Amor Mascarado escrita por LunaCobain


Capítulo 10
Problemas


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um capítulo. Esse foi, com certeza, o capítulo mais dificil de escrever até agora. Espero que gostem.



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-Ahm... Acho que não, Erik. Mas eu não acho que... - fui interrompida.


-Vai ficar suja de sangue? Sinceramente, Catherine, eu esperava um pouco mais de ousadia da sua parte.


-Erik, você está me provocando.


-É, acho que eu sei disso. - ele disse, rindo


-Muito bem, que se dane, então. - eu o desafiei, arqueando uma sobrancelha.


O riso de Erik agora era uma gargalhada. Ele pegou uma muda de roupas, e a encarando.


-O que você vai vestir?


-Sei lá.


-Que tal isso? - ele perguntou erguendo uma minissaia preta - acho que de couro - e uma camisa xadrez, com um regata, e um All Star. Sim, um All Star, branco, de cano alto.


-É claro. - eu disse - Mas de onde foi que isso surgiu?


-Uhm, pode me culpar. - ele disse, abrindo o armário. Eu havia deixado todas as roupas que eu tinha levado apra lá numa nas gavetas da cômoda; mas o armário estava cheio.


-Erik!


-Ah, eu não vou me desculpar por isso.


-Você tem bom gosto.


-Eu sei. Aliás, é por isso que você estar aqui. - sua voz assumiu um tom sedutor e eu não aguentei, me derretendo num sorriso bobo. - Tudo bem, vamos lá.


Erik me levantou, e a dor veio. Resmunguei um pouco, mas a sensação agonizante não durou muito tempo, felizmente. Ele me levou até o banheiro, levando também as minhas roupas. Ele me tentou me deixar de pé, e eu me apoiei na perna direita, porque a esquerda realmente doía muito. Olhei para ela, tentando entender a razão da dor. Estava um pouco inchada, com um corte e hematomas. Em outras palavras, estava horrível. Então, a parte "ruim" começou. Erik começou a encher a banheira, enquanto eu tirava a roupa, ainda me mantendo em uma perna só. Ele virou o rosto para mim, analisando a cena.


-Erik, pode voltar a sua cabecinha para lá! - eu ralhei com ele, rindo.


Depois ele me ajudou a entrar na banheira, me lembrando que eu não devia fazer esforço por causa da bendita costela quebrada. Minhas costas e barriga estavam com vários hematomas, e sangrando um pouco.


-Vamos ter que enfaixar... - Erik cantarolou.


-Não, não e não.


-Então jure que não vai se mexer nem um milímetro sem a minha ajuda.


-Hm, tudo bem, eu juro.


Tomei um banho enquanto Erik ria e tentava não dar olhadelas em mim, mas sabendo que o esforço era inútil, porque de um jeito ou de outro, ele ia ter que me ajudar até a me secar depois. Eu era mesmo um bebezinho. Droga.


Depois que demos um jeito nessa parte de coisa, ele me levou para o quarto dele.


-Você sabe que dói quando você me levanta, não sabe?


-É, eu sei - Erik respondeu, chateado -Mas, juro que estou tomando o maior cuidado possível.


-Tudo bem, eu sei. Mas depois disso tudo, nem pense em me tirar do seu quarto, não hoje. - eu disse, rindo.


Ele me deitou na cama dele e eu percebi que eu amava o meu quarto, mas o quarto dele era ainda melhor. O quarto de Erik tinha a essência dele, o cheiro dele... E, confesso, várias máscaras... Ah, Erik! Mas ele estava sem a máscara agora. Ele não precisa se esconder de mim. Ele se deitou do meu lado, o rosto de frente para o meu. Eu não queria que ele ficasse deitado para sempre, ele ia enjoar de mim. Mas enquanto ele queria aquilo, para mim estava ótimo. Passeei com os dedos pelo seu rosto, e depois eu o puxei para mim. Passei a língua de leve em seus lábios entreabertos e ele sorriu. Nos beijamos como se não houvesse amanhã. Era uma pena que eu não pudesse me mexer muito, a cada minuto que eu estava com Erik eu me lamentava por isso. Esperava que Matt também estivesse com esse tipo de problemas.


Levei um susto quando começou a tocar Snow, do Reh Hot Chilli Peppers, no quarto. Droga, era meu celular. Estava em cima do criado-mudo ao lado da cama. Era Michelle, e eu atendi, enquanto Erik beijava o meu pescoço.


-Onde você está, mocinha? - ótimo, ela estava dando uma de mãe. E de mãe irritada.


-Ahm, como assim?


-Sabia que você não devia estar andando por aí? Você quebrou uma costela! E todo mundo está te procurando.


-Não se preocupem comigo, estou ótima.


-Onde você está?


-Não te interessa. - ela respirou fundo do outro lado da linha.


-Olha só, tudo bem, mas espero que esteja se divertindo. Vai ter que voltar de noite, você tem médico.


-Que horas?


-Não te interessa! - ela riu. -Tudo bem, esteja no seu quarto às sete, e por favor finja que não saiu do quarto. Tchau.


Droga. O tempo indeterminado acabou?


-Que foi? - Erik perguntou, os lábios se distanciando do meu ombro, os olhos nos meus.


-Nada, é só Michelle.


-Sua mãe?


-Eu não tenho mãe. Enfim... Eu vou ter que voltar pra lá.


-Agora? - Erik arregalou os olhos.


-Não, de noite. As sete. Por causa do médico. Você vai ficar comigo?


-Quer que eu fique? - ele perguntou, ainda transtornado


-Precisa perguntar, Erik? É claro que eu quero.


-Tudo bem. Acha que eles vão te deixar voltar para cá?


-Espero que sim. E se não deixarem, eu vou voltar do mesmo jeito. - eu disse, sorrindo.


"Se você quiser." As palavras não foram ditas, mas ficaram ali, pairando no ar, no pouco espaço existente entre nós dois. Esse espaço, no entanto, foi cruelmente diminuído por Erik em alguns segundos. Ficamos o dia inteiro juntos, mas a noite teimou em chegar.


Um pouco antes das sete, Erik me levou até o meu quarto - dessa vez o quarto que eu dividia com as outras meninas- , me pegando no colo para não repetir o acidente ocorrido de manhã. É claro, já que ele prometeu que ia ficar comigo, ele recolocou a máscara. De repente, estávamos lá, no "mundo real" - é claro, tudo com Erik parecia um sonho. Estava vazio, ainda, mas eu sabia que dali a alguns minutos, ficaria cheio. Eu estava de novo naquela cama, fingindo que desde ontem a noite eu não saira de lá. "Ótimo", pensei, deixando o braço pender para fora da cama, a mão tocando o chão. Erik se sentou no chão ao meu lado, entrelaçando nossos dedos, sorrindo. Alguém bateu na porta.


-Catherine? É a mamãe! - gritou uma vozinha fina. Eu bufei.


-Pode entrar, Michelle. - me recusava a chamá-la de mãe.


Ela e Luigi entraram. Eu imaginava que os dois fossem casados u ao menos namorados, ficantes, ou sei lá o que. Mas eles não tinham alianças ou demonstravam afeto um pelo outro. Pareciam apenas amigos.


-Esse é...? - disse Luigi, apontando para o lugar onde Erik estava sentado.


-Ah, esse é Erik. Ele praticamente salvou a minha vida. - eu falei, querendo que ele causasse boa impressão. -Erik, esses são Luigi e Michelle.


-Os pais dela - Michelle resmungou


-Ou não - eu sussurrei para Erik, revirando os olhos.


-E você e Catherine estão...? - Luigi começou, se interrompendo.


-Namorando? - Michelle completou o pensamento, nos fuzilando com os olhos.


E eu percebi que eu não sabia o que estava acontecendo. Erik e eu passávamos a maior parte do tempo juntos - quando nos era permitido, ou seja, quando a sra. Giry estava fora - mas nós nunca tínhamos usado a palavra "namoro", ou coisas do tipo. Nos entreolhamos.


-Estamos? - Erik perguntou, um sorrisinho lindo brincando no canto dos lábios.


-Ahm... Acho que sim. - respondi, feliz. Ele apertou minha mão, de leve.


-Quantos anos você tem? - perguntou Michelle.


-Eu não sei. - ele respondeu, depois pensou um pouco. - Mas, pela minhas contas, tenho no mínimo vinte e seis. - olhei pra ele, tentando não arregalar os olhos. "O que ele está fazendo?" Ele se limitou a sorrir.


-Ele é doze anos mais velho do que você. No mínimo.  - Michelle estava irritada, mas Luigi estava completamente calmo.


-Legal. - respondi.


-Catherine Daaè!


-Ah, não, não usa esse sobrenome nããão... - resmunguei, fechando os olhos com força.


-Catherine! Está me ouvindo? Você não pode...


-Posso sim.


-Eu sou sua mãe, e eu estou mandando....


-Não é, não. Eu passei doze anos sem mãe nenhuma, e estava muito bem assim. Você tá estragando tudo. Eu sou órfã. - sim, eu sabia que eu estava sendo cruel.  Mas o universo de repente começou a conspirar contra mim? Todos queriam me separar de Erik - Matt, Brigitte, e agora ela? Isso não era justo.


Lágrimas começaram a cair dos olhos de esmeralda de Michelle, e ela recuou. O doutor Fritz entrou, e eu nunca na minha vida fiquei tão feliz por ver um médico na minha vida.


-Boa noite! - ele disse, animado, em alemão. Eu me perguntei por que els tinham chamado um médico que só falava alemão se ninguém ali sabia falar alemão.


-Oi. - respondi, confusa por causa de todo o tumulto. Erik ainda segurava minha mão direita entre as mãos quentes dele.


-Como vai a mocinha?


-Bem, eu acho.


-O que ele está falando? - Erik perguntou


-Perguntou se estou bem. - eu disse, mudando o idioma em meus pensamentos, olhando para ele.


-Lembrou-se de comentar a sua aventura hoje de manhã?


-Acho melhor não falar nisso.


O médico voltou a falar.


-Está muito dolorida?


-Menos do que ontem, mas ainda dói bastante.


-Hmm, isso é importante. - enquanto ele falava, ia anotando as coisas em sua prancheta.  - As suas costas não sangraram, não é? - ele agora estava examinando as minhas costas, que tinham um corte.


-Ahm, bem... Talvez.


-Quanto.


-Bastante.


-Você vai precisar ir pro hospital se isso acontecer de novo, querida. Pode lhe faltar sangue, e isso seria perigoso. Isso é, se você não quiser ir para o hospital agora. - seus olhos se arregalaram enquanto ele examinava a extensão dos machucados.


-E agora? - Erik interrompeu


-Agora o quê?


-O que ele está falando?


-Ah, ele perguntou se eu não quero ir para o hospital.


-Ele acha que você deveria? - dei uma olhada no rosto do médico.


-Eu acho que sim.


-Então diga que vai.


-Por quê?


-Ah, Catherine, eu vou com você, se você quiser. Só não quero que corra perigo.


-Certo. - resmunguei, mal-humorada por ter cedido à chantagem. Falei ao médico que ia. Droga.


Michelle e Luigi nos deixaram, depois de dizer que iam para o hospital também, mais tarde. Erik abriu o meu armário, perguntou se tinha alguma além das roupas que eu queria levar além das roupas.


-Depende, quanto tempo eu vou ter que passar lá?


-Não sei, Cathy. Alguns dias.


-Tudo bem, então eu vou precisar da minha escova de cabelo e da escova de dentes. Hm, acho que o meu perfume...  - Erik foi concordando com a cabeça, procurando todas as coisas que eu lhe apontava.


De repente, ele parou e endireitou as costas, com alguma coisa nas mãos.


-O que é isso? - ele disse baixinho, mas alto o suficiente para que eu ouvisse


Ele virou o corpo, mostrando o objeto que segurava. Era minha caixa de música. Era algo da família, e eu não sei por que a guardei, mesmo depois de ter raiva do meu sobrenome. Era uma caixinha que tocava uma música linda, e tinha um macaquinho com pratos na mão. Pelo o que as pessaos falavam, Raoul de Chagny o comprara num leilão.


-Ah, é uma caixa de música. Isso foi passado de geração em geração da família; ganhei quando era um bebê. Eu nem lembrava disso.


"Ah, essa não." Erik estava emocionado?


-Catherine, eu vou te dizer uma coisa. Você viu a história do Fantasma da Ópera, viu a parte em que eu... ahm... derrubei o lustre. Mas você não viu depois disso, e eu te disse que a história é verdadeira. Bom, depois disso, eu tive que fugir E eu deixei minhas coisa no Ópera Populaire. Essa, ah, essa era a minha caixinha de música. Eu acho. Se lembra onde foi o leilão?


-Nas... Bem, nas ruínas do Ópera Populaire, na verdade.


Ele sorriu como uma criança com seu brinquedo, e deu corda. A musiquinha começou e Erik começou a cantar baixinho. Masquerade, paper faces on parade... Masquerade, hide your face and so the world will never find you.


-Tudo bem, é sua. - ele me olhou, e eu pensei que ele fosse falar alguma coisa como "Catherine, ficou louca", mas não. Ele sorriu.


-Obrigado. Isso significa muito para mim. - Erik me deu um beijo na testa. - Agora, vamos. Seus pais... Quero dizer, Michelle e Luigi chamaram um táxi para nós, mas só vão depois.


E lá fui eu, novamente eu seus braços, pelos cantos escuros do Teatro Abeau. Ele me ajudou a sentar no banco traseiro do táxi, sentando ao meu lado. Seguimos pelas ruas iluminadas, até um hospital que eu não conhecia.


No hospital, eu fiquei num daqueles quartos grandes que são divididos com várias pessoas e onde, para se ter privacidade, é necessário puxar uma cortina ao redor da cama. Pelo menos, nenhuma das pessoas que eu pude ver estava em estado muito ruim. Isso devia ser bom. Erik ficou sentado ao lado da cama, numa poltrona, segurando minha mão. Eu já visitara pessoas no hospital, mas nunca tinha precisado estar do outro lado da história. Aquilo era uma droga. 


Dessa vez, foi um médico francês mesmo que nos atendeu. Melhor, eu já tinha esgotado todo o alemão da minha mente. E então eu percebi alguma coisa quente, e olhei para baixo. Mais sangue. Eu imaginei que já não devesse ter mais aquele tanto de sangue. O médico arregalou os olhos.


-Andou fazendo algum esforço?


-Não. Nem um pouco.


-Hm. Isso é ruim. Acho que talvez seja necessário imobilizar sua perna e as costas . A propósito, precisamos fazer uma tranfusão de sangue


Eu sabia o que aquilo significava. Agulhas. Ah, credo. Eu nunca tivera pavor de agulhas ou algo do tipo, mas parecia horrível naquela hora a ideia de ter agulhas injetando sangue para dentro de mim. Eu tinha pavor de ver sangue. Ás vezes, eu desmaiava. Principalmente quando não era o meu sangue.


-Qual o seu tipo sanguíneo?


-A positivo.


-Tudo bem, isso vai ser fácil. Eu já volto.


Eu tinha certeza que meus olhos estavam quase saindo das órbitas. Além de ter que ficar parada, eles iam me furar. Acho que seria melhor fazer alguma tatuagem se eu quisesse agulhas perto de mim. Eca. Agulha com sangue.


-Você está palida. - Erik disse, passando a mão pelo meu rosto, me encarando.


-Muito obrigada, Erik.


-Mas você está linda. Continua linda. Só estou preocupado. - seus olhos estavam profundos e em algum lugar em meio à intensidade eu vi aquela mágoa constante.


Para minha infelicidade, a transfusão de sangue foi mesmo necessária. E horrível. Mesmo assim, só fechei os olhos, tentando não fugir da agulha. Erik não soltou da minha mão nem por um segundo. Quando eu abri os olhos, lá estava eu: engessada e com uma agulha injetando sangue para dentro de mim.  Droga. O sangue ainda estava por perto.


-Você vai ficar melhor. Só precisa ficar em repouso por alguns dias. - o médico disse, largando a cortina aberta e se virando para o "quarto" ao lado.


Erik beijou minha testa e depois começou a acariciar os meus cabelos.


-Se sente bem?


-Acho que sim.  - eu disse, sorrindo para ele.


-Ahm, Catherine?  Olha... - Erik estava apontando o lugar para onde o médico se dirigira alguns segundos antes.


O médico tinha abrido a cortina ao lado, revelando o paciente. Ah. Meu. Deus. Quem estava bem ali, deitado á alguns metros de distância era Matt. Não acredito. Ele estava horrível - dentro de seu possível. Um olho roxo, a boca inchada, um braço engessado.. Fui incapaz de sentir dó, apesar de saber que ele estava assim por minha causa - e por causa de Erik. Mas eu estava daquele jeito por causa dele. Não pude sentir nada a não ser raiva e, talvez, nojo. E ele me viu. Ótimo.


-Erik, você pode fechar essa cortina, por favor.


-É claro.


Erik se levantou para fechar as cortinas, dando-nos um pouco de privacidade. Aí eu percebi que, apesar dele estar com sua meia-máscara, ele não estava com as roupas do século passado, que se adequavam perfeitamente no Teatro Abeau, mas com certeza não ficariam boas ali, no hospital. Ele estava com uma calça jeans azul-escuro, uma camiseta com decote em V branca e umma jaqueta de couro. Legal. Tenho que admitir, Erik estava... Gostoso, com aquela roupa. Tudo bem, não acredito que pensei nisso, mas não foi nada além da verdade. Aposto que ele tinha um tanquinho. Ah, meu Deus. Eu era uma menina de catorze anos tarada. Mas a notícia boa é que Erik era todinho meu. Isso quase me fez gargalhar.


-Catherine? - ouvi a voz (agora irritante, aos meus ouvidos) de Matt vir de algum lugar de trás da cortina fechada. Eu não pretendia responder. Não queria que ele tivesse certeza de que era eu.


Erik, ainda de pé, olhou pra mim, fazendo uma pergunta com os olhos. Só fiz que não com a cabeça e fiz um gesto pra que ele chegasse mais, com o indicador. Eu precisava dele bem perto agora. Eu o beijei, me mexendo o máximo que podia, aliviada por saber que não ia mais começar a sangrar se me esforçasse um pouco mais do que deveria. Dessaa vez, em vez das meus dedos irem para o seu cabelo e os braços no pescoço, minhas mãos pousaram no seu peito, inconscientemente. Acho que estava testando a minha teoria sobre os músculos. "Peitoral definido", pensei, com malícia. Eu nem estava me reconhecendo. Deixei um sorrisinho bobo brincar nos cantos do meu lábio quando Erik se afastou alguns centímetros, puxando o ar pela boca.


-Você ficou lindo com essa roupa. - eu falei, de bom humor


Erik fez uma careta, se inspecionando.


-Ahm... Sério?


-É!


Ele sorriu.


-Que bom que acha isso.  - e ele me beijou, uma mão em meu rosto e outra na minha nuca, passando os dedos pelos meus cabelos.


Ah, Erik! Eu o puxei mais pra perto, sentindo seu cheiro. Era impossível descrever aquele cheiro - era um cheiro quente, mas ao mesmo tempo refrescante e, para mim, já tinha cheiro de casa. Mas, sabendo disso, ninguém ainda poderá fazer ideia de como era o cheiro. Impossível, só podendo você mesmo cheirar Erik, o que também era impossível, visto que ele me pertencia. Suas mãos desceram para o meu pescoço, a boca ainda na minha, a língua passeando por lá. Em algum lugar no fundo da minha mente, eu ouvi alguém puxando a cortina em volta de nós, mas eu não queria parar.


-Catherine Daaè, o que é isso?


Michelle?


-Não, esse sobrenome de novo não. - eu resmunguei.


Erik já tinha se afastado, a face esquerda rosada - como a direita também deveria estar, é claro, mas deu pra entender. Michelle me olhava com olhos arregalados. Não pude avistar Luigi.


-Ahm, isso é um hospital, eu acho. - falei, com ironia


-Me refiro a ceninha que você... vocês, estavam protagonizando.


-Ah, bem, não foi ceninha nenhuma, Michelle. A propósito, pode parar de agir como se Erik não estivesse aqui?


-E você, não pode parar de agir como se fosse órfã?


-Eu sou.


-Não, eu sou sua mãe. Quem tem mãe não é órfão.


-Não te considero capaz de ser mãe de ninguém, mas além disso, não te considero minha mãe.


-Catherine, não é nada agradável ouvir você falar isso.


-Não sei por que, é a verdade!


-Catherine, me entenda. Acontece que ele - ela olhou para Erik, rapidamente - tem quase a minha idade. Você é jovem, e está em Paris! Precisa se casar e começar uma vida nova, mas...


-Mas o quê? Não está querendo também que eu me case com Arnaud, né?


-Arnaud é adorável.


-Arnaud é nojento. Erik é adorável. - dei uma olhadinha para Erik, tentando evitar que a palavra "gostoso" saísse dos meus pensamentos transformada em palavras.


Michelle se limitou a bufar, se dando por vencida, se sentando em outra poltrona. Perto de Erik. Legal. A cara dela era impagável e eu estava mordendo as bochechas tentando não rir.


-Por que a máscara? - ela perguntou, ainda com desprezo.


Erik olhou para ela, desconfortável, e depois olhou pra mim, pedindo ajuda.


-Por que não para de se meter na vida dos outros? - perguntei, com a voz calma, sem a ironia, simplesmente perguntando.


-Só quero saber.


-Você precisa saber?


-Se você pretende ficar com ele, acho que sim.


Bufei. Olhei para Erik, e dessa vez quem pedia ajuda era eu.


-Catherine? Psiu, Catherine? - ah, que maravilha, era Matt.


-Que é? - eu perguntei, desviando o olhar dos dois à minha esquerda, olhando para o rosto de Matt.  Ele ficou só me olhando por algum tempo.


-Desculpe. Eu fui um idiota.


-Acho que eu sei disso, Matt. - ele não devia ter voltado pra casa dele?


-Ah, Catherine, por favor, me desculpe. Não vou conseguir viver com um peso desse tamanho sobre os ombros. - eu fechei os olhos.


-Matt, você acha que eu deveria te desculpar? Acha que merece isso? - ele respirou fundo.


-Não. Acho que não.


- Ótimo.


Me voltei para à esquerda, novamente, abrindo, vendo se as coisas tinham evoluído entre Erik e Michelle - já que tinha parado de prestar atenção neles por um tempo perigoso. Ah, essa não. O que eu vi não era a coisa que eu esperava. As cortinas tinham sido fechadas e Erik estava sem a máscara. Ah. Meu. Deus. Michelle tinha recuado para trás, os olhos arregalados. Erik estava visivelmente abatido pela reação dela. Ah, Erik! Ele era tão lindo. Se ele soubesse disso, eu tenho certeza que toda a tristeza e a raiva que ele carregava consigo iria embora. E aí sobraria só o lindo e doce Erik! Meu Erik.


-Erik, o que você fez? - eu perguntei, baixinho.


-Ela queria saber, não queria? - ele disse, angustiado. -Mas já me arrependi.


-Você é lindo. - eu disse, ainda mais baixo do que antes, e eu percebi que eu estava chorando um pouquinho. Por ver Erik naquela situação. Michelle ainda não conseguia falar.


Ele sorriu, mais era o sorriso mais triste que eu já tinha visto na minha vida. Eu ergui a mão, acariando seu rosto descoberto. Michelle "acordou".


-Catherine. É. Isso. Que. Você. Namora?


-Sim, Michelle. - eu disse, me levantando um pouco mais, com dificuldade, pegando a máscara da mão dela e colocando em Erik. -Algum problema?


-Ahm. Não. Não sei. - ela estava totalmente transtornada, mas se recuperou rápido. -Quer dizer, é claro que sim. Catherine, pelo amor de Deus.


-Michelle, por que você está aqui? Para me criticar? Por favor, se vai continuar com essa palhaçada, vá embora.


Ela me olhou, sem acreditar nas palavras que tinham saído da minha boca - e para dizer a verdade, eu também não acreditava - e pensou.


-Não vou. Não vou porque, você querendo ou não, eu sou a sua mãe. Me culpei nos últimos anos por não estar com você, mas agora que estou, não vou deixar você sozinha.


-Não estou sozinha.


-Mas eu estou.


-E Luigi?


-Não estamos juntos.


-Isso é uma pena.


-Muito bem, eu vou ficar aqui. Mas prometo que não vou fazer nada... ahm... desagradável. Ou ao menos tentar.


-Ótimo.


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Notas finais do capítulo

Ai está o décimo capítulo, hihi. Deixem reviews, espero que tenham gostado, de verdade
Beijos, Luna :*



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