Amor Mascarado escrita por LunaCobain


Capítulo 12
Planos


Notas iniciais do capítulo

Está ficando cada vez mais difícil tirar as ideias do meu pobre cérebro, que deve estar diminuindo com o esforço... Espero que gostem desse capítulo.



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POV Erik


Naquele Teatro, o Teatro Abeau, sempre teve uma criança especial para mim. Uma garota, linda, com olhos escuros de ônix e uma inteligência incrível. Catherine, era o nome dela, mas a princípio, eu não sabia mais nada além disso. Havia muitos, muitos anos desde que eu estivera nas entranhas de um Teatro como aquele, mas eu resolvi que valia a pena afastar a garota da solidão. Com a Voz, é claro, qunado ela era muito menor. Era um dos meus "poderes" favoritos. Do Fantasma da Ópera, na verdade, mas eu apenas peguei uma habilidade dele, emprestada. Afinal, eu não era mais ele. Certo? A maldade ainda me tentava ás vezes, mas já fazia mais de um século, se não me engano, que eu não cedia. Mesmo porque da última vez em que eu matei... Eu perdi Christine. Ah, Christine! Eu matei por ela, e nem a ganhei. Christine... O nome que antes soava como uma prece agora me parecia uma praga.


Mas agora tinha Catherine. Ela era diferente das outras, ela nem sabia o quanto. Catherine não era excessivamente magra, como as garotinhas esqueléticas da Ópera, ela tinha as curvas de uma mulher; e era mais alta até que a sra. Giry, apesar de baixinha para mim. Mas ela não gostava das saias, das sapatilhas e da maquiagem. Tenho certeza que, se fosse permitido, ela usaria jeans, All Star e camiseta todos os dias da vida dela.  Ela era órfã. E mais inteligente do que todas aquelas meninas juntas, e provavelmente, com o dobro da criatividade. Não é todo o dia que se encontra uma mente assim. Mas não era só pelo cérebro dela que eu me fascinava. Era pela beleza, também. Sim, é claro, eu era o monstro a procura de beleza. Mas a pele clara, constratando com os lábios rubros, o corado das bochechas, e o castanho-escuro do cabelo ondulado e dos olhos... Ela me ganhou.


A Voz, porém, não funcionou. Na verdade, funcionou para ela. Mas, certo dia, quando aquele Arnaud trouxe o primo americano pela primeira vez, e ele tentou beijar Catherine. Na verdade, eles tinham uns sete anos na época, ela e Arnaud. Matt devia ter uns dez, mas a história se repetiria mais  tarde. Nesse mesmo dia, percebendo que Cathy - como eu a apelidara carinhosamente - sentia também alguma coisa pelo estrangeiro, eu decidi deixá-la. Senti ua leve pontada de arrependimento. Ela se afastou das pessoas. E chorava, não foram apenas dias ou semanas que ela passou chorando por sentir a falta da Voz. Nem meses, sequer. Foram anos.


Mas depois, com treze, ela estava ainda mais bonita. Como se isso fosse possível. Os cabelos estavam curtos, alguns dedos abaixo dos ombros, e formavam cachos largos nas pontas, de vez em quando. Os cílios pareciam ainda mais espessos, longos e curvados. Mas havia sempre uma sombra de tristeza em seus olhos. Durante os seis anos em que eu tinha ficado só observando, como mero espectador, ela mostrara seu talento. Ela ainda se recusava a cantar, é claro, mas apenas falando se percebia o tom divino em sua voz. Dançava muito bem, apesar de não gostar muito de se apresentar - era terrivelmente tímida. E, quando algum dos músicos faltava, ela pegava o instrumento, indepente do fato de ela nunca ter encostado a mão em alguns deles, ficava um minuto tentando descobrir como funcionava e depois tocava com maestria. Simples assim. Fizera aulas de piano e era muito boa para tirar músicas de ouvido, e também aprendera sozinha a tocar violão maravilhosamente. A garota era quase como eu, era quase como se eu pudesse ver o reflexo de minha alma olhando para seus grandes olhos escuros. E ela era um pouco malvada, admito. Maldosa, talvez seja a palavra que se encaixe melhor. Mas acho que talvez fosse coisa de órfão. Eu a entendia.


Então, eu consegui me apresentar a ela, depois de fazer minha aparição no Baile de Máscaras. E levá-la até a casa do Lago. Quando eu menos esperava, Catherine estava me beijando. E me abraçando. E então, eu construí um quarto para ela. Na minha casa. Ah, Catherine. Catherine. Esse nome, sim, era uma prece. E a dona do nome, tinha realmente caído do céu.


Mas tudo o que é bom dura pouco. A velha Giry resolveu estragar a diversão. Estava tudo indo tão bem... E ela ainda me acusou de estar enganando a menina - minha pequena, Catherine. Catherine me vira sem a máscara, já naquela hora. E sua reação foi realmente espantosa. Eu ainda me lembro...


-Erik, eu te amo. - foi o que ela disse.


E ela me beijou. Depois de ter tirado a máscara. Ela não tinha se importado com o meu rosto? Foi uma das melhores coisas que me aconteceu na vida.


–Ah, Catherine, eu te amo. Eu te amo. Você nem tem ideia do quanto. - eu sussurrei pra ela, sem fôlego, depois que ela se distanciou um pouco.


–Eu te amo, Erik. - ela respondeu.


E Catherine me amava, então? Eu acreditava nela. Eu podia ver a pureza em seus olhos. Christine não me amara. Minha mãe não me amara. Com certeza, Catherine era muito boa. Ou muito louca. Mas eu simplesmente acreditava, e a amava de volta. Eu a amava desde que ela era uma criança.


E a Giry ainda tinha a coragem de afirmar que eu a estava enganando? Ela teve a ousadia de entrar no meu camarote, e começou a berrar comigo.


–Erik! -berrou Brigitte -O que você quer com ela?


–Ahn? - eu estava fazendo um dos meus joguinhos, é claro - Do que está falando?


–Catherine! Você sabe perfeitamente bem... - Giry estava muito, muito irritada.


–Ora, você não devia ser egoísta! Eu gosto dela, e ela gosta de mim. As coisas são bem simples desse jeito.


–Erik, você a está enganando, não é? Quero que fique longe dela.


–Não a estou enganando. Ela tirou a máscara. E ela não se importa. A propósito, não pretendo ficar longe...


–Não me irrite. Olhe, os pais dela estão lá fora e querem levar ela embora. Eu não permitiria, e ela mesma não quis, mas eles farão visitas. Se eu souber que vocês andaram se encontrando... Eu a mando embora daqui.


Depois daquilo, eu não podia me arriscar. Se Catherine fosse embora, e eu não soubesse para onde, eu nunca mais a veria. Fiquei muito tempo sem vê-la. Uma apariçãozinha aqui, a Voz ali, mas aquilo era pouco. Eu a seguia -a Catherine, eu me refiro - por toda a parte, pelas entranhas do meu Teatro. Mas não fui rápido o suficiente para salvá-la de Matt. Eu estava contente por ela ter me defendido, mas ela bateu nele. O garoto era grande, para a idade. E conseguiu quebrar uma ou duas costelas de Catherine. E luxar a perna esquerda dela. Felizmente, consegui permissão de Brigitte para cuidar dela sem correr riscos de mandá-la para longe. E me surpreendi quando fiquei sabendo que ela falava umas dez línguas. E, quando ela pode sair do hospital, ela foi para a minha casa. Eu lhe propus casamento e mostrei no que eu gastei o meu tempo: uma estátua dela. Ela gostou, eu acho. E perdeu a virgindade. Sei, eu sei que deveria me sentir culpado. Ela pode até parecer mais velha, mas ainda agora, tinha apenas catorze anos... Foi a melhor noite da minha vida. Catherine. Eu a amo.


E então, como se o universo estivesse armando contra nós, os pais dela querem que ela se case. Acho que eles começaram a simpatizar comigo, talvez, mas Brigitte, que ainda estava viajando,  não. Ela não poderia se casar comigo. Naquela hora, várias ideias me passaram pela mente. Eu estava apenas imaginando o que faria se Catherine fosse embora, se ela se casasse com outro. E ela também parecia desesperada. Ah, Catherine! Minha pequena...


Depois que a mãe resolveu deixar ela voltar para me ver, nós combinamos o que seria feito. E o Fantasma da Ópera voltaria! Mas Catherine, eu percebi, ficava assustada com a ideia.


Pelo menos, com nosso plano, eu podia ter minha pequena nos braços. Podia aninhá-la em meu peito. Podia beijá-la. Por muito, muito tempo.



POV Catherine


Eu estava decidida a não voltar lá pra cima, para o  Teatro, ou para meus pais. Mas ao mesmo tempo, eu estava assustada. Apavorada. Era maravilhoso ficar com Erik. Mas não com o Fantasma. E eu estava começando a perceber que ele ainda estava lá, dentro do Anjo,  como uma única nuvem no céu claro. O Fantasma da Ópera. As sombras ainda não tinham saído completamente do coração de Erik. Mas ainda assim, e mais do que nunca, eu o amava. E ele me amava. Não me machucaria, sob hipótese alguma. Ele me salvara. Ele sempre cuidava de mim. E eu precisava afastar esses pensamentos ruins de perto.


Estávamos deitados na cama do quarto branco. Erik me aninhava em seu peito enquanto eu tentava me acalmar mentalmente. Na verdade, minha mente estava desesperada, mas meu corpo estava totalmente relaxado. Era bom, tão bom, sentir Erik perto. Esse turbilhão de sentimentos não podia me fazer bem, de jeito nenhum.


-No que está pensando? - Erik disse, baixinho, acariciando meus cabelos.


-Em você... - eu sussurrei, apoiando o queixo em seu peito para encará-lo. Ele era lindo. Podem me chamar de louca, se quiserem, mas ele era lindo, sim. Desde que não bancasse o Fantasma de novo. Não perto de mim.


-Eu te amo, Catherine. Mas...


-Que foi?


-Ah, Catherine. Eu te assustei, não é? Eu sei disso. Consigo enxergar o medo em seus olhos.


-Eu só... Sei lá. Talvez eu esteja apenas um pouco surpresa.


-Não é, não. Você sabe disso. Eu não quero que você tenho medo de mim.


Erik olhava em meus olhos, segurando meu rosto entre as mãos. Eu estava em cima dele, e ele tinha que erguer o olhar para me ver.


-Tudo bem. Só... Só não pense em coisas malvadas. Sei lá. - eu estava tentando acalmar a nós dois ao mesmo tempo.


-Eu não sou mau, Cathy.


-Eu sei disso.


Ele me encarou desconfiado, e pareceu querer enxergar a minha alma.


-Hmm - ele murmurou, e ia começar a dizer alguma coisa, mas eu tapei a boca dele com uma das mãos.


-Erik, eu te amo. Por que acha que eu estou aqui? Para poder me casar com você, Erik, e não com Arnaud, Bertràn ou outro garoto qualquer. Lembra?


Erik tirou a minha mão de sua boca, apertando-a gentilmente.


-É, lembro sim. E eu te amo. Mas é desesperador pra mim ver que você fica assustada...


-Talvez, eu tenha um pouco de medo do Fantasma da Ópera, está bem? Só isso; pense que tudo isso é novo pra mim. Mas você não é mais o Fantasma da Ópera, Erik. Ao menos aqui. Você mesmo me garantiu isso.


"Assim espero", acrescentei em pensamentos.


-Tem razão, Catherine. Toda a razão.


Me debrucei sobre Erik e o beijei. Sem medo, sem receio. Como deveria ser, não é? Não precisava ter medo dele. Era ridículo.  Completamente ridículo. E o Fantasma da Ópera não existia. Só quando me era conveniente, é claro. Dei uma risadinha comigo mesma. O Fantasma da Ópera me arranjaria o casamento com Erik, e me livraria dos problemas, mas vê-lo bem ali, em Erik, ainda era uma ideia estranha. Aos poucos, talvez, o medo se fosse por completo.


Não tinha noção do tempo na casa do Lago. Dormia quando tinha sono, sem a luz da manhã para me acordar, ou a escuridão da noite para me fazer fechar os olhos. Erik, de vez em quando, tinha que sair de seu esconderijo; e eu nem queria imaginar o  que é que ele fazia quando não estava comigo. Em geral, eram só uma ou duas horas. Mas uma vez, eu calculei que eram mais de seis horas que Erik estava fora. Fiquei alarmada - e se alguma coisa tivesse acontecido?


Fui para a sala, tentando me acalmar. Aqueles instrumentos me tentavam. Há muito tempo eu não tocava nada. Me sentei em frente ao órgão. Tinha partituras por todos os lados, mas eu não sabia ler partituras muito bem - não tinha problemas com a clave de sol, mas nunca era rápida o suficiente com a de fá. Até tentei, mas as músicas eram realmente complicadas para o meu pobre cérebro... Então, tentei tocar qualquer coisa... Havia uma música na minha cabeça, tocando, e eu queria ver como ficaria o som no órgão. A melodia começou a soar na sala, e era bonita. Nem de perto como a de Erik, mas bonita. Fui fazendo umas melhoras aqui e ali...  Por fim, parei, tentando saber se ia conseguir me lembrar de tudo aquilo depois. Ouvi alguém bater palmas atrás de mim e quase morri de susto.


-Erik?! Quer que eu tenha um ataque cardíaco, é isso? - eu disse, me virando para trás num pulo.


Erik arregalou os olhos por um momento, e depois sorriu.


-Você tem talento.


-Uhum, até parece. - eu disse, com um sorrisinho bobo, mas mudei de assunto. -Você demorou...


-É, eu sei. Parece que nosso amigo americano não foi para casa. E Brigitte também está de volta. O Teatro está uma bagunça por sua causa.


-Sério?


-É. Acho que se voltasse agora, eles não te obrigariam a casar.


-E nem me deixariam voltar pra cá...


-É... É verdade.


Eu não queria voltar, de jeito nenhum. Principalmente se Matt estava lá. Ou Brigitte. Ou Michelle. Mas eu sentia que teria que voltar. O meu maior medo era ver o que o Fantasma causara, na verdade.


-Mas... eu vou ter que ir embora uma hora, eu acho. Sei lá.


-Não vai, não, Catherine. Não se você não quiser... Nós vamos nos casar. E então, talvez eu possa ter uma vida um pouco mais normal do que isso aqui. - Erik fez um gesto apontando todo o recinto.


Eu me sentia mal por ele.


Andei até ele, abraçando-o, enquanto ele acariciava meus cabelos.


-Eu te amo, Erik.


Erik não respondeu. Ele me puxou para si,me pegando no colo,  e me levou até seu quarto. Até a sua cama, para ser franca. Dei um sorriso exuberante, enquanto Erik "subia" em cima de mim. Então eu consegui minha resposta.


-Ah, Catherine. Minha Catherine... Eu te amo. - Erik estava sussurrando no meu ouvido com aquele sorrisinho safado que eu conhecia.


Ele abaixou um pouco o rosto e seus lábios tocaram os meus. Suas mãos desceram até meus quadris enquanto as minhas subiam até o pescoço dele. Sem parar o beijo, eu tirei a camiseta dele - antes eu pensei que ele tinha mudado o estilo só para sair em público, mas não. Ele estava com um jeans rasgado e uma camiseta preta justa. Eu não resisti, tive que passar a mão pelo tanquinho perfeito. Afinal, ele estava perto demais para que fosse possível pensar direito. E já era impossível manter distância. Erik, ah, Erik...


Naquele momento eu tive mais certeza do que nunca. Eu queria me casar com Erik, e passar todos os dias da minha vida ao lado dele. Se existisse algo maior do que o amor... Eu com certeza sentiria por Erik. Eu o amava como nunca pensei que fosse capaz.


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Notas finais do capítulo

Bjos,
Luna :*



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