O Teatro escrita por GabrielleBriant


Capítulo 11
Halloween




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XI

HALLOWEEN

Apesar de não gostar dos Malfoy, Severo sabia que Linda verdadeiramente se orgulhava de um aspecto da sua criação: a habilidade passada de geração em geração de organizar ótimas festas. E o Halloween de Hogwarts não foi uma exceção. Ao chegar ao salão principal, o diretor imediatamente se sentiu transportado para as festas que a escola costumava oferecer em sua época áurea: logo depois da primeira guerra, quando não havia mais preocupações e Dumbledore cuidava do lugar.

As longas mesas das casas haviam desaparecido; em seus lugares, várias mesinhas de oito lugares enfeitadas com abóboras ocas cortadas em forma de careta e iluminadas em seu interior por velas. As velas que flutuavam no salão foram transfiguradas de brancas para negras e vermelhas. Teias de aranha eram vistas em cada canto das paredes – algumas delas, inclusive, com várias espécies de aranhas emprestadas por Rúbeo Hagrid. No canto esquerdo do salão, aparecia o pequeno palco, montado como um cemitério cenográfico, onde alguns bonecos encantados se mexiam como verdadeiros inferis.

Severo olhou com orgulho para a esposa enquanto sentavam-se no centro da mesa dos professores.

- Ótimo trabalho.

- Fico feliz que pense assim... pois eu extrapolei um pouco o orçamento.

- Você sabe que o dinheiro que você gastou a mais sairá da minha conta, não sabe?

Linda riu-se e olhou para Severo com um brilho quase travesso em seu olhar.

- A festa é para o bem do Lorde das Trevas; eu tenho certeza que ele não importará em lhe doar alguns galeões para cobrir os custos.

Severo apenas rolou os olhos, ao mesmo tempo em que se aproximavam Aleto – milagrosamente elegante – e Amico Carrow. A mulher sentou-se ao lado de Linda.

- Bela festa, Linda Marie! – ela disse. – Nós ficaremos até tarde, certo?

- Eu não sei, Aleto. Já falei com Severo e ele concordou que Draco e você são vigias suficientemente bons... Mas eu estou realmente cansada.

A mulher deu de ombros e o seu rosto tomou uma expressão ligeiramente decepcionada; mas ela não insistiu, ao contrário do que era esperado por Severo. Ao invés disso, Aleto voltou-se para o seu irmão e iniciou uma conversa sobre a última tarefa que o Lorde das Trevas a passara.

Em poucos minutos, a mesa dos professores estava completa – a única pessoa que demorou mais a aparecer foi Minerva McGonagall. Severo tentou cumprimentar a mulher, imaginando que, como aquele era um dia de festa, o seu ódio tinha se abrandado. Naturalmente, ele estava errado.

Os alunos, no entanto, pareciam ter esquecido que estavam numa escola dirigida pelo frio assassino de Alvo Dumbledore. A maioria deles parecia bem mais relaxada do que durante o resto do ano letivo; pegando os seus sucos fumegantes, seus doces em forma de caveira ou abóboras e tagarelando como... adolescente. Definitivamente, aquela era a Hogwarts que Severo conhecia – e tal constatação o fez se sentir surpreendentemente bem.

Em seus devaneios, Severo chegou até a esquecer que a sua esposa estava ao seu lado; no entanto, ela logo se mostrou presente, ao passar uma mão lentamente pela sua perna. Severo a olhou de relance – os lábios de Linda estavam contraídos, como se ela estivesse fazendo muito esforço para conter um sorriso.

- Aqui não – ele disse baixinho.

Ela sorriu e sussurrou:

- Eu não estou fazendo nada, querido... Pelo menos nada que alguém esteja vendo...

Dizendo isso, Linda deslizou a sua mão um pouco mais para cima. Severo conteve o arrepio e engoliu seco quando ela acariciou firmemente a sua virilha. Ele se apressou em segurar a mão dela e impedir que as carícias avançassem, antes que os demais professores percebessem o que estava acontecendo.

- Comporte-se!

Linda deu a ele o seu sorriso mais maroto e Severo foi obrigado a desviar o se olhar para continuar com o seu rosto inexpressivo. Pensou sinceramente que a reprimenda fora suficiente para a sua esposa deixar aquele assunto para mais tarde, quando estivessem sozinhos; e, talvez, foi por ter essa convicção que ele foi tão severamente atingido quando Linda disse, com a voz perigosamente macia:

- Eu posso tentar me comportar... – ela pôs novamente as mãos sobre a mesa e o olhou inocentemente. – Mas sempre que fecho os meus olhos penso em você sobre mim, nu, alisando as minhas coxas, acariciando meus seios e me beijando enquanto me penetra lentamente...

Severo fechou os olhos e prendeu a respiração por um minuto, sentindo o seu corpo ficar tenso.

- Eu vou mandar servir o jantar.

- A festa acabou de começar.

Ele bufou, olhando ligeiramente aborrecido para a esposa.

- A menos que você, Linda Marie, queira uma rapidinha em um dos corredores, eu terei que terminar essa festa tão cedo quanto possível!

Divertida, Linda ergueu uma sobrancelha e tentou conter o sorrisinho ligeiramente malicioso se começava a se formar em seus lábios.

- A rapidinha num dos corredores é uma opção?

- É. Mas você terá que aceitar o risco de ter que dividir o espaço com algum casal de alunos. Lembre-se que estamos numa escola lotada de adolescentes cujos hormônios estão em ebulição.

- Então, meu bem, sirva logo o jantar...

Disfarçadamente, Severo deu um rápido sorriso para a sua esposa e, com um menear da sua varinha, pequenas abóboras surgiram em cada uma das mesas – inclusive na dos professores. Dentro delas, saladas, frutos do mar e carnes. As taças que já estavam sobre as mesas foram magicamente preenchidas com suco de abóbora e, na dos professores, vinho.

- Você realmente não economizou.

- Eu sou uma Malfoy, meu amor. As mulheres da minha família têm prazer em gastar mais do que podem.

Severo rolou os olhos. Ele gostava quando a esposa estava de bom humor... E, como tais momentos estavam escassos nos últimos meses, ele decidiu que tinha de aproveitá-lo ao máximo. Ele comeria o mais rápido possível, e esperava que Linda fizesse o mesmo. Se desse tempo e a esposa tivesse disposição, talvez ela até pudesse descer para dançar... depois.

Assim, ele começou a se servir da salada.

- Hmmm! Com licença!

O barulho viera do canto esquerdo do salão, do palco onde a banda se apresentaria. Lá, dividindo o espaço com os inferis falsos e os epitáfios, estava um homem muito magro e alto, que trajava estranhas vestes sem mangas e tinha os braços cheios de tatuagens.

- Quem é? – Severo perguntou brevemente, inclinando-se um pouco para Linda.

- O vocalista da banda... mas ele apenas deveria começar o show às dez da noite.

Severo cerrou os olhos e observou o vocalista. O homem parecia inseguro, o que era estranho, já que, como músico, ele já deveria estar acostumado aos palcos. As mãos dele, que seguravam o pedestal onde ficava o microfone, estavam trêmulas.

- Bem... erm... – o microfone deu um chiado fino que quase perfurou os tímpanos de Severo. – Boa noite! Eu tenho uma musica nova! – Alguns breves aplausos provenientes das mesas dos alunos foram ouvidos. – Eu tenho uma música nova – o vocalista continuou. – E quero apresentá-la antes que vocês saiam daqui!... ou parte de vocês... De qualquer forma, ela se chama O Hino da Resistência...

E, dizendo isso, ele acenou brevemente com a varinha para algumas caixas de som que ficavam no fundo o palco. Logo uma melodia diferente, uma mistura de rock com jazz, que definitivamente não agradava a Severo, começou a tocar.

E logo o homem estranho começa a entoar a letra da música de uma forma desajeitada:

.-.

Vou contar a você

O que está acontecendo

Triste do cego que não quer vê

E é infeliz o homem que vive temendo

Mas eu não temo e não silencio;

Com coragem e pesar eu anuncio:

Você-Sabe-Quem voltou

E voltou para espalhar o terror

.-.

A música era rápida, as palavras se atropelavam como se o cantor temesse ser morto antes de conseguir passar a sua mensagem. Os Carrow se entreolharam e alguns alunos se levantaram. Severo imediatamente agarrou a sua varinha virou-se para a sua esposa.

- Quem são eles?! – perguntou num tom urgente, quase acusador.

- Eles são partidários do Lorde das Trevas! – Linda olhou com um ar de desespero para o cantor e para a sua platéia, que, num silencio absoluto, prestava atenção à letra. – Eu juro!

.-.

Nossos amigos ele quer matar

E a voz do nosso povo ele quer calar

Por isso, amigo, te digo

Abra os olhos, e cante comigo

Vamos resistir enquanto formos vivos

.-.

- PARE-O, SNAPE! – gritou Aleto.

Ele apenas levou uma fração de segundos para fechar os olhos e saber exatamente o que tinha de ser feito. Com os lábios crispados, ele olhou para os irmãos Carrow e disse:

- Vamos.

Severo, Aleto e Amico rapidamente se levantaram e, com as varinhas empunhadas, caminharam rapidamente para o palco. Foram imediatamente seguidos por Linda, McGonagall e Flitwick.

.-.

O terror não vai me dominar

Contra Voldemort eu vou lutar

E se a morte me encontrar

Com coragem vou enfrentar

Pois sei que preciso o fazer

Não me importarei em morrer

Se, no fim, eu puder cantar

Que o terror não vai me dominar

.-.

O trio chegou ao palco. Os olhos de Amico imediatamente espelharam um brilho sádico e ele começou a fazer um feitiço – se Severo bem conhecia o Comensal, ele mataria o cantor sem titubear, na frente de todas aquelas crianças. Ele não deixaria aquilo acontecer; assim, ele apenas olhou para Amico e gesticulou para que ele esperasse. O Comensal não pareceu satisfeito.

- Saia deste palco imediatamente! – Severo ordenou.

O cantor parecia estar com medo; no entanto, apenas continuou:

.-.

Voldemort, o grande ditador

Cheio de ódio, vilania e desamor---

.-.

E Severo não podia mais continuar sem reação.

- Crucio!

Imediatamente o homem caiu no chão, contorcendo-se em agonia – o microfone, que caiu também, emitiu mais um chiado alto. De alguma varinha – vinda das mesas dos alunos, logo provavelmente obra de um sonserino – surgiu um raio avermelhado que atingiu as caixas de som e as fez faiscarem e calarem-se. Pela sua visão periférica, Severo viu Linda congelar de pavor e McGonagall e Flitwick avançarem em direção a ele, sendo impedidos pelos Carrow. Ele sabia que os irmãos não segurariam Minerva por muito tempo, então encerrou a maldição imperdoável.

Por um breve momento, o único som ouvido naquele salão era o da respiração ofegante do cantor, que estava caído no chão, suado e com leves respingos de lágrimas em seus olhos. Severo virou-se; a atenção de todos estava nele. Quando ele abriu a boca para dar as suas ordens, McGonagall se desvencilhou de Amico e a sua voz finalmente rompeu o relativo silêncio:

- No que você estava pensando?! Usou uma maldição imperdoável na frente dos alunos, por um motivo ilícito e ridículo! Eu não me importo mais com a sua lealdade ou com os seus amigos, mas eu não vou permitir que em minha escola você tenha esse tipo de comportamento! Eu não me importo se você é diretor, ou o assassino que Você-Sabe-Quem mais preza! Agora você vai escutar! Sna---

- McGonagall! – Ele interrompeu-a, alto. A velha fez menção a voltar a falar, mas Severo logo a interrompeu. – A festa obviamente acabou. Faça com que os alunos voltem às suas acomodações. Eu não poderei continuar como diretor pelo resto da noite, então sugiro que você retome o cargo. Pelo bem deles!

- Eu não vou permitir---

- Você não tem que permitir nada! Eu fiz o que tinha que fazer!

A velha o olhou por alguns segundos, mas, quando o breve burburinho dos alunos começou a se tornar caótico, ela decidiu obedecer. Logo ela começava a ajudar os monitores e monitores chefes a reunir os alunos e consolava os calouros mais histéricos.

- Amico, leve-o para a sala de recepção – Severo disse, olhando para o cantor que começava a tentar se levantar. – Aleto, avise o ocorrido ao Lorde das Trevas; diga que não faremos nada até ouvir as suas ordens. Linda, isso não é assunto seu; me espere nos nossos aposentos.

Amico imediatamente, com um menear de sua varinha, fez o homem flutuar no ar e começou a guiá-lo para a saleta ao fundo do salão principal, onde os calouros eram recepcionados. Aleto corria para fora do castelo... Mas Linda não se moveu, permanecendo ao lado de Severo.

- Euu... – Foi tudo que ela conseguiu balbuciar. Severo começava a perder a sua paciência.

- Obedeça! – disse rispidamente. – Conversaremos sobre isso mais tarde.

- Não foi culpa minha! – Linda disse rapidamente. – Severo, eu juro, todos os membros da banda são Comensais da Morte, por Merlin! Eu sabia que tinha que escolher essa banda justamente para evitar... isso!

- Eu não acredito em você. – Linda abriu a boca em protesto, mas ele não a deixou dizer nada. – Vá dormir, Linda. Eu cuidarei disso.

Resignada, ela crispou os lábios e respirou fundo. O olhou mais uma vez antes de virar-se e começar o seu caminho para o quarto no sétimo andar.

Snape olhou mais uma vez para o caos. Ao longe, viu Ginevra Weasley tentar se desvencilhar dos braços de McGonagall, que a arrastava de volta para a torre da Grifinória. Antes de o salão ficar totalmente vazio, ele pôs a sua máscara de indiferença e encaminhou-se em passos largos para a sala adjacente ao salão principal, onde os alunos do primeiro ano geralmente eram recepcionados.

O cantor estava acorrentado a uma cadeira e, ao redor dele, os demais membros da banda e Amico Carrow. O Comensal tinha a sua varinha empunhada para o prisioneiro, e, a julgar pela cólera em seu rosto, estava fazendo um esforço sobre-humano para manter o homem vivo... mas aparentemente já se divertira com algumas doses da maldição cruciatus.

Ele olhou para Severo.

- Mate-o! Mate-o de uma vez!

- Não, a menos que o Lorde das Trevas me ordene – ele se dirigiu para os quatro outros integrantes da banda, notando que eles pareciam tão furiosos quanto o próprio Amico. – Eu espero que vocês tenham alguma explicação racional para o que se passou há alguns minutos.

Um deles, que trajava roupas espalhafatosas negras e tinha cabelos longos, disse:

- Eu não sei, Snape. Minha única teoria é que Alexander enlouqueceu. Antes de virmos para Hogwarts estávamos falando em como é bom tocar num local onde o diretor é um colega Comensal.

E, terminando de dizer isso, ele ergueu a manga e mostrou a Marca-Negra. Ela tinha as bordas avermelhadas e a pele ao seu redor parecia inflamada, o que denunciava que não fora adquirida há muito tempo.

- Eles são novos Comensais – veio uma conhecida voz atrás de Snape. Ele imediatamente virou-se para ver Lúcio Malfoy que, imponente, entrava na sala seguido por Bellatrix Lestrange, Victor Yaxley e Aleto Carrow. O loiro parou de frente para o prisioneiro e olhou para Severo – E você sabe bem que novos Comensais são amplamente testados pelo Lorde das Trevas. Ele não teria motivo algum para fazer o que foi narrado por Aleto.

- Você sugere que algum dos alunos tenha usado Império contra ele?

Lúcio deu de ombros.

- Não. Não creio que os alunos, fora alguns da Sonserina, talvez, tenham capacidade de executar bem uma maldição imperdoável. Eu acusaria um funcionário. McGonagall, talvez?

- McGonagall ficou muito surpresa com essa brincadeirinha – Severo apressou-se em afirmar antes que Bellatrix corresse para matar Minerva. – Não foi ela.

Bellatrix virou-se. Os seus olhos frios cravaram-se nos olhos de Severo e um sorriso de pura maldade formou-se no canto dos lábios dela.

- Linda Marie é uma suspeita, Severo?

- Minha mulher está do meu lado, Bella. Quantas vezes eu terei de afirmar isso para que você finalmente acredite?

- Ela tem um comportamento muito suspeito. De qualquer forma, uma simples vasculhada na cabeça dela pode esclarecer tudo!

- Minha mulher não será tratada como uma suspeita, Lestrange – Ele disse rudemente, dando um passo em direção à Bellatrix.

Lúcio rolou os olhos e ficou entre os dois. Pôs carinhosamente um braço por volta dos ombros de Bellatrix.

- Acalme-se Bella. A minha sobrinha não tem nada a ver com isso. Nós todos sabemos de quem você realmente suspeita; mas o Lorde confia em Severo. Confie no julgamento do Lorde.

Severo acenou brevemente para Lúcio, em agradecimento. Bellatrix não se convenceu; mas aparentemente não quis discutir mais. Vendo que aquele assunto estava encerrado, Amico se aproximou.

- O que o Lorde nos mandou fazer com ele?

Mas, antes que Lúcio pudesse responder, a porta da sala novamente abriu-se. E, atrás dela, estava Linda, ofegante e, apoiando-se nela, ninguém menos que o cantor.

- Não fazemos nada! – Ela disse, ofegante. – Ele é não é quem nós pensamos!

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