Cheguei em casa batendo a porta e jogando de qualquer maneira as chaves sobre a mesinha de canto. Nem acredito que finalmente esse dia terminou - pensei. Mas será mesmo?

Ao passar pela sala de jantar, notei que algo estava estranho. A casa parecia diferente do modo como a havia deixado ao sair pela manhã. Voltei alguns passos e pude ver, desde a entrada, que tudo estava... limpo. Pensei por um segundo que talvez pudesse ter entrado na residência de outra pessoa. Mas não, se fosse assim, a chave não abriria a porta.

Fui até a cozinha e fiquei abismado com a limpeza. Entrei na área de serviço e vi minhas roupas todas lavadas e secando no varal. O que acontecera por ali era óbvio, alguém esteve na minha casa. Mas quem?

Saí dali em direção ao meu quarto, pensando em ligar para a minha mãe e ver se foi ela quem arrumou a minha bagunça. Nem foi preciso, pois a resposta apareceu na minha frente, vestida de branco e rosa.

Hizaki estava ali, parado de frente a mim, me olhando com o olhar mais doce do mundo e segurando um papel. A imagem que eu via era esplendida.

Era fascinante como Hizaki fazia combinar as vestimentas de seu corpo e como conseguia deixar o cabelo tão bem arrumado. Não que precisasse disso para ficar mais belo, só que era algo tão único de si, que me fazia ficar mais apaixonado a cada segundo.

Sim, era por ele por quem meu coração acelerava e era por ele que eu aguentei esse sufocante dia, na esperança de ao menos falar com ele para receber um consolo, pois tudo que falava entrava como um bálsamo nos meus ouvidos.

Mas, melhor do que isso, ele estava ali, na minha frente, e eu continuava a encará-lo com cara de bobo.

Hizaki: Chegou cedo, querido. Como foi o seu dia?

Eu: O que faz aqui, Hizaki?

Hizaki: Soube que você não foi à reunião da gravadora. Fiquei preocupado e vim ver se estava bem. Além disso, tenho as chaves da sua casa, lembra?

Eu: Sim, sim, eu lembro.

Hizaki: Quando entrei e vi a bagunça toda, chamei Jasmine You para me ajudar. Foi embora agora a pouco. Reparei também que deixou o carro na garagem, e como eu não entendo nada de carros, pedi para Teru dar uma olhada.

Eu: E?

Hizaki: E ele viu que estava com defeito e já consertou.

Eu: Nossa, estou sem palavras. Vocês fizeram isso mesmo por mim? Aliás, o que é isso na sua mão?

Hizaki: Ah, isso. - passando-me o papel - É o relatório da reunião de hoje. Yuki estava lá e passou para todos da banda por e-mail. Imprimi para você.

Eu: Obrigado, não sei como agradecer, Hizaki. Deu tudo errado para mim hoje e o que vocês fizeram, com certeza, me ajuda bastante.

Hizaki: Não tem o que agradecer, querido. Fizemos de coração, porque você sempre nos ajuda também.

Eu: Se puder me esperar um pouco, ainda quero falar com você, mas antes preciso tirar essa roupa suada.

Hizaki: Tudo bem, eu espero - disse sorrindo, mas ao me ver andar mancando, se apressou parando na minha frente - O que foi isso? Está mancando?

Eu: Caí de uma cadeira, ou melhor, fui empurrado de uma, pelo Gackt, mas com boa intenção. Ele queria me proteger de um lustre que se soltou do teto.

Hizaki: Como é que é? - pasmo.

Eu: Ah, é uma longa história. - suspirando.

Hizaki: Então terá a noite inteira para me contar. Vou dormir aqui hoje, não posso te deixar sozinho depois de uma situação dessas. Mas primeiro vamos tirar essa roupa, tomar um banho e jantar.

Eu: Jantar? Você disse jantar? - meus olhos brilhavam ao som daquela palavra.

Hizaki: Sim, por quê?

Eu: Adivinhou meu pensamento, amor. - segurei em suas bochechas, dando-lhe um selinho demorado - Estou morto de fome.

Hizaki deu uma risada gostosa. Não resisti e fui contagiado por aquele riso também. E, assim, seguimos para o banheiro, onde tomamos um agradável banho juntos, entre espumas e carinhos.

Depois vestimos roupas de dormir, eu com meu jinbei favorito e ele com uma camiseta e uma cueca, ambas minhas, e fomos preparar o jantar. Já sabia dos dotes culinários de Hizaki, mas nesse dia, a comida parecia ter mais sabor do que nunca.

Asseados e bem alimentados, estávamos prontos para ir para cama.

Eu: Sabe Hizaki, a sua existência é a prova de que um dia ruim sempre pode melhorar. Pois basta olhar para você e todos os meus problemas somem. - olhando para ele ao mesmo tempo em que lhe acariciava o cabelo.

Hizaki, que estava deitado, encostado com a cabeça no meu peito, levantou os olhos em direção a mim e disse:

Hizaki: E quer saber? A sua existência é a única coisa de que eu preciso para continuar existindo.

Meus olhos começaram a marejar quando ele, sorrateiramente, posicionou-se sobre mim, aconchegando-me com seu corpo e seu calor. Depositou seus lábios nos meus e senti-me arrepiar por inteiro.

Um vento então, entrou repentina e vagarosamente pela janela, fazendo a porta do quarto se fechar, como se tivesse sido apenas empurrada. E assim permanecemos, dentro daquele ambiente à prova de qualquer incômodo, nos amando durante toda a noite, fechando um maravilhoso dia!

Fim da história.