Amor Mascarado escrita por LunaCobain


Capítulo 20
O Fantasma da Ópera (Reprise)


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se para ter um ataque cardíaco. Sério mesmo, haha. Espero que gostem.
A propósito, essa temporada tá acabando, mimimi. Mas vamos ter outra - outras talvez, quem sabe?



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Erik insistiu para ficar o tempo inteiro comigo, ele estava realmente preocupado. Mas a verdade é que eu estava perdida. Eu tinha catorze anos, e agora tinha que cuidar de um bebê. Esperava que Erik me ajudasse.
    E eu ainda nem podia ver Amelie. Mesmo sendo filha de Matt...Droga, eu tinha que lembrar disso? Ainda assim, Erik estava preocupado. Ele estava quase roendo as unhas. E eu não sabia o porquê de tanta preocupação... Nossa pequena já estaria correndo riscos de vida? Porque eu, ao menos, já conseguia sair da cama e perambular pelo quarto sem sentir dor. Então, seria justo que Amelie, um bebê estivesse tão mal, ainda em suas primeiras horas de vida?
    -Erik, você está me deixando nervosa. - eu disse.
    Ele estava andando de um lado pro outro do quarto há quase dez minutos, tremendo e com os olhos vagos. Minhas palavras o despertaram do transe.
    Erik ficou apenas olhando para mim.
    Meu Deus, ele queria me enlouquecer.
    -Erik!
    -Desculpa, desculpa. Sei que está preocupada, eu também estou.
    "Pelo menos você já a viu.", eu pensei. Droga.
    Passamos o segundo dia no hospital nesse clima de tensão todo. Eu nem sequer podia ver minha própria filha, não fazia ideia de como ela era, apesar de Erik tê-la descrito incontáveis vezes para mim. Não era a mesma coisa.
    No terceiro dia, que eu esperava ser o último, eu estava muito, muito cansada. Eu não sabia exatamente o porquê, talvez fosse essa coisa toda de estresse.
    Mas, ao menos, Erik disse que eu poderia ver Amelie. Ele não estava nem um pouco animado quando disse isso, o que me fez pensar que ele sabia o motivo pelo qual eu poderia finalmente ver Amelie... Mas preferi não pensar no que estava por trás daquilo tudo. Eu ia poder ver minha filha!
    Mais ou menos às dez da manhã, uma enfermeira trouxe a criança. Ela estava enrolada numa manta azul, de lã, e era a criança mais linda que eu já tinha visto. Amelie tinha os cabelos escuros, como os meus, e os olhos, que Erik disse que eram claros, já estavam escurecendo também. A pele era branca como porcelana, os traços do rosto eram perfeitos. Ah, que gracinha que era aquela garota. Eu já estava me apaixonando por ela, nos primeiros segundos desde que ela tinha entrado no quarto. E eu pude segurá-la no colo, e sentir seus dedinho segurando meu polegar com força. Tanta força o quanto era possível para uma criança prematura... Ela estava muito fraca, dava pra perceber de longe.
    Erik também estava todo babão, brincando com ela como um bobo - mesmo não sendo o pai. Eu estava mal por  ele. Erik queria tanto um filho... Eu ainda me lembrava do dia em que descobrimos que eu estava grávida, nós dois estávamos tão certos de que era ao filho dele que eu daria a luz. Ah, Erik. Ele daria um ótimo pai.
    Quase chorei quando a enfermeira disse que precisava levar Amelie de volta. Eu não tinha certeza de quando a veria de novo. Na verdade, pela expressão de Erik, eu não podia ter certeza se a veria mais alguma vez. Droga, eu devia estar feliz, não devia?
    Erik se sentou  ao meu lado, na cama de lençóis brancos do hospital, e segurou minha mão. Ele tinha chorado, eu tinha certeza disso. E o pior é que eu já sabia exatamente o que ele ia falar. Droga, droga, droga.
    -Catherine...
    Olhei-o antentamente, incentivando-o a continuar.
    -Ah, Catherine. -Erik disse, afundando o rosto em minhas mãos -Ela está morrendo.
    Eu já sabia, como disse antes, mas mesmo assim, foi um baque. Senti como se alguém tivesse acabado de me esbofetear na cara. E além disso, ainda estava curiosa. Erik fora julgado como uma má pessoa por todos e por muitos anos... Pessoas ruins nã conseguiriam se importar do jeito que ele se importava.
    Eu não conseguia me mexer ou pensar, fiquei sem reação.
    -Cathy?
    -Oi?
    -Você... está bem?
    Olhei para ele, completamente perdida e desesperançosa. Meu Deus, por que tudo aquilo tinha que acontecer? Matt, o bebê, o adiamento do casamento, tudo aquilo. Minha vida parecia estar sendo tirada de mim, arrancada aos poucos. Tudo o que eu gostava, ia embora, tudo o que eu não gostava, por outro lado, estava bem perto. Como Matt. Eu estava com medo de tudo aquilo.
    -Está me deixando ainda mais preocupado, Catherine... Não faça isso.
    -Desculpe.
    Ele deu um sorriso triste.
    -Não queria que isso tudo estivesse acontecendo. - eu sussurrei, assustada.
    -Acho que ninguém queria.
    Erik me abraçou, e eu me aconcheguei no seu colo. Pelo menos era um jeito de fazer minha mente parar de dar voltas, ao menos por um tempo. Ele parecia ter certeza mesmo de que Amelie morreria. Eu, talvez por ser jovem demais, não consegui me apegar em momento algum durante a gravidez, mas mesmo assim, aquilo doía.
    E nós estávamos certos. No final do dia, fomos informados por uma enfermeira de que Amelie realmente não aguentara. E o pior, foi que ela falou assim, como se estivesse pensando "Dane-se, isso acontece sempre.". Fiquei arrasada. Pegamos nossas coisas e saímos de lá. Eu já estava bem. Meu corpo já estava voltando ao normal, não estava dolorida nem nada.
    Não pude deter as lágrimas. Elas me fizeram companhia durante todo o percurso até o Teatro. Erik tentava me acalmar como podia, mas eu não conseguia ceder. Quer dizer, tudo tinha sido muito rápido. Minha cabeça simplesmente não tinha tido tempo de armazenar tudo aquilo.
    Andamos um pouco pelos corredores escuros, até que Erik parou.
    -Espera um pouco, acho que seu casaco ficou no táxi.
    Droga, era verdade.
    -Já volto.
    Me sentei num banco que estava ali do lado, um tanto quanto receosa. Eu não gostava daqueles corredores, depois das coisas que já tinham acontecido ali.
    -Olá. - a voz veio do meu lado.
    Matt era realmente o maior motivo para eu não gostar dali, e agora, lá estava ele. Tentei disfarçar o susto que levei, estava ficando boa nisso.
    Ele apareceu na minha frente, mas eu nem fiz questão de olhá-lo.
    -E aí, cadê o nosso bebê? - ele se ajoelhou na minha frente, me forçando a observá-lo.
    Nosso bebê? Como ele sabia?  Ele por acaso andou espionando? Me lembrei que ele sabia como chegar à casa do Lago, e devia saber mais, muito mais coisas sobre... sobre tudo. Sobre o que aconteceu, sobre os esconderijos dentro do Teatro, até sobre Amelie!
    Não respondi. Não queria gastar saliva.
    -Ficou muda, Cathy? - ele estava me chamando pelo apelido que Erik me deu? Ele só o tinha visto uma vez, e foi pra apanhar. Ao menos que eu soubesse. -Ou você acha que só porque você apareceu as pessoas pararam de procurar o Fantasma da Ópera?
    -O Fantasma da Ópera morreu, Matt. Há mais ou menos cem anos. Você sabe disso, tão bem quanto eu.
    Me esforcei para não cruzar os dedos enquanto dizia aquilo.  Tinha que colocar em prática tudo o que Erik chamava de "talento de atuação". Eu até que era uma boa atriz.
    -Ah, é claro, não é mesmo? Tudo isso é só uma coincidência, certo? - ele estava sorrindo, provavelmente se achando super esperto.
    -Por que não seria? É sério, Matt, isso tudo é ridículo. Você acha o que, que ele é mesmo um fantasma e por isso ele não morre?
    -Brigitte me disse sobre a água do Lago.
    Droga. Droga, droga, droga. Ah, vou falar logo de uma vez. MERDA. Pronto. Brigitte Giry era uma traidora do caralho. E eu nunca tinha usado tanto palavrão nem na minha mente, não tão poucas palavras.
    Tentei ao máximo disfarçar minha surpresa. Ele se levantou, sério.
    -Pensei que estivesse tentando ser uma pessoa melhor.
    -Estava dando certo, até eu ver você. Ah, Cathy - ele estava imitando Erik de novo. Mas estava fazendo errado, era' Ah, Catherine!'. -Eu sou louco por você.
    -Concordo absolutamente com a parte de você ser louco.
    Ele pegou meu braço com força, cravando suas unhas na minha pele, as eu não demonstrei dor. Já estava mal por causa de Amelie, com cara de choro. Se me rendesse a dor física começaria a soluçar de novo.
    -O que é isso?
    Ótimo. Meu Deus, Erik, eu te amo. Era ele que tinha dito a última frase. Ele estava vindo pelo corredor de onde saíra alguns minutos atrás, com o meu casaco na mão.
    Preciso falar sobre a raiva e a ira que ardiam sobre aquele rostinho lindo?
    Pois é, ele estava furioso. Meu Deus, Erik me assustava de vez em quando. Me assustava bastante.
    Matt ficou parado, com um sorriso de desdém. Ele queria morrer, certo? Só podia. Se ele não tinha medo do Fantasma da Ópera, agora era a hora para repensar seus conceitos.
    Droga, eu tinha mesmo dito (ou pensado) que Erik era o Fantasma da Ópera? Mesmo só na minha mente, isso era muito ruim.
    -Eu não disse pra você ficar longe dela? - Erik gritou, me tirando dos meus devaneios.
    Não, não, aquilo de modo algum era hora para devaneios.
    -Não me lembro disso. - Matt disse, mas percebi que ele, como eu, também estava assustado.
    Erik avançava ameaçadoramente para Matt, que recuava. Uma cena ridícula se formou ali: Matt começou a fugir de Erik, correndo, e então virou num corredor, de modo que eu não conseguia enxergá-los. Fiquei feito boba, olhando eles desaparecerem, sem saber se ia atrás deles ou se era melhor não me meter.
   
    PDV Erik


    Saí correndo atrás daquele moleque. Eu sabia que cumpriria a promessa que tinha feito a mim mesmo. O que me assustava era o fato de Catherine estar tão perto, o fato de que ela pudesse ver... E me julgar. As coisas eram com certeza mais fáceis na solidão. Mas também eram mais tristes.
    Matt corria pra caramba. Mas eu tinha uma vantagem - eu sabia de cada passagem daqueles teatro, e eu não mentia quando dizia que haviam muitas. Existia uma passagem em tdo o lugar imaginável. Logo, Matt era uma presa fácil. Consegui alcançá-lo, assim, e o segurei firme pelo braço.
    Ele tentou me golpear, mas sem efeito. Eu precisava me lembrar se o fio do Pendjab estava comigo... Estava, não estava? A mesma corda com a qual eu já tinha matado tantos outros. Mas fazia tanto tempo... De qualquer forma, era por uma boa razão não era? Tateei pelos meus bolsos, ainda segurando o braço de Matt.

    PDV Catherine


    Eu tinha saído em disparada atrás dos dois, depois que me caiu a ficha de tudo o que podia acontecer se eles ficassem sozinhos. Achei que não fosse achá-los nunca, porque além de ser lerda, estava abalada, e os dois já tinham saído da minha frente há muito tempo.
    Mas eu os encontrei, e desejei nunca ter feito. O que eu vi foi a pior coisa, a última coisa que eu poderia querer ver.
    Erik estava de pé, e em uma de suas mãos, eu reconheci aquela maldita corda. Na outra... Matt. Matt estava morto.
    Ah. Meu. Deus. Aquilo era coisa de mais para a minha cabeça. Erik era um monstro? Um assassino? Ah, eu estava tão tonta... Minha cabeça estava girando.
    -AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
    Aquele berro imenso saiu dos meus lábios. Minha boca estava escancarada de pavor.
    O Fantasma da Ópera se virou para mim. Aquele brilho assassino estava bem ali, em seus olhos, mas logo se dissolveram para deixar o pesar e a angústia reinar naquele azul. Eu estava a uns cinco metros de distância dele.
    -Catherine. Eu...
    Não consegui ouvir o resto da frase - se é que ele tinha conseguido formular uma frase. Eu saí correndo, com toda a velocidade que consegui juntar, para um lugar qualquer. Eu estava apavorada. Não queria que ele me alcançasse de jeito nenhum. A única coisa que me ajudou foi que o Fantasma devia estar cansado da corrida com Matt.
    Por fim, acabei naquele mesmo terraço, que dava vista para a cidade inteira. Me encolhi atrás de uma daquelas estátuas, abraçando minhas pernas. As lágrimas começaram a rolar e eu estava soluçando baixinho.
    "Você não está raciocinando direito. Ele não é o Fantasma da Ópera. Erik, o nome dele é Erik. Você sabe disso. Você ama ele" , pensei, tentando retomar qualquer parte restante da minha sanidade, sem sucesso. Estava discutindo comigo mesma.
    "Mas eu não quero amar um assassino, um monstro... Um fantasma. Não, eu não posso...!", era o que o outro lado do meu cérebro dizia.
    Eu seria capaz de ficar horas naquele debate, e provavelmente não chegaria a conclusão nenhuma.  Minha cabeça estava em outro lugar, estava pensando no ocorrido. No corpo de Matt, sem vida. Na felicidade, seneridade que os olhos do Fantasma transmitiam naquela hora, como se fosse tudo absolutamente normal. E depois, no rosto dele, quando me viu fugir. Droga.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews, ok?
Bjos,
Luna :*



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