Kiss The Rain escrita por Jujuvia


Capítulo 13
Um medo compartilhado


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, desculpem-me pela demora... Mas eu estava totalmente sem inspiração, e no final desse capítulo deixei o link de uma fanfic que vão gostar =)



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Madeleyne's POV


Já eram quase nove da noite, Bill estava trancado no banheiro tomando um banho quente, Tom olhava as fotos dentro do álbum de fotografias da minha família, Georg e Liza namoravam em silêncio perto da lareira, Gustav e eu preparávamos um chá quente para todos. A neve ainda estava caindo lá fora, só que dessa vez mais forte, não havia como deixar que todos dirigissem até longe com aquele tempo gelado, o barulho da água caindo do chuveiro se calou, corri até o quarto que pertencia aos meus pais, acendi a luz e por um momento vi toda a cena de quando era uma criança frágil, deitada sobre aquela cama, abraçada aos travesseiros de Helen, uma boneca era a única testemunha de minha dor, por um instante ouvi os murmúrios de Josefine, ajoelhada ao lado da cama, segurando a mão de Robert.


Retornei à realidade, ignorei o doce cheiro que vinha dos travesseiros e segui até o guarda-roupas, peguei uma calça moleton preta, algumas meias, uma blusa azul claro e um agasalho de lã verde, que pertenciam ao meu pai, de fato não me lembrava totalmente dele, as lembranças eram poucas, apenas três natais, uma ação de graças e quatro aniversários meus, apenas o que lembro é do cheiro que ele tinha, me sentia segura nas noites de inverno em que dormia com meus pais, ele me abraçava e com a voz rouca e sutíl chamava-me de pequeno cisne, ouvi alguns passos no corredor e lembrei que devia levar aquelas roupas para Bill, já que as dele estavam molhadas


***

– Olha Tom, lembra desse lago? – Bill apontou para um grande espaço aberto, que mais parecia um rinque de patinação.

– O que vai fazer Bill, não me diga que isso ai são... – Bill olhou para Tom, faceiro e com um sorriso animado no rosto, calçou os patins, levantou-se cuidadosamente, olhou para a superfície congelada do lago e começou a patinar.

– Vem Tom, o gelo está firme! – Seguiu até o meio do lago, deu um giro no próprio eixo e acenou para Tom, que já calçava os patins.

Um ruído foi ouvido e Bill sumiu da vista de todos, um buraco no gelo se formou, a água balançava agitada e pensamentos ruins adentravam em nossas mentes.

– Bill! – Tom levantou e patinou depressa até o buraco, esticou os braços para dentro da água fria e puxou Bill de lá.

Estava pálido, os lábios haviam tomado uma cor roxa, tremia e tentava dizer alguma coisa, Tom tirou o grande casaco que usava e envolveu o irmão.

Entraram todos no carro e tentaram voltar para a casa dos gêmeos, mas a estrada estava fechada, por causa da neve que tinha começado a cair há pouco.

Decidiram então que o melhor era ir para a casa de Madeleyne, que ficava na direção oposta à casa dos Kaulitz.


***


– Bill? – Vi uma figura magra e alta entrar no quarto, estava enrolado em uma toalha, cobrindo apenas de sua cintura até os joelhos.

– O..Oi, que.. que sorte eu ti... tive né? – Bill gaguejava por causa do frio, fechei a porta do quarto e liguei o aquecedor, o ajudei a vestir a blusa e o agasalho, virei de costas enquanto ele mesmo vestia a calça de moleton, depois ajeitei a cama dos meus pais e o fiz sentar-se na beirada, enxuguei seus longos fios negros de cabelo enquanto ele abraçava o próprio corpo para espantar o frio.

Coloquei a mão em seu peito, seu coração batia acelerado, empurrei-o devagar até repousar a cabeça no travesseiro, puxei três grossas cobertas e o cobri, ele se encolheu e escondeu o rosto em baixo dos cobertores.

– Desculpa, não queria te dar trabalho. – Bill sussurrou, enquanto fechava os olhos e quase adormecia.

– Não se preocupe, me deixaram passar o natal com vocês, o mínimo que posso fazer é deixar que passem a noite aqui. – Coloquei a mão na testa de Bill para ver se ele já estava começando a recuperar uma boa temperatura, ele continuava gelado, seus lábios já estavam um pouco mais vermelhos mas ainda havia um pouco de roxo, lembrei-me do chá que havia feito, corri até a cozinha, peguei duas xícaras com chá de maçã e voltei para o quarto.

– Bill? – Sacudi seu ombro e ele logo levantou o rosto que estava escondido, sentou-se na cama e ficou me observando por algum tempo.

– Trouxe chá.


Bill's POV


Seu cabelo estava preso num desajeitado coque, algumas mechas onduladas caiam por seu rosto, ela tinha olhos cor de mel, um pouco esverdeados, a pele era tão branca quanto a minha, o contorno de seus lábios era perfeito e tinha uma cor rosada naturalmente, as mãos eram firmes e delicadas, demonstrando que de alguma forma ela tinha envolvimento com a arte, as unhas eram médias e estavam pintadas de branco, servia o chá com um pequeno sorriso no rosto, entregou-me uma das xícaras, senti o aroma quente da bebida e percebi que não deveria tomá-lo.

– É maçã? – Ela sorriu e assentiu com a cabeça, coloquei a xícara sobre o criado mudo e ela me encarou.

– Usou maçã desidratada para fazer o chá? – Ela mais uma vez assentiu com a cabeça, era uma garota de poucas palavras, tímida e com um encanto que parecia ter saído de um filme antigo.

– É que eu sou alérgico. – Fiquei um pouco sem graça ao ver Madeleyne tomar um semblante tímido e perdido, pedindo desculpas desnecessárias.

– Desculpa, eu não fazia ideia. – Madeleyne levantou da beirada da cama, colocou minha xícara sobre a bandeija e foi até a porta.

– Espera, não precisa, fica aqui comigo por favor. – Ela virou-se para mim e lentamente caminhou até a cama, seus olhos pareciam estar brilhando mais, um semblante doloroso se formou em seu rosto e uma pequena lágrima escapou de um de seus olhos, escorrendo por sua face, até chegar na ponta de seu queixo e despencar até o chão.

– Desculpa, o que foi? Falei algo de errado? – Levantei da cama e fiquei de frente para Madeleyne, não sabia o que havia acontecido para que ela começasse a chorar, lentamente passei meus braços por seus ombros e a abracei, ouvi pequenos soluços de dor e sem dizer nada, ela me contou tudo apenas com aquelas lágrimas, seu silêncio me contava milhões de histórias, suas lágrimas me mostravam dores e suas mãos apertando meus braços apontavam para uma garota frágil tentando ser forte, segurando tudo aquilo, não querendo demonstrar à ninguém, nós dois tinhamos coisas que preferíamos deixar guardadas para nós mesmos. Senti que ela se tornava mais pesada, os soluços diminuiam e ela já soltava meus braços, já me sentia melhor, então a peguei no colo e a deitei na cama, estava quase dormindo mas suas mãos ainda estavam segurando com força o agasalho que eu vestia.

– Madeleyne, o que houve? – Passei as mãos em seu rosto, limpando a maquiagem que havia escorrido por suas bochechas, tirei alguns fios de cabelo de seu rosto e a fitei com dor, uma jovem tão nova começar a chorar sem um motivo aparente, era mesmo algo que eu não via todos os dias.

– Quando eu tinha cinco anos, meu pai estava deitado na cama do hospital, minha mãe cuidava dele, ela levantou-se e disse que logo voltaria, ele a olhou e disse "fica aqui comigo por favor" , ela sorriu e disse que não demoraria, saiu do quarto deixando eu e meu pai ali, quando ela voltou ele já tinha fechado os olhos e nunca mais iria abri-los. Minha mãe nunca se perdoou por deixá-lo sozinho quando ele apenas pediu para que ela ficasse. – Abracei Madeleyne e me deitei ao seu lado na cama, ela colocou o rosto no meu peito, senti uma dor enorme dentro de mim, era como se tivesse imaginado o que ela viu, um homem deitado em uma cama, pronunciado aquelas palavras, era doloroso para ela.

– Mas eu estou bem e estou aqui. – Afaguei seus cabelos até que ela caísse no sono, a deitei cuidadosamente sobre o travesseiro, levantei da cama e a cobri lentamente, caminhei em passos lentos, até chegar na porta, a abri e fui até a sala, todos já haviam sumido, voltei para o corredor e lentamente abri cada porta que havia nele, encontrando todos dormindo em um quarto diferente, um deles estava vazio, acendi a luz e me deparei com o que poderia ser o quarto de Madeleyne, era num tom lilás e pessego, havia um grande espelho que cobria toda uma parede, a cama estava bem arrumada e ao lado dela, sob o criado mudo havia uma pequena boneca de porcelana, tinha os cabelos ondulados da mesma cor que os da Madeleyne, olhos cor de mel e uma pele branca, puxei as cobertas da cama e me deitei, o travesseiro tinha o cheiro de Madeleyne, talvez fosse lavanda, ou baunilha, era doce e intenso, com certeza seria baunilha.


Desliguei a luz do abajur e fiquei observando o quarto em volta, a luz da rua entrava pela janela e atravessava as finas cortinas brancas, fiquei pensando no que ela havia me contado.

De certo modo, quando disse para que Madeleyne ficasse no quarto, quando a vi chorar e segurar meu agasalho com força, percebi que era ela que implorava para que alguém estivesse ao lado dela, tudo que ela conhecia como família, era Josefine, mas ela estava no hospital.

Tinhamos o mesmo medo de perder as pessoas que amávamos, por isso se envolvia tanto no balé e na música.

Fiquei pensando nisso por um longo tempo, até sentir meus olhos pesarem e o sono me preencher, fechei os olhos e adormeci.







* Indicação -

Hoje eu trouxe o link de uma fanfic que comecei a acompanhar, espero que gostem...

E o céu chorou por nós -

https://www.fanfiction.com.br/historia/164572/E_o_ceu_chorou_por_nos

Eu gostei muito, e vou acompanhar até o final!


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem o capítulo e saibam que fiz uma recomendação àquela fanfic que deixei o link, espero que a equipe do Nyah! aprove XD



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