Be The One That Saves Me escrita por WannabePrincess


Capítulo 17
Os livros


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas! Mais uma fic Adrian/Sydney.



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Sydney’s POV

-Como assim você ainda não terminou o relatório? – escutei meu pai praticamente rugir do outro lado da linha.

-Eu não terminei, senhor – respondi pressionando meus lábios. – Esse relatório não é uma prioridade.

-Não é uma prioridade? – meu pai repetiu minhas palavras com desdém. – Desde quando você decide o que é uma prioridade ou não?
Senti minhas bochechas esquentares.

Meu pai estava certo, eu nunca podia decidir nada quando se tratava de assuntos com alquimistas.

-Sydney, seu trabalho não é decidir. O seu trabalho é exercer o que outros já decidiram. Você deve somente ouvir e cumprir as ordens de seus superiores.

Somente ouvir e cumprir. Era isso que eu deveria fazer.

-Sim, senhor – consigo dizer.

-Não foi essa educação que te dei – meu pai continuou. – Eu não sei o que estava pensando. Você não é capaz realizar seu trabalho. Eu deveria transformar Zoe em uma alquimista. Você simplesmente não é competente o suficiente.

As ríspidas palavras de meu pai me vieram como um soco no estomago. Não é competente o suficiente. Pisquei algumas vezes para afastar as lagrimas que haviam se formado em meus olhos.

-Não há necessidade de Zoe se envolver – disse rapidamente. Zoe, minha irmã, não podia se envolver nesse mundo. Ela não merecia. - Terminarei o relatório ainda hoje. Eu farei melhor nas próximas vezes.

-É bom que faça. Talvez esses vampiros estejam atrapalhando o seu desempenho – foram as últimas palavras que ouvi antes da linha ficar muda.

Coloquei meu celular lentamente na escrivaninha enquanto sentia lágrimas quentes descerem por meu rosto. Minhas mãos tremiam e eu mal conseguia me mexer.

Eu me sentia incompetente. Eu me sentia inútil.

Ouvi o toque do meu celular e por um momento me senti paralisada. Eu não queria atende-lo. A última coisa que eu queria era ouvir meu pai ou qualquer um de meus superiores dizerem que sou incompetente.

Somente ouvir e cumprir.

Essa era a minha função. Não importava o que eu queria ou não.

Estendi minha mão e peguei o celular. Quando vi o número que estava ligando, alívio percorreu meu corpo.

-Adrian – eu disse. Era irônico o quanto aliviada eu me sentia falando com um vampiro e o quanto nervosa eu ficava falando com meu próprio pai.

-Sage – ele disse casualmente. – Jill esqueceu alguns livros dela aqui.

Eu estava tentando controlar minha respiração. Eu não queria que Adrian percebesse que havia algo errado.

-Livros que ela vai precisar para as aulas de amanhã – ele disse quando eu não falei nada. – Você pode vir aqui e pega-los?

Meu primeiro instinto era dizer não. Eu não queria sair do meu quarto. Mas, Jill era minha responsabilidade. Meu trabalho. E as palavras do meu pai ecoavam na minha mente. Você não é capaz realizar seu trabalho. Você simplesmente não é competente o suficiente. Era minha obrigação fazer com que Jill tivesse tudo o que precisasse.

-Sage? – ouvi a voz de Adrian pelo telefone. – Você ainda está aí?

-Estou – eu disse respirando fundo. – Estarei aí em alguns minutos.

A viagem até o apartamento de Adrian não demorou muito. Ele abriu a porta no mesmo instante em que toquei a campainha. Era como se ele estivesse me esperando na porta. Esse pensamento fez algo dentro de mim queimar. Não seja idiota, Sydney. Adrian tem coisas melhores para fazer do que ficar esperando você na porta. Coisas como abrir uma garrafa de vinho.

Eu me senti mal com o último pensamento. Já fazia semanas que Adrian não bebia ou fumava.

-Meu Deus, Sage – Adrian disse soando desesperado. – O que aconteceu com você?

Parei de andar, mas não tive coragem de encará-lo. Antes de sair do dormitório, fiz questão de retocar minha maquiagem para não deixar rastros de meu choro.

-O que você quer dizer? – perguntei com a voz falhando um pouco.

-Você... – Adrian disse assim que fechou a porta e caminhou em minha direção. – Seu rosto – ele estendeu sua mão e delicadamente seu dedo acariciou minha bochecha causando arrepios no meu corpo.

– Você andou chorando? – ele perguntou suavemente.

-Não – eu menti e me afastei. Eu ainda podia sentir os dedos de Adrian no meu rosto.

-O que aconteceu? – Adrian perguntou seriamente.

-Nada – dei de ombros e sentei no sofá.

Adrian andou calmamente e se sentou na outra ponta do sofá.

-O que aconteceu? – ele perguntou novamente. – Você sabe que pode me contar. Pode me contar qualquer coisa.

Eu olhei para ele e mais uma vez duvidei se aqueles olhos verdes realmente eram tão verdes ou era apenas minha imaginação. Eu sabia que podia contar para ele. Ele não iria contar para ninguém. Ele não iria me julgar.

Mas a questão era: eu não queria contar para ele. Eu estava com vergonha. As palavras do meu pai eram verdadeiras. Eu era incompetente.

Eu balancei a cabeça.

-Não aconteceu nada – disse, mas até eu consegui ouvir a melancolia em minha voz.

-Então, vamos fazer o seguinte – Adrian de repente disse. – Pergunte alguma coisa para mim.

Olhei para ele e a confusão estava explicita na minha expressão.

-O que?

-Pergunte qualquer coisa para mim, e eu responderei sua pergunta. Mas em troca, você responde uma pergunta minha.

Balancei a cabeça e não consegui esconder um sorriso.

-Mas não tem nada que eu queira perguntar – eu disse. Assim que as palavras deixaram minha boca, percebi que eram mentiras. Havia muita coisa que eu queria perguntar para Adrian.

-Como não? – Adrian disse fingindo perplexidade. – Eu sou um poço de mistérios.

Não pude deixar de rir.

-Como vou saber que não está mentindo? – perguntei.

-Eu não mentiria para você – ele disse, mas por algum motivo eu acreditava que aquela era a sua primeira mentira da noite.

O que eu escolheria para perguntá-lo? Era verdade que havia muitas coisas que eu queria saber sobre Adrian, mas eu não conseguia transformá-las em palavras.

-De onde você tirou a expressão “poço de mistérios”? Até eu que não sou uma especialista em interações sociais sei que isso é brega.
-Brega? – ele levantou uma sobrancelha. – Sage, só as pessoas mais tops falam isso.

-Pensei que você não iria mentir – disse tentando não rir.
-Eu não estou mentindo – ele disse firmemente. – Agora é a minha vez. O que aconteceu?

Qualquer traço de um sorriso deixou meu rosto. Eu não sei se era pelo fato dos olhos de Adrian parecerem estar encarando minha alma ou pelo fato de que pela primeira vez na minha vida eu sentisse que podia contar o que eu realmente sentia para alguém. Qualquer que fosse o motivo, eu resolvi falar.

-Meu pai me ligou – eu disse e fechei os olhos um instante. Quando os abri, vi que Adrian esperava pacientemente que eu continuasse, seus olhos não me deixando nem mesmo por um segundo. – Ele me ligou para dizer o quanto eu era incompetente.

-O que? – Adrian disse quando percebeu que eu não diria mais nada. – O que?!

Eu dei de ombros. Não tinha muito que falar. Fora exatamente para isso que meu pai ligara. Para dizer que eu era incompetente.

-Não importa – eu disse calmamente encarando os meus sapatos. – Ele estava certo de qualquer jeito.

-Sydney – Adrian disse. Em um instante ele estava na outra ponta do sofá, no outro ele estava ao meu lado a poucos centímetros de mim. Adrian colocou suas mãos em minhas bochechas e me forçou a olhar para ele. – Escute. Você em nenhum sentido, nenhum mesmo, é incompetente. Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço. Você é a pessoa mais organizada que eu conheço. A pessoa mais brilhante que eu conheço. A mais – Adrian se interrompeu, como se ele fosse dizer algo que não deveria. – O que eu quis dizer é que você não é incompetente.
Adrian tirou suas mãos de minhas bochechas.
Sem pensar no que estava fazendo, encostei minha cabeça no peito de Adrian. Pude sentir ele rígido a principio, mas depois ele relaxou.
-Meu pai acha que sou incompetente – eu disse tão baixo que fiquei surpresa quando ele respondeu.

-Ele está errado – Adrian disse com tanta firmeza que me surpreendeu.

-Adrian – eu disse após alguns segundos em silêncio. – O que você ia dizer?

-Huh? – Ele parecia não ter prestado atenção na minha pergunta.
Olhei para cima e fiquei um pouco surpresa em ver que ele estava olhando diretamente para mim. Nossos rostos estavam a centímetros de distância.

-O que você ia dizer? – perguntei novamente. - Quando estava falando das razões pelas quais eu não era incompetete. Você ia dizer algo.

Ele deu de ombros.

-Eu não ia dizer nada – Adrian disse e pude sentir seu corpo ficar tenso.

-Eu pensei que você disse que não mentiria para mim.
Adrian suspirou.

-Eu ia dizer que além de você ser inteligente, você também era bonita.

Bonita. Essa simples palavra fez eletricidade percorrer meu corpo. De repente, respirar se tornou uma tarefa difícil.

-Agora, eu tenho direito a uma pergunta – Adrian disse. – O que você está sentindo, Sage? E não minta para mim.

-O que você quer dizer? – perguntei, apavorada com o pensamento de que Adrian estava se referindo a eletricidade que percorria meu corpo toda vez que ele me tocava. Nem mesmo eu sabia o que sentia quando isso acontecia.

-Eu quero dizer – Adrian disse vagarosamente – o que você sente em relação a tudo isso? A fazer apenas o que o seus superiores mandam você fazer?

-O que eu sinto? – eu pergunto, mais para mim mesmo do que para ele. – Eu não sei. Eu não gosto disso – fico surpresa comigo mesma por ter admitido. – Eu quero dizer, não gosto de não poder ter opinião. De ser o que todos esperem que eu seja. Às vezes eu queria poder perder o controle.

-Por que você não deixa de ser uma alquimista? – Adrian pergunta seriamente.

Eu dou uma risada sem humor algum.
-Adrian – eu disse também séria -, não existe ex-alquimista. Essa marca – eu apontei para a tatuagem em minha bochecha esquerda – representa uma promessa. Uma promessa que eu não quero quebrar. Eu ainda acredito no que os alquimistas fazem. Nós impedimos que os humanos fiquem tentados com a imortalidade que os strigois oferecem. Nós escondemos sua existência.

Olhei para Adrian. Ele estava com uma expressão ilegível.

-Mas – continuei -, eu acredito que os alquimistas erram em muitas coisas. Eu não acredito totalmente no que eles dizem sobre vocês serem malignos.

-Totalmente? – Adrian disse friamente.

-Eu não acredito que vocês sejam maus – eu disse. – Mas eu ainda acho que a magica de vocês é errada. É algo não natural.

-Eu sei como você se sente em relação a nós – ele assentiu.
-De qualquer forma – eu disse levantando -, eu tenho que ir. Preciso terminar um relatório.

Adrian se levantou atrás de mim e nós caminhamos até a porta. Ele a abriu, mas eu não saí. Eu só fiquei olhando para Adrian e ele para mim.
O modo como ele me olhava me fazia lembrar de quando ele disse que eu era “bonita”. E para dizer a verdade, eu não queria ir embora.

Contudo, a alquimista dentro de mim gritou que eu tinha um relatório para fazer, por isso dei um passo para fora.

-Espere – eu disse e olhei para Adrian. Ele me olhava com uma intensidade que fazia outra onda de eletricidade percorrer meu corpo. – Os livros.

-Ah – Adrian disse com o tom de voz estranho -, os livros.
Ele se dirigiu até a mesa, pegou dois livros que estavam sobre ela e me entregou.

Quando eu estava me afastando em direção ao meu carro, Adrian me chamou.

-Sage – ele disse com um sorriso torto -, talvez não seja uma má ideia você perder o controle às vezes.

Alguns minutos depois, eu já estava na academia. Enquanto subia para meu quarto, parei rapidamente no quarto de Jill e Angeline.

-Jill – eu disse quando ela abriu a porta -, aqui estão os seus livros.
Ela olha os livros e um sorriso torto aparece em seu rosto.

-Ah, os livros – ela disse com sarcasmo.

Eu olho rapidamente para os livros e pela primeira vez percebo que eles eram sobre arte.

-Não sabia que você gostava de arte – eu disse.

-Existem muitas coisas que você não sabe, Sydney – ela ri. – Boa noite.


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Notas finais do capítulo

Eu queria agradecer a todos os meus fieis leitores que continuam acompanhando a fic mesmo depois de eu ter ficado tanto tempo sem atualizar! Obrigada! *-*
O que vocês acharam desse capítulo? ;*