O Teatro escrita por GabrielleBriant


Capítulo 12
Obediência




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XII

OBEDIÊNCIA

Eu não acredito em você.

As palavras do seu marido passavam mais uma vez pela sua cabeça.

É melhor você subir.

Linda bufou, ziguezagueando pelos corredores da escola. Quem ele pensava ser? O seu pai, ou algo assim? Aquela não era a primeira vez que Severo tratara Linda como se ela fosse uma criança; mas ele jamais fizera aquilo na frente de outras pessoas. Foi... humilhante e...

Eu não acredito em você.

...e ela ficou magoada. Linda parou e respirou fundo algumas vezes. Olhou ao seu redor, na tentativa de se localizar – já tinha passado por muitos corredores, e Hogwarts poderia ser um labirinto, para quem não a conhecesse bem; o que era o seu caso. No entanto, ela se lembrava de há pouco ter passado pela sala de Defesa Contra as Artes das Trevas; se a encontrasse, chegaria rapidamente à escadaria principal.

Enquanto procurava pela sala, deixou a sua mente divagar pelos acontecimentos da noite.

Linda logo descobriu que não era pelo escândalo ou pelo que ocorreria com o cantor Alexander Priot que ela estava chateada. Tampouco pela forma fria com que Severo lhe tratou – ela tinha que levar em consideração que eles estavam perto dos Carrow; Severo certamente a teria deixado se explicar, se eles não estivessem lá. De fato, Linda estava chateada porque a festa que ela teve tanto trabalho para organizar teve de terminar daquela forma tão... ela não tinha palavras para descrever. A constatação a deixou um pouco assustada; mas apenas por um momento. Aquilo não acontecia porque ela era fútil, mas simplesmente porque nos últimos meses a sua vida parecia ser tão vazia – tanto de eventos quanto de significado – que ela se apegava nas coisas mais insignificantes para se sentir viva. Ocupar-se durante semanas naquela festa, tinha tirado de Linda todo o peso de ser a esposa de um homem de caráter duvidoso; tirou dela o fardo de ser rejeitada por sua família e antigos amigos; tirou a carga dos segredos, das palavras não ditas... Então, por aquelas semanas, ela foi feliz. E ela viu tudo desmoronar, com o insucesso da única coisa que ela fazia bem... como se aquelas semanas tivessem sido em vão.

Linda rolou os olhos, se sentindo infantil, enquanto dobrava mais um corredor. Reconheceu, finalmente, a entrada para a sala de Amico Carrow – ela sabia que agora apenas tinha que dobrar a esquerda, depois a direita e encontraria a escadaria. Ela apressou o seu passo, seguindo o caminho mentalmente já traçado; mas foi impedida ao ouvir um choro fino... uma lamúria.

Ela mordeu o lábio inferior e aproximou-se de um banheiro feminino que ela jamais vira antes. Ele parecia... abandonado. Lentamente, ela se aproximou. Mas, mal pôs a mão sobre a porta, um fantasma atravessou a madeira – Linda sentiu o seu coração pular com o sobressalto. Tratava-se de uma garotinha que ainda trajava o uniforme da escola.

Oh! Eu ouvi passos!” Disse a imagem espectral, que a olhava por trás dos seus grandes óculos redondos. “Quem é você? Muito velha para ser aluna...”

Linda deu um passo em direção à garota. Ouviu um barulho vindo de dentro do banheiro.

- Meu nome é Linda Marie Snape. Sou esposa do diretor.

Ah! A esposa do Professor Snape! Ele é carrancudo!”

Mais uma vez, ela ouviu o barulho vindo do banheiro.

- O que está acontecendo? Que barulho é esse?

Nada!” A fantasma deu uma risadinha nervosa. “São apenas os canos velhos!”

Linda franziu o cenho, mas não achou que a garota mentia. Assim, ainda com muita vontade de voltar para a sua cama, ela deu meia-volta... e, mais uma vez, o barulho – dessa vez foi um pouco mais alto. E, definitivamente, diferente do barulho que faz um sistema de encanamento antigo – o ruído lembrou Linda de um grande saco de cimento sendo atirando ao chão. A curiosidade, naturalmente, superou o cansaço, e Linda imediatamente adentrou o banheiro, ignorando os protestos da fantasma.

O lugar era escuro, quase de uma forma lúgubre e, Linda pôde notar, a decoração era diferente dos demais banheiros da escola – ela parecia ultrapassada. O ar era pesado, fétido a mofo, e as madeiras do assoalho gemiam enquanto ela andava. Linda olhou rapidamente para trás. Parada à porta, estava a fantasma a olhando de uma forma quase ameaçadora. Ela tinha parado as lamurias; aliás, ela tinha parado todo e qualquer som, de forma que as únicas coisas ouvidas eram os passos cadentes e a respiração ligeiramente irregular de Linda. Nervosa, ela sorriu timidamente ao pensar que, se ela soubesse da existência daquele lugar, teria feito dele o banheiro oficial da sua festa.

O barulho voltou, cortando o silêncio como uma navalha e fazendo-a se assustar novamente – o seu coração acelerou. Era como se algo estivesse se debatendo no chão; no chão de uma pequena cabine bem à sua frente.

Linda empunhou sua varinha e se aproximou. A sua mão procurou a porta.

Eu não faria isso, se fosse você.”

Linda olhou para a fantasma, censurando-a, antes de voltar novamente para a porta da cabine. Não ignorou, no entanto, o aviso da fantasma e se preparou para atacar o que quer que estivesse lá dentro. Rapidamente, ela abriu a porta... E o seu medo a abandonou, sendo substituído pelo mais puro choque: amarrado e deitado no chão, Alexander Priot – o mesmo Alexander que ela convidara para cantar em Hogwarts; o mesmo Alexander que causara toda a confusão durante a festa, e que agora deveria estar nas mãos de Severo e Amico. O homem logo cravou os seus olhos negros nos de Linda e ela, imediatamente, abaixou-se.

- Sr. Priot! O que aconteceu?

Ele abriu e fechou a boca algumas vezes, deixando claro a Linda que, além de amarrado, ele também sofria dos efeitos da maldição da língua presa.

- Finite incantatem – disse, apontando a sua varinha para os lábios e para as amarras que prendiam o homem. As cordas logo afrouxaram e caíram no chão, mas ele continuava calado. Alexander levantou-se, e parecia estar pronto para ir-se sem dizer uma palavra sequer. – O que houve? Quem fez isso com você?

- Eu não sei! – Ele disse sem olhá-la e com um carregado sotaque russo. Linda levantou-se e segurou-lhe firmemente os ombros, deixando claro que ele não sairia de lá antes de fornecer uma explicação. O homem bufou audivelmente, mas não se recusou a dar as respostas. – Mas a fantasminha ali passou o tempo inteiro me dizendo para não fazer barulho, como se tivesse me escondendo para alguém.

Linda olhou para o fantasma, que agora olhava para os dois com o mesmo semblante frio.

- Quem fez isso? Diga agora!

Com um ar quase insolente, ela apenas levantou um vôo rasante que cortou Linda e Alexander e mergulhou numa dos aparelhos sanitários, sumindo entre os canos.

- Eu vou querer que o culpado pague por isso, Sra. Snape! Não vim aqui para ser tratado de uma maneira tão vil!

- Eu sei – Linda suspirou. – Vamos encontrar quem fez isso, eu juro. Venha comigo!

Alexander pareceu concordar com Linda e a acompanhou pelos corredores da escola. Inicialmente, eles caminhavam com tranqüilidade; isso foi até Linda raciocinar que o impostor que provavelmente estava sendo torturado era um aluno. Ao pensar nisso, imediatamente acelerou o passo. Eles desceram a escadaria num passo rápido, e, em menos de dois minutos, eles estavam no salão principal – agora vazio. Linda deu um meio sorriso para ele e encaminhou-o para a sala onde os calouros eram recepcionados – e o falso Alexander Priot estava provavelmente sendo interrogado. Parou ao chegar à porta:

O que o Lorde nos mandou fazer com ele? – soou a voz de Amico. Linda sentiu um pouco de alivio ao perceber que ainda não tinha sido feito nada contra o garoto. Assim, apressou-se em abrir a porta e dizer:

- Não fazemos nada! Ele não é quem nós pensamos!

Apenas então ela prestou atenção na cena: o falso Alexander estava sentado na cadeira, amarrado e ofegante. Era óbvio que ele já sofrera violência. Além de Severo, Aleto e Amico, estavam na sala Bellatrix e o seu tio, Lúcio Malfoy. Lentamente, ela entrou na sala.

O olhar de Linda procurou o do marido. Ele quase imediatamente sibilou:

- Polissuco!

- Foram três – O verdadeiro Alexander disse para os Comensais presentes. – Uma menina me azarou e imobilizou. Então dois garotos me carregaram para aquele banheiro – ele olhou para Linda numa expressão que dizia algo como “depois você explica onde diabos eu estava”. Ela assentiu. –, onde um dos garotos arrancou os meus cabelos. Eu não vi a garota. Mas se escutar a sua voz, posso reconhecê-la!

Linda olhou para Severo, esperando uma reação. Mas este, no entanto, olhava para Lúcio Malfoy.

- O Lorde nos mandou executá-lo – disse o seu tio.

Severo assentiu brevemente. Linda deu um grande passo em sua direção, mas, antes que ela pudesse protestar, ele disse:

- A situação mudou, Lúcio.

Bellatrix rolou os olhos.

- Mudou como, Snape? Eu apenas consigo ver uma melhora, tendo em vista que não teremos que matar um companheiro!

- É um aluno que está aqui, Bellatrix!

- E quem você acha que é? – Ela respondeu, com a voz trêmula depois de uma risada histérica. – Longbottom está sentado aí, por Merlin! Deixe-me terminar o trabalho que eu comecei com os pais dele!

Linda mordeu o lábio inferior, assustada.

- Bella, por favor! Você não pode afirmar que este é Longbottom! E, mesmo que seja ele, não podemos simplesmente assassinar um adolescente. Não seria bom para a imagem---

- Foda-se a imagem!

- Ninguém vai morrer aqui, Bellatrix – Severo disse firmemente, decididamente.

A atenção de Bellatrix voltou-se totalmente para ele, com toda a intensidade da sua fúria.

- Quem é você para tomar decisões?

Da mesma forma, o olhar de Severo cravou-se na mulher, igualmente desafiante.

- Aqui, eu sou o diretor. Nesta escola, eu tomo as decisões.

Ela ergueu uma sobrancelha e olhou para o homem. O rosto de Bellatrix contorceu-se num sorriso resignado; porém Linda pôde ver que a sua mão cerrava-se mais fortemente na sua varinha. Os olhos dela continuavam a espelhar o ódio que era preciso para se executar uma boa maldição imperdoável. Como uma cobra na espreita, Bellatrix ficou um momento em silêncio, provavelmente esperando a distração de Severo; e, quanto ele tomou a discussão por encerrada e voltou-se para Lúcio, ela ergueu a varinha.

- Cruci---

- PROTEGO! – Linda gritou, apontando a sua varinha para o homem amarrado e, em seguida, pondo-se na frente dele. Olhou desafiadoramente para Bellatrix que, estupefata, não disse nada.

Lúcio se aproximou.

- O que você pensa que está fazendo?

- É apenas uma criança! – Ela disse alto. – Se realmente for um aluno, ele é apenas uma criança! Dê-lhe uma detenção, que seja! Não há motivos par---

- Linda! – A voz dura de Severo soou atrás dela. – O que você ainda está fazendo aqui? Isso não é assunto para você!

- Severo, por favor! – Ela implorou angustiada. – Você é o diretor dessa escola! Esse garoto fez uma besteira, mas puni-lo com maldições imperdoáveis... Você é mais que isso! Por favor!

Severo olhou duramente para a esposa e, em seguida, em direção dos demais presentes.

- Não tem porque ter tanta gente aqui. Os integrantes da banda, incluindo o Sr. Priot, podem ir. – Eles não pareceram querer relutar; deixaram o local quase imediatamente. – Linda, a menos que você tenha uma Marca Negra escondida em algum lugar do seu corpo, vá para o nosso quarto e me espere lá, como eu já mandei.

Ela bufou duas vezes e desviou o seu olhar – justamente no momento em que o corpo do homem começava a se transformar. E transformava-se, como antecipado por Bellatrix, no corpo de Neville Longbottom. Ouviu-se a risada grossa de Bella. E tudo que se passou em seguida foi muito rápido.

- Ah, mas isso será um prazer! – Bella disse – Avada...

Linda agiu por puro instinto, totalmente desapegada do fato que estava sozinha contra cinco Comensais da Morte – a única coisa que vinha em sua cabeça era que uma criança seria morta. A sua varinha agitou-se com uma agilidade que ela não pensava ter.

- Expelliarmus! – A varinha de Bellatrix saiu da sua mão e foi parar no fundo da sala. – Finite incantatem! – As amarras que prendiam Neville afrouxaram e caíram. O garoto olhou assustado para ela. – VÁ! Protego! – Disse, ao perceber dois raios vermelhos que iam em direção a ele.

- Estupefata! – Ela ouviu Amico, o único a ter coragem de atirar contra ela. Linda viu que tinha a fração de segundo necessária para rebater a maldição; mas isso significaria quebrar o feitiço de proteção que fazia para o garoto, que já estava tão perto da porta. Decidiu, então, fechar os olhos e se deixar abater.

- PROTEGO! – Soou a voz de Severo, e ela sentiu uma bolha de calor formar-se em sua volta e absorver imediatamente a maldição jogada por Amico. – Não OUSE tocar em minha mulher! Sectusempra!

Sangue do Comensal da Morte jorrou, e Aleto imediatamente desistiu do conflito para ajudar o irmão. Lúcio era o único que podia fazer algo; o único na posição de abater Longbottom, já que Aleto ocupava-se do irmão e Bellatrix ainda corria para o local onde a sua varinha caíra. Percebendo isso, o Comensal viu que não podia mais se manter inerte e ergueu a sua varinha.

- Tio! – Linda praticamente implorou. – Tio, não faça isso! – Ele a olhou. – Ele tem a idade de Draco!

Lúcio tomou uma grande golfada de ar e olhou para Linda, por um momento atônito; mas logo se recobrava e olhou para a porta; Longbottom não estava mais lá. Bellatrix apanhou a sua varinha e apressou-se para a porta, mas um jato azul que saiu da varinha de Severo golpeou a passagem e ela se fechou com um baque violento.

A mulher olhou para Severo com os olhos crepitando.

- Explique-se!

- Eu disse que ninguém morrerá hoje. O Sr. Longbottom voltará para o seu salão comunal e amanhã eu lhe darei uma detenção. Se o Lorde ordenar a sua execução, eu mesmo o farei.

Bellatrix não ficou satisfeita, e logo o seu ódio foi direcionado para Linda.

- Você! – Apontou a varinha para ela e começou a caminhar rápido, ligeiramente fora de si. – Você é uma amante dos trouxas, nunca esteve do nosso lado! Você e o se marido imundo! Vocês não me enganam! Cr---

- Você não fará nada, Bella! A não ser que queira morrer! Você sabe que eu sou capaz.

- Fique quieta, Bella – Lucio disse rispidamente, colocando-se ao lado de Linda e passando um braço em volta do ombro da sobrinha. – Severo tem razão; e eu não quero que você faça nada contra a minha sobrinha em minha presença.

- Você também, Lúcio – Ela disse com ódio – Por que isso? Por que protegê-la quando ela---

- Linda é uma Malfoy. Ela é filha do meu irmão! Eu não faria nada contra ela! No mais, ela está certa! Você não pode matar um aluno sem antes pedir a permissão do Mestre! Seria um escândalo e, caso você não lembre, ele quer que a administração de Hogwarts seja um modelo! A morte de um aluno não ajudaria muito, ajudaria?

Bellatrix bufou. Os seus olhos negros passearam pela sala e recaíram sobre Linda, perfurando-os.

- Eu não sei. Ajudaria, Linda Marie? – O seu olhar, então, cravou-se em Severo. A sua voz ficou um pouco mais baixa, assumindo um tom de ameaça. – Eu vou levar o acontecido ao Lorde e farei a ele essa pergunta. Você sabe qual será a resposta, não sabe, Snape? A sua marca arderá ainda hoje.

Dizendo isso, Bellatrix colocou o capuz negro sobre o seu cabelo, fazendo uma sombra em seu rosto, e saiu. Lúcio aproximou-se.

- Se o Lorde ainda me estimasse como antigamente, Severo, me colocaria ao seu lado. – Severo assentiu solenemente, numa silenciosa demonstração de agradecimento. Lúcio deu um meio sorriso e voltou-se para Linda, dando um breve beijo em seu rosto. – Até logo, minha querida.

- Tchau, tio Lúcio.

De uma forma menos dramática que Bellatrix, Lúcio imitou o seu gesto de vestir o capuz e deixar a saleta.

Linda percebeu os olhos do seu marido procurarem-na; eles estavam opacos, duros... de uma forma que a intimidava. Sem conseguir sustentar aquele olhar, Linda desviou os seus olhos para o chão. Imediatamente, Severo se encaminhou para perto dos irmãos Carrow – Aleto ainda tentava conter o sangue que se esvaía de Amico.

- Leve-o para a ala hospitalar.

Aleto finalmente deixou de olhar para o irmão e cravou os seus olhos em Severo.

- Nunca mais---

- Nunca mais, Aleto. Se ele não voltar a ameaçar a minha mulher, nunca mais. No entanto, se ele tentar qualquer coisa contra Linda, eu farei o serviço completo. Espero que ele tome isso como um aviso – A mulher abriu a boca para protestar, mas ele não deixou. – Ala hospitalar, Aleto. Se ele não for tratado agora, acabará no St. Mungus.

A bruxa não protestou. Levantou-se e, com um breve menear da sua varinha, fez com que o corpo inerte do seu irmão levitasse no ar. Com destreza, guiou-o para fora da sala rapidamente, deixando um breve rastro de sangue pelo assoalho. E, finalmente, Linda estava à sós com o seu marido.

- Eu---

- Não diga nada.

Ela teve que reunir toda a sua coragem para olhá-lo novamente. Ele estava assustadoramente furioso.

- Severo...

- Vamos.

Dizendo isso, ele se aproximou rapidamente de Linda e agarrou-a pelo braço. Rudemente, arrastou-a tão rápido quanto pôde pelas escadarias e corredores da escola, até finalmente chegar à sala da direção. Linda notou que Dumbledore estava em sua pintura, aparentemente esperando por Severo, mas ele sequer olhou-o; apenas seguiu o seu caminho para a sala íntima.

- O que você estava pensando?!

Linda ofegou.

- Você está me machucando!

Os olhos de Severo dirigiram-se para o braço dela, o qual ele ainda segurava fortemente. Assim que o soltou, Linda afastou-se dele. Não queria admitir, mas estava com medo. Estava com medo do que o seu marido poderia fazer... jamais o vira tão descontrolado. Antes de responder, ela respirou fundo e procurou controlar o seu tom de voz; não queria arriscar aborrecê-lo ainda mais.

- Eu não podia deixar que---

- Quando eu mandar você fazer alguma coisa, obedeça!

- Severo, eu---

- Eu fiz de tudo para manter você longe dos olhos do Lorde! Então, Linda, por que você insiste em se meter nos meus assuntos?! Por que você insiste em se colocar no foco?! COMO, LINDA, EU POSSO PROTEGER VOCÊ, SE VOCÊ NÃO DEIXA?!

Linda deu dois passos para trás.

- Severo, o garot---

- EU NÃO DEIXARIA AQUELE IMBECIL MORRER! EU TINHA TUDO SOB CONTROLE! OS CARROW, BELLATRIX, LÚCIO! VOCÊ, LINDA, FOI, COMO SEMPRE, A ÚNICA COISA QUE DEU ERRADO! TUDO O QUE VOCÊ TINHA QUE FAZER ERA IR AO NOSSO QUARTO E ESPERAR, E AGORA---

Ele fechou os olhos e se virou. Linda percebeu que a mão direita de Severo fechou-se sobre o antebraço esquerdo, onde ficava a Marca-Negra. Imediatamente ela se lembrou da ameaça de Bellatrix e o seu medo aumentou – mas, dessa vez, nada tinha a ver com a fúria de Severo.

- Ele está chamando? – Linda perguntou com a voz fraca.

Severo não se virou e nem falou nada. Lentamente assentiu. Ainda relutante, Linda se aproximou e tocou o seu ombro.

- Você vai?

Ela ouviu um longo e doloroso suspiro – os seus olhos queimaram. Severo lentamente se virou, voltando a encará-la; porém com uma expressão que não espelhava ódio. Espelhava medo, arrependimento e talvez um pouco de tristeza.

- Eu tenho que ir. E você também.

Linda parou de respirar por um segundo.

- Eu não vou ao encontro do Lorde, Severo.

- Eu não lhe pediria isso, a menos que fosse inevitável. O Lorde não ficará feliz com o seu comportamento...

- Tem que haver outra saída!

Ele se calou por um momento.

- Há. Mas desta vez me obedeça: você terá que ir para uma das propriedades que Dumbledore nos deixou. Não me diga qual e não tente entrar em contato comigo. Apenas desapareça.

As primeiras lágrimas caíram dos olhos de Linda.

- E você?

- Se o Lorde achar que você apenas quis fugir, ele não se importará. De fato, apenas achará que eu perdi uma distração.

- Eu não quis dizer isso! – Ela enxugou as lágrimas que riscavam o seu rosto. – O que vai acontecer com você?!

- Eu não sei.

- E você espera que eu vá embora, e fique sem saber como você está? Eu não vou suportar isso de novo!

- Obedeça, Linda – Severo fechou os olhos, obviamente cansado. – Por favor.

- E se você... morrer?

Ele deu de ombros.

- É uma possibilidade – Ele desviou o seu olhar no momento em que mais duas grossas lágrimas deixaram os olhos de Linda. – Eu tenho que ir, agora.

Ele não esperou uma resposta, antes de dar meia volta e deixá-la só.

Linda suspirou e limpou o seu rosto enquanto se encaminhava para o quarto. Ela tinha que arrumar suas malas.

XxXxXxX

Reviews, por favor.

Quando a Shey leu esse cap, ela me perguntou se a Linda não tinha estudado em Hogwarts. Bem, caso mais alguém tenha essa dúvida, ela estudou em Beauxbatons. A mãe de Linda, que vocês conhecerão mais na frente, é francesa e queria que a filha fosse educada por franceses!

Como a Linda tem 32-33 anos, caso ela tivesse estudado em Hogwarts, teria sido aluna de Severo; e, como eu acho que ele não namora ex-alunas (as SS/HG maníacas que me perdoem), fiz com que Sevvie não tivesse nada a ver com a educação da esposa! Entendido? XD

Enton repito: reviews, por favor! XD


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