- Eu sabia que tinha alguma coisa errada com você...

- Olha cara eu...

- Eu tinha dois pontos, ou você era gay, ou um total estranho. Mais eu estava totalmente enganado...

- Puck...

- Cara eu não acredito, você é uma garota...

- Puck... - ele falava sem me dar a oportunidade de me defender

- Eu não acredito que isso durou tanto tempo...

- PUCKERMAN - gritei e ele finalmente parou de tagarelar - Presta atenção, respira e inspira - ele fez o que eu mandei - você vai contar pra todo mundo? - eu tinha que perguntar

- Me fala a verdade, toda verdade, você me deve isso.

Respirei fundo e me sentei na ponta da cama. Ele se sentou na cadeira da escrivaninha, me encarando.

- Eu sou uma garota. Vim pra essa escola fingindo ser o meu irmão gêmeo, o Charlie. Eu tive um problema na outra escola, eles cortaram o meu time de futebol feminino. Eu pedi pra entrar no masculino e eles negaram. Dai como o meu irmão viajou, eu tive a idéia de me passar por ele. Pra poder derrotar o Carmel.

- Tudo isso por causa de um jogo idiota?

- Não é um jogo idiota e você sabe disso.

- Você é uma garota...

- Isso não tem nada haver...

- É claro que tem. Agora pode não ser tão violento, mais e quando nos jogarmos contra o Carmel? Esses caras sabem pegar pesado, e eles vão pegar pesado em cima de todo mundo, inclusive de você.

- Eu sei tá, esqueceu que eu namorava o capitão deles?

- O meu Deus, eu não posso fazer isso

- O que?

- Eu vou ter que te defender, e se eu mal consegui defender você do Finn, imagina deles

- Olha você consegue você é um ótimo jogador Puck

- Não eu não posso. E se acontecer alguma coisa com você? Eu não vou me perdoar nunca - Puck era um cara incrível, com esse comentário dele eu sorrio e me aproximo dele.

- É Só um jogo. É só isso que eu te peço. Essa oportunidade. Depois do jogo eu vou embora e o Charlie já vai ter chegado

- Eu não posso

- Sim você pode

- Cara você não entende

- Quinn.

- O que?

- Meu nome é Quinn Fabray - ele sorriu e estendeu a mão pra mim

- É um prazer Quinn, mais eu não vou arriscar a sua vida.

- Puck, já faz meia hora que nós discutimos e eu não vou desistir. Com ou sem sua ajuda eu vou entrar naquele campo no dia do jogo contra o Carmel. Eu ia preferir com a sua ajuda, pra me proteger. Mais já que você não quer eu vou sozinha - ia me retirando do quarto... Isso era drama, eu aprendi com minha mãe, ela vivia fazendo isso com meu pai e sempre conseguia o que queria. Comigo nunca era diferente.

- Tá bom - ele falou assim que peguei na maçaneta da porta, me viro pra olhar pra ele e corro me jogando nos seus braços de dando um beijo na sua bochecha.

- Tá já chega. Ainda vai demorar um pouco pra eu me acostumar com você sendo uma garota, mais eu vou tentar.

- Obrigado Puck

- Você não ia sair assim né? - falou apontando pra blusa que estava cobrindo meus seios.

- Não. E se você me der licença eu queria vestir minhas roupas.

- Ok, te espero lá fora.

Puck saiu sorrindo, eu dessa vez tranquei a porta, não queria que mais ninguém me visse assim, seminua.

No dia seguinte

Eu andava pelos corredores na hora do intervalo, sem destino certo, não queria ir para o refeitório, olhar a cara do Finnutil, mais me lembrei de um lugar onde eu poderia ir e me sentir confortável. "auditório".

Chegando lá escutei umas teclas do piano sendo tocadas. Rachel estava de costas pra mim, entretida com um lápis e um pedaço de papel. Fui em direção ao palco, subindo degrau por degrau, sem fazer barulho. Quando cheguei perto do piano cobri seus olhos com minhas mãos, ela de inicio teve um susto, mais logo se acalmou e descansou suas costas na minha barriga.

- Você tem que parar com essa mania de me assustar

- Como sabia que era eu? - perguntei me afastando. Ela sorriu e respondeu.

- Eu conheço o seu cheiro - ela cora um pouco e eu também

- Eu tomei banho hoje - cheiro minhas roupas e ela sorri.

- Eu falei cheiro e não mal cheiro.

- Haaaa... O que você estava fazendo?

- Nada - ela recolhe todos os papeis que estavam em cima do piano e guarda na bolsa.

- Se não queria que eu visse era só dizer

- Não é isso... É que eu estava compondo e não gosto que vejam antes de dar certo.

- Tudo bem... Vou fingir que acredito.

- É sério Charlie - ela bate seu corpo de lado com o meu. E isso dói bastante, porque é justamente nos meus hematomas.

- Ai

- Tá tudo bem? - ela pergunta preocupada

- Esta sim, eu só estou machucado, por causa do treino e porque me joguei de uma janela de dois metros de altura - nós rimos

- Eu tenho um gel pra dor, as vezes eu uso quando me machuco no balé - ela tirou de dentro da bolsa um gel azul - levante a sua camisa que eu passo.

- Não precisa Rach - eu não podia levantar minha camisa porque ela veria o colete que eu uso.

- Claro que precisa, você esta machucado, deixa que eu massageio. - ela começou a levantar minha camisa mais eu a impedi.

- Não

- Você tem vergonha do seu corpo?

- Isso, não quero que você me veja - ela tira a mão e acaricia a minha bochecha.

- Tudo bem, mais você pode ficar com o meu gel, assim quando estiver sozinho você passa.

- Obrigada

- Mais eu posso massagear por cima da camisa?

- Ok - me sentei no banco do piano com uma perna em cada lado. Ela se aproximou e tocou de leve toda a extensão do lado esquerdo do meu corpo.

- Se doer você fala que eu paro - afirmei com a cabeça e ela continuou a fazer leves preções no local. As mãos de Rachel eram macias e protetoras. Mesmo com a camisa e o colete ainda pude sentir, e isso estava me deixando louca. Mais de repente os movimentos cessaram. Eu virei no banco e olhei pra ela que estava com a cabeça baixa muito corada. Em um ato formidável, toquei seu queixo e o levantei fazendo ela olhar nos meus olhos e quando nossos olhares se encontraram foi como um disparar de arranha céu, eu não podia evitar aquilo e eu não queria evitar aquilo. Olhei dos seus olhos para seus lábios, eles estavam entre abertos, a respiração de nossos pulmões estava mais que aceleradas, eles estavam quase sem ar, sem ao menos realmente sentir falta deles. Como gesto de carinho, pincelei meu nariz no seu, quando eles entraram em contato. Por fim minha boca por intuição foi à procura da sua, mais como destino cruel da vida o sinal tocou. Fazendo nos acordar de um lindo sonho.

- Nós temos aula de Biologia agora - ela fala ainda na mesma posição, nem eu e muito menos ela tivemos força para nos separar.

- É - meus lábios por uns breves segundos encostam nos seus. A segunda chamada pra aula ecoa mais uma vez, e dessa nos separamos. Ela fica de pé terminando de arrumar suas coisas e eu vou pra porta esperar por ela. Caminhamos lado a lado pelos corredores até chegar na sala que éramos parceira. Segurei a porta pra ela entrar e entrei em seguida. Graças a deus o professor passou um trabalho complicado, assim nós ocuparíamos e não teríamos que conversar sobre o que quase aconteceu.

***

Eu adorava observar as pessoas. Assim nós descobrimos mais sobre elas Eu estava sentada ao lado de Rachel na aula de biologia, mais não era ela que eu estava olhando, era pro Puck. Ele tinha se mostrado um amigo excepcional. Me ajudando nos treinos. Eu já não estou recebendo mais tanta pancada do Finn. A massagem que a Rachel fez aliviou e muito. Mais observando o Puck agora, eu noto o jeito que ele está olhando pra Mercedes, que está na outra extremidade da sala, fazendo seu trabalho com uma outra garota. Ele tem um olhar divertido, brincalhão, mais principalmente apaixonado. Que de vez em quando é retribuído por ela com um sorriso.

- Ei? Terra chamando o Charlie...

- Oi? Desculpa Rach. Eu estava observando esses dois - apontei pro Puck e depois pra Mercedes

- Há... Ela tem uma quedinha por ele - ela fala dando de ombros

- Sério? Porque ele tem uma quedona por ela - ela olha pra mim, com o olhar confuso.

- Ele nunca deu bola pra ela

- Ele tem medo de ser rejeitado

- Um jogador dos Titans com medo de rejeição?

- Eu acho que sim... O que você acha de darmos um empurrãozinho em? - dei meu melhor sorriso travesso

- O que tem em mente? - quando eu ia falar meu plano, o sinal bateu

- Vamos, lá fora eu te explico

Fomos até o seu armário onde ela começou a guardar o material.

- Um encontro?

- Seria legal. Um jantar, hoje no Bradistix, nós dois e eles dois... - fui interrompida, quando ela colocou a cabeça pra fora do armário e me encarou com uma sobrancelha erguida.

- Se esse é seu jeito de me convidar pra sair, eu sugiro que treine novas técnicas porque essa não funcionou.

- Você não quer sair?

- Esse foi o pior pedido que eu já ouvi na vida - Eu nunca tinha convidado alguém pra sair. Principalmente uma garota. Mais não era sair né. Nós só íamos juntar nossos amigos.

- Ok! Você quer sair comigo?

- Não - ela fechou a porta do armário com força

- Porque não?

- Porque você só esta pedindo porque eu falei

- Mais... - Fomos interrompidas por uma líder de torcida que entrou entre nós duas.

- Oi Charlie? - ela se virou pra Rachel e disse - Man hands - era agora que eu pegava essa metida que jogou slushine na Rachel.

- Você quer sair hoje comigo e com a vick?

Delicadamente afastei a garota, pra que ela saísse do meio e olhei pra Rachel que estava com a cabeça baixa, em sinal de humilhação. Me aproximei sorrindo dela e peguei suas mãos. Ao notar o gesto ela ergueu os olhos pra mim. Então falei olhando nos olhos castanhos mais lindos que eu já vi na face da terra.

- Não vejo mãos de homem aqui. Muito pelo contrario, elas são macias e delicadas.- levei a mão direita aos meus lábios e dei um leve beijo, sem desviar o olhar dos dela. Que estava cada vez mais vermelha e agora um sorriso, ameaçava sair de seus lábios - e sua resposta é não. Eu não quero sair com você e nem com a Vick, que não faço idéia de quem seja. Hoje eu tenho um encontro com essa garota - Olhei pra Rachel de novo - Se ela quiser é claro.

- Sim - Rachel respondeu bem baixinho, se eu não estivesse tão perto dela, acho que não teria escutado.

- Isso é uma humilhação - a cheerio falou

- Humilhação é o que você e suas amigas Cheerios fazem com ela e outras garotas. E se eu sonhar que você fez se quer cara feia pra Rachel, vou ter uma conversinha com a treinadora Beiste e ela vai falar com a Sue sobre isso. Acho que você sabe que quando a treinado Beiste fica com raiva ela solta fogo pelo nariz. - terminei meu discurso olhando no fundo dos olhos da Coitada líder de torcida.

- Certo - ela deu meia volta e sumiu pelo corredor

- Você tem um dom pra dar foras nas garotas - Rach comentou sorrindo, nossas mãos ainda estavam unidas. Eu olhei pra elas e voltei a olhar pra morena do meu lado antes de soltar envergonhada eu fico uma completa idiota perto da Rachel.

- É, eu tenho diploma. Se quiser aprender é só entrar no meu site que é aprendaadarumforacomcharlie.com - ela gargalhou e eu acompanhei.

- Então como vai ser o encontro?

- Eu convenço o Puck a ir e você a Mercedes. As 20:00 nos encontramos lá na entrada do restaurante

- Ok, nos vemos lá - ela me deu mais um daqueles beijos que parecem estimulantes e foi embora.

Voltei pro meu quarto pulando de alegria, o Puck já estava lá.

- Agora diga que é seu melhor amigo, diga, diga. Diga...

- O que você aprontou?

- Consegui um encontro pra você e Mercedes

- Sério?... Mais como?

- Rachel e eu estávamos conversando, ai ela me disse que a Mercedes tem uma queda por você e eu disse que você tem uma queda pela Mercedes. Dai o encontro eu, você, Mercedes e Rachel.

- Você é o cara

- eu sei, eu sei - me gabei um pouquinho

- Espera, você e Rachel também vão se encontrar?

- Sim... Quer dizer, não é um encontro é um... Operação cupido. Isso, ela e eu vamos juntar vocês dois. - falei orgulhosa. Mais ele não parece ter caído nessa, mais também não comentou nada

- Quando vai ser?

- Hoje, as 20:00 no Bradistix.

- Certo. Valeu cara - ele agradeceu me dando um abraço de lado.

- Por nada, sei que faria o mesmo por mim.

- Pode apostar que sim

Depois disso nós fomos pro campo treinar. A treinadora estava uma arara e Finn me encarava de um jeito estranho. Quando o treino acabou ele veio a passos pesados em minha direção.

- Você? - apontou o dedo pra mim, Puck viu tudo e ficou do meu lado, pronto pra qualquer atitude do Finn - Que historia é essa de encontro com a Rachel?

- Como você sabe?

- Não é todo dia que uma líder de torcida gostosa é esnobada em publico por causa de uma Loser.

- Ela não é perdedora - falei entre dentes

- Esta se apaixonando por ela é? - ele perguntou, eu já estava a ponto de pular no seu pescoço.

- Não eu não estou apaixonada por ninguém. Foi você que me pediu pra me aproximar dela, e é isso que estou fazendo.

- Isso não inclui jantares românticos. Nós temos um trato, a segunda e ultima chance de você entrar pro time é sexta-feira e eu não consegui nada com ela. Se você não me ajudar dê tchau ao time e tchau ao jogo contra o Carmel.

Eu odeio esse cara

- Ok, você pode ir no meu lugar no jantar hoje. - com uma dor no peito eu falei pra ele que deu um sorriso cínico.

- O que? - Puck perguntou - cara eu preciso que você esteja lá, não vou saber lidar com a Mercedes sozinho.

- Você também vai - Finn falou - os relatórios que você me deu não são muito específicos, você estando lá vai me ajudar mais.

"ótimo era tudo que eu precisava, ficar vendo o Finnutil dando em cima da minha garota... Minha o que?"

- Acho que vão saber se virar muito bem sem mim...

- Você e ponto final

- Ok Finn, eu vou se é isso que você quer

Me virei e sai de lá bufando de raiva. Se tem alguém que eu odeio mais que o Osama Bin Laden é o Finn.

Puck vem logo atrás de mim.

- Cara a Rachel vai ficar chateada com isso

- Eu sei... Mais o que você queria que eu fizesse? Sexta-feira é depois de amanhã e eu preciso desse idiota pra entrar no time.

- Certo... Agora me responde, esse jogo vale a pena mesmo? Você abrir mão da coisa que você mais gosta por um jogo, pra mostrar que é melhor que os homens?

- Eu só quero provar que eu sou tão boa quanto um homem... Agora me deixa sozinha, por favor?

- Ok - ele saiu do quarto e eu peguei meu celular. Digitei uma mensagem rápida.

“preciso de você - Q"

A resposta não demorou muito a chegar.

"Problemas de novo? - S"

"Me meti em uma enrascada - Q"

"Você é mestre em fazer isso - S"

"Se vai ficar com piadinhas esquece - Q"

"Ok, me desculpa. Agora estou na escola, de noite te encontro. Onde vai estar? - S"

"Bradistix, as 20:00 - Q"

"Nos vemos lá - S"

Essa seria uma longa noite. OMG