Yuno não estava nada satisfeita com o rumo que as coisas iam tomando. Quando Murumuru foi embora, na noite anterior, a garota tinha tido um pressentimento ruim. E conhecendo a pequena como ela conhecia, Yuno sabia que as coisas iriam ficar piores. Muito piores.

– Yuno! Aqui!

Yukiteru estivera sentado em um banco, mas ao ver a garota aproximar-se da praça, ele se levantou e agiu como o Yuki do mundo dela.

– Ei, Yuno! O que acha de irmos a um lugar?

– Que lugar, Yuki? - Yuno disfraçava muito bem, mas, em compensação, ela apertou a mochila com mais força.

– É um lugar novo. Podemos? - ele esticou a mão para segurar a de Yuno. Ela aceitou prontamente.

Os dois estavam de mãos dadas, dentro do elevador de um prédio em construção, indo para o topo.

Um dia. Era esse o tempo que restava à Yuno naquele mundo. Um dia para matar o outro Yuki. Um dia...

– O que acha... 2ª?

Yuno assustou-se. A voz de Yuki havia mudado, e ela não estava pronta para um ataque.

– É... a Murumuru estava certa. Você veio do outro mundo. Eu pensei que ela tinha ressuscitado a Yuno daqui.

– Por quê a matou? - Yuno abrira a mochila e tirara uma faca afiada.

– Porque eu quero me tornar Deus, mais nada. Além disso, ela era muito ingênua; queria me proteger, mas a única coisa que conseguiu fazer foi olhar pro diário e dizer onde estavam as bombas e pegar um machado no chão pra, em seguida, jogá-lo, apavorada. Mas, sabe, eu quero te contar uma coisa - ele tirou um canivete do bolso e sorriu para Yuno - a outra Yuno veio comigo para esse mesmo prédio, e, atrás desses blocos e lonas, está o corpo dela. Consegue sentir o cheiro de carne em decomposição?

Yuno ainda não tinha percebido. Foi quando ela ajoelhou-se, tentando respirar. As memórias começaram a vir rapidamente.

" - Yuki! O que estamos fazendo aqui?

– Ah, tem uma bela paisagem daqui de cima, Yuno. Dê uma olhada. - Yukiteru estendeu o binóculos para ela. A garota o pegou e começou a procurar a "bela paisagem", mas nada encontrou.

– Yuki, não tem nada... - ela se virou e conseguiu usar o binóculos como um escudo. Yuki tentara acertar a jugular da garota. - YUKI! O QUE ESTÁ FAZENDO?!

– O que você acha? Tentando te matar, é óbvio!

O garoto correu na direção dela, enquanto atirava o binóculos longe. Ela achou que não iria conseguir correr, por isso, esperou que ele chegasse mais perto e se abaixou. Yuki tentou cortá-la novamente, mas só cortara uns poucos fios do cabelo dela. Ela ajoelhou-se, mas Yukiteru chutou as costas da garota, fazendo-a cair com tudo no chão.

– Acabou, 2ª.

E dizendo isso, virou-a. Queria ver os olhos dela pedindo para não matá-la. Mas o olhar dela era outro. Parecia que outra pessoa havia surgido no lugar da garota meiga e amável que estivera ali. Ele segurou-a pelos cabelos e, rapidamente, cortou sua garganta. A garota só conseguira pronunciar umas poucas palavras antes de perecer.

– Você vai... pagar... Yuki..."

– Oh? As memórias da Yuno deste mundo chegaram até você, 2ª? - Murumuru estava sentada em cima dos blocos.

– Murumuru, você... - Yuno conseguia respirar normalmente e levantou-se, encarando a pequena com indescritível raiva. E virando-se para Yukiteru - AMANO YUKITERU! EU VOU TE MATAR!

E dizendo isso, lançou-se em um ataque contra o garoto.

O brilho da faca parecia surgir do nada no ar, enquanto sua portadora, ao mesmo tempo em que atacava seu inimigo, tirava o celular do bolso e o olhava.

16:20 (celular da Yuno)

Yuki está tentando me matar!

Ele vai defender do meu próximo ataque, usando a minha mochila!

Pouco depois de ela ler isso, Yukiteru puxava a mochila do chão, e a faca por pouco não ficava presa na alça. Amano também usava o celular para prever os movimentos da adversária.

16:21 (celular do Yuki)

Yuno vai acertar meu ombro direito.

E Murumuru não parece estar aqui apenas para assistir.

O garoto desviou do ataque da 2ª, mas, ainda assim, ela conseguiu arranhar o rosto dele. Yukiteru perdeu a concentração por uns instantes e perdeu o equilíbrio, caindo de costas no chão.

– 1º! - Yuno ia aproveitar-se do momento perdido pelo adversário. Ele não podia deixar aquilo acontecer. Ele não podia morrer, não agora!

– 2ª! - Yukiteru levantou-se de um salto. Era tudo ou nada.

16:27

Se continuarmos desse jeito, ambos levaremos sério golpes.

Sairemos gravemente feridos.

DEAD END.

Aquela não era apenas uma batalha por vingança. Era também uma luta de vontades e astúcia.