – Respondi, novamente não dirigi meu olhar ao de Tom, sinceramente, quanta cara-de-pau, fingir que quer pegar até a minha prima.

- Que amigos? – Ele perguntou, alterando um pouco o tom de voz e, em seguida pigarreou um pouco para disfarçar a mudança do timbre.

-Não tenho certeza, mas ela disse que eles são legais, avisa pro Bill que não precisa se preocupar, vou dormir na casa da Sunny, é noite do videogame. – Falei, virando as costas e rumando porta afora, antes que Tom fizesse mais uma pergunta.

Mas eu não podia negar, que no fundo, queria que Tom tivesse me perguntado mais alguma, que tivesse alterado a voz novamente e disfarçado com aquele jeito “eu não ligo”...

***

- Se concentre, garoto! Disse que queria ajudar, então se concentre! – Dizia Josefine, dando um leve tapa na nuca de Bill.

- Eu já entendi, vê se para de me bater! – Bill gritou, passando os mãos pelo pescoço.

- Quero ver se entendeu, se arrume. – Disse Josefine, guardando seus imensos livros sobrenaturais.

- Aonde vamos? – Bill perguntou, tentando equilibrar os vários cálices de Josefine e Trix.

- Vou te levar até uma igreja que Trix encontrou, suspeitamos que existe um espírito por lá, vai ser um bom treinamento para você. – Disse Josefine, com aquele mesmo tom de voz desdenhoso e seco de sempre.

- Tenho certeza de que vai se sair bem. – Trix correu até Bill e o abraçou, sorrindo daquela mesma forma gentil e meiga de toda as vezes. Mas se olhasse bem, por outro lado, Trix sempre fora mais gentil com Bill, e Josefine tratava apenas ele com toda a sua acidez.

- Vou buscar meu casaco. – Disse Bill, correndo pelo enorme apartamento.

- Jose, o que está fazendo? Prometeu que o deixaria fora disso! – O semblante meigo e gentil de Trix desmanchou-se, dando lugar a um rosto preocupado e preplexo.

- Preciso de um substituto para a Madeleyne. – Disse Josefine, lançando um olhar frio para a garota.

- Você me prometeu que usaria o loiro e a garota japonesa, por que...

- Quer saber meus motivos? Bill vale mais do que aqueles dois juntos, sabe quem ele é? – Perguntou Josefine, jogando um vaso de flores na direção de Trix, que abaixou-se para proteger-se.

- Eu não faço ideia, mas por favor, não o machuque. – Trix implorou, juntando os cacos de vidro.

- Não me diga que você... O que eu já lhe disse? São todos iguais, não acredite naqueles olhos doces que ele possuí... – Josefine gritava, como se ela e Trix fossem as únicas no apartamento.

- Vou te dizer quem ele é, ou pelo menos, quem será se não morrer junto com a Madeleyne. Ele e Madeleyne, são os futuros tutores das mediadores que vão acabar com você, com o pequeno Lúcifer, com o Manson e até com aquele sangue-suga...

- NÃO! – Trix gritou, segurando o cordão em seu pescoço com força.

- Está mentindo, não é verdade! – Trix encolheu-se em um canto, chorava como se fosse seu último dia de vida e precisasse chorar todas as lágrimas que seria impedida de derramar.

- Se não acredita, use suas premonições e veja qual o seu futuro enquanto o Bill está vivo, depois que ele morrer, faça isso novamente e veja o quão diferente e radiante é o seu futuro! – Disse Josefine, demonstrando um semblante frio e indiferente.

- Pense o que quiser minha querida, mas um de seus amores é a sua destruição e o outro é a vitória... Pense no pobre Adryen, sozinho naquela prisão, sendo maltratado todos os dias, pelos malditos anjos que se dizem bondosos com todos. – Josefine virou-se, rumando até a porta do corredor, para esperar por Bill.

- Você tem razão, suas premonições são mais corretas do que as minhas, desculpe por questioná-la. – Disse Trix, secando o rosto molhado e caminhando ao lado de Josefine.

- Podemos ir? – Perguntou Bill, surgindo da escadaria do segundo andar.

- Sim, podemos. – Disse Josefine, afagando os cabelos de Trix e sorrindo gentilmente para esta.

***

Bill’s POV

Já sonhou que estava perdido em um lugar sombrio? Já se sentiu indefeso? Já se sentiu frio, por estar em um lugar morto?Era isso que eu sentia naquele momento, sentia tudo ao mesmo tempo.

O vento gélido parecia sussurrar ameaças em minha nuca. Meus pés moviam-se por simples reflexo, eu não queria ficar parado num lugar como aquele.

Era uma igreja velha, havia sido queimada há algumas décadas atrás, dezenas de pessoas haviam morrido com o fogo, incluindo crianças, de fato eu não queria saber a história daquele lugar, mas Josefine havia dito que eu precisava saber. Devia conhecer um território que não era meu, só assim poderia “limpá-lo”...

Caminhamos até o confessionário que ficava ao fundo da igreja. Fitei o lugar por algum tempo, era estranho o fato de a madeira da cabine não ter queimado. Abri a porta do confessionário e quando ia colocar o rosto para dentro deste, senti alguma coisa puxar meu casaco, virei-me em sua direção e lá estava ela.Uma pequena garota, trajando seu vestido de domingo, dois laços delicados prendiam seus curtos cabelos lisos e negros.

- Você quer brincar? – Ela perguntou, ajeitando o vestido rosado.

- Como se chama? – Perguntei, não acreditando que aquilo fosse real, quero dizer, eu estava mesmo conversando com um espírito! De tão nervoso, encarei a situação da forma mais impensável possível, fingi estar diante de uma daquelas garotinhas que iam à igreja em Leipzig, quando eu era mais novo. As odiava por seguirem as ordens de seus pais e ficarem longe de mim apenas por que eu era diferente.

Que culpa eu tinha de odiar igrejas e não ser devoto à Deus? Só por que eu e Tom pichamos algumas igrejas alemãs, não queria dizer que eu era algum tipo de delinquente.

- Mokaryu, mas pode me chamar de Moka, se quiser ser meu amigo. – Ela disse, girando nos calcanhares e batendo palmas.

- Moka, eu vim aqui para te libertar, assim você pode brincar com seus amigos, que estavam nessa igreja.

- Eles me deixaram sozinha, me trancaram dentro do confessionário, eu ia contar ao padre que eles estavam brincando com as velas da igreja, então tudo pegou fogo, todos correram, mas ninguém me ouviu gritando, eu fiquei sozinha aqui, brinque comigo. – Disse Moka, pulando em meu colo. Josefine e Trix observavam tudo atentamente, com semblantes carregados de dúvidas.

- Se eu brincar com você, promete que vai para o céu? – Ela assentiu, com aquele pequeno sorriso infantil e meigo.Imaginem agora, brinquei com aquela garotinha durante as duas horas seguintes. Ela me contou que as outras crianças da igreja a maltratavam, me mostrou cortes que tinha nas pernas e costas, que haviam sido feitos por Ten, um garoto que era considerado “líder” pelas outras crianças. Me contou também que seus pais nem chegaram a importar-se muito com sua morte, já que antigamente, as meninas não eram tão valorizadas quanto os meninos, que um dia cresceriam e cuidariam de seus pais até que estes morressem, enquanto que as mulheres, seriam tiradas de suas casas e seriam praticamente usadas como empregadas domésticas pela família de seu futuro marido.

Aquela igreja nem me parecia tão assustadora agora, Moka iluminava todo o lugar com seu brilho infantil e frio.

- Eu me diverti muito. – Ela disse, deitando-se em meu colo.

- Eu também! Agora, você vai descansar, não é? – Perguntei, afagando seus cabelos lisos e delicados.

- Sim, antes, tenho que te contar uma coisa. – Ela disse, puxando-me mais para perto, senti sua respiração gelada em minha orelha, enquanto ela parecia ouvir atentamente algo dito por alguém que não estava muito longe. Assim como um filho escuta a mãe que lhe dá explicações sobre coisas importantes.

- Aquela mulher bonita me disse algo muito estranho, ela quer que você... prenda o... Cabelo?! Acho que é isso, para você prender o cabelo. – Arregalei os olhos com aquelas palavras, como assim, prender o cabelo?! Mesmo não entendendo nada, apenas assenti e sorri para Moka.

- Meu vovô está me esperando lá em cima, apenas ele sentiu a minha falta, vou poder vê-lo agora... Obrigado. – Ela disse, enquanto seu corpo sumia lentamente, evaporando-se no vento gelado.

- Durma bem, Moka. – Sussurrei, ainda ouvindo a baixa risada da garotinha.

- Muito bem, Bill. Até fiquei surpresa com você. – Disse Josefine, batendo palmas debochadamente.

- Por que? – Perguntei, ajeitando meu casaco.

- Nunca vi um mediador inexperiente, conseguir entender a língua dos espíritos! – Disse Trix, abraçando-me com força.

- Isso é sério? – Perguntei, afastando Trix e caminhando até Josefine.

- Sim, Bill... Madeleyne demorou dois anos para entender a linguagem dos espíritos, se continuar assim, vai superá-la! – Disse Josefine, rumando até a saída da igreja.

- Superá-la, o que quer dizer? – Perguntei. Não por que não havia entendido, mas por que senti uma ponta de felicidade, um tanto maldosa, nessa frase.

- Que será um excelente mediador. – Ela respondeu, mostrando um sorriso carregado de inseguranças, da minha parte, é claro...


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou um tanto fraquinho... Posso melhorar muita coisa ainda!
Beijos e até o próximo cap!



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